sábado, 26 de agosto de 2023

Mansuetude

A afabilidade e a abnegação do sentimento refletem as conquistas éticas do ser, exornando-o com os louros da paz.

Mediante a afabilidade, a criatura exterioriza a emoção superior que lhe irrompe espontânea, abençoando todos aqueles que dele se acercam.

A abnegação é o meio pelo qual se disciplinam os valores morais no exercício da paciência e da bondade, abrindo espaços para que se expanda a doçura, que logra sensibilizar os mais empedernidos sentimentos.

A mansuetude do coração é resultado da plena vivência da afabilidade e da abnegação.

Valores muito desconsiderados, e tidos, às vezes, como debilidade de caráter, são, não obstante, reflexos da têmpera vigorosa, da resistência para a luta e superação das paixões mais fortes, na área do primitivismo emocional.

Ser afável é possuir segurança moral e emocional, que sobrepaira no terreno alagadiço dos compromissos inferiores.

Esta não se corrompe, nem anui ao erro, em razão de possuir o conhecimento e a direção dos deveres do amor em relação a Deus, ao próximo e a si mesmo.

A abnegação elege o trabalho como forma  segura de externar os objetivos a que se propõe. Engrandece o homem, porque o faz devotado ao bem geral e à construção de melhores e mais seguras condições de vida.

Há quem confunda a afabilidade com a hipocrisia e o medo moral, crendo que o indivíduo oculta, sob o disfarce da conduta, estados de timidez e de pusilanimidade.

Para ser-se afável, no entanto, é necessário possuir-se grandeza de propósitos e firmeza de ideal.

Seguir a correnteza da insensatez e do vício, isto sim, representa empobrecimento interior e vileza espiritual.

Acredita-se que a abnegação ainda não encontra entendimento onde se exterioriza, servindo de recurso que a astúcia explora e a leviandade perturba.

Pelo contrário, o homem abnegado eleva-se do chavascal, sem deixar perceber a estrutura íntima, aparentemente no mesmo nível daqueles a quem socorre.

Escasseiam a afabilidade e a abnegação, como consequência do imediatismo, da conduta individualista, do egoísmo ainda dominante entre os homens.

Sem embargo, encontram-se em germe em todos os indivíduos, essas virtudes, que aguardam oportunidade para se desvelarem e crescer.

Faze-te afável, seja qual for a circunstância.

Torna-te abnegado, em todo momento.

Enquanto outros se comprazam em preservar a brutalidade e o azedume, que se lhes tornam sistemáticos, eleva-te pela afabilidade e a abnegação ao patamar da mansuetude, recortando-te que, mesmo incompreendidos, conforme expôs Jesus, os "mansos herdarão a Terra".


Retirado do livro Momentos de Esperança; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 3ª Edição, 2014.

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