sábado, 17 de junho de 2023

O Sentimento Religioso

O sentimento religioso é inerente a todas as criaturas humanas.

Atavicamente o homem teme, havendo nascido desse estado emocional o respeito pelo desconhecido e a adoração automática, os sacrifícios e cultos mediante os quais pretendia aplacar as forças vivas e temerárias da Natureza.

Na medida, porém, em que ao instinto sucedeu a razão, modificaram-se, lentamente, os quadros da fé, passando da aceitação fetichista e receosa ao amor e ao conhecimento das leis que regem a vida.

Jesus desempenhou papel preponderante nessa mudança de comportamento.

Moisés havia estabelecido, anteriormente, os códigos da Justiça, de que Hamurabi se fizera excelente pioneiro, na condição de legislador. No entanto, permaneceu predominando a imposição do Deus guerreiro, mais temido do que amado.

Em outras culturas, missionários diversos estabeleceram programas de culto à Beleza, ao Dever, à Sabedoria, enquanto diversos povos se detiveram no primitivismo e na selvageria dos costumes ancestrais.

Confúcio estabeleceu a filosofia da moral social e familiar.

Krishna ensinou a "Lei dos renascimentos".

Lao-Tsé contribuiu em favor da paz e do equilíbrio.

Hermes revelou a conquista da sabedoria.

Zoroastro ensinou o culto ao dever.

Sócrates preconizou o autoconhecimento e a moral integral como bases para a felicidade.

Jesus, no entanto, fez-se o Caminho da Vida, na direção da Verdade.

A "Lei de Adoração", como capítulo basilar das "leis naturais" ou "de amor", vige nos sentimentos de todos os seres  pensantes, em forma de autorreconhecimento a respeito da fragilidade que os caracteriza.

O homem tem-no, portanto, inato, como decorrência da sua origem divina, a que se submete e busca mediante o esforço, posteriormente, racional e atuante que se impõe.

Essa adoração é realizada no íntimo, exteriorizando-se em forma de respeito pela vida, agindo corretamente nas diretrizes do bem com total superação das inclinações para o mal.

A princípio, entrega-se aos cultos externos, superando-os, à medida que mais se eleva e engrandece.

Sacrifica os prazeres mais fortes, que substitui pelas emoções superiores da Beleza, da Arte, decorrentes das virtudes de que se exorna para triunfar nas lutas de redenção que trava cotidianamente.

Transforma, assim, os teus sentimentos e entroniza Deus em tua alma, em teu coração.

Aplica a razão ao teu sentimento religioso e ela te auxiliará a integrar-te cada vez mais no espírito do amor universal que exalta o Pai Criador.

A fé que raciocina e discerne, proporciona segurança íntima, dinamiza os valores morais, auxiliando o ser no seu processo de crescimento, qual alavanca a propulsioná-lo para a frente e para o alto.

A fé, portanto, que ilumina interiormente e acalma, que consola e se irradia em forma de caridade e amor, proporciona a perfeita religiosidade, que une a criatura a Deus, assim fazendo-a haurir forças e coragem, sabedoria e resistência, para lograr com êxito o tentame da reencarnação.

Desenvolve-a por meio da meditação e do trabalho do bem, considerando que o sentimento religioso posto em prática dignifica e enobrece o homem.

Gandhi alcançou as culminâncias dos objetivos, mantendo-o vivo e pujante nele próprio.

Schweitzer concluiu a tarefa de amor a que se propôs, mantendo-o vibrante em todos os seus atos.

E Jesus, símbolo e realidade insuperável, tornou-se o mais perfeito exemplo de entrega a Deus, adorando-O sem cessar, para que Lhe pudéssemos seguir sem receio nem falsos escrúpulos.


Retirado do livro Momentos de Coragem; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 8ª Edição, 2014.

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