sábado, 29 de maio de 2021

Amigo Ingrato

Causa-te surpresa o fato de ser o teu acusador de agora, o amigo aturdido de ontem, que um dia pediu-te abrigo ao coração gentil e ora não te concede ensejo, sequer, para esclarecimentos.

Despertas, espantado, ante a relação de impiedosas queixas que guardava de ti, ele que recebeu, dos teus lábios e da tua paciência, as excelentes lições de bondade e de sabedoria, com as quais cresceu emocional e culturalmente.

Percebes, acabrunhado, que as tuas palavras foram, pelo teu amigo, transformadas em relhos com os quais, neste momento, te rasga as carnes da alma, ele, que sempre se refugiou no teu conforto moral.

Reprocha-te a conduta, o companheiro que recebeste com carinho, sustentando-lhe a fragilidade e contornando as suas reações de temperamento agressivo.

Tornou-se, de um para outro momento, dono da verdade e chama-te mentiroso.

Ofereceste-lhe licor estimulante e recebestes vinagre de volta.

Doaste-lhe coragem para a luta, e retribui-te com o desânimo para que fracasses.

Ele pretende as estrelas e empurra-te para o pântano.

Repleta-se de amor e descarrega bílis na tua memória, ameaçando-te sem palavras.

O mundo é impermanente.

O afeto de hoje torna-se o adversário de amanhã.

As mãos que perfumas e beijas, serão, talvez, as que te esbofetearão, carregadas de urze.

Há mais crucificadores do que solidários na via de redenção.

Esquecem-se, os homens, do bem recebido, transformando-se em colaboradores cruéis, sem possuírem qualquer crédito.

Talvez o teu amigo te inveje a paz, a irrestrita confiança em Deus, e, por isso, quer perturbar-te.

Persevera, tranquilo!

Ele e isto, esta provação, passarão logo, menos o que és, o que faças.

Se erraste, e ele te azorraga, alegra-te, e resgata o teu equívoco.

Se estás inocente, credita-lhe as tuas dores atuais, que te aprimoram e te aproximam de Deus.

Não te guardes rancor.

Recorda que foi um amigo, quem  traiu e acusou Jesus; outro amigo negou-O, três vezes consecutivas; e os demais amigos fugiram d'Ele.

Quase todos O abandonaram e O censuraram, tributando-Lhe a responsabilidade pelo medo e pelas dores que passaram a experimentar. Todavia, Ele não os censurou, não os abandonou e voltou a buscá-los, inspirá-los e conduzi-los ao Reino de Deus, por amá-los em demasia.

Assim, não te permitas afligir, nem perturbar pelas acusações do teu amigo que está enfermo e não sabe, porque a ingratidão, a impiedade e a indiferença são psicopatologias muito graves no organismo social e humano da Terra dos nossos dias.


Texto retirado do livro Momentos de Felicidade, de Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 5ª Edição, 2014.

sábado, 22 de maio de 2021

Ser e Parecer

 A essência, o ser em si mesmo, constitui a individualidade, que avança mediante o processo reencarnatório, adquirindo experiências e desenvolvendo as aptidões que lhe jazem inatas, heranças que são da sua origem divina.

A expressão temporária, adquirida em cada existência corporal, com as suas imposições e necessidades, torna-se a personalidade de que se reveste o Espírito, a fim de atingir a destinação que o aguarda.

A primeira tem o sabor de eternidade, enquanto a outra é transitória.

No âmago do ser encontra-se a vida pulsante, imorredoura, embora, na superfície, a aparência, o revestimento quase sempre difere da estrutura que envolve.

A individualidade resulta da soma das conquistas, através do êxito como do insucesso, logrados ao longo das lutas que lhe são impostas.

A personalidade varia conforme a ocasião e as circunstâncias, os interesses e as ambições.

Esta passa, enquanto aquela permanece.

Máscara, forma de aparecer, a personalidade se adquire sem transformação substancial, profunda, ocultando, na maioria das vezes, o que se é, o que se pensa, ao que se aspira.

Legítima, a individualidade se aprimora, qual diamante que fulge ao atrito abençoado do cinzel.

A personalidade extravasa, formaliza, apresenta.

A individualidade aprimora, realiza, afirma.

À medida que o ser evolui, mergulha no mundo íntimo, introspectivamente, desenvolvendo os valores que dormem em embrião e se agigantam.

O exterior desgasta-se e desaparece.

O interior esplende e agiganta-se.

A semente que morre semente não viveu, não realizou a missão que lhe estava reservada: multiplicar e produzir vida.

A gema, sem lapidação, jamais fulgura.

Faze a tua indagação à vida, em torno da tua destinação.

Quem és hoje e o que pretendes alcançar?

Cansado da aparência, realiza-te intimamente e desata as aptidões superiores que aguardam oportunidade e cresce para as finalidades elevadas da vida.

Tenta ser, por fora, conforme evoluis por dentro, sendo a pessoa gentil, mas nobre, fulgurante e abnegada, afável, todavia leal.

Tua aparência seja, também, tua realidade, esforçando-te, cada vez mais, para conseguir a harmonia entre a individualidade e a personalidade, refletindo os ideais de beleza e amor que te vitalizam.


Texto retirado do livro Momentos de Coragem; Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, 2014, 8ª Edição.

sábado, 15 de maio de 2021

Triunfo

 Quando o homem obedece aos Códigos Soberanos e às leis humanas logra a paz, sendo-lhe factíveis o triunfo espiritual e a felicidade terrena.

Certamente, o êxito no mundo é de efêmera duração. Não obstante, necessário, muitas vezes, para fomentar o progresso social e a conquista pessoal de metas nobilitantes.

A vitória espiritual sobre as vicissitudes e limitações impostas pelo veículo carnal constitui o objetivo real da reencarnação.

A conquista dos valores terrenos deve significar o preenchimento das necessidades da vida, sem o tormento por armazenar coisas e cargos que pesam na economia geral, favorecendo a escassez em referência a outras pessoas.

A aquisição dos tesouros do Espírito representa libertação interior e ascensão aos planos ditosos da vida.

Em ambos os casos, deve prevalecer o desejo saudável de auxiliar o próximo, igualmente promovendo-o na escala das realizações edificantes.

O acúmulo de riquezas materiais em poucas mãos responde pela miséria econômica e social de inumeráveis indivíduos e comunidades desprovidas de tudo quanto favorece a ordem, o bem-estar, o desenvolvimento.

Ninguém está destinado ao insucesso, à desgraça.

Quando isso ocorre, tal se deve ao próprio indivíduo, que se encontra convidado a uma revisão de conceitos morais e a experiências redentoras. Ele pode, no entanto, modificar o quadro da sua atual provação, aplicando os esforços mentais e físicos de que dispõe.

Mediante a utilização das energias psíquicas de forma correta, altera o campo íntimo, infundindo-se coragem e vitalidade.

Através da ação constante, edificadora, remove os obstáculos e corrige as deficiências, transferindo-se para a área da plena realização.

Não desistas de buscar o triunfo, seja qual for a circunstância em que te encontres.

Há leis que jazem desconhecidas e são responsáveis pelas ocorrências da vida. Dormem no inconsciente humano, aguardando ativação.

Diariamente, ao despertar, faze afirmações mentais a respeito do que desejas conseguir.

Repete-as com frequência até banir do teu inconsciente as fixações de fracasso, de medo, de incapacidade.

Exercita com fé no triunfo o teu pensamento positivo e descobrirás energias novas fluindo em teu corpo e enriquecendo o teu psiquismo com ideias otimistas.

Não cesses de o fazer, se os resultados não se derem imediatamente.

Qualquer tipo de mudança impõe adaptação.

Terás que te acostumar com as novas experiências, a fim de colimares os resultados almejados.

Programa um roteiro mental e passa a vivê-lo, afirmando-o, mentalmente, até que te modele no mundo das formas.

A mente plasma tudo. Bem conduzida, de maneira inteligente, alcança o triunfo.

Este esforço resultará da oração e da certeza de que sendo filho de Deus, não estarás desamparado.

Com estes equipamentos mentais, as afirmações do triunfo facultarão as oportunidades para agires e edificares tudo quanto hajas planejado, pois que inspirarão o uso correto das tuas faculdades naturais,

Pouco te importem todos os insucessos anteriores.

Renasce deles, afirma o bem e segue adiante.


Texto retirado do livro Momentos de Alegria; Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Ângelis. Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 2014, 4ª Edição

sábado, 8 de maio de 2021

Conquistas

 O homem comum satisfaz-se com os fenômenos fisiológicos e os prazeres que exaurem os sentidos, sem qualquer benefício para a emoção.

Todos os seus planos e aspirações giram em torno de lucros que lhe propiciem as metas imediatas do gozo, da sensualidade.

Gozo alimentar e posse sensual; gozo no sono e sensualidade na ambição; gozo na comodidade e sensualismo na mente.

O seu intelecto se volta para o utilitarismo e o seu sentimento para a sensação.

O crescimento que anela é horizontal, de superfície, encontrando dificuldade para a verticalização da vida, a ascese.

O homem que desperta para as experiências libertárias, emerge dos sentidos opressores e ala-se.

O conhecimento torna-se-lhe uma bússola e um roteiro, enquanto o sentimento o propele à conquista das distâncias.

O prazer instala-se-lhe nas áreas profundas do ser mediante as sucessivas aquisições da renúncia, da abnegação, da identificação dos valores reais, em detrimento das inquietações provenientes dos desejos insatisfeitos.

Verticaliza a conduta e comanda o pensamento, sem vazios, físicos ou mentais, para os conflitos que envilecem, atormentando o coração.

Os seus, são os triunfos sobre os próprios limites.

O homem comum vê, ouve e vive conforme se apraz.

Os acontecimentos são enfocados de acordo com as lentes do seus interesses pessoais.

Tudo faz para fruir sempre, desfrutando do maior quinhão.

O seu humor é instável, porque governado pela força da paixão egoísta.

A sua fé é acomodada, por supor que ganhará a Vida utilizando os métodos escusos em que tem posto a existência.

O homem lúcido entende a finalidade para a qual foi criado por Deus e vê, ouve e vive obedecendo aos padrões exarados pela Leis que regem a Vida.

Proporciona os meios para que os fenômenos aconteçam - efeitos naturais das suas ações postas a serviço dos programas divinos.

É estável, porque sabe que somente lhe acontece o que o torna melhor, daí retirando a boa parte, aquela que o ajuda em qualquer ocorrência.

Crê e ama sem receio, porque a sua é uma vida fecunda.

O homem comum vive embriagado ou aturdido, ansioso ou desiludido.

O homem consciente movimenta-se em paz.

Pilatos, na horizontal do poder, lavou as mãos quanto ao destino do Justo.

Jesus, na vertical da verdade, sem nenhuma queixa, submeteu-se. Erguendo-se na cruz, permanece como exemplo fecundo de união com Deus, na conquista total da Vida.


Texto retirado do livro Momentos de Meditação, Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 3ª Edição, 2014.

sábado, 1 de maio de 2021

Idade Não Cronológica

 A tua é a idade espiritual que te assinala a evolução, refletindo-se no teu comportamento emocional e intelecto-moral.

As novas experiências te ensejarão retificação de conduta, se equivocada, burilamento interior e ampliação das possibilidades inesgotáveis que jazem adormecidas.

A idade cronológica vale pelas conquistas logradas, pelos relacionamentos adquiridos, pela responsabilidade, liberdade e plenitude que consigas interiormente.

O homem do mundo, gozador, sem maiores aspirações, estabelece períodos em que a vida parece-lhe adquirir significado, programando-se para essa fase que, ultrapassada, se lhe apresentará depois como tendo sido de breve duração.

Os anos dourados, demitizado o período juvenil, são os de todas as idades, cada uma delas assinalada pelas suas próprias características. O encanto da infância prolonga-se pelo verdor da adolescência e suas aspirações chegam à idade da razão enriquecidas de conhecimentos e valores éticos, programadores da velhice iluminada pela harmonia e bem-estar.

As atividades que tiveram curso durante a existência culminam na terceira idade, plena de sabedoria e realizações, atuando em favor dos cometimentos eternos, transcendendo ao período em que se esteja vivendo na Terra.

Assim, não são importantes a época e o momento que se vivem, senão pela forma como se os estão utilizando, de que maneira, se produtiva ou geradora de conflitos.

Cada dia oferece nova oportunidade de autorrealização, de avaliação de atitudes, com os seus correspondentes comportamentos, saneadores do mal e estimulantes par o bem.

O indivíduo deve adquirir a percepção de si mesmo, a fim de bem situar-se em qualquer época e lugar, sem desperdício de tempo ou perda da ocasião de integridade real no espírito da vida. Não se alienando, participa das lutas e atividades do momento como da coletividade, sem desorganizar os seus programas íntimos, podendo manter as suas opções como forma de respeito a si mesmo, ao seu grupo social e à vida.

Há quem estabeleça em qual idade irá ser feliz, perdendo todas as ensanchas de sê-lo a cada momento. Mais tarde, passará a sofrer de neurose depressiva, em razão de não haver fruído suficientemente, deixando-se consumir pelo conflito de que já não pode desfrutar o que perdeu ou não dispor mais de forças para repetir a façanha...

Acumula, então, recordações tristes e nega-se a novas alegrias, anulando os valores que possui, enquanto desenvolve conflitos cada vez mais destrutivos.

Cada fase da vida tem os seus percalços e as suas bênçãos. Vivê-los com empatia e entusiasmo é a atitude de quem já amadureceu emocionalmente.

A vida não se detém e o tempo não se interrompe, queira-se ou não. Isso é inexorável.

Pode-se ser pleno na infância e imaturo na idade da razão.

O desenvolvimento dos valores éticos e emocionais não deve cessar nunca, interrompendo-se o home na marcha que o leva a alcançar mais altos e expressivos índices de conhecimento, de vivência, de atividade.

Assim, o objetivo é viver com consciência criativa, sinceridade e bondade no coração, tornando a existência um hino de louvor que não deve cessar nem mesmo com a morte corporal.

Não consideres instáveis estes tempos, ante o programa que estabelece para atua autorrealização.

Se não dispões de amor e coragem para sobrepô-los às circunstâncias de tempo e lugar, não estás edificando para o porvir.

Seja qual for a tua idade cronológica, concede-te viver o encanto e a beleza próprios, que lhe são inerentes, aplicando os teus recursos nas metas psicológicas e espirituais que deves atingir.

A tua idade ideal é aquela que te propicia mais amplas possibilidades de autodescobrimento, de autoiluminação e de serviços em favor do bem geral.

Esta idade são todas as idades do teu ser eterno.


Texto retirado do livro Momentos de Iluminação, Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 4ª edição, 2015.