quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Dama do Cassino

        Caetano Veloso

Eu prometi e cumpri
Mil carinhos e muito respeito
Amor perfeito nos momentos bons
E nos momentos maus
Mas essa dama danada
Nunca encontra nada a seu jeito
Ela só busca as espadas, os ouros
As copas e os paus
Eu planejei sete luas de mel
Caravanas e tropas
Amor, paisagens, perfumes, vestidos
Receitas e roupas
Mas essa dona maldita sequer
Acredita em Europas
Ela só sonha com ouro, com paus
Com espadas, com copas
Diz-se que quem é feliz no amor
No jogo é infeliz
E de quem faz do amor
Um jogo o que é que se diz
Eu não sei jogar, ela é a rainha
Como poderei pensar que ela é minha?
Eu escrevi canções para caminhões
De guitarras e couros
Que se tornaram estouro em mais
De muitos carnavais
Mas pra essa diva jamais
O sambódromo, o autódromo e os touros
Ela só fica pensando em paus
Copas, espadas e ouros
Eu já fiquei como Erasmo
Sentado à margem das estradas
À espera de uma palavra na boca
Um gesto nas mãos
Mas essa deusa só diz nãos e
Nunca e necas nas Copas
Nos Paus, em Ouros e Espadas.

regravação feita por Jussara Silveira em seu CD de 1996.

A Balança



Quando menino eu vivia brigando com meus companheiros de brinquedos. E voltava para casa lamuriando e queixando-me deles. Isto ocorria, as mais das vezes, com Beto, o meu melhor amigo.

Um dia, quando corri para casa e procurei mamãe para me queixar do Beto, ela me ouviu e disse o seguinte:

- Vá buscar a sua balança e os blocos.

- Mas, o que tem isso a ver com o Beto?

- Você verá... Vamos fazer uma brincadeira.

Obedeci e trouxe a balança e os blocos. Então, ela disse:

- Primeiro, vamos colocar neste prato da balança um bloco para representar cada defeito do Beto. Conte-me quais são...

Fui relacionando-os e certo número de blocos foi empilhado daquele lado.

- Você não tem mais nada a dizer? 

Eu não tinha e ela propôs:

- Então você agora vai enumerar as qualidades dele. Cada uma delas será um bloco no outro prato da balança.

Eu hesitei, porém, ela me animou dizendo:

- Ele não deixa você andar na sua bicicleta? Não reparte o seu bolo com você?

Concordei e passei a mencionar o que havia de bom no caráter do meu amiguinho. Ela foi colocando os blocos do outro lado. De repente, eu percebi que a balança oscilava. Mas vieram outros e outros blocos a favor do Beto. Dei uma risada e mamãe observou:

- Você gosta do Beto e ficou alegre por verificar que as suas qualidades ultrapassam os seus defeitos. Isso sempre acontece, conforme você mesmo vai verificar ao longo da sua vida.

E de fato! Através dos anos aquele pequeno incidente de pesagem tem exercido importante influência sobre meus julgamentos. Antes de criticar uma pessoa, lembro-me daquela balança e comparo seus pontos bons e maus. E, felizmente, quase sempre há uma vantagem compensadora, o que fortalece em muito a minha confiança no gênero humano.

autoria desconhecida

domingo, 22 de dezembro de 2013

A estranha sociedade dos cupins



O cupim é pequeno, delicado, as patas minúsculas são finas, bem como as curtas antenas da cabeça grande. O comprimento total atinge, no máximo, 2,5 cm, às vezes, menos de 5,5 cm. Alguns são claros, com a cabeça e as mandíbulas marrom-avermelhadas. Os cupins são também chamados térmitas, e os seus ninhos, termiteiros.

Individualmente, os cupins são animaizinhos frágeis. Não têm ferrões como as formigas. Além de terem o corpo indefeso, são fotófobos, ou seja, não suportam a luz... Por tudo isso, criaram aptidões especiais, como a de se organizarem em uma sociedade bastante evoluída e abrigá-la em habitações sólidas, antitérmicas, praticamente indestrutíveis. Os cupins estão espalhados pela África, Ásia, América e Austrália.

Como as abelhas e as formigas, os cupins são gregários. Organizam-se em uma sociedade de castas, com base na função que cada indivíduo desempenha. A função da rainha é exclusivamente procriar. A rainha dos cupins vive com o rei e põe, aproximadamente, 84 mil ovos por dia. Quando nascem, os cupins já se apresentam com a mesma forma do inseto adulto e o crescimento se dá por sucessivas trocas de pele. Existem quatro castas na sociedade dos cupins, que são: a rainha e o rei, os adultos de primeira forma, os soldados e os obreiros ou operários, que são formados por machos e fêmeas estéreis.

No início do verão, os casais jovens, sexuados, abandonam o antigo ninho para formar novas colônias. São chamados Aleluias. Despojam-se das asas e se acasalam. A fêmea é, então, a futura rainha. Dos ovos que porá, nascerão os obreiros que construirão o novo ninho, utilizando pedaços de madeira, folhas, fios de grama que ligados por uma mistura de excreções e saliva adquirem uma dureza excepcional.

autoria desconhecida

Mineirinho


O mineirinho entra em um boteco e vê anunciado acima do balcão:

Pinga....................... R$1,00

Pão de queijo................R$ 2,00

Sanduíche de galinha.........R$ 3,00

Acariciar órgão sexual.......R$ 10,00

Checando na carteira para não passar vergonha, ele vai até o balcão e chama
uma das três garotas, que estão servindo bebidas nas mesas:

-Por favor.

- Sim?! - responde ela com um sorriso lindo.

- Em que posso ajudar?

- É ocê que caricia órgo sexuar pros criente?

- Sou... - responde ela com uma voz bem sensual.

- Então, ocê lava as mão bem lavadim, que eu vô querê um pão de queijo!!

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Aberto

   Edu Tedeschi/Zélia Duncan


Vou tentar
Manter o coração
Aberto pra você
Apesar dos outros
Apesar dos medos
Apesar dos monstros
Nos meus pesadelos
Vou tentar
Manter o coração
Aberto pra você
Apesar dos trincos
Apesar dos trancos
Apesar dos dias repetitivos, que serão tantos
Eu vou tentar
Manter o coração
Aberto pra você
Apesar da chuva
Apesar da rua
Apesar da hora
Apesar dos pesares
Das canções, dos lugares
Apesar dos meus pensamentos
Apesar dos perigos
Dos próximos momentos
Eu de coração aberto pra você,
De coração aberto pra você

Música gravada por Zélia Duncan em seu CD " Pelo Sabor do Gesto " de 2009.

Ambição

     Rita Lee


Eu saí pela estrada
E não tenho pra onde ir
Sempre ouvi dizer
Que esse mundo era pequeno
Pelo caminho de espinhos
Avistei um mar de rosas
Pra chegar até lá
Eu preciso um pouco mais de tempo
Preciso de um grande amor
Preciso dinheiro, preciso de humor

Eu quero matar a vontade
Enquanto tenho saúde e idade
Fazer um pouco de tudo
Manter a alma
Pra poder ganhar o meu mundo

Música gravada por Zélia Duncan em seu CD " Pelo Sabor do Gesto " de 2009.

domingo, 15 de dezembro de 2013

Depois

   Arnaldo Antunes/Carlinhos Brown/Marisa Monte


Depois
De sonhar tantos anos
De fazer tantos planos
De um futuro pra nós

Depois
De tantos desenganos
Nós nos abandonamos
Como tantos casais

Quero que você seja feliz
Hei de ser feliz também

Depois
De varar madrugada
Esperando por nada
De arrastar-me no chão

Em vão
Tu viraste-me as costas
Não me deu as respostas
Que eu preciso escutar

Quero que você seja melhor
Hei de ser melhor também

Nós dois
Já tivemos momentos
Mas passou nosso tempo
Não podemos negar

Foi bom
Nós fizemos história
Pra ficar na memória
E nos acompanhar

Quero que você viva sem mim
Eu vou conseguir também

Depois
De aceitarmos os fatos
De trocar seus retratos
Pelos de um outro alguém

Meu bem
Vamos ter liberdade
Para amar à vontade
Sem trair mais ninguém

Quero que você seja feliz
Hei de ser feliz também
Depois

Música do CD " O que você quer saber de verdade ", de Marisa Monte, gravado em 2011.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Sobre Moluscos e Homens

         Rubem Alves


Piaget, antes de se dedicar aos estudos da psicologia da aprendizagem, fazia pesquisas sobre os moluscos dos lagos da Suíça.

Os moluscos são animais fascinantes. Dotados de corpos moles, seriam petiscos deliciosos para os seres vorazes que habitam as profundezas das águas, e há muito teriam desaparecido se não fossem dotados de uma inteligência extraordinária. Sua inteligência se revela no artifício que inventaram para não se tornarem comida dos gulosos: constroem conchas duras e lindas (que os protegem da fome dos predadores)!

Ignoro detalhes da biografia de Piaget e não sei o que o levou a abandonar seu interesse pelos moluscos e a se voltar para a psicologia da aprendizagem dos humanos. Não sabendo, tive de imaginar. E foi imaginando que pensei que Piaget não mudou o seu foco de interesse. Continuou interessado nos moluscos. Só que passou a concentrar sua atenção num tipo de molusco, chamado " homem ".

Muito nos parecemos com eles: nós, homens, somos animados de corpo mole, indefesos, soltos numa natureza cheia de predadores. Comparados com os outros animais, nossos corpos são totalmente inadequados à luta pela vida. Vejam os animais: eles dispõem apenas do seu corpo para viver. E o seu corpo lhes basta. Seus corpos são ferramentas maravilhosas: cavam, voam, correm, orientam-se, disfarçam-se, comem, reproduzem-se. Nós, se abandonados apenas com o nosso corpo, teríamos vida muito curta.

A natureza nos pregou uma peça: deixou-nos, como herança, um corpo molengão e inadequado, que, sozinho, não é capaz de resolver os problemas vitais que temos de enfrentar. Mas, como diz o ditado, " é a necessidade que faz o sapo pular ". E digo: é a necessidade que faz o homem pensar. Da nossa fraqueza surgiu a nossa força, o pensamento. Parece-me, então, que Piaget, provocado pelos moluscos, conclui que o conhecimento é a concha que construímos a fim de sobreviver.

O pensamento, mais que um simples processo lógico, desenvolve-se em resposta a desafios vitais. Sem o desafio da vida o pensamento fica a dormir... O pensamento se desenvolve como ferramenta para construirmos as conchas que a natureza não nos deu.

O corpo aprende para viver. É isso que dá sentido ao conhecimento. O que se aprende são ferramentas, possibilidades de poder. O corpo não aprende por aprender. Aprender por aprender é estupidez. Somente os idiotas aprendem coisas para as quais eles não tem uso. É o desafio vital que excita o pensamento. E nisso o pensamento se parece com  o pênis. Não é por acidente que os escritos bíblicos dão ao ato sexual o nome de " conhecimento "...

Sem excitação, a inteligência permanece pendente, flácida, inútil, boba, impotente. Alguns há que, diante dessa inteligência flácida, rotulam o aluno de " burrinho "... Não, ele não é burrinho. Ele é inteligente. E sua inteligência se revela precisamente no ato de recusar-se a ficar excitada por algo que não é vital. Ao contrário, quando o objeto a excita, a inteligência se ergue, desejosa de penetrar no objeto que ela deseja possuir.

Os ditos " programas " escolares se baseiam no pressuposto de que os conhecimentos podem ser aprendidos numa ordem lógica predeterminada. Ou seja: ignoram que a aprendizagem só acontece em resposta aos desafios vitais no momento (insisto na expressão " no  momento "; a vida só acontece " no momento ") da vida do estudante. Isso explicaria o fracasso das nossas escolas. Explicaria também o sofrimento dos alunos, a sua justa recusa em aprender, a sua alegria ao saber que a professora ficou doente e vai faltar...

Não há pedagogia ou didática que seja capaz de dar vida a um conhecimento morto. Acontece, então, o esquecimento: o supostamente aprendido é esquecido. Não por memória fraca; é esquecido porque a memória é inteligente. A memória não carrega conhecimentos que não fazem sentido e não podem ser usados. Ela funciona como um escorredor de macarrão. Um escorredor de macarrão tem a função de deixar passar o inútil e guardar o útil e prazeroso. Se foi esquecido, não fazia sentido.

Por isso acho inúteis os exames oficiais (inclusive os vestibulares) feitos para avaliar a qualidade do ensino. Eles produzem resultados mentirosos por serem realizados no momento em que a água ainda não escorreu. Eles só diriam a verdade se fossem feitos muito tempo depois, depois do esquecimento haver feito o seu trabalho.

O aprendido é aquilo que fica depois que tudo foi esquecido... Vestibulares: tanto esforço, tanto sofrimento, tanto dinheiro, tanta violência à inteligência... O que sobra no escorredor de macarrão, depois de transcorridos dois meses? O que restou no seu escorredor de macarrão de tudo o que você teve de aprender? Duvido que os professores de cursinhos passem nos vestibulares. Duvido que um professor especialista em português saia bem em matemática, física, química e biologia... Eles também esqueceram. Duvido que os professores universitários passem nos vestibulares. Eu não passaria. Então, por que essa violência sobre os estudantes?

Ah! Piaget! Que fizeram com a sua sabedoria? É preciso que os educadores voltem a aprender com os moluscos...

domingo, 24 de novembro de 2013

Aniversário

   Álvaro de Campos/Fernando Pessoa


No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera a sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim mesmo,
O que fui de coração e parentesco,
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui - ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem a acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a humanidade no corredor do fim da casa,
Pondo gelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Como uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos de louça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas - doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado -,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

Para, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça! 
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

Canção no Rádio

     Joanna/Tony Baía/Tharcísio

Quando ouvir no rádio essa canção de amor
Não fale nada, escute os versos
Sinta, por favor
É uma canção feita pra você ouvir

Sem o seu carinho e amor, meu bem
Quero dizer que nessa vida
Eu não sou ninguém
Não posso esquecer, quero lembrar você

Quando vejo a nossa estrela
Espero o dia amanhecer
Tenho o seu perfume em minha boca
Saudade que aperta e que faz doer

Mar de água cristalina
Traga o meu amor assim
Feito luz do sol, que coisa linda
Brilho da manhã que nasceu em mim

Quando ouvir no rádio essa canção de amor
Preste atenção, tente entender
Me ouça, por favor
É uma canção feita pra você ouvir

Só o que eu quero é te fazer lembrar
E, em tudo que eu cantar, será por nosso amor
Leve essa canção
Seja aonde for

Música do então LP de Joanna gravado em 1985.
 

sábado, 19 de outubro de 2013

Uma História Para Viver


Meu cunhado abriu a última gaveta da cômoda e retirou um pacote embrulhado com papel de seda. " Isto ", disse ele, " não é uma combinação. Isto é uma lingerie ". Ele desembrulhou e entregou-me a peça. Era linda, de seda, feita a mão e bordada com rendas. A etiqueta de preço com um desenho enorme ainda estava afixada na peça. " Jan comprou-a na primeira vez que estivemos em New York, há uns 8 ou 9 anos. Ela nunca usou. Estava guardando-a para uma ocasião especial. Bem, acho que agora é a ocasião. " Ele pegou a peça das minhas mãos e colocou-a na cama junto com as outras roupas que separamos para levar à funerária. Ele acariciou a peça por um momento, bateu a gaveta, virou-se para mim e disse: " Nunca guarde nada para uma ocasião especial!! Todo dia é uma ocasião especial! "

Fiquei relembrando aquelas palavras durante o funeral e os dias que se seguiram, quando os ajudei, ele e a minha sobrinha a superar a tristeza que segue uma morte inesperada. Fiquei pensando neles durante o voo de volta para a Califórnia.

Pensei em todas as coisas que a minha irmã não pode ver, ouvir ou fazer. Pensei nas coisas que continuo pensando, nas palavras dele, elas mudaram minha vida. Estou lendo mais e espanando menos. Fico sentado na cadeira admirando a vista do jardim sem a neura de ficar arrancando ervas daninhas. Estou gastando mais tempo com minha família e amigos e menos tempo em reuniões de comitês. Sempre que possível, a vida deveria ser uma experiência a ser saboreada, e não uma prova. Estou tentando reconhecer estes momentos e usufruí-los. Não estou guardando nada, usamos todas as nossas porcelanas chinesas e os cristais para todos os eventos especiais, como: perder alguns quilos, consertar um vazamento da pia, para a primeira florada das camélias. Visto meu blazer preferido para ir ao mercado quando sinto vontade.

Minha teoria é: se sinto que está sobrando dinheiro, compro um pacote de guloseimas sem pestanejar. Não estou guardando meu melhor perfume para festas especiais; os caixas em lojas e atendentes em bancos têm narizes que funcionam tão bem quanto os dos meus amigos de festas. " Algum dia " e " um dia desses " estão perdendo a importância em meu vocabulário. Se for útil ver, ouvir e fazer, quero ver, ouvir e fazer agora.

Não sei o que a minha irmã teria feito se soubesse que estaria aqui para o amanhã que foi permitido para nós. Acho que ela teria ligado para todos da família e a alguns amigos íntimos. Poderia ter ligado para antigos amigos para se desculpar e reparar brigas do passado sem importância. Penso que ela teria ido jantar em um restaurante chinês, sua comida favorita. Estou supondo... Nunca saberei...

São essas pequenas coisas deixadas sem fazer que me deixaram bravo se soubesse que meu tempo seria limitado. Bravo por ter, algum dia, cancelado encontros com bons amigos. Bravo por não ter escrito cartas que pretendia ter escrito. Bravo e arrependido por não ter dito mais frequentemente ao meu companheiro o quanto eu realmente o amo.

Estou tentando muito não adiar, impedir ou guardar alguma coisa que proporcione alegria e brilho a nossas vidas. E toda manhã quando abro meus olhos, digo a mim mesmo que isso é especial.

Todo dia, todo minuto, todo suspiro é realmente... um presente de Deus!!

autoria desconhecida

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Ultimatum (trecho)

             Álvaro de Campos/Fernando Pessoa

Fora tu,
reles
esnobe
plebeu
E fora tu, imperialista das sucatas
Charlatão da sinceridade
e tu, da juba socialista, e tu, qualquer outro
Ultimatum a todos eles
E a todos que sejam como eles
Todos!

Monte de tijolos com pretensões a casa
Inútil luxo, megalomania triunfante
E tu, Brasil, blague de Pedro Álvares Cabral
Que nem te queria descobrir

Ultimatum a vós que confundis o humano com o popular
Que confundis tudo
Vós, anarquistas deveras sinceros
Socialistas a invocar a sua qualidade de trabalhadores
Para quererem deixar de trabalhar
Sim, todos vós que representais o mundo
Homens altos
Passai por baixo do meu desprezo
Passai aristocratas de tanga de ouro
Passai frouxos
Passai radicais do pouco
Quem acredita neles?
Mandem tudo isso para casa
Descascar batatas simbólicas

Fechem-me tudo isso a chave
E deitem a chave fora
Sufoco de ter só isso a minha volta
Deixem-me respirar
Abram todas as janelas
Abram mais janelas
Do que todas as janelas que há no mundo

Nenhuma ideia grande
Nenhuma corrente política
Que soe a uma ideia grão
E o mundo quer a inteligência nova
A sensibilidade nova
O mundo tem sede de que se crie
Porque aí está apodrecer a vida
Quando muito é estrume para o futuro
O que aí está não pode durar
Porque não é nada

Eu, da raça dos navegadores
Afirmo que não pode durar
Eu, da raça dos descobridores
Desprezo o que seja menos
Que descobrir um novo mundo

Proclamo isso bem alto
Braços erguidos
Fitando o Atlântico

E saudando abstratamente o infinito.   

O Homem

      Roberto/Erasmo

Um certo dia um homem esteve aqui
Tinha o olhar mais belo que já existiu
Tinha no cantar uma oração
E no falar a mais linda canção que já se ouviu

Sua voz falava só de amor
Todo gesto seu era de amor
E paz
Ele trazia no coração

Ele pelos campos caminhou
Subiu as montanhas e falou do amor maior
Fez a luz brilhar na escuridão
O sol nascer em cada coração que compreendeu

Que além da vida que se tem
Existe uma outra vida além e assim...
O renascer
Morrer não é o fim

Tudo que aqui Ele deixou
Não passou e vai sempre existir
Flores nos lugares que pisou
E o caminho certo pra seguir

Eu sei que Ele um dia vai voltar
E nos mesmos campos procurar o que plantou
E colher o que de bom nasceu
Chorar pela semente que morreu sem florescer

Mas ainda há tempo de plantar
Fazer dentro de si a flor do bem crescer
Pra Lhe entregar
Quando Ele aqui chegar

Tudo que aqui Ele deixou
Não passou e vai sempre existir
Flores nos lugares que pisou
E o caminho certo pra seguir

Moreno Moreno

      Ivan Lins/Vitor Martins

Te trouxe meus olhos lavados no rio
Flores do campo e meu colo macio
Moreno moreno

Te trouxe os respingos da chuva miúda
O verde novinho das ramas e mudas
Moreno moreno

Te trouxe a chave do meu coração
Fechado, selado de tanta paixão
Para que fosses dono e senhor
De mim, de mim

Te trouxe o que tenho à boca sedenta
Secretos desejos, meu beijo de menta
Moreno moreno

Te trouxe agrados com mãos de cetim
E a fogueira que arde bem dentro de mim
Ah! Moreno moreno

Te trouxe a chave do meu coração
fechado, selado de tanta paixão
Para que fosses dono e senhor 
De mim, de mim

Música gravada pela cantora Lúcia Helena para a trilha de uma telenovela em 1990.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Porque sim, por que não

        Luli e Lucina

Porque sim
Vale tudo na selva dos sentidos
Porque não
Dois caçadores não se caçam
A cara e a coroa se contestam
E o tempo é pouco
Porque sim
As garras não seguram o nada
Apesar de acreditarmos
Nas nossas mentiras
No jogo da vida
É doido perder nessa terra
De feras sem lei
No super real tudo é belo
Nas traças do amor
Bebemos todo o sonho
Explosão deserta
Há um grito em meu peito
Meu coração voou de dentro
Porque sim
Somos mosaicos de momentos
Porque não
Sempre tentamos
Penetrar na fresta
Cravados na mente o sim e o não
Na escolha a gente cresce
Ou some de vez

Música do CD " 25 Anos " gravado em 1996.

Entre O Sim E O Não

          João Donato/Abel Silva

Há tanta coisa entre o sim e o não
É tão difícil entender
O que pretende o meu coração
Em seu estranho querer
Onde ele vai eu nem sempre vou
Bate distante de mim
E às vezes dói onde eu não estou
Incompreensível assim
Sei que lá fora agora é o mar
Sua presença me diz
Não é difícil imaginar
Eu com você sou feliz
Qualquer esquina, qualquer lugar
Um beijo, um aperto de mão
Meu coração sabe desejar
Pena que seja ilusão

Ah! Eu não quero a saudade
Na realidade
Eu quero é você
Mas no amor está provado
Não vale o ditado:
Querer é poder

Abro os meus olhos, não vou chorar
Quem sabe lá se você
Não pensa agora em telefonar
Surpreendida de ver
Que o amor dá voltas de arrepiar
Tanta surpresa e emoção
Desejo tanto acreditar
Eu e o meu coração

Música gravada no CD " Simone Bittencourt de Oliveira " de 1995.

sábado, 31 de agosto de 2013

Dom Quixote

           Pedrão

Sonho eu, tanto sonho que nem sei
Se é real ou ilusão o que vivo aqui
Só sei que do meu lado há tanta gente
Que sabe bem que mais pra frente
Muita coisa há de mudar

Quero ter sempre força e não cansaço
Quero subir bem alto
E voar no céu

Ver o medo desaparece
A luz brilhar, o sol se abrir
A paz em nossos corações
Falar e ser fiel ao que disser
Será que é sonho a gente ter FÉ?
Ser dom Quixote já não dá mais pé

Quero ter sempre força e não cansaço
Quero subir bem alto
E voar no céu

Música do então LP de Rosa Maria intitulado Garra gravado em 1982.

domingo, 18 de agosto de 2013

Foi Deus Que Fez Você

       Luis Ramalho

Foi Deus que fez o céu, o rancho das estrelas
Fez também um seresteiro para conversar com elas
Fez a lua que prateia minha estrada de sorrisos
E a serpente que expulsou mais de um milhão do paraíso

Foi Deus que fez você, foi Deus que fez o amor
Fez nascer a eternidade num momento de carinho
Fez até o anonimato doa afetos escondidos
E a saudade dos amores que já foram destruídos
Foi Deus

Foi Deus que fez o vento
Que sopra os teus cabelos
Foi Deus que fez o orvalho
Que molha o teu olhar, teu olhar
Foi Deus que fez a noite
E o violão plangente
Foi Deus que fez a gente
Somente para amar, só para amar
Só para amar.

Também já publiquei esta música anteriormente em uma coluna sobre Festivais. Assim como Amelinha a regravou mais duas vezes em discos diferentes e com arranjos diferentes, também posso fazer isso pois o contexto atual é outro...

Se Eu Quiser Falar Com Deus

           Gilberto Gil

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folga os nós
Dos sapatos, da gravata,
dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
dos palácios, dos castelos
suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
e apesar de um mal tamanho
alegrar meu coração

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
das as costas, caminhar
Decidido pela estrada que
ao findar vai dar em nada
nada, nada, nada, nada,
nada, nada, nada, nada
nada, nada, nada,
Nada do que eu
pensava encontrar

O que pouca gente sabe é que a gravação original desta música é de Elis Regina em 1980. Gilberto Gil só a registrou em 1981.
Segundo Carlos Rennó no livro Gilberto Gil Todas as Letras, Roberto Carlos pediu uma canção pra Gil que falasse de Deus, que obviamente, ficou sem saber como começar. Em um determinado momento, começou a enumerar as frases se eu quiser falar com Deus que deram origem à música. Roberto não gostou da canção porque, segundo Rennó, a ideia que ele tinha de Deus era outra... Comentário meu: perdeu a grande oportunidade de fazer mais um sucesso com uma belíssima canção. Bom pra Elis e bom para o Gil...
Já publiquei esta música em outra ocasião. Fiz a repetição por causa do tema em questão!! 

sábado, 17 de agosto de 2013

Deus Tá Vendo

          Tony Costa/Moraes Moreira

Se você não vê nos olhos meus
Não vê nos olhos meus
Deus tá vendo assim e de lá dos céus
Todos os segredos que são seus
Segredos que são seus
Caem assim, assim,
Em forma de véu
Ah! quanta dor
Sinto em não existir palavras
Pra definir esse amor
Se você não lê nas minhas mãos
Não lê nas minhas mãos
Nas linhas que são traços do destino
Ouça o que diz meu coração
O que diz meu coração
Diz contente, assim
Coração menino
Ah! Meu amor
Ser feliz é saber na vida
Ser mais que o prazer e a dor.

Música do então LP de Zizi Possi intitulado Asa Morena gravado em 1982.

Onde Deus Possa Me Ouvir

         Vander Lee

Sabe o que eu queria agora, meu bem?
Sair, chegar lá fora
e encontrar alguém
que não me dissesse nada
não me perguntasse nada também

Que me oferecesse um colo,
um ombro
onde eu desaguasse
todo o desengano
mas a vida anda louca
as pessoas andam tristes
meus amigos
são amigos de ninguém

Sabe o que eu mais quero agora, meu amor
Morar no interior do meu interior
pra entender por que se agridem
se empurram pr'um abismo
se debatem,
se combatem, sem saber

Meu amor,
deixa eu chorar até cansar
me leve pra qualquer lugar
aonde Deus possa me ouvir
minha dor,
eu não consigo compreender
eu quero algo pra beber
me deixe aqui, pode sair
adeus

Belíssima regravação de Leila Pinheiro em seu CD Nos Horizontes do Mundo gravado em 2004.

Perto Demais de Deus

          Chico César

Tem gente perto demais de Deus
Tem gente que não deixa Deus sozinho
E diz Deus ilumine seu caminho
E guarda Deus na cristaleira

Cristo perto dos cristais
Cristo assim perto demais
Cristo já é um de nós
Carne e osso pão e vinho

Tem gente que não deixa Deus em paz
Tem gente incapaz de viver sem Deus
E o trata como um funcionário seu
Deus me livre, Deus me guarde, Deus me faça a feira

Cristo dentro da carteira
Dez por cento rei dos reis
Cristo um conto de réis
O graçon não à videira

Essa gente é o diabo
E faz da vida de Deus um inferno

Música do CD de estreia de Patrícia Ahmaral gravado em 1999.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

As Três Peneiras



                 Dona Flora foi transferida de seção da fábrica em que trabalhava.
                 Para fazer média com o novo chefe, logo no primeiro dia, saiu-se com essa:
                 - Chefe, o senhor nem imagina o que me contaram a respeito da Zefinha...
                 Nem chegou a terminar a frase porque "seu" Lico perguntou:
                 - Espere um pouco, Dona Flora. O que vai me contar já passou pelas Três Peneiras?
                 - Peneiras? Que peneiras, "seu" Lico?
          - A primeira é a VERDADE.     Tem certeza de que esse fato é absolutamente verdadeiro? 
                 - Não, como posso? O que sei foi o que me contaram, mas acho que...
                 - Então sua história já vazou na primeira peneira.
                 - Vamos à segunda que é a da BONDADE.   O que vai me contar é alguma coisa que gostaria de que os outros dissessem a seu respeito?
                 - Claro que não! Deus me livre!
                 - Então sua história já vazou na segunda peneira.
                 - Vamos ver na terceira que é a da  NECESSIDADE.                A        senhora      acha mesmo necessário contar-me esse fato ou mesmo passá-lo adiante?
                 - Não, chefe.     Passando nestas   três peneiras vi que não sobrou nada do que eu ia contar...
 
Já pensaram com as pessoas seriam mais felizes se todos usassem sempre essas três peneiras? Da próxima vez que surgir um boato por aí, passem-no nas três peneiras antes de obedecer ao impulso de passá-lo adiante.

autoria desconhecida.
 

O Carpinteiro


Um velho carpinteiro estava para se aposentar. Ele contou a seu chefe os seus planos para largar o serviço de carpintaria  e de construção de casas e viver uma vida mais calma com sua família.
 
Claro que ele sentiria falta do pagamento mensal, mas ele necessitava da aposentadoria. 
 
O dono da empresa sentiu em saber que perderia um de seus melhores empregados e pediu a ele que construísse uma última casa como um favor especial.
 
O carpinteiro consentiu, mas com o tempo era fácil ver que seus pensamentos e seu coração não estavam no trabalho. Ele não se empenhou no serviço e se utilizou de mão-de-obra e matéria-prima de qualidade inferior. Foi uma maneira lamentável de encerrar sua carreira.
 
Quando o carpinteiro terminou seu trabalho, o construtor veio inspecionar a casa e entregou a chave da porta ao carpinteiro. " Esta é sua casa ", ele disse, " meu presente a você ".
 
Que choque! Que vergonha! Se ele soubesse que estava construindo sua própria casa, teria feito completamente diferente, não teria sido tão relaxado.
Agora teria que morar numa casa feita de qualquer maneira!
 
Assim acontece conosco. Nós construímos nossas vidas de maneira distraída, reagindo mais que agindo, desejando colocar menos do que o melhor.
 
Nos assuntos importantes nós não empenhamos nosso melhor esforço. Então, em choque, nós olhamos para a situação que criamos e vemos que estamos morando na casa que construímos. Se soubéssemos disso, teríamos feito diferente. Pense em você como o carpinteiro. Pense sobre sua casa. Cada dia você martela um prego novo. Coloca uma armação ou levanta uma parede.
 
Construa sabiamente! É a única vida que você construirá. Mesmo que você tenha somente mais um dia de vida, este dia merece ser vivido graciosamente e com dignidade.
 
Na placa da parede está escrito: " A vida é um projeto de faça você mesmo! " Quem poderia dizer isso mais claramente? Sua vida hoje é o resultado de suas atitudes feitas no passado. Sua vida de amanhã será o resultado de suas atitudes e escolhas que fizer hoje.
 
autoria desconhecida
 
 

terça-feira, 30 de julho de 2013

Mineiro Dando Notícia Ruim


Madrugada o telefone toca:
 
- Alô, Sô Carlos? Aqui é o Uóshito, caseiro do sítio.
- Pois não, seu Washington. Que posso fazer pelo senhor? Houve algum problema?
- Ah! Eu só tô ligando para avisá pro sinhô que o seu papagaio morreu.
- Meu papagaio? Morreu? Aquele que ganhou o concurso?
- É, ele mesmo!
- Puxa! Que desgraça! Gastei uma pequena fortuna com aquele bicho!
- Mas... ele morreu de quê?
- Di cumê carne estragada.
- Carne estragada?
- Quem fez essa maldade? Quem deu carne para ele?
- Ninguém. Ele comeu a dum cavalo morto.
- Cavalo morto? Que cavalo morto, seu Washington?
- Aqueles puro-sangue que o sinhô tinha! Eles morreram de tanto puxá carroça d'água!
- Tá louco? Que carroça d'água?
- Pra apagá o incêndio!
- Mas que incêndio, meu Deus?
- Na sua casa... uma vela caiu, aí pegô fogo nas curtina!
- Caramba, mas aí tem luz elétrica! Que vela era essa?
- Do velório!
- De quem?
- Da sua mãe! Ela apareceu aqui sem avisá e eu dei um tiro nela pensando que fosse ladrão!
 
autoria desconhecida

Para o Resto de Nossas Vidas!


Existe coisas pequenas e grandes, coisas que levaremos para o resto de nossas vidas. Talvez sejam poucas, quem sabe sejam muitas, depende de cada um, depende da vida que cada um de nós levou. Levaremos lembranças, coisas que sempre serão inesquecíveis para nós, coisas que nos marcarão, que mexerão com a nossa existência em algum instante. Provavelmente iremos pela vida afora colecionando essas coisas, colocando em ordem de grandeza cada detalhe que nos foi importante, cada momento que interferiu nos nossos dias, que deixou marcas, cada instante que foi cravado no nosso peito como uma tatuagem.

Marcas, isso... serão marcas, umas mais profundas, outras superficiais, porém, com algum significado também. Serão detalhes que guardaremos dentro de nós e que se contarmos para terceiros, talvez não tenha a menor importância, pois só nós saberemos o quanto foi incrível vivê-los. Poderá ser uma música, quem sabe um livro, talvez uma poesia, uma carta, um e-mail, uma viagem, uma frase que alguém tenha dito num momento certo. Poderá ser um raiar de sol, um buquê de flores que se recebeu, um cartão de natal, uma palavra amiga num momento preciso. Talvez venha a ser um sentimento que foi abandonado, uma decepção, a perda de alguém querido, um certo encontro casual, um desencontro proposital. Quem sabe uma amizade incomparável, um sonho que foi alcançado após muita luta, um que deixou existir por puro fracasso. Pode ser simplesmente um instante, um olhar, um sorriso, um perfume, um beijo.

Para o resto de nossas vidas levaremos pessoas guardadas dentro de nós. Umas porque nos dedicaram um carinho enorme, outras porque foram o objeto do nosso amor, ainda outras por terem nos magoado profundamente, quem sabe haverá algumas que deixarão marcas profundas por terem sido tão rápidas em nossas vidas e terem conseguido ainda assim plantar dentro de nós tanta coisa boa.

Lá na frente é que poderemos realmente saber a qualidade de vida que tivemos, a quantidade de marcas que conseguimos carregar conosco e a riqueza que cada uma delas guardou dentro de si. Bem lá na frente é que poderemos avaliar do que exatamente foi feita a nossa vida, se de amor ou de rancor, se de alegrias ou tristezas, se de vitórias ou derrotas, se de ilusões ou realidades.

Pensem sempre que hoje é só o começo de tudo, que se houver algo errado ainda está em tempo de ser mudado e que o resto de nossas vidas, de certa forma, ainda está em nossas mãos.

autoria desconhecida

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Eu Te Odeio

            Fátima Guedes


Nem com você...
Nem sem você...
O amor deve ser
qualquer coisa que eu não saiba.
O que quer que seja
me deixou completamente nua.

Um perfume,
um veneno.
Não se pode querer,
não se pode trazer de volta.

Seja o que for
o que me penetra e depois me solta
não pode esperar desculpa.
O amor me causou revolta.

O amor deve ser
a pergunta que não se faz.
Uma dúvida que jamais
é saciada.
Eu não entendi nada.

Nada por mim...
Nada sem mim...
É, você me deixou
tão confusa e transtronada

Que hoje a coisa
mais firme que creio é que eu te odeio
e é esse ódio que eu mais choro.
Eu te adoro, eu te adoro.

Gravado no então LP de 1983 de Fátima Guedes intitulado Muito Prazer. Em 1993, Verônica Sabino fez um bonita regravação em seu CD Verônica.

Sabrás Que Te Quiero

             Teddy Fragoso

Que te quiero
Sabrás que te quiero
Cariño como este jamás existió
Que mis ojos jamás han llorado
Como en aquella tarde
Que te dije adiós
Que deseo
 Volver a tu lado
Tenerte conmigo
Vivir nuestro amor
Que te quiero
Sabrás que te quiero
Porque eres mi vida
Mi cielo y mi Dios

Belíssima regravação de Zizi Possi em seu CD " Bossa ", de 2001.