quinta-feira, 10 de maio de 2012

Dias de Luta

                Scandurra


Só depois de muito tempo fui entender aquele homem
Eu queria ouvir muito mas ele me disse pouco
Quando se sabe ouvir não precisam muitas palavras
Muito tempo eu levei pra entender que nada sei
... que nada sei

Só depois de muito tempo comecei a entender
Como será meu futuro, como será o seu?
Se meu filho nem nasceu, eu ainda sou o filho
Se hoje canto essa canção, o que cantarei depois
Cantar depois... o quê??

Se sou ainda jovem passando por cima de tudo
Se hoje canto essa canção o que cantarei depois

 Só depois de muito tempo comecei a refletir
Nos meus dias de paz
Nos meus dias de luta
Se sou ainda jovem passando por cima de tudo
Se hoje canto essa canção, o que cantarei depois
Cantar depois... o quê?

Música do então LP do Ira! intitulado Vivendo e não aprendendo, lançado originalmente em 1986 e relançado em CD em 2000.

Tô Fazendo Falta

            Álvaro Socci/Cláudio Matta/Lucca Ferreira


Ontem te encontrei
Você estava tão bonito
Demais
Parecia até que nada
Aconteceu

Jeito de quem está feliz
De quem está de bem com a vida
Sei lá
Mas alguma coisa não me convenceu

E ainda faz de conta
Que não está nem aí pra mim
Mas você não me engana
Sei que você ainda tá a fim
Me diz pra que fazer assim

Você pode ter um tempo pra pensar
E uma eternidade pra se arrepender
Tá na cara
Dá pra ver no seu olhar
Tô fazendo muita falta pra você

É loucura não ouvir o coração
Desse jeito a gente pede pra sofrer
Eu não quero te ver na solidão
Tô fazendo muita falta pra você

Música do CD Joanna 20 anos ao vivo, lançado em 1999.

domingo, 6 de maio de 2012

A Primeira Só

                    Marina Colasanti

Era linda, era filha, era única. Filha de rei. Mas de que adiantava ser princesa se não tinha com quem brincar?

Sozinha no palácio chorava e chorava. Não queria saber de bonecas, não queria saber de brinquedos. Queria uma amiga para gostar.

De noite o rei ouvia os soluços da filha. De que adianta a coroa se a filha da gente chora à noite? Decidiu acabar com tanta tristeza. Chamou o vidraceiro, chamou o moldureiro. E em segredo mandou fazer o maior espelho do reino. E em silêncio mandou colocar o espelho ao pé da cama da filha que dormia.

Quando a princesa acordou, já não estava sozinha. Uma menina linda e única olhava surpresa para ela, os cabelos ainda desfeitos do sono. Rápido saltaram as duas da cama. Rápido chegaram perto e ficaram se encontrando. Uma sorriu e deu bom-dia. A outra deu bom-dia sorrindo.

- Engraçado, - pensou uma - a outra é canhota.

E riram as duas.

Riram muito depois. Felizes juntas, felizes iguais. A brincadeira de uma era a graça da outra. O salto de uma era o pulo da outra. E quando uma estava cansada, a outra dormia.

O rei, encantado com tanta alegria, mandou fazer brinquedos novos, que entregou à filha numa cesta. Bichos, bonecas, casinhas, e uma bola de ouro. A bola no fundo da cesta. Porém tão brilhante, que foi o primeiro brinquedo que escolheram.

Rolaram com ela no tapete, lançaram na cama, atiraram para o alto. Mas quando a princesa resolveu jogá-la nas mãos da amiga, a bola estilhaçou jogo e amizade.

Uma moldura vazia, cacos de espelho no chão.

A tristeza pesou nos olhos da única filha do rei. Abaixou a cabeça para chorar. A lágrima inchou, já ia cair, quando a princesa viu o rosto que amava. Não um só rosto de amiga, mas tantos rostos de tantas amigas. Não na lágrima que logo caiu, mas nos cacos todos que cobriam o chão.

- Engraçado, são canhotas - pensou.

E riram.

Riram por algum tempo depois. Era diferente brincar com tantas amigas. Agora podia escolher. Um dia escolheu uma, e logo se cansou. No dia seguinte preferiu outra, e esqueceu dela em seguida. Depois outra e mais outra, até achar que todas eram poucas. Então pegou uma, jogou contra a parede e fez duas. Cansou das duas, pisou com o sapato e fez quatro. Não achou mais graça nas quatro, quebrou com martelo e fez oito. Irritou-se com as oito, partiu com a pedra e fez doze.

Mas se duas eram menores do que uma, quatro eram menores que duas, oito menores do que quatro, doze menores do que oito.

Menores, cada vez menores.

Tão menores que não cabiam mais em si, pedaços de amigas com as quais não se podia brincar. Um olho, um sorriso, um lado de nariz. Depois, nem isso, pó brilhante de amigas espalhado pelo chão.

Sozinha outra vez a filha do rei.

Chorava? Nem sei.

Não queria saber das bonecas, não queria saber dos brinquedos.

Saiu do palácio e foi correr no jardim para cansar a tristeza.

Correu, correu, e a tristeza continuava com ela. Correu pelo bosque, correu pelo prado. Parou à beira do lago.

No reflexo da água a amiga esperava por ela.

Mas a princesa não queria mais uma única amiga, queria tantas, queria todas, aquelas que tinha tido e as novas que encontraria. Soprou na água. A amiga encrespou-se mas continuou sendo uma. Atirou-lhe uma pedra. A amiga abriu-se em círculos, mas continuou sendo uma.

Então a linda filha do rei atirou-se na água de braços abertos, estilhaçando o espelho em tantos cacos, tantas amigas que foram afundando com ela, sumindo nas pequenas ondas com que o lago arrumava sua superfície.

conto do livro Uma Ideia Toda Azul. 

sábado, 5 de maio de 2012

Preciso de Você

                Márcio Greyck


Cansado, vejo a vida passar
Meu lugar ao sol já cansei de esperar
O tempo faz promessas e eu vou
Ando à toa, eu sei
Pois me falta você
Porque todo mundo precisa de alguém
E eu preciso é de você
Pra comigo andar
E para me entender
Eu preciso é de você
Pra continuar
E pra não me perder
Entenda, é preciso saber
Sem motivação é difícil viver
A vida me ensinou a querer
Um motivo só 
E eu vou lhe dizer
Porque todo mundo precisa de alguém
E eu preciso de você
Pra comigo andar
E para me entender
Eu preciso é de você
Pra continuar
E pra não me perder
Porque todo mundo precisa de alguém
E eu preciso é de você
Pra comigo andar
E para me entender
Eu preciso é de você
Pra continuar
E pra não me perder.

Canção do CD Agora, de Verônica Sabino, gravado em 2002.

Minha Herança: Uma Flor

                            Vanessa da Mata


Achei você no meu jardim entristecido
Coração partido
Bichinho arredio
Peguei você pra mim
Como a um bandido
Cheio de vícios
E fiz assim, fiz assim:

Reguei com tanta paciência
Podei as dores, as mágoas, doenças
Que nem as folhas secas vão embora
Eu trabalhei

Fiz tudo, todo o meu destino
Eu dividi, ensinei de pouquinho
Gostar de si,
Ter esperança e persistência sempre

A minha herança pra você é uma flor
Um sino, uma canção, um sonho
Nenhuma arma ou uma pedra eu deixarei
A minha herança pra você é o amor
Capaz de fazê-lo tranquilo, pleno
Reconhecendo no mundo o que há em si

E hoje nos lembramos sem nenhuma tristeza
Dos foras que a vida nos deu
Ela com certeza
Estava juntando você e eu

Achei você no meu jardim

Música do CD Sim, gravado em 2007 por Vanessa Da Mata.

Preciso do seu sorriso

               João Silva/Enok Virgulino




Preciso desse teu amor
Ai, amor, mas como preciso
Não posso mais viver
Sem teus beijos
Teu sorriso

Não posso ficar sem você
Pois viver sem você
É viver pra chorar

Fala, meu amor
Diga, meu amor
Que não vai judiar comigo

Espera, meu amor
Fica, meu amor
Então me leva pra morar contigo

E onde quer que você vá
Seja onde for
Me leva
Me leva

Diz, amor, que eu vou
Me leva, me leva
Seja como for seu mundo, se você
Me levam eu vou

Gravação novíssima da cantora Mariana Aydar com participação especial de Dominguinhos. Faz parte do repertório de seu mais recente CD, o terceiro, intitulado Cavaleiro Selvagem Aqui Te Sigo, de 2011.

Amor da minha vida

                  Raul Sampaio/Benil Santos


Amor da minha vida
Tão longe estás de mim
Meus olhos te procuram
Ânsias me torturam
Sofro tanto assim
Meus dias são tão tristes
As noites muito mais
E desde que partiste
A amargura existe 
Me roubando a minha paz

Ó luz dos olhos meus,
Metade do meu ser
Que amarga diferença
Sem tua presença
Nesse meu viver

Amor da minha vida
Estou na solidão
Trocaste por saudade
A felicidade do meu coração.

Música antiga do repertório de Luiz Gonzaga e regravada em 2008 por Zizi Possi com um arranjo muito bonito e diferente...

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Cantoria

                  Ivan Lins/Vitor Martins


Nossa cantoria
Nosso coração
Nosso bloco 
Nossa folia
Contra a solidão

Nossa teimosia
Nossa louvação
Nosso fogo
Nossa magia
Contra a escuridão

Somos aroeira
Madeira dura de se cortar
Mesmo depois de morta ela brota
Só pra desafiar

Somos a correnteza
Que começa num gotejar
Mesmo que se represe ela segue
E vai transbordar o mar

Música antiga da dupla Ivan Lins/Vitor Martins e resgatada pelo trio feminino Folia de 3 em um CD intitulado Pessoa Rara, dedicado à obra do músico.

Retrato da Vida

                Dominguinhos/Djavan

Esse matagal sem fim
Essa estrada, esse rio seco
Essa dor que mora em mim
Não descansa e nem dorme cedo
O retrato da minha vida
É amar em segredo

Não quer saber de mim
E eu vivendo da sua vida
Deus no céu e você aqui
A esperança é quem me abriga

Esses campos não tardam em florir
Já se espera uma boa colheita
E tudo parece seguir
Fazendo a vida tão direita

Mas e você o que faz
Que não repara no chão
Por onde tem que passar
E pisa em meu coração

O seu beijo em meu destino
Era tudo o que eu queria
Ser seu homem, seu menino
O ser amado de todo dia

Composição do CD de estreia do trio feminino Amaranto, intitulado Retrato de Vida, apenas com composições de Djavan. Foi lançado em 2000.

Non, je ne regrette rien

                  Michel Vaucaire/Charles Dumont


Non, rien de rien
Non, je ne regrette rien
Ni le bien quön m'a fait
Ni le mal, tout ça m'este bien égal

Non, rien de rien
Non, je ne regrette rien
C'est payer, balayer, oublier
Je m'ai fous du passé

Avec mes souvenirs
J'ai allumé le feu
Mes chagrins, mes plaisirs
Je n'ai plus besoin d'eux

Balayés mes amours
Avec leurs trémolos
Je repars a zéro...

Non, rien de rien
Non, je ne regrette rien
Car ma vie, car me joies
Pour aujourd'hui
Ça commence avec toi

Não! Nada de nada
Não! Eu não lamento nada
Nem o bem que me fizeram,
Nem o mal, isso tudo me é igual!

Não! Nada de nada
Não! Eu não lamento nada
Está pago, varrido, esquecido
Não me importa o passado.

Com minhas lembranças,
Acendi o fogo,
Minhas mágoas, meus prazeres,
Não preciso mais deles.

Varridos os amores,
E todos os seus tremores
Varridos para sempre
Recomeço do zero

Não! Nada de nada
Não! Não lamento nada
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal, isso tudo me é igual

Não! Nada de nada
Não! Não lamento nada
Pois minha vida,
Pois minhas alegrias
Hoje, começam com você!


Gravação original feita por Edith Piaf. Segundo consta, a música foi composta em 1956 e gravada por ela em 10 de novembro de 1960.
Cássia Eller fez uma emocionante releitura em seu CD Acústico MTV de 2001.