sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O Periquito Cor de Lua

                     pesquisa de Diana Pequeno

                 Era uma vez um periquito lindo, encantado. E tinha no canto um som celestial e, nas penas, uma cor indefinível, quase transparente. Uma cor de sonho.
                 De janelinha em janelinha ia o periquito cantando. E as pessoas, fascinadas pelo seu canto, ficavam a sonhar com a Lua.
                 Mas o periquito tinha na Lua sua eterna companheira, uma misteriosa amiga da qual ele queria receber sua luz, aprender mais coisas.
                 Um dia, com as árvores ainda orvalhadas, o periquito encontrou a nuvem Cintila e pediu ajuda:
                 - Eu quero ir para a Lua - disse ele.
                 Cintila ficou assustada e pediu que ele continuasse na Terra.
                 Só que o periquito não desistiu. E saiu voando pelo céu, pousando de nuvem em nuvem, perguntando como poderia ir à Lua. Pousou na Anaconda, na Florisbela (duas nuvens amigas) e elas pediram que desistisse da ideia.
                 - Seu lugar é na Terra, periquito, - elas disseram.
                 Mesmo assim pediram para que ele procurasse Dona Ursa Menor, uma estrela sábia do Universo, sempre sonolenta.
                 - Esqueça, meu periquito, disse Dona Ursa Menor bocejando.
                 Mas o periquito não desistia. Assim, ela, ainda bocejando, disse que procurasse o Cruzeiro do Sul, uma casinha com várias estrelas, senhoras sábias do Universo.
                 ... e o periquito voou até o Cruzeiro do Sul, numa viagem muito longa. E foi à sua Estrela do Norte, a mais distante de todas. Depois de contar o que queria, ela respondeu:
                 - O brilho da Lua não precisa ser visto de perto.
                 E não ensinou o caminho. Nem as estrelas do Leste e Oeste também quiseram dar, pelo menos, uma pista.
                 Foi quando a Estrela do Sul, vendo que o periquito não iria desistir, resolveu ensinar-lhe o caminho.
                 O periquito voou feliz, seguindo a trilha indicada pela estrela. E finalmente chegou a uma Terra estranha, escura, deserta, onde nada brilhava. Só ele. Achou que estava errado, pensou que estivesse em Mércurio ou Plutão, nunca na Lua. Correu para uma areiazinha e perguntou:
                 - Areiazinha, você é da Lua?
                 Ela respondeu que sim, era da Lua. E uma pedrinha, também muito branca, disse:
                 - Eu também sou uma pedra da Lua!
                 O periquito não se conformou. Ele não sabia onde estava o brilho da Lua. " A Lua não brilha? " perguntou a si próprio. " Claro que brilha, claro! " Mas a pedra e  areiazinha eram opacas, não eram brilhantes.
                 Assim chegou a noite, com o periquito muito solitário e triste, andando cabisbaixo. O silêncio era imenso, não havia nenhum ruído. Foi quando encontrou uma árvore, também solitária, e que tinha nos galhos um pássaro cujo canto se parecia com o vento.
                 O periquito enxergou a si próprio, vendo sua imagem na Terra, cantando em suas janelinhas.
                 A árvore, silenciosa, disse:
                 - Não se entristeça, periquitinho. Você apenas viu que o brilho da Lua não precisa ser tocado ou visto de perto. Ele somente existe.
                 A árvore tossiu. Depois continuou:
                 - A realidade é sonho. E tu és um mensageiro do sonho. É seu canto mais sua cor que transportam as pessoas até a Lua, pela emoção.
                 E o periquito percebeu que ele mesmo brilhava muito, mesmo não estando ma Lua. Bastava apenas cantar. Assim, resolveu voltar pra Terra, pensando em cantar novamente nas janelinhas.
                 E assim voou de volta, deixando um rastro brilhante, cor de Lua...

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