sábado, 20 de fevereiro de 2021

Silêncio Interior

 Há muito ruído, muita perturbação no mundo.

Na confusão estabelecida, as criaturas se agitam, se agridem, se desgastam.

Degeneram os ideais superiores, por falta de suportes morais; desencantam-se os lidadores entusiastas, por lhes faltarem cooperação; desistem ativistas das boas obras, por fenecerem as forças desgovernadas pelos choques enfrentados.

Como efeito, o desequilíbrio arma os corações de suspeita e medo, produzindo uma legião de infelizes.

A onda cresce e a bulha aumenta.

As harmonias cedem lugar aos sons de altos decibéis e as mentes em descompassos adotam ritmos alucinados.

Muita falta faz o silêncio no mundo.

Silêncio em derredor; silêncio interior.

Silêncio que propicie calma; silêncio que faculte reflexão.

O silêncio é fundamental para o equilíbrio fisiopsíquico do homem.

Atua como terapia refazente; é estímulo à renovação.

Fala-se muito, demasiadamente, sem necessidade. E os temas são frívolos, queixosos, lamentáveis.

Mediante o falatório desenfreado, eliminam-se toxinas que são reabsorvidas e produzem envenenamento geral.

Os comentários pessimistas, dissolventes, aleivosos, apenas deslustram, enfermam.

Necessário fazer silêncio para pensar, para agir.

Sem reflexão anterior, a ação torna-se precipitada, resultado de impulso incontrolado, normalmente malsucedida.

O silêncio contribui para a harmonia geral.

É também uma forma de respeito ao direito do outro.

Silêncio não significa falta de conversação, na acepção que desejamos dar. É ausência de gritaria, não de diálogo fraterno e iluminativo.

Nasce na paz interna e externa-se como cooperação em favor das demais pessoas.

Para ser eficiente no exterior, é preciso que seja habitual no mundo íntimo do homem.

Acostuma-se a fazer silêncio mental, harmonizando-te interiormente, cultivando ideias saudáveis que resultem em construções felizes.

Concentra-te em pensamentos bons e edificantes, de modo a fixares as ideias melhores. Habituado a tal conduta, evoluirás da concentração è meditação e desta à paz real.

Quietação nem sempre é silêncio.

Há a quietude pantanosa, que guarda miasmas e morte para os incautos que se iludem com a sua aparência.

Mantém a serenidade como resultado do hábito de silenciar a futilidade e as reações negativas, e como reflexo da conquista do teu  autoconhecimento.

Jesus, em silêncios homéricos, ensinou, falando o suficiente para a felicidade do homem, demonstrando, sem palavras, a própria grandeza; enquanto outros, atribulados, por muito se permitirem os excessos da palavra, vieram a perder-se.


Texto retirado do livro Momentos de Esperança, Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 3ª Edição, 2014.

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