terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Exú

 Exú é provavelmente um dos orixás mais polêmicos do panteão africano, pois apresenta características múltiplas e muitas vezes contraditórias.


Exú é a divindade da fertilidade, o regulador do cosmos, e esteve presente em nosso planeta desde o princípio. Ele é o  elemento dinâmico de tudo o que existe, o princípio da expansão e da comunicação. No mito cosmogônico, é o responsável pela conservação do axé, o poder com o qual as divindades conseguem realizar suas atividades sobrenaturais.

Com características múltiplas e muitas vezes contraditórias, é Exú quem coloca barreiras e traça os caminhos que devem ser seguidos pelo homem. Entretanto, não cabe a ele decidir o que é certo ou errado do que lhe é pedido, já que o homem tem em seu poder o livre arbítrio.

Exú faz a ligação entre o mundo material e espiritual. Sua principal atividade mítica é a de mensageiro, aquele que leva  pedidos e oferendas do homem aos orixás e que traduz a linguagem humana para as divindades. Por essa razão é que nada se faz sem ele e sem que oferendas lhe sejam feitas, antes de qualquer outro orixá.

Cabe a Exú, por exemplo, transmitir a resposta dos orixás ao babalorixá na leitura de Búzios, assim como iniciar qualquer cerimônia, trabalho ou festa nos cultos afro-brasileiros. Sua função de figura-limite entre o astral e a matéria se revela em suas cores, o negro (ausência de cor) e o vermelho (forte iluminação).

Exú se revela o mais "humano" dos orixás: nem completamente bom, nem completamente maus. Representa a bipolaridade e os opostos, como o certo e o errado, o dia e a noite, o homem e a mulher, o bem e o mal. Brinca e se diverte, possibilitando prazeres ao homem, mas também provoca o mal e acontecimento dramáticos. Por ter o conhecimento das energias mais densas e ser o orixá da abertura dos caminhos, a ele se pede a interferência nas situações do mundo físico.

No Brasil, o Exú foi sincretizado com o diabo. Acredita-se que os antigos missionários cristãos o identificaram como a representação do diabo, por apresentar-se nu exibindo um falo ereto. Na tradição iorubá é fundamental a descendência, e o falo simboliza a procriação, assim como o fogo das paixões.

O lugar consagrado a Exú é,  geralmente ao ar livre ou no interior de uma pequena choupana isolada ou, ainda, atrás da porte da casa. A segunda-feira é o dia da semana consagrado a ele. As pessoas que procuram a sua proteção usam colares de contas pretas e vermelhas.


Arquétipo

O arquétipo de Exú pode ser encontrado facilmente na nossa sociedade. Ele se apresenta nas pessoas que são boas e más ao mesmo tempo. Ardilosos e sedutores, geralmente inspiram grande confiança nas pessoas. Essas características muitas vezes são usadas em benefício próprio. Possuem facilidade e inteligência para compreender os problemas dos outros, dando conselhos ponderados. As artimanhas intelectuais enganadoras e as intrigas políticas são armas que usam para alcançar o sucesso desejado. Maleáveis e pragmáticos, enfrentam cada situação de forma independente, pois acreditam que cada problema ou situação deve ser tratado de forma exclusiva.


Retirado da revista Sexto Sentido Especial - Orixás, nº 46; Mythos Editora, São Paulo, 2010.

domingo, 2 de janeiro de 2022

Reconstrução Nacional

 Num ato de reconstrução nacional

Doutores, mendigos, tupis, guaranis

Vieram até o planalto central

Trabalhadores, pivetes, senis

E falaram de coisas sublimes, gentis

das coisas que fazem tão grande este país


Alguém fez menção a Dom Pedro I

O ilustre imperador

Que "Estrada" e Francisco inspirados

fizeram este hino de amor

Falaram também da princesa heroína

que a sina do negro mudou

Do "Xavier" que foi traído, do "Zumbi" lutador

Nossa história tem imagens, personagens imortais


E hoje não tão diferente traz exemplos geniais

Um certo "Betinho" convoca a nação

E diz que o que ainda mata não é só inflação

E se não dá o pão...

O amor... a mão a um irmão

Um povo com fome não é soberano

E nem patriota será

Não dá pra curvar-se ao pendão

Sem poder levantar


Música de Flávio Oliveira, Marcelo do Rosário e Miro Barbosa gravada por Renata Jambeiro em 2009 no CD intitulado Jambeiro em uma Produção Independente.

História Sem Fim

 Misteriosa vida

Quem sou eu, pra onde vou

A velha pergunta de qualquer mortal

Talvez seja verdade

Uma bela mentira

A resposta que sempre nunca vou saber

Milagres acontecem

Teatro de dor e prazer

Um eterno duelo entre o bem e o mal

O destino de Deus

Está escrito na palma da minha mão

Destruo e salvo o mundo

Todo milênio, cada segundo

Tal qual criador, tal qual criação

Uma história sem fim...


Música de Rita Lee & Roberto de Carvalho que fecha o CD 3001, gravado e lançado em 2000 pela gravadora Universal Music.

sábado, 1 de janeiro de 2022

Rumo ao Porto Seguro

 O homem necessita emergir dos condicionamentos negativos a que se entrega, buscando a realização pessoal e o desenvolvimento da sociedade da qual é membro relevante.

Para esse fim, torna-se-lhe indispensável o conhecimento da própria personalidade, o controle dos impulsos e resíduos dos hábitos antigos, a busca do Eu eterno e uma programação saudável para a reconstrução da sua identidade.

O conhecimento da própria personalidade é um desafio admirável e estimulante, que não deve ser adiado.

Não basta um exame complacente das debilidades, tampouco uma análise severa dos deveres, transferindo-se para estados patológicos de fuga pela depressão ou mediante a rebeldia.

Faz-se necessária uma busca das causas do comportamento consciente e dos fatores que o induzem aos estados infelizes.

Isso será feito através de uma penetração no inconsciente, para ali encontrar os fantasmas persistentes das frustrações e medos, dos problemas infantis não solucionados, e até mesmo de algumas matrizes de outras reencarnações que interferem no comportamento atual. Todos esses mecanismos retidos no inconsciente são responsáveis pelo exaurimento das suas forças, pela paralisação dos esforços em favor do equilíbrio e por ideias obsessivas, perturbadoras.

Serão identificadas, ao mesmo tempo, as imensas possibilidades adormecidas, os tesouros da criatividade e da coragem, as vocações e capacidades que permanecem esmagadas por medos injustificáveis e conflitos facilmente superáveis.

O controle dos impulsos e resíduos dos hábitos antigos é de grande importância, porquanto estabelece novas metas a serem conquistadas e conduz à superação de todo o lixo acumulado na personalidade, a exsudar miasmas.

O que o indivíduo desconhece, funciona como força dominadora, embora se possa controlar tudo quanto consegue levar à desidentificação.

O conhecimento de uma fraqueza moral, às vezes, leva-o a admitir que está  vencido, o que é um erro básico, ou que não dispõe de forças para a batalha. Há sempre energias desconhecidas, em potencial, que podem e devem ser movimentadas.

Todo impulso pode ser canalizado de forma positiva, e os resíduos ancestrais devem ser diluídos mediante as novas ações estabelecidas.

Indispensável, pois, desintegrar as imagens residuais perniciosas e conduzir bem as energias liberadas.

O verdadeiro Eu é imortal e evolve através das reencarnações, atuando pelo amor e pelo conhecimento para o desabrochar do Deus interno, que nele jaz aguardando oportunidade.

Para esse cometimento, os valores espirituais e religiosos desempenham papel importante, por facultarem métodos de introspecção e ação capazes de vencer o ego e abrir espaços para as identificações ideais.

Esse esforço, ao invés de isolar os indivíduos, aproxima-os uns dos outros, desenvolvendo a solidariedade e o interesse de iluminação que devem a todos atingir.

Aquele que empreende esse desiderato, a ele se afeiçoa de tal forma, que passa a viver em sua função, sem abandonar, naturalmente, os demais deveres que executa com alegria, maneira feliz de exteriorizar a sua identidade superior, iluminada.

Por fim, elabora um programa de comportamento para a sua plena identificação, sua realização psicológica, sua libertação.

As dores não mais o mortificam nem desanimam. Antes, motivam-no a crescer conforme afirmou Heine: "O meu grande sofrimento eu converto em pequenas canções"; ou Milton, cego, escrevendo com júbilo o seu incomparável Paraíso Perdido; ou Mesmer, expulso de Viena, prosseguindo com as suas experiências em torno do fluidismo e do magnetismo.

Certamente, não atingirás de uma vez esta meta.

O esforço desenvolvido e o exercício continuado te auxiliarão a prosseguir, graças às pequenas vitórias que irás registrando e ao bem-estar de que te sentirás inundado.

Urge que rompas as amarras com a comodidade ou a depressão, com a revolta ou a má vontade; que te resolvas crescer e ser feliz.

Jesus viveu em toda plenitude o amor e ensinou como se poderá segui-lO através das lições que nos legou.

Assim, não te detenhas no passado, porquanto hoje é dia novo e amanhã é o porto feliz que deves conquistar a partir de agora.


Retirado do livro Momentos de Iluminação; Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Ângelis; Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 4ª Edição, 2015.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Hélio

 Hélio, o Sol, pertencia à geração dos Titãs, anterior aos Olímpicos. Passa por ser filho do Titã Hiperião e da titânida Teia. Era irmão de Éos, a Aurora e de Selene, a Lua. Hélio tinha por mulher Perseida, uma das filhas de Oceano e de Tétis, que lhe deu como filha Circe, a feiticeira. Estes, o rei da Cólquida, Pasífae, mulher de Minos e um filho, Perseu, que destronou o irmão Eetes. Consta que Hélio se uniu a diversas outras mulheres: à ninfa Rodes, mãe dos Helíades, a Clímene, mãe das Helíades, a Leucótoe, filha de Órcamo e de Eurínome. Hélio era representado como um jovem de grande beleza, com a cabeça cercada de raios, à maneira de uma cabeleira de ouro. Percorria o céu, num carro de fogo arrastado por quatro cavalos, Pírois, Eoo, Éton e Flégon, dotados de grande rapidez. Os quatro nomes originam-se de chama, fogo ou luz. Cada manhã, precedido pelo carro da Aurora, Hélio se atirava por um caminho que passava pelo meio do céu. À tarde chegava ao mar, onde banhava os cavalos fatigados. Hélio repousava num palácio de ouro, de onde partia no outro dia pela manhã. Quando os companheiros de Ulisses lhe comeram os bois, animais de brancura imaculada e de chifres dourados, ameaçou retirar-se para o seu palácio embaixo da Terra, se os culpados não fossem castigados. Hélio é considerado como o olho do mundo, aquele que tudo vê.


Retirado do livro Dicionário da Mitologia Grega; Ruth Guimarães, Editora Cultrix, São Paulo, 2004.

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Orunmilá

 Orunmilá, conhecido também como Ifá, é o orixá e a divindade da profecia dos iorubás, e é muito respeitado por seu conhecimento e sabedoria.


O termo Orunmilá é formado pela contração de orun-l'o-mo-a-ti-la, que significa "Somente o Céu conhece os meios de libertação", e é também o resultado da contração de orun-mo-ola, "Somente o céu pode libertar". A palavra Ifá tem como raiz fa, e significa acumular, abraçar, conter. O termo indica que todo o conhecimento e as tradições iorubás se encontram no corpus literário de Ifá.

Orunmilá designa a divindade e palavra Ifá significa ao mesmo tempo a divindade e o sistema divinatório a ela associado. Para orientar os que o procuram, o sacerdote de Ifá dirige-se ao Odu Corpus. O corpus narrativo de Ifá contém a história da maioria dos orixás, ensinamentos sobre curas por meio de plantas. Dessa forma, os sacerdotes de Orunmilá também conhecem o preparo de medicamentos necessários para a cura de doenças.

Sobre Orunmilá existem muitos mitos que esclarecem a sua essência como orixá. Um deles narra que teria tido oito filhos aos quais ensinou todos os mistérios da profecia e adivinhação. Outro conta que ele teria nascido em Ifé, onde era um grande curador e adivinho. Após ter adquirido fama, fundou uma cidade chamada Ipetu, onde se tornou rei conhecido como Alaketu. Conta-se que era muito popular e considerado um grande profeta. Ele teria selecionado dezesseis homens desejosos de aprender a arte divinatória.

Conta-se também que Orunmilá participou do processo de criação e veio para a Terra em companhia de outros deuses primordiais. Teria então nascido em Ifé, local considerado o ponto de origem da espécie humana. Ele teria recebido de Olodumaré o privilégio de conhecer a origem de todos os orixás, de todos os seres humanos e de todas as coisas que existem no mundo. Daí a sua responsabilidade em guiar o destino de todos.

Segundo as tradições iorubás, somente Orunmilá pode sondar o futuro, pois é o único conhecedor do ipin ori, o destino do ori. Ori em iorubá significa cabeça e se refere a uma intuição espiritual e destino. É o orixá pessoal em toda sua força e grandeza.

Os sacerdotes de Orunmilá geralmente são procurados por um grande número de pessoas, grande parte em situação de crise, e que não sabe exatamente como agir devido ao seu estado de fragilidade. O sacerdote é proibido de tirar vantagens da situação e não pode recusar atender mesmo aqueles que não têm  condições de pagar por seus préstimos. Cabe ao sacerdote orientá-las e lhes dar o aconselhamento necessário para que solucionem seus problemas. 

A iniciação de um sacerdote de Ifá não inclui a perda da consciência, pois se trata de uma iniciação intelectual. Ele passa por um longo período de aprendizagem de conhecimentos precisos, em que a memória é fundamental. Ele deve aprender uma grande quantidade de lendas e histórias contidas nos 256 Odus ou signos de Ifá. No conjunto todo, o aprendizado forma uma espécie de enciclopédia oral dos tradicionais conhecimentos do povo iorubá.


Retirado da revista Sexto Sentido Especial - Orixás, nº 46; Mythos Editora, São Paulo, 2010.

sábado, 25 de dezembro de 2021

Advertência e Encorajamento

Após as bênçãos da semeação, a terra aparece reverdecida, e surgem as searas luminosas com as bênçãos da flor e do fruto.

Superados os graves períodos de amanhar a terra, retirando-lhe calhaus, abrolhos e pedrouços, surge o momento feliz em que as sementes se multiplicam a cem por um, a mil por um, prenunciando abundância de grãos sobre a mesa da esperança.

Parece que, no verdor rico de projetos felizes, paira a grande paz.

Todavia, a necessidade de defender a gleba, torna-se-nos muito maior, agora, do que antes.

O solo adusto e ingrato, deixado ao abandono, inspira repulsa e desprezo; mas o pomar, o jardim e a lavoura - nos quais predomina abundância de bênçãos - a cupidez, o interesse malsão e a exploração da avidez vigiam; e, como ladrões impiedosos sentindo-se impossibilitados de furtar os grãos e apropriar-se da terra, ateiam-se incêndios criminosos com os quais se comprazem, acreditando-se vencedores.

As lutas recrudescem.

As facilidades são apenas aparentes.

O crescimento na horizontal da vida não significa implantação na vertical dos sentimentos.

Imperioso redobrar a vigilância.

Os bastiões da fé estremecem; abrem-se brechas que dão acessos a incursões malevolentes e perigosas.

A segurança de uma parede é a harmonia dos blocos que se justapõem. Retirado o primeiro, os próximos são inevitáveis.

As defecções de muitos companheiros comprometem o trabalho do Senhor.

A instabilidade de corações afervorados faculta o desequilíbrio e as incursões negativas.

Hoje, como ontem, o cristão decidido não dispõe de tempo para o repouso inútil ou para a colheita de glórias frívolas.

As forças em litígio predominam no país emocional de cada indivíduo.

Enquanto não prevaleçam a paz, o equilíbrio, a ordem e o amor, no comando das ações, estaremos em conflitos e caminharemos em crise.

O trabalho, disso decorrente, será frágil, susceptível de desmoronamento.

À medida que a seara cresce, aumenta o número daqueles que a detestam, de um como do outro plano da vida.

Não facilitemos! Mantenhamo-nos em serenidade vigilante, conclamando-nos, uns aos outros, à observância dos compromissos firmados e à vigilância da oração.

Não há castelo inexpugnável, quando aqueles que ali residem torpedeiam-lhe as bases.

Não há defesas que se sobreponham-se a um cerco demorado, se faltam, no reduto sitiado, o equilíbrio e a ajuda recíproca.

O trabalho de Jesus progride em nossas mãos, mas cuidemos para que, fracas, não venham a comprometer a realização interior.

Estes são dias muito graves.

Acompanhamos a insensatez abraçada ao entusiasmo de fogo-fátuo, sem dimensão do futuro nem estruturas no presente.

Nós outros, que já nos comprometemos ao largo dos séculos, e falhamos quase sem cessar, cuidemos para que o novo insucesso não nos assinale a marcha, quando estamos próximos do porto final.

Renovemos propósitos saudáveis, retiremos a borra do pessimismo e do desencanto, compreendendo que é nos dejetos que a vegetação se faz mais luxuriante e no charco o lótus esplende com mais alvura, como ocorre com o lírio que explode em perfume.

Façamos do cansaço, do desencanto e da rotina, o adubo forte da sementeira da esperança.

Iluminemo-nos de dentro para fora, a fim de que a nossa luz não projete sombras.

Prossigamos, com o ardor de ontem e a confiança no amanhã, vencendo, cada hora e todo o dia, com o mesmo idealismo de fé, sem deixar que as altercações do mal e as forças negativas tomem das nossas paisagens interiores, manchando-as de sombras.

Jesus confia em nós, e, Seus Amigos espirituais, contam com o esforço de cada um e a decisão de todos.

A nossa, será uma vitória coletiva.

A deserção de alguém será atraso na marcha de outros e a queda de alguns será insucesso em muitos.

Mãos dadas e corações unidos, olhos postos na Grande Luz, avancemos, joviais, estóicos e felizes.


Retirado do livro Momentos de Harmonia; Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Ângelis;  Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 3ª Edição, 2014.

sábado, 18 de dezembro de 2021

Olodumaré, o deus supremo

 Na mitologia iorubá, Olodumaré, conhecido também como Olorum, é o deus supremo que criou o universo e a vida.


Para muitos, Olodumaré é um deus que está fora da compreensão humana, por ser ditante e inacessível aos seres humanos. Ele separou o imaterial do material. O imaterial se refere ao infinito, o orum, habitado por seres sobrenaturais e entidades conhecidas como araòruns. É nesse local que habitam os antepassados e os orixás. O material se refere ao aiye (Terra), o mundo habitado pelos humanos, seres naturais.

Em algumas tradições, orum se situa no céu. Em outras, ele se localiza abaixo da terra. Essa ideia pode aparentemente ser comprovada durante as oferendas aos orixás, quando o sangue de animais sacrificados é derramado em um buraco cavado na terra, em frente ao local consagrado ao deus.

Para manter o controle sobre sua criação, Olodumaré, conhecido também como Olorum, criou os orixás que governam o mundo e suas criaturas. Cabe a ele resolver as questões e atritos entre os orixás.

Cada orixá é representado de forma material pelos elementos, e simboliza um arquétipo de atividade, de função, de profissão. No conjunto, eles se complementam e representam as forças que regem o mundo. É por meio deles que os homens dirigem suas preces e fazem oferendas a Olodumaré.

Os atributos de Olodumaré são: Único, Criador, Onipotente, Juiz e Eterno. Ele é considerado como "a poderosa e inalterável rocha que nunca morre" (Oyigiyigi Ota Aiku). Apesar de não receber cultos diretamente, sempre que uma divindade é cultuada, a saudação se inicia com a expressão Asé (axé), que significa "Possa Deus aceitar isso".

A relação entre os homens e os orixás se apresenta de uma forma mais complexa do que se pode imaginar. Para compreender essa relação é necessário observar algumas crenças dos iorubás. Para eles, tanto a vida quanto a morte são sagradas. Em todos os seus rituais eles consagram tanto a Terra quanto o Céu.

Eles acreditam na existência de várias almas. A primeira seria o princípio da existência, a respiração, o émi, dado aos homens por Olorum. Outra alma seria aquele que sempre segue o homem, a ojji, a senhora. A mais importante seria a alma ancestral, eledá ou ipòri, que está associada ao destino dos homens, à reencarnação e ligada à cabeça do homem, o ori. Segundo a tradição, é essa alma que comparece diante de Olorum antes de renascer um novo corpo.

Cada ori - cabeça - é modelada no orum pelo orixá Àjàtá, que tem o auxílio de Oxalá e das entidades ligadas ao destino, os odus - Èjiobe, Oyéku-méji, Irósun-méji, òwórín-meji, Òbára-méji, Okanràn-méji, Osá-méji, Òtürúpòn-méji. Òtüá. Dessa forma, cada cabeça é modelada formando o ipòri, a alma ancestral, de cada pessoa.

Se, por exemplo, Àjàlà usa a pedra ao criar a pessoa, ela deverá cultuar Ogum na Terra. Se for usada a água, o culto deverá ser feito aos orixás do elemento água, como Oxum e Yemanjá.


Retirado da revista Sexto Sentido Especial - Orixás, nº 46, Mythos Editora, São Paulo, 2010.

Em favor dos Enfermos

 Na grande área dos serviços fraternos de socorro ao próximo, demandando a ação da caridade, a cura das mazelas orgânicas, emocionais e mentais é de vital importância.

Certamente, mais delicado é o desafio da saúde moral, graças ao qual os fenômenos fisiopsíquicos assumem alta significação, apresentando-se como respostas inevitáveis.

O ideal, portanto, é trabalhar-se os valores íntimos do homem, de cuja harmonia deriva o bem-estar. Entretanto, na impossibilidade de conseguir-se a realização plena, no campo das causas, o empenho por minimizar-se os efeitos perniciosos assume significação relevante, por propiciar requisitos que facultam a instalação das fontes saudáveis na organização perispiritual.

Para que se logrem resultados favoráveis, é indispensável que o agente possua condições mínimas que sejam, a saber: harmonia interior, que decorre de uma conduta sadia; sentimentos de amor, que propiciem vibrações positivas; espírito de abnegação; saúde física e mental, de modo que a bioenergia, que se deseje doar, carreie forças restauradoras e atue nos centros vitais, gerando células sãs, portadoras de equipamentos harmônicos.

Ocorre, às vezes, que alguns instrumentos das curas contradizem esses itens mínimos, porém, eles próprios são pacientes, nos quais as enfermidades ainda não se manifestaram, apesar de já instaladas.

Agem para o bem, sem consciência do que lhes pode fazer bem.

Toda e qualquer pessoa forrada de bons propósitos pode e deve auxiliar o seu próximo, quando enfermo.

Não é exigível que aplique esta ou aquela técnica, sempre dispensável. Mas é essencial que se haja educado para o mister e procure, sinceramente, ajudar.

A irradiação da mente concentrada no bem, em favor de alguém, opera admiráveis resultados.

Unida à aplicação dessa energia, com as mãos distendidas, sem ruído ou ritual, a magnetização da água completa a operação socorrista, ao ser ingerida pelo paciente.

A sociedade, como um todo, necessita do equilíbrio e da saúde, no entanto, é no homem, como célula valiosa, que se deve iniciar o labor terapêutico.

É claro que muitos atletas, portadores de saúde física, são, por outro lado, expressões de conduta infeliz, perniciosa.

Os apologistas das raças superiores preocupam-se com os físicos ideais e portadores de linhas que expressem a procedência genética, despreocupados com os seus valores éticos e morais.

A saúde real é resultado da homeostase, vigente no homem, na qual o físico e o emocional se harmonizam perfeitamente.

Jesus curava e concedeu aos discípulos a faculdade de recuperar os enfermos.

Mantinha, no entanto, uma regra severa para a preservação da saúde, que era a recomendação em favor da conduta moral de modo que não lhes acontecesse nada pior.

A mente é fonte geradora de energias que esparze conforme as inclinações do espírito, sendo fator de infortúnio, como de felicidade, para si mesmo e para os demais.

Assim, orando, exercita os teus recursos latentes, canalizando-os em favor dos enfermos e recomendando-lhes mudanças de comportamento mental e moral para melhor, assim contribuindo para que a sociedade humana seja mais feliz.


Texto retirado do livro Momentos de Felicidade; Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Ângelis; Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 5ª Edição, 2014.

domingo, 12 de dezembro de 2021

Vem Comigo

 Pede a saideira que agora é brincadeira

E ninguém vai reparar

Já que é festa, que tal uma em particular?

Há dias que eu planejo impressionar você

Mas, eu fiquei sem assunto...


Vem comigo, no caminho eu te explico

Vem comigo, vai ser divertido, vem comigo...


Vem junto comigo que eu quero te contaminar

De loucura até a febre acabar

Há dias que eu sonho beijos ao luar

Em ilhas de fantasia


Há dias com azia, o meu remédio é o teu mel

Eu sinto tanto frio no calor do Rio

Já mandei olhares prometendo o céu,

Agora eu quero é no grito!


Vem comigo, no caminho eu te explico

Vem comigo, vai ser divertido, vem comigo...


Música de Cazuza, Guto Goffi e Dé gravada por Crikka Amorim em seu CD No Ponto lançado pela Camorim Discos em 2004.