sábado, 8 de julho de 2023

Domínio da Ira

Tão comuns se te fazem a irritabilidade e o reproche, que estás perdendo o equilíbrio, o discernimento sobre o limite das tuas forças.

Habituas-te à reprimenda e à contrariedade de tal forma, que perdes o controle da emoção, deixando de lado os requisitos da urbanidade e do respeito ao próximo.

Frequentemente deixas-te arrastar pela insidiosa violência, que se te vai instalando no comportamento, passando de um estado de paz ao de guerra, por motivo de somenos importância.

Sem te dares conta, perdes o contato do amor e passas a ser temido, por estensão detestado.

A irascibilidade gera doenças graves, responsáveis por distonias físicas e mentais de largo alcance.

Da ira ao ódio o passo é breve, momentâneo, e o recuo difícil.

Tem tento, e faze uma revisão dos teus atos, tornando-te mais comedido e pacificado.

Ouve quem te fala, sem ideia preconcebida.

Desarma a emoção, a fim de agires com imparcialidade.

 A ideia preconceituosa abre espaço mental à irascibilidade.

É necessário combater com ações mentais contínuas, as reações que te assomam, entorpecendo-te a lucidez e fazendo-te um tresvariado.

A reflexão e o reconhecimento dos próprios erros são recursos valiosos para combater a irritação sistemática.

Tem a coragem de reconhecer que erras, que te comprometes, não te voltando contra os outros como efeito normal do teu insucesso.

A ira cega, enlouquece.

Provocando uma vasoconstrição violenta no sistema circulatório, leva à apoplexia, ao enfarto, à morte.

Um momento de irritação, e fica destruída em excelente obra.

O trabalho de um período demorado reduz-se a cinzas, qual ocorre com a faísca que atinge material de fácil combustão.

A ira separa os indivíduos e fomenta lutas desditosas.

Estanca o passo e retrocede na viagem do desequilíbrio.

Recorre à oração.

Evita as pessoas maledicentes, queixosas, venenosas. Elas se te fazem estímulo constante à irritabilidade, ao armamento emocional contra os outros.

A tua vida é preciosa, e deves colocar todas as tuas forças a serviço do amor.

Desde que és forte, investe na bondade, na paciência e no perdão, que são degraus de ascensão.

Para baixo é fácil, sem esforço, o processo de queda.

A sublimação e a subida espiritual são o desafio para os teus valores morais.

Aplica-os com sabedoria e fruirás de paz, aureolado pela simpatia que envolve e felicita a todos.

Ademais, a ira é porta de acesso à obsessão, à interferência perniciosa dos espíritos maus, enquanto o amor, a doçura e o perdão são liames de ligação com deus, plenificando o homem.


Retirado livro Momentos de Felicidade; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 5ª edição, 2014.

sábado, 1 de julho de 2023

Sacrifícios Morais

Abraçando qualquer ideal, o homem que anela pelo triunfo oferece-se e exaure-se, animado pela esperança de alcançar a meta que o desafia.

Em qualquer área de ação, faz-se inevitável o esforço bem conduzido, e, não raro, o sacrifício assinala as horas de quem empreende o serviço a que se afeiçoa.

Sacrifício, desse modo, é manifestação natural do esforço em forma de abnegação e fidelidade.

Nas diversas escolas de fé do Planeta pairam, sobranceiros, os sacrificados que se fizeram apóstolos, concitando, pelo exemplo, os indecisos, os receosos e tímidos.

Sacrifício é renúncia ao ego e a todas as suas manipulações, que se disfarçam, seduzindo e malsinando.

Antes, havia o sacrifício de vidas humanas e animais, que cedeu lugar às oferendas materiais como formas de se conseguirem compensações nas empresas encetadas.

A cultura e a civilização, lentamente, apagaram as marcas danosas do barbarismo disfarçado em sacrifícios de fé religiosa, que pertencem ao passado.

As diversas conquistas morais e sociais vão banindo do comportamento humano as formas de sacrifício nas atividades espirituais.

Ao mesmo tempo, uma vaga de loucura toma conta da Terra e arruína quantos lhe tombam na volúpia destruidora.

Aumentam a delinquência e a insensatez, a avareza e as licenças morais, a arbitrariedade e o desrespeito, aturdindo a imensa mole humana.

Não obstante a excelência do otimismo que ressuma da Mensagem Cristã, não te esqueça de sacrificar à crença, nobre e bela, as paixões dissolventes, os estados emocionais perturbadores.

Sacrifica a ambição desvairada, em favor da paz envolvente.

Sacrifica o orgulho, pensando na alegria da humildade.

Sacrifica a vulgaridade, tendo em mira o equilíbrio.

Sacrifica a ambição do poder, cultivando a força do amor.

Os sacrifícios morais ainda são os mais difíceis para o homem; em face disso, mais agradáveis a Deus, porque valiosos.

Nenhuma empresa se concretiza e alcança êxito, se não pousa a estrutura no sacrifício dos seus idealizadores.

Para que te plenifiques, treina-se no sacrifício conforme se te apresente, avançando cada dia pelo rumo delineado, até o momento final da vitória.


Retirado do livro Momentos de Esperança; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 3ª Edição, 2014.

sábado, 24 de junho de 2023

Ressonâncias do Natal

Na paisagem fria e sem melhor acolhimento, a única hospedaria à disposição era a gruta modesta onde se guardava os animais.

Não havia outro lugar que O pudesse receber.

O mundo, repleto de problemas e de vidas inquietas, preocupava-se com os poderosos do momento e reservava distinções apenas para os que se refestelavam no luxo, bem como no prazer.

Aos simples e desavisados sempre se dedicavam a indiferença, o desrespeito, fechando-lhes as portas, dificultando-lhes os passos.

Mas, hoje, tudo permanece quase que da mesma forma.

Não obstante, durante aquela noite de céu transparente e estrelado, entre os animais  domésticos, em uma pequena baia, usada como berço acolhedor, nasceu Jesus, que transformou a estrebaria num cenário de luzes inapagáveis que prosseguem projetando claridade na noite demorada dos séculos, em mais de dois mil anos...

Inaugurando a era da humanidade e da renúncia, Jesus elegeu a simplicidade, a fim de ensinar engrandecimento íntimo como condição única para a felicidade real.

O Seu reino, que então se instalou naquela noite de harmonias cósmicas, permanece ensejando oportunidades de redenção a todos quantos se resolvam abrigar nas suas dependências.

E o Seu nascimento modesto continua produzindo ressonâncias históricas, antes jamais previstas.

Homens e mulheres, que tomaram contato com Sua notícia e mensagem, transformaram-se, mudando-se-lhe o roteiro de vida e o comportamento, convertendo-se, a partir de então em luzeiros que apontam rumos felizes para a Humanidade.

Guerreiros triunfadores passaram pelo mundo desde aquela época, inumeráveis.

Governantes poderosos estabeleceram reinos e impérios, que pareciam preparados para a eternidade, e ruíram dolorosamente.

Artistas e técnicos, de rara beleza e profundo conhecimento, criaram formas e aparelhagens sofisticadas para tornar a Terra melhor, e desapareceram.

Ditadores indomáveis e aristocratas incomuns surgiram no proscênio terrestre, envergando posição, orgulho e superioridade, que o túmulo silenciou.

... Estiveram, por algum tempo, deixando suas pegadas fortes, que tornaram alguns odiados, outros rechaçados e sob o desprezo das gerações posteriores.

Jesus, porém, foi diferente.

Incompreendido, o Cantor do Amor aceitou a cruz, para não anuir com o crime, e abraçou a morte para não se mancomunar com os mortos.

Por isso, ressurgiu, em triunfo e grandeza, permanecendo o Ser mais perfeito que jamais esteve na Terra, como modelo que deus nos ofereceu para Guia.

Quando a Humanidade experimenta dores superlativas; quando a miséria socioeconômica assassina milhões de vidas que estertoram ao abandono; quando enfermidades cruéis demonstram a fragilidade orgânica das criaturas; quando a violência enlouquece e mata; quando os tóxicos arruínam largas faixas da juventude mundial, ao lado de outros males que atestam a falência do materialismo, ressurge impoluta de Jesus, convidando à reflexão, ao amor e à paz, enquanto as ressonâncias do Seu Natal falam em silêncio: Ele, que tem salvado vidas incontáveis, pede para que tentes fazer algo, amando e libertando do erro pelo menos uma pessoa.

Lembrando-te d'Ele, na noite de Natal, reparte bondade, insculpe-O no coração e na mente, a fim de que jamais te separes d'Ele.


Retirado do livro Momentos Enriquecedores; Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 2ª Edição, 2015.

sábado, 17 de junho de 2023

O Sentimento Religioso

O sentimento religioso é inerente a todas as criaturas humanas.

Atavicamente o homem teme, havendo nascido desse estado emocional o respeito pelo desconhecido e a adoração automática, os sacrifícios e cultos mediante os quais pretendia aplacar as forças vivas e temerárias da Natureza.

Na medida, porém, em que ao instinto sucedeu a razão, modificaram-se, lentamente, os quadros da fé, passando da aceitação fetichista e receosa ao amor e ao conhecimento das leis que regem a vida.

Jesus desempenhou papel preponderante nessa mudança de comportamento.

Moisés havia estabelecido, anteriormente, os códigos da Justiça, de que Hamurabi se fizera excelente pioneiro, na condição de legislador. No entanto, permaneceu predominando a imposição do Deus guerreiro, mais temido do que amado.

Em outras culturas, missionários diversos estabeleceram programas de culto à Beleza, ao Dever, à Sabedoria, enquanto diversos povos se detiveram no primitivismo e na selvageria dos costumes ancestrais.

Confúcio estabeleceu a filosofia da moral social e familiar.

Krishna ensinou a "Lei dos renascimentos".

Lao-Tsé contribuiu em favor da paz e do equilíbrio.

Hermes revelou a conquista da sabedoria.

Zoroastro ensinou o culto ao dever.

Sócrates preconizou o autoconhecimento e a moral integral como bases para a felicidade.

Jesus, no entanto, fez-se o Caminho da Vida, na direção da Verdade.

A "Lei de Adoração", como capítulo basilar das "leis naturais" ou "de amor", vige nos sentimentos de todos os seres  pensantes, em forma de autorreconhecimento a respeito da fragilidade que os caracteriza.

O homem tem-no, portanto, inato, como decorrência da sua origem divina, a que se submete e busca mediante o esforço, posteriormente, racional e atuante que se impõe.

Essa adoração é realizada no íntimo, exteriorizando-se em forma de respeito pela vida, agindo corretamente nas diretrizes do bem com total superação das inclinações para o mal.

A princípio, entrega-se aos cultos externos, superando-os, à medida que mais se eleva e engrandece.

Sacrifica os prazeres mais fortes, que substitui pelas emoções superiores da Beleza, da Arte, decorrentes das virtudes de que se exorna para triunfar nas lutas de redenção que trava cotidianamente.

Transforma, assim, os teus sentimentos e entroniza Deus em tua alma, em teu coração.

Aplica a razão ao teu sentimento religioso e ela te auxiliará a integrar-te cada vez mais no espírito do amor universal que exalta o Pai Criador.

A fé que raciocina e discerne, proporciona segurança íntima, dinamiza os valores morais, auxiliando o ser no seu processo de crescimento, qual alavanca a propulsioná-lo para a frente e para o alto.

A fé, portanto, que ilumina interiormente e acalma, que consola e se irradia em forma de caridade e amor, proporciona a perfeita religiosidade, que une a criatura a Deus, assim fazendo-a haurir forças e coragem, sabedoria e resistência, para lograr com êxito o tentame da reencarnação.

Desenvolve-a por meio da meditação e do trabalho do bem, considerando que o sentimento religioso posto em prática dignifica e enobrece o homem.

Gandhi alcançou as culminâncias dos objetivos, mantendo-o vivo e pujante nele próprio.

Schweitzer concluiu a tarefa de amor a que se propôs, mantendo-o vibrante em todos os seus atos.

E Jesus, símbolo e realidade insuperável, tornou-se o mais perfeito exemplo de entrega a Deus, adorando-O sem cessar, para que Lhe pudéssemos seguir sem receio nem falsos escrúpulos.


Retirado do livro Momentos de Coragem; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 8ª Edição, 2014.

sábado, 10 de junho de 2023

Antídotos Eficazes

Resguarda-te das construções mentais perniciosas.

Aquilo que vitalizas na mente transforma-se em algema retentiva ou asa de libertação.

Conforme penses, viverás.

O pensamento envia mensagens que alcançam o destino para o qual se dirigem.

Em razão disso, recebes respostas equivalentes.

A sintonia decorre da finalidade de propósitos.

A onda mental que emites movimenta-se em campo de vibrações equivalentes, aumentando de intensidade ou diminuindo-a conforme a faixa na qual se expande.

Nesse sentido, outras mentes buscam-te, sediadas no corpo ou fora dele.

Às vezes, de acordo com os propósitos de que se reveste, a ideia e ti dirigida cria um clima psíquico em tua volta que termina por envolver-te, produzindo perturbações e desordem.

Se buscas os ideais de elevação, captarás respostas superiores da vida.

Se, todavia, te reténs nos anseios tormentosos do sentimento, padeces a injunção de comensais infelizes, que te exploram e desequilibram.

Todas as criaturas, em razão dos compromissos pretéritos, atraímos ou repelimos os Espíritos que nos rodeiam.

Mediante as inevitáveis afinidades de gosto, aspiração e identidade emocional, estabelecemos vínculos que, perniciosos, se convertem em lamentáveis e demorados processos de obsessão, reclamando tratamento cuidadoso e de largo curso.

Não somente quando buscados pela conduta mental ou emocional, os seres espirituais se aproximam dos homens. Igualmente, com o objetivo de os ajudar, quando são bons e nobres, como também de os perturbar, se infelizes ou malévolos.

Embora ninguém se encontre sem o concurso dos Mentores Espirituais, os inimigos do bem e do progresso insistem na faina de inquietar e prejudicar, com o que se comprazem, ou se desforçam de antigas pugnas em que sofreram, simplesmente por inveja, por malquerença, por despeito...

Envolve-te nas ondas mentais do otimismo e do amor que cruzam os espaços, como também, emite pensamentos saudáveis, aclimatando-te às ideias edificantes e positivas.

Se te sentires acoimado por induções mentais depressivas, de exaltação, de mágoa ou de rancor, levado a suspeitas injustificáveis ou não, a desejos exorbitantes de qualquer natureza, tem cuidado!

Sobrepõe-lhes a reação do bem e da confiança, esforçando-te por retirá-los da mente. Todavia, se não o lograres, busca o recurso da prece, entregando-te ao benefício que dela decorre e alongando-te na ação da caridade e do amor, que são os antídotos mais eficazes contra a perturbação de qualquer natureza, especialmente a de origem obsessiva.


Retirado do livro Momentos de Alegria; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 4ª Edição, 2014.

sábado, 3 de junho de 2023

Segue

Enquanto te fixas nos acontecimentos de ontem, perdes os belos amanheceres que hoje começam e se prolongarão indefinidamente.

Quem ama e aspira à felicidade não se detém no passado, utilizando-se das suas lições para crescer no futuro.

A base do edifício permanece ignorada e é o elemento principal da sua segurança.

A raiz escondida no solo sustenta a gigantesca sequoia.

Novas ideias para o porvir, assim como deveres novos devem constituir-te estímulo para o prosseguimento da marcha.

Existe em ti um depósito de valores desconhecidos que esperam ocasião para serem postos a serviço.

Elimina hábitos censuráveis.

Corrige comportamentos perniciosos.

Supera sofrimentos injustificáveis.

Caminha com passo firme na direção da meta.

Fracasso aparente é o ensinamento de como não se deve tentar a realização.

Perturbação representa apelo à harmonia.

Põe ordem em tua vida.

Ontem a tempestade danificou a tua seara.

Hoje se recupera o solo encharcado.

Amanhã estarão cobertos de flores e de furtos, o jardim e o pomar.

No momento máximo do desespero, confia no porvir.

O desengano deste momento faculta ensejo para a confiança porvindoura

Sempre há tempo para refazer e recomeçar.

Não te demores, portanto, fitando o ontem, enquanto desperdiças o prazer superior de hoje com as alegrias que chegarão amanhã.


Retirado do livro Momentos de Meditação; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 3ª Edição, 2014.

sábado, 27 de maio de 2023

Renúncia Plena

 A questão da renúncia aos bens materiais é de muita relevância no comportamento da criatura humana.

Sem ela a vida se torna insuportável, gerando apegos que se transformam em elos de escravidão, jungindo o ser a coisas de valor transitório incapazes de proporcionar plenitude, estado de paz interior.

Por sua vez, o apego às posses, sob o disfarce da necessidade de segurança, é dos mais temíveis adversários do indivíduo, porque responde pelo medo da perda, pela sistemática desconfiança em relação aos amigos e conhecidos, por fim, pela insatisfação que sempre se instala em quem possui, atormentado pelo desejo infrene de ampliar os recursos.

A renúncia impõe-se como medida saudável de equilíbrio, responsável pela preparação do Espírito para o momento da libertação do corpo.

O hábito de renunciar às coisas materiais leva o candidato à necessidade do autoburilamento, da renovação moral, liberando-se das paixões e emoções perturbadoras, a fim de conseguir a própria iluminação, sem a qual os objetivos superiores da vida ficam defraudados.

De certo modo, o treinamento para a renúncia das posses terrenas predispõe a mudanças de atitude moral entre as pessoas e a vida.

Há quem facilmente se desprende de determinados objetos, adotando a generosidade no intercâmbio fraternal, mas tem terrível dificuldade de ceder, quando se trata de valores apaixonantes, caprichos, pontos de vista, orgulho...

Pessoas bondosas sob um aspecto, às vezes, surpreendem pelo rigor do temperamento que não desculpa, não esquece ofensas, mantém ressentimentos, cultiva o ódio, anela por desforço...

O hábito de quebrar cadeias materiais proporciona a saudável oportunidade de renunciar aos propósitos malsãos, inferiores, que denotam dureza de coração, primarismo evolutivo.

Fascinado por Jesus, um jovem rico propôs a segui-lO.

O Mestre, que o conhecia, impôs-lhe ser necessário que ele vendesse tudo quanto possuía, distribuísse o resultado com os pobres, após o que poderia acompanhá-lO.

Reflexionando, o moço deu-se conta de que tal esforço não lhe era demasiado. No entanto,  recordou-se da sua posição social, dos compromissos assumidos, das injunções em que se encontrava e afastou-se desanimado...

Treina a renúncia total, iniciando-a com as coisas de pequena monta.

Libera-te de alguma posse; transfere  recursos que te sobram; doa excessos e te habilitarás a ofertar também o necessário, preparando-te para a renúncia a ti mesmo, responsável pela tua libertação de tudo e de todos.

A renúncia plena começa no gesto pequeno da oferta e do desprendimento aos bens do mundo, a fim de alcançar a doação total.


Retirado do livro Momentos de Iluminação; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 4ª edição, 2015.

domingo, 21 de maio de 2023

Sem Ídolos Nem Cultos

Na busca estúrdia de prazeres e afirmação da personalidade, o homem contemporâneo informa que se libertou da fé religiosa e do culto que dedicavam os seus antepassados aos valores espirituais. 

A mente saudável, segundo este raciocínio, é aquela que se apresenta destituída de submissão a toda e qualquer maneira de direcionamento ético, tendo em vista o futuro do ser, no que diz respeito à sua imortalidade.

O descompromisso com Deus e a vida incita-o à busca incessante do gozo, em desesperada fuga da sua realidade transcendental.

Não obstante esse comportamento, manifesta-se-lhe a existência de forma paradoxal.

Negando-se cultuar o Espírito, adora e idolatra os campeões da futilidade e do engodo, que passam à condição de verdadeiros deuses da antiga mitologia, ora renascidos nos esportes, no teatro, no cinema, na televisão, nas finanças, nas indústrias, na política e até na área sórdida da criminalidade... Os seus gestos e atitudes são imitados, tornando-se modelos que atiram na área do consumismo as suas figuras e modas, verbetes e extravagâncias, que passam a constituir a razão de vida dos seus admiradores e apaniguados.

Uns, logo sucumbem, devorados pela mídia ou derrotados pelo cansaço; outros, são substituídos ou desprezados por novos ambiciosos que lutam por tomar-lhes os espaços, sucedendo-os de imediato, enquanto os modismos mudam de nomes e pessoas, permanecendo as mesmas paixões e cultos exacerbados, caracterizando a decadência da vera cultura e dos nobres ideais humanos.

Em face de tal conduta, o homem, surpreendido pela dor que renteia ao lado de todos os seres, deixando-se acometer pelo desespero e, alucinado, atira-se à consumpção pelos alcoólicos, pelas drogas ou através do suicídio em suas várias formas.

Lentamente, porém, a força do Amor de Deus vence as resistências da obstinação negativa e desvenda-lhe os amplos horizontes da imortalidade, que fascinam e confortam, induzindo-o a uma reavaliação do comportamento e ao compromisso com a ventura, que lhe nasce na harmonia interior e se espraia envolvendo o grupo social e a vida.

Nem ídolos, certamente, nem cultos; porém, despertamento para a realidade e as metas existenciais, que se não podem reduzir aos prazeres vazios e ligeiros da vida corporal, antes à consciência de si mesmo e da sua destinação eterna, na qual já se encontra e cumpre aprimorar com o pensamento posto no seu futuro libertador e feliz.


Retirado do livro Momentos de Harmonia; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador,  3ª Edição, 2014.

sábado, 13 de maio de 2023

Emoções Perturbadoras

O homem que se candidata a uma existência feliz, tem a obrigação de vigiar as suas emoções perturbadoras, a fim de evitar-se desarmonias perfeitamente dispensáveis, na economia do seu processo de evolução.

As emoções perturbadoras decorrem do excesso de autoestima, do apego aos bens materiais e às pessoas, e do orgulho, entre outros fatores negativos.

O excesso de consideração que o indivíduo se concede, leva-o à irritação, ao ciúme, à agressividade, toda vez que os acontecimentos se dão diferentes do que ele espera e supõe merecer.

O apego responde-lhe pela instabilidade emocional, trabalhando-lhe a ganância, a soberba e a ilusão da posse, que concede a falsa impressão de situar-se acima do seu próximo.

O orgulho intoxica-o, levando-o à pressuposição de credenciado pela vida a ocupar uma situação privilegiada e ser alguém  especial, merecedor de homenagens e honrarias, em detrimento dos demais.

Qualquer ocorrência que se apresente contraditória a esses engodos gerados pelo ego insano, e as emoções perturbadoras se lhe instalam, proporcionando desequilíbrios de largo porte, exceto se ele se resolve por digerir a situação e mudar de paisagem mental.

Superar tais emoções que têm raízes no seu passado espiritual, eis o grande desafio.

Assim, cumpre que ele envide todos os esforços para o autodescobrimento e a aplicação das energias em combater a inferioridade que predomina em a sua natureza.

"Não há nada a que o homem não se acostume com o tempo", afirma um velho brocado popular.

A liberação das emoções perturbadoras é resultado dos hábitos insalubres de entregar-se-lhe sem resistência.

Tão comum se faz ao indivíduo a liberação dos instintos perniciosos geradores deles, que este se não dá conta do desequilíbrio em que vive.

Adaptando-se ao autocontrole, eliminará, a pouco e pouco, a explosão dessas emoções perturbadoras.

Mediante pequeno código de conduta, torna-se fácil a assimilação de outros hábitos que são saudáveis e felicitam:

considera a própria fragilidade que te não faz diferença das demais pessoas;

observa o esforço do teu próximo e valoriza-o;

treina a paciência ante as ocorrências desagradáveis;

reflexiona quanto à transitoriedade da posse;

medita sobre a necessidade de ser solidário;

propõe-te a adaptação ao dever, por mais desagradável se te apresente;

aprende a repartir, mesmo quando a escassez caracterizar as tuas horas...

Um treinamento íntimo criará novos condicionamentos, que te ajudarão na formação de uma conduta ditosa e tranquila.

Foram as emoções perturbadoras que levaram Pedro, temeroso, a negar o Amigo, e Judas, o ambicioso, a vendê-lO aos inimigos da Verdade.

O controle delas, sob a luz da humildade e da fé, proporcionou à Humanidade o estoicismo de Estêvão, a dedicação até o sacrifício de Paulo - que as venceram - e toda a saga de amor e grandeza do homem abnegado de todos os tempos.


Retirado do livro Momentos de Felicidade; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 5ª Ediçã, 2014.

sábado, 6 de maio de 2023

A César e a Deus

Conforme a narrativa de Mateus, Jesus encerrou o diálogo, no qual os adversários tentavam envolvê-lO, em torno da legalidade ou não do pagamento do tributo ao Imperador de Roma, elucidando: - " Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus."

Rico de conteúdo, o pensamento-resposta do Mestre, leva-nos a acuradas e oportunas reflexões.

César e Deus podem significar, num sentido mais amplo, o humano e o divino, ou o material e o espiritual, ou ainda, o imediato e o mediato.

Pelo impositivo das circunstâncias terrestres, o homem sempre se afadiga pela feição orgânica e social da vida, deixando de lado o seu dever de zelar pela face moral, transcendente...

Graças a isto, aplica todas as horas, ou quase todas, aos compromissos e impositivos materiais, e, mesmo quando é obrigado ao repouso, a fim de libertar-se da fadiga, tem em mira a restauração das forças com o objetivo de continuar a faina ou o prazer, momentaneamente interrompidos.

Programa a existência como se esta não viesse a extinguir-se pela circunstância inevitável da desencarnação.

Cuida do amanhã próximo, preparando os equipamentos fisiológicos para fruir maior quinhão das conquistas fúteis, com que se ilude, intoxicando-se dos vapores das sensações desgastantes, numa volúpia ensandecedora.

Quando se vê compelido a deixar a carcaça física, ainda aí, pela falta do hábito de elevação, continua na fixação perturbadora do cadáver, que para nada mais lhe serve.

A oportunidade passa e a dor permanece.

Essa é a resposta de César, àqueles que se lhe submetem em caráter de dedicação exclusiva.

O homem, vivendo em sociedade, tem deveres para com ela, cumprindo-lhe contribuir para o seu progresso, participando ativamente do programa estabelecido.

Alienar-se, a pretexto de servir a Deus, portanto, à vida espiritual, jamais se justifica, não encontrando apoio no exemplo que o próprio Mestre ofereceu, Ele que jamais se escusava.

Participou de uma boda, santificando-a; das festas habituais do povo, não se imiscuindo nas venalidades um cobrador de impostos, que O convidara, dignificando-lhe o lar; hospedou-se com a família de Betânia, inúmeras vezes, alargando o círculo da fraternidade; albergou no coração a mulher equivocada, lecionando solidariedade; esteve no Templo e na Sinagoga reiteradas vezes, sem preconceito nem desprezo, e todos os Seus atos se fizeram caracterizar pela naturalidade, discrição e honorabilidade.

Nasceu num período festivo - a ocasião do recenseamento - e morreu durante as alegrias evocativas da Páscoa, demonstrando que a vida é um poema de júbilos em nome do Amor.

Nunca, tampouco, se apartou de Deus e do dever.

Dá a tua contribuição a Deus.

Não, através de coisas ou palavras.

Sejam:

a tua hora de  misericórdia - o momento de Deus;

o teu instante de reflexão elevada - o de união com Deus;

o teu silêncio ante a ofensa - o de cooperação com Deus;

a tua ação caridosa - a de contributo a Deus;

a tua dedicação ao próximo - a dádiva que encaminhas a Deus;

o teu sofrimento resignado - a demonstração de confiança em Deus...

Todos os teus recursos morais canalizados para a verdade e a elevação, constituam o teu concurso - oferenda a Deus.

Viver no mundo, amando a vida e servindo ao mundo sem escravidão e a Deus com emoção, eis o ideal para que o homem alcance a finalidade excelente para a qual se encontra reencarnado.


Retirado do livro Momentos de Esperança; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 3ª Edição, 2014.