sábado, 29 de setembro de 2012

Duplo Sentido na Linguagem



Para todos os que tenham filhos e não o saibam, temos na paróquia uma área especial para crianças.

Quinta-feira que vem, às cinco da tarde, haverá uma reunião do grupo de mães. Todas as senhoras que desejem formar parte das mães, devem dirigir-se ao escritório do pároco.

As reuniões do grupo de recuperação da autoconfiança são nas sextas-feiras, às oito da noite. Por favor, entrem pela porta traseira.

Na sexta-feira às sete, os meninos do Oratório farão uma representação da obra " Hamlet " de Shakespeare, no salão do igreja.
Toda a comunidade está convidada para tomar parte nesta tragédia.

Prezadas senhoras, não esqueçam a próxima venda para beneficência. É uma boa ocasião para se livrar das coisas inúteis que há na sua casa.
Tragam seus maridos!

Assunto da catequese de hoje: " Jesus caminha sobre as águas ".
Assunto da catequese de amanhã: " Em busca de Jesus ".

O coro dos maiores de sessenta anos vai ser suspenso durante o verão, com o agradecimento de toda a paróquia.

Lembrem em suas orações todos os desesperados e cansados da nossa paróquia.

O mês de novembro finalizará com uma missa cantada por todos os defuntos da paróquia.

O torneio de basquete das paróquias vai continuar com o jogo da próxima quarta-feira.
Venham nos aplaudir, vamos tentar derrotar o Cristo Rei!

O preço do curso sobre " Oração e jejum " inclui as comidas.

Por favor, coloquem suas esmolas no envelope, junto com os defuntos que desejem que sejam lembrados.

Lembrem-se que quinta-feira começará a catequese para meninos e meninas de ambos os sexos.

sem comentários sobre a autoria... kkkk

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Abaporu (versão masculina)


Abaporu - Tarsila do Amaral


Perdão Com Poesia

                     Klébi Nori

Meus erros e minhas promessas
já saíram daqui
de dentro de ti
de dentro da casa agora vazia
Tudo vai ser bom
tudo vai ser perdão com poesia
era tudo verdade
só que não sobreviveria
Uma lembrança vem super bem
outra convém não lembrar
num tempo mais distante ou tão perto
tudo se entenderá
Para alguém será a nova forma
a primeira fatia
ninguém guardará dor
só o amor caberá, cabe e cabia

faixa do CD " Daqui " de Klébi Nori lançado em 2007.

Saiba Você

                                            Klebi Nóri

Eu não tenho o direito
de querer mudar a história
mas tenho aqui dentro do peito
algo que me faria
ligar pra você agora
Não me custaria a distância
não me intimidaria o passado
claro, seria uma extravagância
a contar no resultado
Quem sabe ficasse tudo bem
talvez pegasse tão mal
pois eu sinto que lhe convém
esse isolamento total
Pensando assim
melhor saber
não causar mais desconforto
mas saiba você
saiba você
que não dei
o nosso amor por morto

música do CD " Daqui " de Klébi Nori lançado em 2007.

domingo, 23 de setembro de 2012

Por que Espirramos?

            
Por mais inoportuno ou desagradável que seja (mas há quem goste!), o espirro tem uma função importante: é o jeito de o corpo se livrar de sujeirinhas que irritam o interior do nariz ou dos pulmões, empurrando com toda a força um jato de ar pelo nariz - e pela boca também -, que sai levando consigo tudo o que está em seu caminho.

E põe força nisso! Quem tentar medir a velocidade do espirro chegará à conclusão de que ele pode sair do corpo a 150 quilômetros por hora, ou seja, mais rápido do que qualquer motorista responsável ao pisar no acelerador! Perto dessa velocidade, a respiração normal não é nada, com seu ritmo pacato e constante. Mas, por mais diferentes que pareçam, o espirro explosivo e a respiração normal têm algo em comum: ambos são controlados pela mesma região do cérebro, chamada de centro respiratório. E ambos são involuntários.

Ser involuntário quer dizer que o centro respiratório de cérebro controla a respiração sozinho, fazendo você inspirar e expirar, inspirar e expirar, inspirar e expirar, sem que você precise pensar nisso (que bom, porque são umas 15 inspirações por minuto!). Ser involuntário também quer dizer que mesmo que você queira prender a respiração e segurar o espirro, nem sempre isso é possível: eles acontecem automaticamente. Epa! Como assim? Não é possível prender a respiração? Bem, possível até que é. Mas quando começa a demorar demais para chegar ar novo, colocando seu corpo em risco, o centro respiratório do cérebro entra em ação e manda a respiração continuar a qualquer custo, passando por cima da sua vontade de continuar segurando o nariz e... o espirro.

Para fazer você inspirar, é preciso fazer força: a cada quatro segundos mais ou menos, um " reloginho " no centro respiratório dá uma ordem ao diafragma, um músculo bem fino abaixo das costelas,e aos músculos das costas, que ficam entre as costelas. A ordem faz todos esses músculos se contraírem, expandindo os pulmões e trazendo ar para dentro. Já para botar o ar para fora é bem mais fácil: é só o centro respiratório parar de dar a ordem que os músculos param de fazer força e voltam ao normal, como se fossem uma mola, empurrando o ar bem devagar para fora.

Ora, se o ar sai quando os músculos relaxam, como é que o espirro sai com tanta força? É porque no espirro entram em ação outros músculos das costas e também do abdômem. Os mesmos músculos, aliás, que modificam a respiração quando queremos falar ou cantar.

Quando uma poeira, uma fumaça ou um cheiro irritam o nariz, o centro respiratório é informado e toma as medidas necessárias: interrompe a respiração normal, faz você inspirar profundamente... e, subitamente, faz todos aqueles outros músculos se contraírem, empurrando todo o ar para fora de um vez só. Para aumentar a pressão do ar saindo, há ainda um requinte: bem no comecinho do espirro, a saída do ar dos pulmões é temporariamente bloqueada por uma tampinha na garganta, chamda glote, e pelas cordas vocais, que, logo em seguida, se abrem, liberando o caminho. É como colocar o dedo na mangueira com a torneira aberta: quando você solta, o jato sai com mais pressão. As sujeirinhas pelo caminho que se cuidem. Saúde!

Texto de Suzana Herculano-Houzel, Museu da Vida, Fundação Oswaldo Cruz.

sábado, 22 de setembro de 2012

Descomplicando Textos Científicos


Texto Original:

O dissacarídeo de fórmula C12H22O11, obtido através da fervura e da evaporação de H2O do líquido resultante da prensagem do caule da gramínea Saccharus Officinarum, isento de qualquer outro tipo de processamento suplementar que elimine suas impurezas, quando apresentado sob a forma geométrica de sólidos de reduzidas dimensões e arestas retilíneas, configurando pirâmedes truncadas de base oblonga e pequena altura, uma vez submetido a um toque no órgão do paladar de quem se disponha a um teste organoléptico, impressiona favoravelmente as papilas gustativas, sugerindo a impressão sensorial equivalente provocada pelo mesmo dissacarídeo em estado bruto que ocorre no líquido nutritivo de alta viscosidade, produzido nos órgãos especiais existentes na Apis Mellifera. No entanto, é possível comprovar experimentalmente que esse dissacarídeo, no estado físico-químico descrito e apresentado sob aquela forma geométrica, apresenta considerável resistência a modificar apreciavelmente suas dimensões quando submetido a tensões mecânicas de compressão ao longo do seu eixo em consequência da pequena deformidade que lhe é peculiar.

1º Estágio da Simplificação:

A sacarose extraída da cana de açúcar, que ainda não tenha passado pelo processo de purificação e refino, apresentando-se sob a forma de pequenos sólidos tronco-pirâmidais de base retangular, impressiona agradavelmente o paladar, lembrando a sensação provocada pela mesma sacarose produzida pelas abelhas em um peculiar líquido espesso e nutritivo. Entretanto, não altera suas dimensões lineares ou suas proporções quando submetida a uma tensão axial em consequência da aplicação de compressões equivalentes e opostas.

2º Estágio da Simplificação:

O açúcar, quando ainda não submetido à refinação e apresentando-se em blocos sólidos de pequenas dimensões e  forma tronco-piramidal, tem sabor deleitável da secreção alimentar das abelhas; todavia não muda suas proporções quando sujeito à compressão.

3º Estágio da Simplificação:

Açúcar não refinado, sob a forma de pequenos blocos, tem o sabor agradável do mel, porém não muda de forma quando pressionado.

4º Estágio da Simplificação:

Açúcar mascavo em tijolinhos tem o sabor adocicado, mas não é macio ou flexível.

Estágio Final da Simplificação:

Rapadura é doce mas não é mole.

autoria desconhecida.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Amor Alheio

                                                                     Ivor Lancellotti/Paulo César Pinheiro
Tu foste embora e agora o meu coração
É um coração cortado ao meio
Cada metade dele é uma emoção
Numa eu te adoro, noutra eu te odeio

Tu foste embora e agora em mim, que aflição!
Custo a conter o meu anseio
Fiquei achando que ia ter teu perdão
Quis tanto ter teu perdão
E ele não veio

Tu foste embora, meu bem
E eu vivo com receio
É tanto amor que a gente tem
Que é triste ver que o amor de alguém
Não foi amor, foi devaneio

Tu foste embora de mim
E eu quase ainda não creio
Por isso é que eu fiquei assim
Pois só se crê que o amor tem fim
Quando é o fim do amor alheio

música do então LP de Joanna gravado em 1985.

Ribeirão

                                                                            Sá & Guarabyra

Você não sabe, nem vai saber
Que sem você pouca coisa sou
Sou pó rasteiro, capim do chão
Água sem ribeirão
Chuva que cai fora da estação
Eu preparei sem poder mandar
Um telegrama de vem me ver,
Vem me ver
Pois ninguém sabe onde te encontrar
Qual lugar,
Mar, sertão, hotel,  navio, vapor, pensão
Teu rastro a chuva lavou do chão
Ou mesmo o vento já desmanchou
Mas tá marcado em meu coração
Cada lugar que você pisou,
Meu amor

música do então LP de Joanna lançado em 1985.

Tolerância Zero


Garçon (para o casal que senta à mesa): É pra dois?
Homem: Não, eu vou comer e ela só vai ficar assistindo.

Mulher (ao marido chegando em casa todo molhado): Está chovendo?
Marido: Não, é que todo mundo na rua resolveu cuspir em mim.

Amigo 1 (encontrando outro na rua): Cortou o cabelo?
Amigo 2: Não, caiu...

Repórter de TV (para senhora subindo escadaria da Igreja de joelhos): A senhora está pagando promessa?
Senhora: Não, é que sou muito alta, então eu ando assim para não chamar a atenção...

Dona da Casa (abrindo a porta para o convidado): Oi, você veio?
Convidado: Não, não sou eu, é outro.

Namorada (recebendo flores): São flores?
Namorado: Não, são cenouras...

Banhista fora d'água: Aí, onde você está dá pé?
Banhista dentro d'água: Só lá no fundo.

Passageiro 1 (a bordo do avião): Está indo pra São Paulo?
Passageiro 2: Não, eu peguei o avião errado.

Namorada (na porta do cinema, encontrando o namorado com capacete na mão): Veio de moto?
Namorado: Não, eu vim com isso na cabeça pra não despentear o cabelo.

Chefe (no escritório): Voltou de férias?
Empregado: Não, tô lá ainda.

Ascensorista (no térreo, para hóspede que chega): Sobre?
Hóspede: Não, quero só ficar dentro do elevador parado.

Apostador (prado): A senhora gosta de corrida de cavalos?
Apostadora: Não, eu venho aqui pra sofrer.

Médico: Dói?
Paciente: Não, eu estou gritando só pra assustar a enfermeira.

Senhora (ao ver um senhor acendendo um charuto): O senhor fuma charuto?
Senhor: Não, senhora, é que estou treinando para pai-de-santo.

autoria desconhecida

 

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Tipologia Masculina


Homem Nescau: energia que dá gosto
Homem Bombril: mil e uma utilidades
Homem Ponto Frio: o bonzão
Homem Casas Bahia: dedicação total a você
Homem Tenaz: só descole se for capaz
Homem Redbull: te dá asas
Homem Brahma: o número 1
Homem Havaianas: todo mundo uso
Homem Celular: agora está vivo
Homem C&A: abuse e use
Homem Avanço: você usa, todos avançam
Homem Maizena: você mexe e ele engrossa
Homem 0800: é grátis
Homem 0300: é caro e não vale a pena
Homem Procon: vive cheio de reclamações
Homem Kaiser: você merece
Homem Ray-O-Vac: te deixa ligado
Homem Ferrari: é muito rápido
Homem Volkswagen: você conhece, você confia
Homem Mastercard: não tem preço
Homem Plano Real: nada sobre
Homem 51: geralmente dá dor de cabeça
Homem Playcenter: para, ao menos, alguns segundinhos de diversão
Homem Miojo: 3 minutos e ele está pronto
Homem Conta Corrente: sem dinheiro, não serve pra nada
Homem Liquidificador: você precisa de um, mas não sabe pra quê
Homem Café: os melhores são bem fortes e quentes e deixam acordado a noite toda
Homem Propaganda: desconfie de tudo que ele fala 
Homem Computador: difícil de entender e sem memória suficiente
Homem Mercosul: demoram muito para funcionar a pleno vapor
Homem Horóscopo: sempre falam o que você deve fazer e geralmente estão errados
Homem Carro Velho: se você não empurra, não anda
Homem Rímel (para os olhos): eles normalmente vão embora no primeiro sinal de emoção
Homem Vaga de Estacionamento: geralmente os bons já estão ocupados

autoria desconhecida

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Traduzir-se

                    Ferreira Gullar

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?

domingo, 16 de setembro de 2012

Sem Mandamentos

                   Oswaldo Montenegro


Hoje eu quero a rua cheia de sorrisos francos
De rostos serenos, de palavras soltas
Eu quero a rua toda parecendo louca
Com gente gritando e se abraçando ao sol
Hoje eu quero ver a bola da criança livre
Quero ver os sonhos todos nas janelas
Quero ver vocês andando por aí
Hoje eu vou pedir desculpas pelo que eu não disse
Eu até desculpo o que você falou
Eu quero ver meu coração no seu sorriso
E no olho da tarde a primeira luz
Hoje eu quero que os boêmios gritem bem mais alto
Eu quero um carnaval no engarrafamento
E que dez mil estrelas vão riscando o céu
Buscando a sua casa no amanhecer
Hoje eu vou fazer barulho pela madrugada
Rasgar a noite escura como um lampião
Eu vou fazer seresta na sua calçada
Eu vou fazer misérias no seu coração
Hoje eu quero que os poetas dancem pela rua
Pra escrever a música sem pretensão
Eu quero que as buzinas toquem flauta doce
E que triunfe a força da imaginação

música do CD " Entre uma balada e um blues " lançado em 2001.

Desejo A Vocês

                  Carlos Drummond de Andrade

 Desejo a vocês...

Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme de Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música do Tom com letra do Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua Cheia
Rever uma velha amizade
 Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho
Sarar do resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender uma nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Desejos



Desejo primeiro que você ame, e que amando, também seja amado.
E que se não o for, seja breve em esquecer, e que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim... Mas se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que tenha amigos, que mesmo maus e inconsequentes,
Sejam corajosos e fiéis, e que pelo menos em um deles você possa confiar sem duvidar.

E porque a vida é assim, desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos, mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito de suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.

Desejo depois que você seja útil, mas não insubstituível.
E que nos maus momentos, quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.

Desejo, ainda, que você seja tolerante, não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente, e que fazendo bom usso dessa tolerância
Você sirva de exemplo aos outros.

Desejo que você, sendo jovem, não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer, e que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e é preciso deixar que eles escorram por entre nós.

Desejo, por sinal, que você seja triste, não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra que o riso diário é bom.
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.

Desejo que você descubra com o máximo de urgência,
Acima  e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.

Desejo, ainda, que você afague um gato, alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal, porque, assim, você se sentirá bem por nada.

Desejo, também, que você plante uma semente, por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento, para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro, porque é preciso ser prático.
E que, pelo menos uma vez por ano, coloque um pouco dele
Na sua frente e diga " Isso é meu " só para que fique claro quem é o dono de quem.

Desejo, também, que nenhum de seus afetos morra por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar sem se lamentar e sofrer sem se culpar.

Desejo, por fim, que você sendo homem, tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher, tenha um bom homem,
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor pra recomeçar.

E se tudo isso acontecer, não tenho mais nada a te desejar. "

autoria desconhecida

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

O Idiota e a Moeda


Conta-se que numa cidade do interior um grupo de pessoas se divertia com o idiota da aldeia. Um pobre coitado, de pouca inteligência, vivia de pequenos biscates e esmolas.

Diariamente, eles chamavam o idiota ao bar onde se reuniam e ofereciam a ele a escolha entre duas moedas: uma grande de 400 réis e outra menor de 2.000 réis. Ele sempre escolhia a maior e menos valiosa, o que era motivo de risos para todos.

Certo dia, um dos membros do grupo chamou-o e lhe perguntou se ainda não havia percebido que a moeda maior valia menos.

- Eu sei, respondeu o " tolo ". Ela vale cinco vezes menos, mas no dia que eu escolher a outra, a brincadeira acaba e  não vou mais ganhar minha moeda.

Pode-se tirar várias conclusões dessa pequena narrativa.

A primeira: quem parece idiota, nem sempre é;
A segunda: quais eram os verdadeiros idiotas da história?
A terceira: se você for ganancioso, acaba estragando sua fonte de renda.

Mas a conclusão mais interessante é que a percepção de que podemos estar bem, mesmo quando os outros não têm uma boa opinião a nosso respeito.
Portanto, o que importa não é o que pensam de nós, mas sim, quem realmente somos.
O maior prazer de um homem inteligente é bancar o idiota diante de um idiota que banca o inteligente.
Preocupe-se mais com sua consciência do que com sua reputação, porque sua consciência é o que você é; sua reputação é o que os outros pensam de você. E o que os outros pensam... é problema deles! 

sem identificação de autoria

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Vertigem

                    Caio Sílvio/Graco

Eu sou o que me pede o coração
Na hora que a saudade me desperta
E me deixa sem razão
Desenho o teu rosto na paisagem
Na face escura da cidade
Te contemplo com a mesma paixão
Como se o último beijo
Fosse o primeiro
Como um romance, um cinema
Assisto ao drama impossível
Sem querer me entregar
A vertigem de perder-te

Te foste como as cores
De uma velha aquarela
Deixaste tantas sombras
Samambaias na janela
Que na lembrança ainda me refazem
Me devolvem teu perfume
Se o passado é tão presente
Em cada instante, em cada cena
Não é passado
É somente minha vida que estancou
E como louca (o) ouço valsas
Noites, beijos na varanda
Tua voz dizer-me coisas
És um soneto antigo

faixa de abertura do então LP de Joanna intitulado " Vidamor ", lançado em 1982.

domingo, 2 de setembro de 2012

Forjando a Armadura

               Rudolf Steiner

Nego submeter-me ao medo,
Que tira a alegria de minha liberdade,
Que não me deixa arriscar nada,
Que me torna pequeno e mesquinho,
Que me amarra,
Que não me deixa ser direto e franco,
Que me persegue,
Que ocupa negativamente a minha imaginação
Que sempre pinta visões sombrias.

No entanto, não quero levantar barricadas por
medo do medo.

Eu quero viver, não quero encerrar-me.
Não quero ser amigável por medo de ser sincero.
 
Quero pisar firme porque estou seguro
E não porque encobri meu medo.

E quando me calo, quero fazê-lo por amor
E não por temer as consequências de minhas palavras.

Não quero acreditar em algo só por medo de acreditar.
Não quero filosofar por medo de que algo
possa atingir-me de perto.

Não quero dobrar-me só porque tenho medo
de não ser amável.

Não quero impor algo aos outros
Pelo medo de que possam impor algo a mim.

Por medo de errar, não quero tornar-me inativo.

Não quero fugir de volta para o velho,
O inaceitável,
Por medo de não me sentir seguro no novo.

Não quero fazer-me de importante porque
 Tenho medo de que senão poderia ser ignorado.

Por convicção e amor, quero fazer
O que faço e deixar de fazer
O que deixo de fazer.

Do medo, quero arrancar o domínio e dá-lo
Ao amor.
E quero crer no reino que existe em mim.