sábado, 18 de dezembro de 2021

Olodumaré, o deus supremo

 Na mitologia iorubá, Olodumaré, conhecido também como Olorum, é o deus supremo que criou o universo e a vida.


Para muitos, Olodumaré é um deus que está fora da compreensão humana, por ser ditante e inacessível aos seres humanos. Ele separou o imaterial do material. O imaterial se refere ao infinito, o orum, habitado por seres sobrenaturais e entidades conhecidas como araòruns. É nesse local que habitam os antepassados e os orixás. O material se refere ao aiye (Terra), o mundo habitado pelos humanos, seres naturais.

Em algumas tradições, orum se situa no céu. Em outras, ele se localiza abaixo da terra. Essa ideia pode aparentemente ser comprovada durante as oferendas aos orixás, quando o sangue de animais sacrificados é derramado em um buraco cavado na terra, em frente ao local consagrado ao deus.

Para manter o controle sobre sua criação, Olodumaré, conhecido também como Olorum, criou os orixás que governam o mundo e suas criaturas. Cabe a ele resolver as questões e atritos entre os orixás.

Cada orixá é representado de forma material pelos elementos, e simboliza um arquétipo de atividade, de função, de profissão. No conjunto, eles se complementam e representam as forças que regem o mundo. É por meio deles que os homens dirigem suas preces e fazem oferendas a Olodumaré.

Os atributos de Olodumaré são: Único, Criador, Onipotente, Juiz e Eterno. Ele é considerado como "a poderosa e inalterável rocha que nunca morre" (Oyigiyigi Ota Aiku). Apesar de não receber cultos diretamente, sempre que uma divindade é cultuada, a saudação se inicia com a expressão Asé (axé), que significa "Possa Deus aceitar isso".

A relação entre os homens e os orixás se apresenta de uma forma mais complexa do que se pode imaginar. Para compreender essa relação é necessário observar algumas crenças dos iorubás. Para eles, tanto a vida quanto a morte são sagradas. Em todos os seus rituais eles consagram tanto a Terra quanto o Céu.

Eles acreditam na existência de várias almas. A primeira seria o princípio da existência, a respiração, o émi, dado aos homens por Olorum. Outra alma seria aquele que sempre segue o homem, a ojji, a senhora. A mais importante seria a alma ancestral, eledá ou ipòri, que está associada ao destino dos homens, à reencarnação e ligada à cabeça do homem, o ori. Segundo a tradição, é essa alma que comparece diante de Olorum antes de renascer um novo corpo.

Cada ori - cabeça - é modelada no orum pelo orixá Àjàtá, que tem o auxílio de Oxalá e das entidades ligadas ao destino, os odus - Èjiobe, Oyéku-méji, Irósun-méji, òwórín-meji, Òbára-méji, Okanràn-méji, Osá-méji, Òtürúpòn-méji. Òtüá. Dessa forma, cada cabeça é modelada formando o ipòri, a alma ancestral, de cada pessoa.

Se, por exemplo, Àjàlà usa a pedra ao criar a pessoa, ela deverá cultuar Ogum na Terra. Se for usada a água, o culto deverá ser feito aos orixás do elemento água, como Oxum e Yemanjá.


Retirado da revista Sexto Sentido Especial - Orixás, nº 46, Mythos Editora, São Paulo, 2010.

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