sábado, 4 de dezembro de 2010

Sobre Política e Jardinagem

                                      Rubem Alves

                    De todas as vocações, a política é a mais nobre. " Vocação ", do latim vocare, quer dizer "chamado". Vocação é um chamado interior de amor: chamado de amor por um "fazer". No lugar desse "fazer" o vocacionado quer "fazer amor" com o mundo. Psicologia de amante: faria, mesmo que não ganhasse nada.
                    "Política" vem de polis,"cidade". A cidade era, para os gregos, um espaço seguro, ordenado e manso, onde os homens podiam se dedicar à busca da felicidade. O político seria aquele que cuidaria desse espaço. A vocação política, assim, estaria a serviço da felicidade dos moradores da cidade.
                     Talvez por terem sido nômades no deserto, os hebreus não sonhavam com cidades: sonhavam com jardins. Quem mora no deserto sonha com oásis. Deus não criou uma cidade. Ele criou um jardim. Se perguntássemo a um profeta hebreu: "O que é política?", ele nos responderia: "A arte da jardinagem aplicada às coisas públicas."
                     O político por vocação é um apaixonado pelo grande jardim para todos. Seu amor é tão grande que ele abre mão do pequeno jardim que ele poderia plantar para si mesmo. De que vale um pequeno jardim se à sua volta está um deserto? É preciso que o deserto inteiro se transforme em jardim.
                     Amo a minha vocação, que é escrever. Literatura é uma vocação bela e fraca. O escritor tem amor, mas não tem poder. Mas o político tem. Um político por vocação é um poeta forte: ele tem o poder de transformar poemas sobre jardins em jardins de verdade. A vocação política é transformar sonhos em realidade. É uma vocação tão feliz que Platão sugeriu que os políticos não precisam possuir nada: bastar-lhes-ia o grande jardim para todos. Seria indigno que o jardineiro tivesse um espaço privilegiado, melhor e diferente do espaço ocupado por todos. Conheci e conheço muitos políticos por vocação. Sua vida foi e continua a ser um motivo de esperança.
                     Vocação é diferente de profissão. Na vocação a pessoa encontra a felicidade na própria ação. Na profissão o prazer se encontra não na ação. O prazer está no ganho que dela se deriva. O homem movido pela vocação é um amante. Faz amor com a amada pela alegria de fazer amor. O profissional não ama a mulher. Ele ama o dinheiro que recebe dela. É um gigolô.
                      Todas as vocações podem ser transformadas em profissões. O jardineiro por vocação ama o jardim de todos. O jardineiro por profissão usa o jardim de todos para construir seu jardim privado, ainda que, para que isso aconteça, ao seu redor aumente o deserto e o sofrimento.
                      Assim é a política. São muitos os políticos profissionais. Posso, então, enunciar minha segunda tese: de todas as profissões política é a mais vil. O que explica o desencanto total do povo, em relação à política. Guimarães Rosa, perguntado por Günter Lorenz se ele se considerava político, respondeu:
                     Eu jamais poderia ser político com toda essa charlatanice da realidade... Ao contrário dos "legítimos" políticos, acredito no homem e lhe desejo um futuro. O político pensa apenas em minutos. Sou escritor e penso em eternidades. Eu penso na ressurreição do homem.
                     Quem pensa em minutos não tem paciência para plantar árvores. Uma árvore leva muitos anos para crescer. É mais lucrativo cortá-las.
                     Nosso futuro depende dessa luta entre políticos por vocação e políticos por profissão. O triste é que muitos que sentem o chamado da política não têm coragem de atendê-lo, por medo da vergonha de serem confundidos com gigolôs e de terem de conviver com gigolôs.
                     Escrevo para vocês, jovens, para seduzí-los à vocação política. Talvez haja jardineiros adormecidos dentro de vocês. A escuta da vocação é difícil, porque ela é perturbada pela gritaria das escolhas esperadas, normais: medicina, engenharia, computação, direito, ciência. Todas elas, legítimas, se forem vocação. Mas todas elas afunilantes: vão colocá-los num pequeno canto do jardim, muito distante do lugar onde o destino do jardim é decidido. Não seria muito mais fascinante participar dos destinos do jardim?
                    Celebramos os quinhentos anos do descobrimento do Brasil. Os descobridores, ao chegarem, não encontraram um jardim. Encontraram uma selva. Selva não é jardim. Selvas são cruéis e insensíveis, indiferentes ao sofrimento e à morte. Uma selva é uma parte da natureza ainda não tocada pela mão do homem. Aquela selva poderia ter sido transformada num jardim. Não foi. Os que sobre ela agiram não eram jardineiros. Eram lenhadores e madeireiros. E foi assim que a selva, que poderia ter se tornado jardim para a felicidade de todos, foi sendo transformada em desertos salpicados de luxuriantes jardins privados onde uns poucos encontram vida e prazer.
                     Há descobrimentos de origens. Mais belos são os descobrimentos de destinos. Talvez, então, se os políticos por vocação se apossarem do jardim, poderemos começar a traçar um novo destino. Então, ao invés de desertos e jardins privados, teremos um grande jardim para todos, obra de homens que tiveram o amor e a paciência de plantar árvores à cuja sombra nunca se assentariam.

Os Trabalhos da Mão

                              Alfredo Bosi


                  Parece ser próprio do animal simbólico valer-se de uma só parte do seu organismo para exercer funções diversíssimas. A mão sirva-se de exemplo.
                  A mão arranca da terra a raiz e a erva, colhe da árvore o fruto, descasca-o, leva-o à boca. A mão apanha o objeto, remove-o, achega-o ao corpo, lança-o de si. A mão puxa e empurra, junta e espalha, arrocha e afrouxa, contrai e distende, enrola e desenrola; roça, toca, apalpa, acaricia, belisca, unha, aperta, esbofeteia, esmurra; depois massageia o músculo dorido.
                 A mão tateia com as pontas dos dedos, apalpa e calca com a polpa, raspa, arranha, escarva, escarifica e escarafuncha com as unhas. Com o nó dos dedos, bate.
                 A mão abre a ferida e a pensa. Eriça o pelo e o alisa. Entrança e destrança o cabelo. Enruga e desenruga o papel e o pano. Unge e esconjura, asperge e exorciza.
                 Acusa com o índex, aplaude com as palvas, protege com a concha. Faz viver alçando o polegar; baixando-o, manda matar.
                 Mede com o palmo, sopesa com a palma.
                 Aponta com gestos o eu, o tu, o ele; o aqui, o alí, o aí; o hoje, o ontem, o amanhã; o pouco, o muito, o mais ou menos; o um, o dois, o três, os números até dez e os seus múltiplos e quebrados. O não, o nunca, o nada.
                 É voz do mudo, é voz do surdo, é leitura do cego.
                 Faz levantar a voz, amaina o vozerio, impõe o silêncio. Saúda o amigo balançando, leve ao lado da cabeça e, no mesmo aceno, estira o braço e diz adeus. Urge e manda parar. Traz ao mundo a criança, esgana o inimigo.
                 Ensaboa a roupa, esfrega, torce, enxágua, estende-a ao sol, recolhe-as dos varais, desfaz-lhe as pregas, dobra, guarda-a.
                 A mão prepara o alimento. Debulha o grão, depela o legume, desfolha a verdura, descama o peixe, depena a ave e a desossa. Limpa. Espreme até extrai o suco. Piloa de punho fechado, corta a quina, mistura, amassa, sova, espalma, enrola, amacia, unta, recobre, enfarinha, entrouxa, enforma, desenforma, polvilha, guarnece, afeita, serve.
                A mão joga a bola e apanha, apara e rebate. Soergue-a e deixa-a cair.
                A mão faz som; bate na perna e no peito, marca o compasso, percute o tambor e o pandeiro, batuca, estala as asas das castanholas, dedilha as cordas da harpa e do violão, dedilha as teclas do cravo e do piano, empunha o arco do violino eo violoncelo, empunha o tubo das madeiras e dos metais. Os dedos cerram e abrem o caminho do sopro que sai pelos furos da flauta, do clarim e do oboé. A mão rege a orquestra.
                A mão, portadora do segredo. As mãos postas oram, palma contra palma ou entrelaçados os dedos. Com a mão o fiel se persigna. A mão mistura o sal e a água do batismo e asperge o novo cristão; a mão unge de óleo no crisma, enquanto com a destra o padrinho toca no ombro do afilhado; os noivos estendem as mãos para celebrarem o sacramento do amor e dão-se mutuamente os anulares para receberem o anel da aliança; a mão absolve do pecado o penitente; as mãos servem o pão da eucaristia ao comungante; as mãos consagram o novo sacerdote; as mãos levam a extrema-unção ao que vai morrer; e ao morto, a benção e o voto de paz.
               Para perfazer tantíssimas ações basta-lhe uma breve mas dútil anatomia: oito ossinhos no pulso, cinco no metacarpo e os dedos com as suas falanges, falanginhas e falangetas.
               Mas seria nunca acabar dizer tudo quanto a mão consegue fazer quando prolongam e potenciam os instrumentos que o engenho humano foi inventando na sua contradança de precisões e desejos.
               A mão lavra a terra há pelo menos oito mil anos, quando começou o Neolítico em várias partes do Globo. Com as mãos, desde que criou a agricultura, o homem semeia, poda e colhe. Empunhando o machado e a foice, desbasta a floresta; com a enxada revolve a terra, limpa o mato, abre covas. Com a picareta, escava e desenterroa. Com a pá, estruma. Com o rastelo e o forcado, gradeia, sulca e limpa. Com o regador, água. Desgalha com a faca e o tesourão.
              Manejando o cabo dos utensílios de cozinha, o homem pode talhar a carne, trinchar as aves, espetar os alimentos sólidos e conter os líquidos que escoariam pelas juntas das mãos em concha.
              Morar é possível porque mãos firmes de pele dura amassam o barro, empilham pedras, atam bambus, assentam tijolos, aprumam o fio, trançam ripas, diluem a cal virgem, moldam o concreto, argamassam juntas, desempenam reboco, armam o madeirame, cobrem com telha, goivo ou sapé, pregam ripas no forro, pregam tábuas no assoalho, rejuntam azulejos, abrem portas, recortam janelas, chumbam batentes, dão pintura a última demão.
              A mão do oleiro leva o barro ao fogo: tijolo. A mão do vidreiro faz a bolha de areia, e do sopro nasce o cristal.
              A mão da mulher tem olheiros nas pontas dedos: risca o pano, enfia a agulha, costura, alinhava, pesponta, chuleia, cerze, caseia. Prende o tecido nos aros do bastidor: tece e urde e borda.
              A mão do lenhador brande o machado e racha o tronco. Vem o carpinteiro e da lenha faz o lenho: raspa e desbasta com a plaina, apara com o formão, alisa e desempena com a lixa, penetra com cunha, corta com a serra, entalha com a talhadeira, boleia com o torno, crava pregos com o martelo, marcheta com as tachas, encera e lustra com o feltro.
              O ferreiro malha o ferro na bigorna, com o fogo funde, com o cobre o solda, com a broca o fura, com a lima rói, com a tenaz o verga, torce e arrebita.
              O gravador entalha e chanfra com o cinzel, pule com o buril. O ourives lapida com o diamante, corta com o cinzel, afina com o buril, engasta com a pinça, apura com o esmeril.
              O escultor corta e lavra com o escopro e o formão.
              O pintor, lápis ou pincel na mão, risca, rabisca, alinha, enquadra, traça, esboça, debuxa, mancha, pincela, pontilha, empastela, retoca, remata.
              O escritor garatuja, rascunha, escreve, reescreve, rasura, emenda, cancela, apaga...

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Meu Pai Oxalá

                         Toquinho/Vinícius de Moraes


Atotô Abaluayê
Atotô Babá
Atotô Abaluayê
Atotô Babá

Vem das águas de Oxalá
Essa mágoa que me dá
Ela parecia o dia
A romper da escuridão
Linda no seu manto todo branco
Em meio à procissão
E eu, que ela nem via
Ao Deus pedia amor e proteção

Meu pai Oxalá é o rei
Venha me valer
O velho Omulu
Atotô Abaluayê

Que vontade de chorar
No terreiro de Oxalá
Quando eu dei com a minha ingrata
Que era filha de Iansã
Com a sua espada cor de prata
Em meio à multidão
Cercando Xangô num balanceio
Cheio de paixão

Meu pai Oxalá é o rei
Venha me valer
O velho Omulu
Atotô Abaluayê

Música antiga de Vinícius e Toquinho regravada por Daniela Mercury em seu CD Balé Mulato de 2005

É D'Oxum

                    Gerônimo/Vevé Calazans

Nessa cidade todo mundo é d'Oxum
Homem, menino, menina, mulher
Toda essa gente irradia magia

Presente na água doce
Presente na água salgada
E toda cidade brilha

Seja tenente ou filho de pescador
Ou importante desembargador
Se dar presente é tudo uma coisa só

A moça que mora na água
Não faz distinção de cor
E toda cidade é d'Oxum

Nessa cidade...

É d'Oxum, é d'Oxum, é d'Oxum

Nessa cidade todo mundo é d'Oxum
Homem, menino, menina, mulher
Toda essa gente irradia magia

Presente na água doce
Presente na água salgada
E toda cidade brilha

É d'Oxum, é d'Oxum, é d'Oxum

Eu vou navegar
Eu vou navegar nas ondas do mar
Eu vou navegar

música do primeiro CD da cantora baiana Cátia Guimma gravado em 1998; é a gravação mais bonita...

Iansã

                              Caetano Veloso/Gilberto Gil

e dambure
e dambure mavanjú
e dambure bela oiá

Senhora das nuvens de chumbo
Senhora do mundo dentro de mim
Rainha dos raios, rainha dos raios,

Rainha dos raios, tempo bom, tempo ruim
Senhora das chuvas de junho
Senhora de tudo dentro de mim
Rainha dos raios, rainha dos raios...
Eu sou o céu para as tuas tempestades
Um céu partido ao meio no meio da tarde
Eu sou um céu para as tuas tempestades
Deusa pagã dos relâmpagos
Das chuvas de todo ano
Dentro de mim

aê dindin aê dindá
na matamba de aruê
na matamba de aruá

música do CD Tecnomacumba gravado em 2006 por Rita Ribeiro

A Deusa dos Orixás

                    Toninho/Romildo

o vento bateu na saia de Iansã
o vento bateu pra Iansã rodar

Iansã, cadê Ogum? Foi pro mar
Mas Iansã, cadê Ogum? Foi pro mar
Iansã penteia os seus cabelos macios
Quando a luz da lua cheia
Clareia as águas dos rios
Ogum sonhava com a filha de Nanã
E pensava que as estrelas
Eram os olhos de Iansã
Mas Iansã, cadê Ogum? Foi pro mar
Iansã, cadê Ogum? Foi pro mar
Na terra dos orixás, o amor se dividia
Entre um deus que era de paz
E outro deus que combatia
Como a luta só termina
Quando existe um vencedor
Iansã virou rainha da coroa de Xangô

oiá oiá oiá me
óia matamba me cacurucajo zinguê

a gravação original desta música foi feita por Clara Nunes em 1976 no então LP Claridade e regravada por Rita Ribeiro em seu CD Tecnomacumba de 2006.

São João Xangô Menino

                             Caetano Veloso/Gilberto Gil


Ah, Xangô Xangô menino
Da fogueira de São João
Quero ser sempre o menino Xangô
Da fogueira de São João

Céu de estrela sem destino
De beleza sem razão
Tome conta do destino Xangô
Da beleza e da razão

Viva São João
Viva o milho verde
Viva São João
Viva o brilho verde
Viva São João das matas de Oxossi
Viva São João

Olha pro céu meu amor
Veja como ele está lindo
Noite tão fria de junho Xangô
Canto tanto canto lindo

Fogo fogo de artifício
Quero ser sempre o menino
As estrelas deste mundo Xangô
Ah, São João Xangô menino

Viva São João
Viva o milho verde
Viva São João
Viva o brilho verde
Viva São João
Das matas de Oxossi
Viva São João


meu pai são joão batista é xangô
é dono do meu destino até o fim
se um dia me faltar
a fé em meu senhor
derrube essa pedreira sobre mim
meu pai são joão batista é xangô

(Ponto de Macumba recolhido e adaptado por Eli Camargo)

música do CD Brasileirinho gravado em 2004 por Maria Bethânia

Xangô

                            Chico César/ Suzana Salles


É Xangô que vai chegar
Por Alá canta o corão
Coro Atlântico verão
Acalanto uma canção

Xangô baixou em Shangai
Na pele de um samurai
Em nome da mãe e do pai
Xangô quando entra não sai
Xangô chamou um xamã
Nas terras de Aldebarã
Em nome do irmão, da irmã
Xangô é a luz da manhã

É Xangô que vai chegar
Por Alá canta o corão
Coro Atlântico verão
Acalanto uma canção

Xangô pluma da cultura
O bico da bic futura
Seu nome é a água que fura
Dureza da pedra que dura
Xangô agogô da planície
Xango versos que Xangô disse
O chão, a chã superfície
Me viu antes que eu lhe visse

É Xangô que vai chegar
Por Alá canta o corão
Coro Atlântico verão
Acalanto uma canção

Música do CD As Sílabas da cantora paulistana Suzana Salles gravado em 2001.

sábado, 20 de novembro de 2010

Santa Bárbara

                      Fatima Guedes

Santa Bárbara dos tempos violentos
Vosso rosto me aparece num clarão
Quando um raio rasga
A imensa escuridão

Muitos ventos, muitos ventos
Passam por meu coração
Na carícia quase bruta
Do poder de vossa mão
Senhora, iluminai
Clareai meus pensamentos
Santa Bárbara
Dos tempos violentos

Vejo em vossos elementos
A chuva não vai parar
Até ter deixado limpos
Meu corpo e minha alma
Dona dos meus temporais,
Senhora de olhos cinzentos,
Santa Bárbara dos tempo violentos

música do CD Pra Bom Entendedor... de Fatima Guedes, gravado em 1993
(aliás, um dos mais belos trabalhos já feitos por ela)
Santa Bárbara no sincretismo brasileiro é Iansã

Não Vou Sair

                     Celso Viáfora

A geração da gente
Não teve muita chance
De se afirmar, de arrasar, de ser feliz.
Sem nada pela frente
Pintou aquele lance
De se mudar, de se mandar deste país.

Aí você partiu pro Canadá
Mas eu fiquei no já vou já
Pois quando eu tava me arrumando
Pra ir
Bati com os olhos no luar
A lua foi bater no mar
E eu fui que fui ficando

Distantes tantas milhas
São tristes os invernos
Não vou sair, tá mal aqui, mas vai mudar

Os donos de Brasília não podem ser eternos
Pior que foi, pior que tá, não vai ficar

Não vou sair, melhor você voltar pra cá
Não vou deixar esse lugar
Pois quando eu tava me arrumando
Pra ir
Bati com os olhos no luar
A lua foi bater no mar
e eu fui que fui ficando

Belíssima regravação da cantora Célia em seu CD Louca de Saudade de 1993