sábado, 29 de abril de 2023

Mediunidade e Vida

Diante da mediunidade que te desvela o mundo espiritual e te fala de responsabilidades graves, penetra a mente no seu estudo e absorve as instruções necessárias ao trânsito feliz, na execução do programa a que te vinculas.

Elegeste o compromisso que te exorna a vida antes da reencarnação.

Rogaste a oportunidade do serviço mediúnico, na condição de terapia abençoada para a própria existência.

Empenhaste os teus valores e esforços a fim de que os recursos mediúnicos te descerrassem as portas da imortalidade, e pudesses adentrar pela Erraticidade tomando consciência da necessidade de brindá-la aos que estão anestesiados no corpo.

Recebeste a concessão como forma de libertação de complexos atavismos que te jugulavam a reminiscências dolorosas, responsáveis por sofrimentos atuais que te remanesciam como recurso depurativo.

Agora, que sentes a presença dos Espíritos cooperando contigo ou gerando alguma aflição, aprimora-te para servir-lhes de ponte no intercâmbio iluminativo, que a ti a eles beneficiará.

Não relutes ante o serviço atraente, nem te consideres privilegiado, em caráter de exceção.

Mediunidade é porta de serviço que se abre, abençoada, em favor das criaturas de ambos os planos da vida.

Não é responsável, pelos fenômenos psicopatológicos que aturdem as criaturas humanas.

O Espírito é herdeiro de seus próprios atos.

A mediunidade, nos servidores negligentes e endividados, somente faculta que a sintonia com os desencarnados em débitos favoreça-os na execução dos programas de compromissos que ficaram interrompidos...

Obsessão, histeria, alucinação epilepsia e outros distúrbios emocionais e mentais encontram-se ínsitos no ser endividado, que a terapia competente, na área médica como na mediúnica, soluciona, graças, sobretudo, à transformação moral do paciente para melhor.

Todo distúrbio tem suas raízes no ontem de quem o sofre.

A mediunidade é dádiva da vida para a existência humana, em forma de construção do bem permanente.

Vive-a em todos os instantes da tua existência, e experimentarás a ventura de servir e te iluminares.

Paulo de Tarso tanto se empenhou na vivência do ministério, que, médium de Jesus, incorporou-) ao seu cotidiano.

Teresa de Ávila, igualmente, absorveu o conteúdo dos contatos com o Senhor de tal forma que Lhe ofereceu a vida.

E Allan Kardec, tomando Jesus como modelo e guia para todos os seres, conclama-os à vivência do deveres, estabelecendo a necessidade de serviço no bem, que transforma o exercício mediúnico em mediunato, vivendo a experiência transcendente que se lhe incorporará à vida.

Mediunidade com Jesus e Vida são termos da equação existencial para lograr-se a plenitude.


Retirado do livro Momentos Enriquecedores; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 2ª Edição, 2015.

sábado, 22 de abril de 2023

Cristificação Pelo Amor

É certo que gostarias de ser amado, recebendo a afetividade de outrem em demonstrações de carinho conforme as necessidades que acreditas te afligirem.

Talvez fosse melhor que te chegassem ao sentimento as expressões retributivas do amor que esparzes, diminuindo-te as carências íntimas, acalmando-te as ansiedades, alegrando-te.

O problema, porém, é geral.

Não há indivíduo algum que se encontre referto na Terra, nessa área.

Quem recebe amor de determinadas pessoas, aspira ao afeto de outras, que não aquelas que se lhe acercam.

Tens o pensamento dirigido para alguém que, possivelmente, não te corresponde, assim como outrem te anela, sem que sintas algo especial por ele.

Se as pessoas se correspondessem na mesma faixa de ternura; se os corações se manifestassem na mesma onda de sentimento; se os afetos exteriorizassem na mesma vibração de trocas, a Terra já seria o paraíso desejado.

Há, no entanto, infinidade de graus, nos quais se manifestam as emoções.

Ninguém, todavia, que viaje a sós.

Possivelmente, não te associas com a pessoa de quem, ou não recebes a companhia do ser amado. Todavia, se espraiares o olhar de bondade compreensiva, identificarás companhias outras agradáveis, que se encontravam solitárias, porque anelavam por ti e não logravam aproximar-se.

São os aparentemente inexplicáveis paradoxos da existência corporal, cujas causas se encontram na conduta passada, quando de outras reencarnações.

Ama, desse modo, sem te impores, sem exigires retribuição.

Experimenta querer bem, pelo prazer pessoal de fazê-lo, e descobrirás um filão de ouro atraente que propiciará uma grande fortuna, em forma de paz e de satisfação pessoal.

O melhor do amor é amar, e não somente ser amado.

A preparação de uma viagem, não raro, é sempre mais agradável do que esta em si mesma, ou a sua chegada que, às vezes, causa frustração e desencanto.

As chamadas "pessoas maravilhosas", por quem te apaixonas, assim o são, porque as desconheces.

Todos os homens têm problemas, limitações, defeitos, necessidades.

O insucesso das uniões conjugais, na maioria dos casos, resulta de precipitação na escolha, da imaturidade na busca, do apego às ilusões e da afetividade por ídolos de pés de barro que se despedaçam facilmente.

Enobrece-te com o amor, irradiando-o em forma de simpatia, de gentileza, de serviço pelo próximo, de abnegação.

Não há quem resista à força do amor sem interesse imediato, sem aprisionamento.

Ama, portanto, libertando.

Cristifica-te através do amor. Talvez, para consegui-lo, seja-te necessário crucificar-te nas traves da renúncia e da sublimação. Todavia, somente por meio da crucificação é que alguém se pode cristificar. E o amor, sem dúvida, ainda é o mais suave, perfeito e eficaz instrumento para consegui-lo.


Retirado do livro Momentos de Coragem; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 8ª Edição, 2014.


Conheci esse texto no início dos anos 90 quando migrava do Catolicismo para o Espiritismo! Eu participava (e ainda participo) de um grupo de voluntários e resolvemos criar um jornalzinho, um informativo para eles. Não me lembro como esse material chegou em minhas mãos, mas ele foi parar na 1ª Edição desse jornal. Eu fiquei fascinado por essa mulher e passei a procurar qualquer coisa que viesse dela! Naquela época, não havia internet, whatsapp ou qualquer recurso tecnológico mais avançado... Os computadores começavam a aparecer juntamente com as impressoras chamadas de matriciais! Então, restava ir aos famosos "sebos" pra tentar encontrar alguma coisa. Obviamente, não achei nada! Mas fiquei com Joanna de Ângelis na cabeça e, muitos anos depois, talvez quase 30 anos, comecei a encontrar seus livros nos Centros por onde passava. Comprei vários deles e a leitura só fez reforçar minha admiração por ela... Depois, descobri uma pequena coleção (pequena mesmo, pois são os conhecidos livros de bolso) com mensagens dela e, para minha surpresa, reencontrei o texto! Quando resolvi começar esse Blog, lá pelos idos de 2010, lembrei-me dele e o publiquei sem saber que o encontraria tempos depois e descobriria a sua origem. Nessa minha proposta de publicar sempre algo dela todos os sábados, deparei-me hoje com ele e optei por repetir a publicação, mesmo porque hoje, ele me parece diferente e mais forte em sua essência! Obrigado, Joanna de Ângelis... Grande beijo pra você!

sábado, 15 de abril de 2023

Ninguém Escapa

- Por que sofrem os bons, enquanto os maus prosperam? - indagam inúmeras pessoas, amarguradas.

- Por que os bons propósitos não encontram resposta, considerando-se que os planos infelizes são coroados de êxito? - interrogam os indivíduos com desencanto.

- Por que todos se voltam contra os idealistas da verdade e aplaudem os mentirosos, embora pareça o contrário? - perguntam aqueles que reflexionam sob desesperos injustificáveis.

- Por que a colheita do bem são os espinhos e as ingratidões? - inquirem os corações ensombrados pela revolta.

- Por que a solidão dos bons e a popularidade dos criminosos, dos astutos e malversadores? - surpreendem-se quantos experimentam incompreensões.

Nenhuma injustiça, porém, nos quadros apresentados.

O enfoque das questões encontra-se malfeito.

A observação em tela é imperfeita.

Senão, vejamos: aquele que se apresenta como bom cidadão hoje e defronta dificuldade, é apenas aprendiz da vida, que vem da ignorância para o conhecimento, do erro para o acerto.

" - Bom somente é o Pai " - respondeu Jesus ao moço rico, na lição evangélica.

O homem mau, ignorante e inseguro, que frui enganoso triunfo, não se encontra em paz com a consciência. E mesmo tendo-a anestesiada, despertará.

A vida não tem pressa.

Ao dia sucede a noite, e a esta, um novo dia.

O Sol brilha sobre bons e maus com a mesma intensidade; assim, o amor de Nosso Pai.

Se o sucesso não te coroa os tentames do bem-fazer, persevera e atua melhor.

Se a dificuldade te surpreende os passos, insiste e contorna o obstáculo.

Se o problema te desafia, estuda-o e permanece equacionando-o.

Nada há impossível para quem ama, crê e espera, estudando e servindo sem cansaço.

Se recebes gratificação de qualquer natureza pelo que realizas, não és obreiro do Senhor, porém negociante de emoções e interesses.

Se te queixas, enquanto atuas, encontras-te desinformado da ação do bem.

Porque o bem é proposta nova e inabitual no mundo, ainda provoca surpresa, desconfiança, desencorajamento.

Sê aquele que o torne natural e comum, demonstrando aos outros, àqueles que não creem na tua ação, a excelência dos resultados que ele já propicia em ti.

Alarga os espaços da bondade, e chegará o momento em que o joio da maldade será arrancado e a gleba humana se enriquecerá com o trigo generoso propiciador do pão de vida.

Não te preocupes com os equivocados, os insensatos, os maus... Eles viverão e retornarão aos caminhos ora percorridos por ti.

Ninguém escapa.

Ama-os, ao invés de desejar-lhes sofrimentos, assim tornando a tua bondade sábia e compreensiva, em lugar de ser adorno para reconhecimento público.

Recorda-te, em qualquer situação, de Jesus, que até agora permanece confiante e sem queixas, esperando por nós.


Retirado do livro Momentos de Alegria; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 4ª Edição, 2014.

sábado, 8 de abril de 2023

Permanece Confiante

Onde te encontres, com o que tens, através do que sabes, dispões dos valores essenciais para o teu crescimento espiritual.

A Divina Sabedoria coloca o aprendiz no lugar mais rico de experiências para a sua realização.

Quando estás em condições, podes ler os mais belos textos de sabedoria no livro aberto da Vida.

Se não logras adaptar-se na situação em que estagias, mui dificilmente galgarás o próximo degrau de discernimento espiritual.

Não fujas das injunções evolutivas que se apresentam com roupagens de dificuldade, limite ou dor.

Para onde te transfiras, seguirás o teu destino, aquele que programaste através das reencarnações passadas.

O que aqui não consigas, adiante, passado o entusiasmo da novidade, não possuirás.

Deus te ama em todo e qualquer lugar e sabe o que é de melhor para ti.

Nem aceitação estática daquilo que denominas infortúnio, nem exaltação do que chamas conquista.

A vida possui uma dinâmica natural, um ritmo que deves aplicar nas tuas aspirações, acontecimentos e programas.

Age, pois, sempre, de forma que te brinde maior quota de paz e de experiências possíveis.

Pedra que rola não cria limo, afirma o brocardo popular. Da mesma forma , a instabilidade íntima, que te leva a constantes mudanças, não te permitirás fixação em coisa alguma, tampouco realização profunda.

Concede-te o tempo de semear, germinar, crescer, enflorescer e dar frutos.

Não tenhas pressa injustificável.

O trabalho de burilamento é íntimo.

A aquisição de conhecimento é tranquila.

A plenitude do amor é lenta.

As alternativas do mundo são todas transitórias.

As concessões do Cristo são permanentes.

Transitando, sofregamente, poderás reunir o que deixarás com a morte do corpo.

Harmonizando-te e perseverando, porém, conseguirás ser o que nada te poderá usurpar.


Retirado do livro Momentos de Meditação; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 3ª Edição, 2014.

sábado, 1 de abril de 2023

Lesão da Cruz

Ainda hoje, o cristão decidido encontra dificuldades de vária ordem, a fim de manter pulcro o ideal esposado.

Incompreendido, repentinamente se vê qual ilha solitária no tumulto das multidões aturdidas.

A sua conduta é vista sob suspeição e suas palavras padecem interpretação incorreta, que se deriva de má vontade geral.

São falseados os seus propósitos, e uma conspiração quase generalizada busca  bloquear-lhe os passos.

Mesmo entre os coidealistas, experimenta desafios na área do relacionamento fraternal.

Se é coerente com a mensagem de que se faz beneficiário, é tido por intransigente.

Se acata as opiniões diferentes, embora sem concordar com elas, é considerado pusilânime.

Se fala com sinceridade, expressando o que pensa, é chancelado de rude.

Se silencia e observa, é posto na conta de covarde ou de conivente.

Não há, por enquanto, lugar na Terra para o discípulo fiel do Evangelho.

As suas provas, decorrentes do passado, constituem-lhe espinho cravado no cerne da alma.

Ao seu lado, os acúleos-tentação afligem-no, ameaçando, a cada passo, a sua marcha ascensional.

A dor é-lhe companheira constante, mutilando-lhe as asas da ilusão, o que lhe resulta em benefícios excepcionais. Todavia, a sua é uma busca profunda, na qual são dispensáveis os atavios e engodos das fantasias.

Tido, às vezes, como masoquista, não foge do sofrimento, mas, igualmente, não o busca.

Encara-o com naturalidade, na condição de instrumento de libertação do ego, das emoções e paixões perturbadoras, que lhe constituem retentiva no processo de iluminação pessoal.

Afirmou Jesus, sem margem a interpretação dúbia: - Quem quiser vir comigo, tome a sua cruz e siga-me.

O convite descarta as habituais evasivas da comodidade e as justificativas do desculpismo tradicional.

A cruz, posta sobre os ombros e conduzida, dilacera as carnes em que se apoia.

Se for retirada antes do tempo e da chegada ao Calvário, a ulceração ficará exposta.

Geradora da ferida, é, também, a sua cicatrizadora, encarregada de recompor os tecidos dilacerados.

A lesão provocada pela cruz, mais tarde torna-se estrela a fulgir, apontando o rumo.

Nunca recues ante a dificuldade.

Não esmoreças, defrontando a dor.

Conduze, confiante, a tua cruz até o monte libertador.

Quem a deixa no caminho, buscando poupar-se ao sofrimento retornará a buscá-la, pois que, sem ela, ficará interrompido o acesso ao reino da consciência tranquila.

Diante de alguém sobrecarregado, sê-lhe cireneu, emulando-o à condução ditosa.

Não o iludas com a necessidade de liberar-se antes do tempo. Encoraja-o a seguir adiante.

Jesus, que não tinha qualquer dívida a ressarcir, sob o peso da cruz, aceitou a ajuda do estranho, no entanto levou-a, Ele próprio, ao topo da subida, onde a plantou, deixando-se nela imolar para ensinar-nos coragem e libertação.


Retirado do livro Momentos de Iluminação; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 4ª Edição, 2015.