domingo, 30 de janeiro de 2011

Desejo

                   Garcia Lorca

Só o teu coração quente,
e nada mais.

Meu paraíso um campo
sem rouxinol
nem liras,
com um rio discreto
e uma fontezinha.

Sem a espera do vento
sobre a fronde,
nem a estrela que quer
ser folha.

Uma enorme luz
que fosse
pirilampo
de outra,
num campo de
olhadas partidas.

Um repouso claro
e ali nossos beijos,
lunares sonoros
do eco,
se abririam muito longe.

E teu coração quente,
nada mais.

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