quarta-feira, 30 de agosto de 2023

O ambiente terrestre e a água

 A PRESENÇA DA ÁGUA NA NATUREZA


Um casamento perfeito entre energia e água foi que se deu na Terra e, pelo que se conhece até agora, somente na Terra, entre todos os componentes do sistema solar. Corpos celestes mais distantes - como alguns satélites de Júpiter e de Urano - possuem água, mas a energia que lhes chega do Sol é insuficiente para proporcionar o ciclo nos diferentes estados, o que é importante para garantir a sua mobilidade. Outros planetas, mais próximos do Sol, perderam a água, decomposta ou expulsa pelo excesso de energia e de mobilidade. Por isso, só na Terra o ciclo se observa.


MOBILIDADE, CARACTERÍSTICA PRINCIPAL


A característica principal da água, na Terra, é a mobilidade. E ela requer energia. Energia para passar do estado sólido ao líquido, do líquido ao gasoso e, assim, circular por todos os ambientes e ecossistemas terrestres. Graças à mobilidade, a água participa de quase todos os processos que ocorrem na natureza. Ela entra na composição das rochas, permanece reservada, nos seus interstícios, constituindo os lençóis subterrâneos, ou age como elemento degradador e transformador, responsável pelos fenômenos de transporte, erosão, formação de sedimentos e uniformização do relevo terrestre.


O CLIMA DA TERRA E A ÁGUA


O elevadíssimo calor específico da água tem importância decisiva no estabelecimento do clima terrestre. Da totalidade das radiações térmicas lançadas pelo Sol sobre o nosso planeta no decorrer do dia, uma parte considerável é absorvida pelas grandes massas de água que constituem o oceano, mas sem provocar elevação significativa de suas temperaturas, o que contribui para amenizar o clima terrestre durante as horas de insolação. À noite, ao contrário, quando o solo e o ar perdem rapidamente a temperatura, a água cede calor ao ar, impedindo um resfriamento mais drástico. Planetas que praticamente não possuem água, como Marte, ou mesmo a nossa Lua, apresentam temperaturas variando em mais de 90°C, entre o dia e a noite.

Essa interessante propriedade - o alto calor específico da água - consiste em consumir grandes quantidades de calor sem praticamente elevar a sua temperatura. Em outras palavras, ela não se aquece muito ao retirar calor de outro corpo e não se resfria demais ao ceder calor. É por isso que a utilizamos para nosso conforto (uma bolsa de água quente fornece calor durante muito tempo sem entretanto, perder muita temperatura), no resfriamento de um carro, ou qualquer objeto muito quente.

Mas há outros efeitos da água sobre o clima. Quando evapora, consome grandes quantidades de calor. Por isso, a água se mantém fresca dentro de um pote de barro poroso, que "transpira". É também disso que decorre, em parte, o frescor da mata ou mesmo de uma rua densamente arborizada. A evaporação de grandes volumes de água sobre os oceanos, lagos, grandes rios e densas florestas contribui muito para tornar o clima ameno, especialmente nas regiões tropicais.


ÁGUA E O TRANSPORTE DE MATERIAIS


A grande mobilidade da água faz dela um importante elemento transportador de materiais e de energia. Nos vegetais, a água dissolve os elementos essenciais do solo e os transporta, na forma de seiva, desde as raízes até as folhas e para todas as células da planta. Nos animais, é o componente principal do sangue, transportador de alimentos e oxigênio a todas as partes do corpo.

A água é também a principal responsável pela forma atual da superfície terrestre. Ela desgasta as rochas das regiões montanhosas e, seja como geleiras, seja como rios, cachoeiras e corredeiras, transporta continuamente o material resultante desse desgaste para as regiões mais baixas, depositando-o nos vales, fundo de lagos ou do oceano. Todas as rochas sedimentares que conhecemos, e que recobrem a maior parte da superfície terrestre - com exceção de algumas originadas pela ação dos ventos - têm essa origem. Essa "força" da água para transportar materiais de superfície, em seu movimento de queda de uma região mais elevada para uma mais baixa, há século tem sido utilizada pelo homem na movimentação de máquinas como roda d'água, monjolos e turbinas.


A ÁGUA NOS ANIMAIS E VEGETAIS


A água está presente nos vegetais, constituindo uma proporção, muito significativa de sua composição: 80% das folhas, 60% do caule, 95% do fruto, como no tomate. Os animais podem possuir até mais de 90% do corpo formado de água, como uma medusa marinha, ou cerca de 70% como no caso do ser humano.

O homem constitui o elo final de todas as cadeias de alimentação terrestres. Mas ele também - embora nem sempre se lembre - faz parte dos ciclos da natureza, devendo devolver ao meio o que dele foi retirado. Se admitirmos que cada habitante consome em média 50 litros de água por dia para alimentação e higiene, e que a água circulante nos rios representa cerca de 100 trilhões de litros por dia, teremos que a água que é potabilizada em todo o mundo constitui apenas 0,02% do total disponível na superfície. Quantidade bem maior que esta, entretanto, encontram-se nos solos e subsolos.

Os 0,02% de água utilizados pelo homem são, na maior parte, devolvidos aos rios, carregados de imundícies. Acrescenta-se a essa uma outra parcela, significativa, resultante das operações industriais, agrícolas, comerciais e urbanas que, igualmente, concorrem para a poluição e, portanto, para a perda de disponibilidade de água. Essa situação é fortemente agravada pelo fato de as grandes cidades não estarem situadas às margens de grandes rios, como o Amazonas ou o Nilo, mas sim  daqueles relativamente pequenos, como o Sena, o Tâmisa, o Tietê. Daí, a fatal interrupção do mais importante ciclo da natureza, afetando não só a vida dos peixes e outros seres aquáticos, mas também a das cidades e do homem que as habita.


Texto de Samuel Murgel Branco retirado do encarte "Água", publicado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo.

sábado, 26 de agosto de 2023

Água - Conflito entre os diferentes usos

 PLANEJAMENTO


Os rios são "indisciplinados": seguem a sua vocação natural de drenar as áreas encharcadas pelas chuvas. Por isso, enchem-se de água na época chuvosa e secam - às vezes completamente - nos períodos de estiagem. Para o homem, sempre interessado no uso permanente dessa água, essa indisciplina pode constituir um verdadeiro transtorno. Nas épocas de grandes chuvas, os volumes de água transportados inundam a várzea, provocando a submersão de casas, cidades e plantações situadas em local que antes constituía a "reserva natural" de espaço para as cheias. Na seca, cumprida a missão de drenar o terreno, o rio estanca ou fica com uma vazão muito reduzida, não permitindo o uso para abastecimento, irrigação ou geração de eletricidade. Além disso, o homem agrava a situação ao "impermeabilizar" os solos com suas casas, ruas, praças e terrenos cimentados ou asfaltados. Em vez de absorver a água que depois seria drenada lentamente, esses solos passam a conduzi-la diretamente ao rio, provocando maiores inundações.

Há vários séculos que o homem descobriu o meio de "domesticar" o rio indisciplinado. Ele usa o represamento, que talvez tenha aprendido com os castores. Com a construção de uma barragem, o rio é transformado em lago, que se enche na época de cheias, armazenando a água que será usada também na época da seca. Assim, é possível dispor de vazões regularizadas durante todo o ano, evitando as inundações (uma vez que a água das enchentes fica armazenada) e garantindo o abastecimento, a irrigação de terras ou o funcionamento das turbinas durante todo o período que não chove.


GRANDES REPRESAS PARA USO ENERGÉTICO


Para gerar grandes quantidades de energia, utiliza-se grandes quedas, ou grandes volumes de água. O sistema Billings, em São Paulo, emprega um volume de água relativamente pequeno, mas uma queda de 740 metros de altura da Serra do Mar é diferente. Já a Represa de Itaipu, apesar de ter uma queda relativamente pequena, produz muita energia porque conta com a excepcional vazão do rio Paraná, um dos maiores do mundo.

Por sua vez, o armazenamento de grandes volumes de água exige extensas áreas de terra principalmente em terrenos planos. É o caso das represas construídas nas planícies da região amazônica. Áreas imensas de solo, recobertas por densas florestas, são inundadas ao se formar o lago, afogando e destruindo massas consideráveis de matéria vegetal, com a aniquilação dos ambientes florestais, animais e espécies características, chegando a influir no clima da região. E o que é pior, para produzir, às vezes, quantidades irrisórias de energia, como é o caso da barragem de Balbina, construída no Estado do Amazonas, que inundou uma área de 2.400 km2 de florestas. Esse lago, muito raso - não mais que sete metros de profundidade média - transformou-se num  verdadeiro pântano, infestado de mosquitos e desprendendo um cheiro nauseabundo, derivado do apodrecimento dos vegetais afogados.

Barragens para a regularização de rios devem ser projetadas em função de um perfeito planejamento, que leve em conta a situação geográfica e ecológica, bem como os diversos usos possíveis da água, para permitir o seu aproveitamento máximo, em lugar de gerar conflitos e incompatibilidades. Um exemplo pioneiro desse tipo de projeto, realizado muito antes da existência de legislação e movimentos ambientais em nosso país, foi o da represa de "escadas para peixes" (que entretanto, não chegou a ser construída), eclusas para o trânsito de embarcações e outras instalações destinadas a garantir a possibilidade de usos múltiplos das águas represadas, minimizando os prejuízos da mudança do regime natural do rio.


Texto de Samuel Murgel Branco retirado do encarte "Água", publicado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo.

Mansuetude

A afabilidade e a abnegação do sentimento refletem as conquistas éticas do ser, exornando-o com os louros da paz.

Mediante a afabilidade, a criatura exterioriza a emoção superior que lhe irrompe espontânea, abençoando todos aqueles que dele se acercam.

A abnegação é o meio pelo qual se disciplinam os valores morais no exercício da paciência e da bondade, abrindo espaços para que se expanda a doçura, que logra sensibilizar os mais empedernidos sentimentos.

A mansuetude do coração é resultado da plena vivência da afabilidade e da abnegação.

Valores muito desconsiderados, e tidos, às vezes, como debilidade de caráter, são, não obstante, reflexos da têmpera vigorosa, da resistência para a luta e superação das paixões mais fortes, na área do primitivismo emocional.

Ser afável é possuir segurança moral e emocional, que sobrepaira no terreno alagadiço dos compromissos inferiores.

Esta não se corrompe, nem anui ao erro, em razão de possuir o conhecimento e a direção dos deveres do amor em relação a Deus, ao próximo e a si mesmo.

A abnegação elege o trabalho como forma  segura de externar os objetivos a que se propõe. Engrandece o homem, porque o faz devotado ao bem geral e à construção de melhores e mais seguras condições de vida.

Há quem confunda a afabilidade com a hipocrisia e o medo moral, crendo que o indivíduo oculta, sob o disfarce da conduta, estados de timidez e de pusilanimidade.

Para ser-se afável, no entanto, é necessário possuir-se grandeza de propósitos e firmeza de ideal.

Seguir a correnteza da insensatez e do vício, isto sim, representa empobrecimento interior e vileza espiritual.

Acredita-se que a abnegação ainda não encontra entendimento onde se exterioriza, servindo de recurso que a astúcia explora e a leviandade perturba.

Pelo contrário, o homem abnegado eleva-se do chavascal, sem deixar perceber a estrutura íntima, aparentemente no mesmo nível daqueles a quem socorre.

Escasseiam a afabilidade e a abnegação, como consequência do imediatismo, da conduta individualista, do egoísmo ainda dominante entre os homens.

Sem embargo, encontram-se em germe em todos os indivíduos, essas virtudes, que aguardam oportunidade para se desvelarem e crescer.

Faze-te afável, seja qual for a circunstância.

Torna-te abnegado, em todo momento.

Enquanto outros se comprazam em preservar a brutalidade e o azedume, que se lhes tornam sistemáticos, eleva-te pela afabilidade e a abnegação ao patamar da mansuetude, recortando-te que, mesmo incompreendidos, conforme expôs Jesus, os "mansos herdarão a Terra".


Retirado do livro Momentos de Esperança; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 3ª Edição, 2014.

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

O homem e a água no ambiente rural

 O AMBIENTE RURAL E A SECA


Certamente o homem que vive no campo está muito mais sujeito aos caprichos da natureza que o habitante das cidades. Sendo as populações do campo mais rarefeitas que as populações urbanas, fica mais difícil e oneroso construir redes de abastecimento de água, devido às distâncias entre as moradias. O mesmo ocorre em relação à remoção dos esgotos e águas servidas em geral. Ambos os benefícios têm de ser providenciados individualmente, cada moradia deve ter o seu próprio poço e sistema de esgoto. Frequentemente vemos um sítio, distante de qualquer cidade, com luz elétrica, mas sem água tratada: é que a condução da corrente elétrica por fios metálicos é muito mais fácil e barata que a distribuição de água por tubos.

Mas, se por um lado as necessidades de água para uso doméstico no meio rural são bem menores que no meio urbano, por outro lado a lavoura e, indiretamente, a pecuária exigem disponibilidade muito maiores. Quando as chuvas não ocorrem com regularidade, é preciso instalar sistemas de irrigação para as plantações e pastagens, das quais depende o gado. A água para irrigação não é submetida a um processo de tratamento e desinfecção e, muitas vezes, corre por canais abertos (quando não há necessidade de elevação de nível por bombeamento), o que a torna mais barata. Porém, as quantidades necessárias são muito maiores - por área abastecida - do que no saneamento das cidades. E as áreas de plantio são, geralmente, gigantescas. Por causa das quantidades necessárias, há riscos ambientais graves, relacionados com os sistemas de irrigação.


OS RISCOS DE IRRIGAÇÃO


No Cazaquistão, em plena Ásia Central, e na Califórnia, na Costa Oeste dos Estados Unidos, dois exemplos podem ser citados para caracterizar o risco que se corre em não considerar o papel relevante que desempenham as águas do ponto de vista puramente ambiental.

O primeiro é representado pelo imenso Lago de Aral, que já foi considerado o maior lado do mundo depois do Mar Cáspio e, no entanto, está morrendo. Não só pelo recuo de suas águas (dos 80 mil km2 que possuía já perdeu 25 mil), como pelo aumento de sua salinidade, que já atinge 26g por litro, três vezes maior que antes. Antes do quê? Antes que se iniciasse um gigantesco programa de irrigação das terras da Ásia Central, que transformou um imenso deserto nos maiores campos de algodão, cereais e vinhas do mundo: uma área de 68 mil km2 de terras férteis! Mas a irrigação foi feita com a construção de canais que desviaram os rios Amudaria e Sirdaria, que contribuíam com mais de 50 milhões de m3 de água por ano para o Lago. A retirada dessa água vem causando não só o desaparecimento da pesca como da flora e fauna típicas do lago e até mesmo de terras vizinhas - e ainda severas alterações no clima local. A gazela do deserto e muitas outras aves também desapareceram. E não é só: a irrigação intensiva provoca o fenômeno da laterização, isto é, subida de sais para a superfície do solo, por evaporação excessiva, que aumenta a  salinidade e reduz a fertilidade. Fenômeno, aliás, muito comum nas terras do Nordeste brasileiro.


O CASO DO MONO LAKE


O Mono Lake, situado no interior da Califórnia, atrás das montanhas de Sierra Nevada, aproximadamente na mesma latitude de San Francisco, é um lago bem mais modesto, com apenas 170 km2, mas que há 50 anos já teve 220 km2. É que, dos seus tributários principais, quatro foram desviados desde 1941, para abastecimento e irrigação de áreas distantes, como San Francisco e Los Angeles. Esse lago já era salgado, em consequência dos altos índices de evaporação naquela região árida, com salinidade duas vezes e meia maior que o próprio Oceano Pacífico. Mesmo assim, possui uma flora e fauna típicas, perfeitamente equilibradas, que permitem a alimentação de um imenso número de aves migratórias e residentes durante o ano todo. O aumento de salinidade já ocorrido estava em vias de produzir drásticas reduções na produção de algas, o que levaria à eliminação progressiva de insetos, crustáceos e peixes, com consequente perda das aves. Os estudos realizados levaram o Departamento de Águas e Energia do Estado a reconhecer, em 1988, que o lago constitui um "recurso ambiental único, de valor significativo". Em 1991 e nos anos subsequentes, uma Corte da Califórnia estabeleceu que o lago deve ter a sua profundidade estabilizada, cassou as licenças até então concedidas para uso das águas da bacia e determinou o restabelecimento do regime de escoamento antes existentes nos quatro rios que haviam sido desviados.


POSSIBILIDADES NO BRASIL


No Brasil, como se sabe, existem enormes áreas em que, embora não ocorra um regime desértico verdadeiro, as chuvas mal distribuídas sugerem a utilização de sistemas de irrigação. No Nordeste são construídos açudes com essa finalidade, que retêm as águas dos períodos chuvosos para distribuição na seca. Muitos desses açudes se transformaram em lagos salgados, por falta de manejo adequado. A irrigação de áreas a partir do Rio São Francisco vem dando excelentes resultados, criando terrenos férteis, de grande produtividade, onde antes só se via caatinga. Os pôlders para plantio de arroz na bacia do Rio Paraíba do Sul têm sido bem-sucedidos, o que torna atraente investir nesse tipo de empreendimento. Mas tais iniciativas devem ser precedidas de estudos detalhados de solo e condições ecológicas, para que não se repitam aqui as situações desastrosas que ocorreram na Ásia e nos Estados Unidos.


Texto de Samuel Murgel Branco retirado do encarte "Água", publicado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo.

domingo, 20 de agosto de 2023

O homem e a água no ambiente urbano

 A FUNÇÃO BIOLÓGICA DA ÁGUA


Se não contivesse água, o corpo de um ser humano adulto não teria mais que 60 cm de altura e pesaria cerca de 25 quilos. Mas isso seria completamente impossível, porque a água no corpo humano - assim como em outros animais e vegetais - não desempenha somente um papel estrutural, como componente obrigatório das células. Ela tem um papel relevante como veículo, no transporte de substâncias dissolvidas para dentro e fora do organismo e de todos os órgãos. Em virtude da extraordinária capacidade que possui, de dissolver todo tipo de substância, bem como sua incrível mobilidade, a água executa funções como elemento preponderante no sangue e na seiva dos vegetais. Na forma líquida, ela atravessa facilmente as membranas de todas as células, conduzindo substâncias na excreção ou, ainda, regulando a temperatura corporal através da transpiração, ou passando ao estado gasoso. O nosso hipotético ser humano de 25 quilos de peso viveria constantemente com febre.

A água é necessária não só em quantidade, mas com a qualidade adequada. Ela não pode conter substâncias dissolvidas que sejam estranhas ou que perturbem o bom funcionamento dos órgãos e células do organismo. E não pode transportar, em suspensão, micro-organismos patogênicos. Quando a água de um manancial não é adequadamente protegida, pode se tornar contaminada e transmitir várias doenças. Dizemos, então, que a água ficou contaminada. E de onde vem a contaminação?


O RETORNO DA ÁGUA


Depois de usada, a água retorna aos rios. Isso faz parte dos fenômenos cíclicos que caracterizam a natureza. O caminho de volta pode ser mais longo ou mais curto, mas é inevitável.

Até meados do século passado, as águas servidas das residências - especialmente as de uso sanitário - eram reservadas em poços ou fossas, no interior das casas. Daí eram periodicamente removidas para reservatórios públicos, denominados pelos franceses de voiries - essa função era executada pelos vidangeurs -, onde permaneciam secando até que a massa resultante pudesse ser utilizada na lavoura, como adubo.

A partir de 1847 ocorreu, na Inglaterra, uma grande reforma sanitária, promovida por Chadwick, um conceituado sanitarista. Essa verdadeira revolução constituiu, sobretudo, na obrigatoriedade por lei da ligação de todos os esgotos domésticos aos coletores urbanos, mediante a instalação da " descarga hídrica ", uma inovação tecnológica. Assim, os esgotos públicos, que até então eram destinados, exclusivamente, a receber as águas das chuvas, passaram a receber cargas enormes de matérias poluidoras, incluindo as matérias fecais dos sanitários. Era a inauguração da lei do tout à l'égout que, se por um lado representou um grande benefício, removendo as matérias contaminadas do interior das casas, por outro iniciou o processo de contaminação dos rios, e,  em pouco tempo, a situação ficou intolerável, não só na Inglaterra, mas em todos os outros países que logo seguiram o exemplo.

Na verdade, os seres patogênicos causadores de doenças como febre tifoide, cólera ou hepatite não surgem espontaneamente na água, como se supunha antes de Pasteur. Eles provêm de pessoas doentes, através das excreções. Em poucos anos, os rios da Inglaterra, da França, da Alemanha e dos Estados Unidos tornaram-se fontes de epidemias de cólera e febre tifoide que dizimaram populações. Somente com o desenvolvimento de técnicas de tratamento de esgotos, que passaram a ser obrigatórios nos vários países da Europa a partir de 1875 e, sobretudo, com a introdução do uso da cloração das águas de abastecimento, esse terrível flagelo pôde ser debelado.


PAPEL DO ESTADO X PAPEL DO CIDADÃO


Às vezes é difícil entender e aceitar a exigência de pagar impostos e tarifas pelo uso de recursos que a natureza coloca à disposição de todos. Pagar para beber água de chuva?

O princípio que rege o imposto é, na verdade, a outorga, ou transferência de responsabilidade do cidadão para o Estado. Isso é feito em favor de maior uniformidade, perfeição e segurança das soluções a serem dadas, principalmente nas questões de saúde, educação e segurança da comunidade. A obtenção de água de boa qualidade é uma delas. Em lugar de soluções individuais, de eficácia duvidosa e que, eventualmente, possam prejudicar o interesse e a segurança de terceiros, cada cidadão transfere ao Estado essa função, pagando pelo serviço executado.

Essa outorga pressupõe algumas coisas. Em primeiro lugar, que o Estado é suficientemente competente para executar a função da maneira mais eficaz e econômica. Além disso, que ele seja "bem-intencionado" no procedimento, seguindo sempre uma doutrina consensual, coerente com os anseios de prosperidade e de qualidade de vida da Nação. Cada cidadão tem a obrigação de cumprir com a sua parte no contrato social, que todos mantêm com o Estado e os demais cidadãos. Ele estará infringindo esse preceito se ligar na rede de águas pluviais - que lança, sem qualquer tratamento, as águas de chuvas ao rio mais próximo - os esgotos sanitários de sua residência ou indústria. Porém, da mesma forma, o Estado estará lesando a população se os esgotos da rede sanitária forem lançados diretamente em rios ou mananciais  potenciais - como, por exemplo, na Represa Billings, de São Paulo - prejudicando seu uso como local de lazer ou como reserva de água potável. Da mesma forma, o Estado não estará merecendo a confiança que a população lhe transferiu - mediante pagamento de impostos -, à tarefa de prover o ensino público, se este não for de boa qualidade.

 

Existe uma curiosa coincidência entre a quantidade de água existente no planeta e no corpo humano: 70%. 

Na criança pode haver mais, no velho pode haver menos. É a falta de água que enruga a pele. 

Qualquer perda tem de ser reposta e o organismo sinaliza através da sede. 

O homem pode ficar até 28 dias sem alimento, mas apenas três dias sem água.


Texto de Samuel Murgel Branco retirado do encarte "Água", publicado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo.

sábado, 19 de agosto de 2023

Água

 "Porque os espelhos são rios os homens podem se reconhecer através das águas. Se algo os impede de chegar ao mar é porque homens já não há que os possam navegar."

(Arthur Werbeck)


A ÁGUA NA TORNEIRA


Abra a torneira e lave...

Difícil imaginar quanta história e quanto desenvolvimento técnico existe por trás desse simples comando. E quanta reação já houve à inovação. Conta-se, por exemplo, que quando o grande engenheiro Teodoro Sampaio projetou e construiu o primeiro sistema de distribuição de água na cidade de Salvador, o povo baiano, indignado, saiu às ruas com faixas contendo os dizeres: "Água de cano nós não bebe." E as instalações foram depredadas.

Ainda hoje se ouvem histórias de que as empresas de saneamento encontravam resistência à instalação da "água encanada". Muitos moradores que não contavam com o benefício relutavam e até reagiam energicamente quando intimados a fazer a ligação domiciliar no momento em que a rede de água era estendida até sua rua. Preferindo continuar usando o poço do quintal, assim como a população de Salvador preferia beber a água que comprava dos "aguadeiros" que perambulavam com burricos pela cidade.

Provavelmente a tarifa a ser paga no fim de cada mês era a principal razão da revolta. E há mesmo motivo para estranhar o valor tão elevado das tarifas. É que elas não se destinam apenas a cobrir os custos de uma pequena "correção" na qualidade natural da água do rio ou represa próximos, mas sim a tornar potável um caldo cheio de impurezas. Isso acontece pelo descaso que fazem tanto dos recursos hídricos quanto dos recursos naturais em geral.


COMO A ÁGUA CHEGA À TORNEIRA


É fácil: a água vem pelo cano. Difícil é fazer a água chegar ao cano.

Em primeiro lugar, é preciso que exista um manancial capaz de suprir toda a população da cidade a ser abastecida. E isso com folga, prevendo o crescimento natural da população. Frequentemente, para contar com a quantidade necessária de água em todas as épocas do ano, independente da ocorrência de chuvas, é indispensável construir uma barragem, que irá reservar águas das cheias para ser usada nas secas.

Em seguida, vêm as obras de captação, um sistema destinado a retirar a água do rio ou da represa criada pela barragem. O que pode ser muito simples, quando se tem sorte de encontrar um manancial localizado acima da cidade e a água pode escoar por gravidade. Caso contrário, será necessário construir um sistema elevatório, constituído de bombas de recalque no próprio local da captação - como acontece, por exemplo, no sistema que capta águas da Represa do Rio Grande, para abastecer o ABC, em São Paulo - ou distribuídas em pontos estratégicos da cidade. Muitas vezes um manancial que poderia ser captado por gravidade, situado a montante da cidade, é abandonado por estar muito poluído, em favor de outro, à grande distância e em ponto mais baixo, onerando extraordinariamente o custo da captação. Isso mostra que não é só o tratamento da água que encarece a tarifa quando não cuidamos da qualidade original dos rios.

A água captada tem de passar por tratamento, que se destina não só a remover substâncias nocivas e micro-organismos patogênicos, dando toda a segurança à saúde da população, como também garante o aspecto da água, eliminando sua turbidez, cor e cheiros eventuais. Caso contrário, a população vai preferir beber água de poço da nascente próxima, transparente e fresca, possivelmente povoada de vírus e bactérias transmissores de doenças como hepatite e febre tifoide. É evidente que esse tratamento, realizado por processos físicos como decantação e filtração, emprego de compostos químicos - como coagulantes, desinfetantes, adsorventes e outros - será mais complexo e caro, dependendo das impurezas existentes na água.

Finalmente, chega-se à fase de distribuição, realizada com auxílio de adutoras, tubulações, reservatórios de distribuição (caixas d'água dos bairros) e rede de pequenos tubos que levam a água até as casas.


É PRECISO PERSISTÊNCIA PARA A ÁGUA SAIR DO MANANCIAL, ENTRAR PELO CANO E CHEGAR ATÉ UMA TORNEIRA


O complemento necessário a tudo isso é um trabalho contínuo de conservação de equipamentos e tubulações, para que na quantidade necessária ao consumo da população e, principalmente, um serviço de vigilância, com a tomada de amostras em diversos pontos do sistema, diariamente, e análises físicas, químicas e biológicas realizadas em laboratórios altamente especializados, para garantir a qualidade sanitária da água consumida. E essa vigilância deverá ser tanto mais rigorosa - e onerosa - quanto mais impura for a água no rio ou represa de onde foi captada. Tudo isso está embutido na conta a ser paga.


QUANTA ÁGUA É NECESSÁRIA PARA O MEU CONSUMO?


Ninguém bebe muita água. No máximo, um litro por dia, talvez um pouco mais no verão. Mas uma quantidade muito maior é usada no preparo do feijão, da sopa, do macarrão. De dois a três litros por pessoa, ou dez a 15 litros por casa, por dia. Mas há o banho, que consome muito mais. E a lavagem dos pratos, das roupas, do carro, do quintal, do cachorro. E é preciso regar o gramado e os canteiros de flores ou de frutos.

O consumo é muito variável, dependendo do número de pessoas de cada casa, do tamanho do jardim, dos hábitos, da estação do ano. Há alguns anos, as autoridades britânicas estavam escandalizadas com um hábito muito tropical que alguns usuários londrinos estavam adquirindo. Diziam os especialistas: "Se a população começar a tomar banhos todos os dias, não haverá água que chegue..."

A quantidade mínima para assegurar condição sanitária com baixa probabilidade de contaminação patogênica é 50 litros por dia, por habitante. A média, entretanto, oscila entre 75 e 200 litros diários. Mas, na avaliação do suprimento de uma cidade, é necessário estimar ainda o consumo comercial - escritórios, postos de serviços etc - além dos jardins públicos, incêndios e outras necessidades. E ainda o uso industrial, que pode ser muito significativo. Tudo isso, somado e dividido pelo número de habitantes, resulta no consumo per capita da cidade, que para uma de grande porte é estimado em cerca de 500 litros por dia por habitante. E essa água deverá ter ótima qualidade sanitária, independente do uso que dela será feito. Mesmo a água usada para apagar incêndios ou regar os jardins públicos poderá ser bebida sem provocar doenças ou despertar repulsa.


Texto de Samuel Murgel Branco retirado do encarte "Água", publicado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo.

Anjos Guardiães

Os anjos guardiães são embaixadores de Deus, mantendo acesa a chama da fé nos corações e auxiliando os enfraquecidos na luta terrestre.

Quais estrelas formosas, iluminam as noites das almas e atendem-lhes as necessidades com unção e devotamento inigualáveis.

Perseveram ao lado dos seus tutelados em toda circunstância, jamais se impacientando ou os abandonando, mesmo quando eles, em desequilíbrio, vociferam e atiram-se aos  despenhadeiros da alucinação.

Vigilantes, utilizam-se de cada ensejo para instruir e educar, orientando com segurança na marcha de ascensão.

Envolvem os pupilos em ternura incomum, mas não anuem com seus erros, admoestando com severidade quando necessário, a fim de lhes criarem hábitos saudáveis e conduta moral correta.

São sábios e evoluídos, encontrando-se em perfeita sintonia com o pensamento divino, que buscam transmitir, de modo que as criaturas se integrem psiquicamente na harmonia geral que vige no Cosmo.

Trabalham infatigavelmente pelo Bem, no qual confiam com absoluta fidelidade, infundindo coragem àqueles que protegem, mantendo a assistência em qualquer circunstância, na glória ou no fracasso, nos momentos de elevação moral e naqueloutros de perturbação e vulgaridade.

Nunca censuram, porque a sua é a missão de edificar as almas no amor, preservando o livre-arbítrio de cada uma, levando-as após a queda, e permanecendo leais até que alcancem a meta da sua evolução.

Os anjos guardiães são lições vivas de amor, que nunca se cansam, porquanto aplicam milênios do tempo terrestre auxiliando aqueles que lhes são confiados, sem se imporem nem lhes entorpecerem a liberdade de escolha.

Constituem a casta dos Espíritos Nobres que cooperam para o progresso da Humanidade e da Terra, trabalhando com afinco para alcançar as metas que anelam.

Cada criatura, no mundo, encontra-se vinculada a um anjo guardião, em quem pode e deve buscar inspiração, auscultando-o e deixando-se por ele conduzir em nome da Consciência Cósmica.

Tem cuidado para que te não afastes psiquicamente do teu anjo guardião.

Ele jamais se aparta do seu protegido, mas este, por presunção ou ignorância, rompe os laços de ligação emocional e mental, debandando da rota libertadora.

Quando erres e experimentes a solidão, refaze o passo e busca-o pelo pensamento em oração, partindo de imediato para a ação edificante.

Quando alcances as cumeadas do êxito, recorda-o, feliz com o teu sucesso, no entanto preservando-te do orgulho, dos perigos das facilidades terrestres.

Na enfermidade, procura ouvi-lo interiormente sugerindo-te bom ânimo e equilíbrio.

Na saúde, mantém o intercâmbio, canalizando tuas forças para as atividades enobrecedoras.

Muitas vezes sentirás a tentação de desvairar, mudando de rumo. Mantém-te atento e supera a maléfica inspiração

O teu anjo guardião não poderá impedir que os Espíritos perturbadores se acerquem de ti, especialmente se atraídos pelos teus pensamentos e atos, em razão do teu passado, ou invejando as tuas realizações... Todavia te induzirão ao amor, a fim de que te eleves e os ajudes, afastando-os do mal em que se comprazem.

O teu anjo guardião é o teu mestre e amigo mais próximo.

Imana-te a ele.

Entre eles, os anjos guardiães e Deus, encontra-se Jesus, o Guia perfeito da Humanidade.

Medita nas Suas lições e busca seguir-Lhe as diretrizes, a fim de que o teu anjo guardião te conduza ao aprisco que Jesus levará ao Pai Amoroso.


Retirado do livro Momentos Enriquecedores; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 2ª Edição, 2015.

sábado, 12 de agosto de 2023

Perseverar com Deus

Quando estiveres a ponto de sucumbir, dá-te outra oportunidade e chama por Deus.

No momento amargo da deserção, concede-te a esperança e ora a Deus.

No açodar da revolta, quando te encontrares a ponto de explodir, transfere o gesto louco e confia em Deus.

Diante da áspera ingratidão que te agride, sentindo-te enlouquecer, pensa em Deus e aguarda.

Desolado, em face das várias tentativas fracassadas, quando já quase não acreditas em nada e pretendes o aniquilamento da razão, intenta outra vez e espera a ajuda de Deus.

Se tudo em volta veste-se de escuridão e o dia claro já passou, substituído pela noite pavorosa do desalento e das mágoas, sentindo-te à borda da loucura, grita por Deus e acende uma débil chama para iluminar a treva.

Insiste, ainda, um pouco mais.

Não desistas com facilidade.

Faculta-te uma nova tentativa.

O deserto imenso é feito de grãos de areia em movimento.

A tempestade avassaladora se constitui de moléculas invisíveis que se aglutinam.

(...) E o Universo é o resultado de partículas infinitamente imperceptíveis que o amor de Deus reúne mediante as "leis de atração e repulsão" geradoras de equilíbrio.

Assim, os teus momentos difíceis de agora estarão transpostos logo mais, se souberes reunir as forças combalidas e perseverar na irrestrita confiança em Deus.


Retirado do livro Momentos de Coragem; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 8ª Edição, 2014.

sábado, 5 de agosto de 2023

O Aguilhão

Acusam-te, indevidamente, por ações que não praticaste.

Dificultam-te o acesso ao que aspiras, não disfarçando a animosidade gratuita contra ti.

Exigem-te um comportamento, que não logram manter.

Impõem-te atitudes que te afligem.

Carreiam, em tua direção, problemas e dificuldades que te esfalfam.

Em toda parte sofres pressão constritora.

Onde te encontres, surgem as provações, parecendo não te darem trégua.

Tens os nervos à flor da pele.

Estás a ponto de explodir.

Espera um pouco mais.

Ora e acalma-te.

Silencia, mantendo a confiança.

Quando as perseguições vêm de todos os lados, o socorro chega de cima.

Acoimado pelo desespero e perseguido sem descanso, não estás ignorado pelo Amor.

As tuas aflições de agora têm sua gênese no teu pretérito.

Ninguém é amado ou detestado sem motivo.

Certamente, revidar e perseguir, odiar e afligir, são expressões do primitivismo espiritual que desaparecerá oportunamente, mas, que ainda permanece no mundo.

Aqueles a quem infelicitaste antes, não têm o direito de tornar-se verdugo para ti agora. Todavia, preferem sê-lo, o que os faz mais desditosos.

A vida dispõe de mecanismos reeducativos para os seus defraudadores e pervertidos.

Os homens, porém, preferem a enganosa " justiça com as próprias mãos", ignorando aquilo a que se propõem fazer, pela triste limitação em que se encontram retidos.

Incapazes de ser justos, tornam-se perversos.

Impossibilitados de ser corretos, submetem os outros com impiedade.

Frios no sentimento do amor, que lhes é escasso, agem com indiferença ou maldade.

Também eles estão enganados e não passarão pelo mundo sem sofrer a própria imprevidência e pusilanimidade.

Dessa forma, não recalcitres contra o aguilhão, que é a dor benfazeja.

O que hoje parece impossível, amanhã está realizado.

O desafio de agora é tarefa concluída no futuro.

Há dois mecanismos eficazes para o progresso: o amor que sabe, e a dor que impulsiona.

Mediante o amor que se ilumina de conhecimentos libertadores, o Espírito cresce para Deus.

Quando este recurso demora de aparecer ou é deixado à margem, a dor se aninha no homem e, mesmo recalcitrante à sua presença, ela o domina, reeduca-o e eleva-o.

Recebe o teu aguilhão na "carne da alma" e avança, tornando-o menos afligente em face da resignação e do bem que dele decorrem.


Retirado do livro Momentos de Alegria; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 4ª Edição, 2014.