Como uma ordem criada para proteger peregrinos se tornou a mais rica e próspera de toda Idade Média
O ano é 1118. Não existem muitas atrações turísticas na Europa. Alguns castelos, campos, fazendas, mas nada de muito espetacular. O que está na moda é a Terra Santa. Esse sim é o grande fascínio do século 12. Para lá confluem judeus e cristãos atrás dos grandes santuários e paisagens bíblicas. As viagens não são muito confortáveis. São dias, semanas e até meses para chegar da Europa Ocidental até Jerusalém. E o pior, você ainda corre o risco de ser esfaqueado por bandidos ou fanáticos islâmicos. A solução? Simples, criar uma ordem de guarda-costas para levar os fiéis em segurança até a região.
É esse o embrião da famosa Ordem dos Cavaleiros Templários: proteger e escoltar peregrinos. Evidentemente seus membros não eram modelos de santidade ou benevolência. Pertenciam à nobreza de espadachins, mas muitos historiadores os comparam a mercenários obcecados por dinheiro e aventuras.
Não demorou para que ganhassem fama e dinheiro. Além de respeitados pelas monarquias e aristocracias europeias, retornavam do Oriente cada vez mais ricos. Com o passar do tempo, muito deles se tornaram banqueiros de reis e papas, manobreiros de tesouros reais ou árbitros de conflitos internacionais. Seus métodos durante a escolta, porém, não eram muito nobres. Apossavam-se dos despojos dos infiéis e passaram a investir contra a vida dos que não eram cristãos.
Na cidade de Jerusalém também eram bem quistos. Os Templários foram acolhidos por Balduino II, rei de Jerusalém, e receberam as honras de cavaleiros de Cristo.
Diz a lenda que os Templários encontraram a arca perdida no templo de Salomão e passaram a proteger esse segredo com a própria vida.
AMBIÇÕES MEDIEVAIS
Claro que tamanha prosperidade acabaria por acender os olhos de monarcas mais ambiciosos, como o rei da França, Felipe IV. Conhecido como Felipe, o Belo, o rei é sempre lembrado nos livros de história como um ser humano de enorme vaidade e ambição. Filho de Isabel de Aragão, uma das mulheres mais belas de seu tempo, Felipe herdou um físico escultural e rosto de belas feições, daí então o gentílico de "o belo".
Mas para sua infelicidade, sua sorte era proporcionalmente contrária a sua ambição. O rei se meteu em guerras, atacou os domínios de conde Guido Dampierre e perdeu. Investiu contra Eduardo II, da Inglaterra, e perdeu. Tentou deter a emancipação de Flandres, e perdeu novamente. Para sustentar essa série de derrotas, Felipe IV praticamente derreteu todo o tesouro real. Seu povo foi reduzido à miséria. Fome, doenças e revoltas tomaram a França.
Acuado por essa situação limite, Felipe IV encontrou nos tesouros do Templários a salvação. Primeiramente, mandou um enviado a Roma propondo ao papa Bonifácio VIII (Bento Caetano) que dividissem os tesouros templários entre eles. Obviamente, o papa não aceitou. Não contente, o rei francês mandou outro mensageiro, dessa vez equipado da mesma proposta e mais uma série de ameaças. Mais uma vez o papa manteve a negativa. Além disso, ameaçou promover sansões católicas à corte francesa caso as chantagens do monarca continuassem. Não houve terceiro enviado.
Felipe IV mandou prender Bonifácio VIII, que morreu pouco tempo depois. Foi convocado então novo conclave para a eleição de um novo papa. O monarca então empregou todas as suas forças para que a eleição recaísse sobre um cardeal de sua confiança, o arcebispo de Bordéus, Bertrand de Got, que depois de eleito adotou o título de Clemente V. Não contente com a eleição de um pontífice de sua confiança, Felipe IV mudou o endereço do papa de Roma para Avinhão, território francês.
O FIM ESTAVA PRÓXIMO
Feito tudo isso ficou fácil se apoderar dos tesouros dos Templários. Os membros do grupo foram considerados criminosos pelo novo papa e perseguido por toda Europa. A maioria de seus membros foi presa em uma operação secreta desencadeada numa sexta-feira 13 (data histórica que de tão famosa originou a lenda de mal presságio).
Jacques De Molay, o Grão Mestre da Ordem, havia sido chamado a Paris para uma comemoração. Sem saber que se tratava de uma armadilha, o mestre dos Templários foi recebido com pompa e honrarias e acabou sendo preso no segundo dia.
Ao mesmo tempo foram enviadas cartas por toda Europa com a ordem expressa de só serem abertas no dia 13 de setembro de 1307. Na carta, os Templários eram acusados de serem criminosos e os monarcas tinham ordens expressas de aprisionar e queimar todos os cavaleiros que encontrassem. Cerca de 15 mil homens foram presos e acusados de traição. A maioria morreu na fogueira.
Entre os mártires, estava De Molay, que ficou preso por sete anos em uma cela suja e úmida. Foi torturado durante todo esse tempo a fim de entregar líderes de outras ordens e documentos secretos. Mesmo sob forte sofrimento, morreu sem revelar nada. Alguns dizem que graças a esse ato de coragem, alguns Templários conseguiram fugir ilesos para Portugal, onde restauraram a Ordem, que manteve-se viva por mais centenas de anos
De Molay
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