quinta-feira, 13 de junho de 2013

Dois

    Paulo Ricardo/Michael Sullivan

Quando você disse, nunca mais
Não ligue mais, melhor assim
Não era bem o que eu queria ouvir
E me disse decidida
" Saia da minha vida "
Que aquilo era loucura, era absurdo
E mais uma vez você ligou
Dias depois, me procurou
Com a voz suave, quase que formal
E disse que não era bem assim
Não necessariamente o fim
De uma coisa tão bonita e casual
De repente, as coisas mudam de lugar
E quem perdeu pode ganhar
Teu silêncio preso na minha garganta
E o medo da verdade
Eu sei que eu, eu queria estar contigo
Mas sei que não, sei que não é permitido
Talvez se nós, se nós tivéssemos fugido
E ouvido a voz desse desconhecido, o amor
O amor, o amor, o amor
Essa voz que chega devagar
Pra perturbar, pra enlouquecer
Dizendo pra eu pular de olhos fechados
Essa voz que chega a debochar
Do meu pavor, mas ao pular
Eu me vejo ganhar asas e voar
De repente as coisas mudam de lugar
E quem perdeu pode ganhar
Minha amiga, minha namorada
Quando é que eu posso te encontrar?

Música do CD O Amor Me Escolheu, de Paulo Ricardo, lançado em 1997.

Combinado Assim

               Gilson/Joran

Tudo bem pra mim
Se você diz que não
Tem mais jeito
Eu não posso te prender
Cada um faz o que acha direito
Combinado assim
O que você quiser eu aceito
Se você se arrepender
Volte logo ninguém é perfeito

Vou ficar aqui te amando
De qualquer maneira
Se preciso for a vida inteira
Toda noite aqui sonhando
Todo dia me dizendo
Que você me ama e vai voltar
Não vou me cansar
De te esperar

Tá combinado assim
A gente não diz adeus
Afinal, eu sei que a gente
Ainda se ama
Tá combinado assim
A gente vai dar um tempo
Quando precisar de mim
Você me chama

Faz de conta
Que eu não vou sofrer
Não diga nada
Siga o seu coração
E se por acaso eu chorar
Não se preocupe
É simplesmente emoção
Combinado assim

Música que abria o então LP de Adriana intitulado " Dom de Amar ", lançado em 1988 pela gravadora RGE.

sábado, 8 de junho de 2013

A Disciplina do Amor

     Lygia Fagundes Telles

Foi na França, durante a segunda grande guerra: um jovem tinha um cachorro que todos os dias, pontualmente, ia esperá-lo voltar do trabalho. Postava-se na esquina, um pouco antes das seis da tarde. Assim que via o dono, ia correndo ao seu encontro e na maior alegria, acompanhava-o com seu passinho saltitante de volta à casa. A vila inteira já conhecia o cachorro e as pessoas que passavam faziam-lhe festinhas e ele correspondia, chegava a correr todo animado atrás dos mais íntimos. Para logo voltar atento ao seu posto e ali ficar sentado até o momento em que seu dono apontava lá longe. Mas eu avisei que o tempo era de guerra, o jovem foi convocado. Pensa que o cachorro deixou de esperá-lo? Continuou a ir diariamente até a esquina, fixo o olhar ansioso naquele único ponto, a orelha em pé, atenta ao menor ruído que pudesse indicar a presença do dono bem-amado. Assim que anoitecia, ele voltava para casa e levava sua vida normal de cachorro até chegar o dia seguinte. Então, disciplinadamente, como se tivesse um relógio preso à pata, voltava ao seu posto de espera. O jovem morreu num bombardeio mas no pequeno coração do cachorro não morreu a esperança. Quiseram prendê-lo, distraí-lo. Tudo em vão. Quando ia chegando aquela hora ele disparava para o compromisso assumido, todos os dias. Todos os dias. Com o passar dos anos (a memória dos homens!) as pessoas foram se esquecendo do jovem soldado que não voltou. Casou-se a noiva com um primo. Os familiares voltaram-se para outros familiares. Os amigos, para outros amigo. Só o cachorro já velhíssimo (era jovem quando o jovem partiu) continuou a esperá-lo na sua esquina. As pessoas estranhavam, mas quem esse cachorro está esperando?... Uma tarde (era inverno) ele lá ficou, o focinho voltado para aquela direção.

do livro A Disciplina do Amor, da Ed. Nova Fronteira.

Princesa

      Flávio Venturini/Ronaldo Bastos

Vale tentar viver
Tudo demais.
Você me faz descobrir
O dom de iluminar.

Tudo que for sentir
Deve durar,
De tanto a luz explodir,
Aprender, conhecer,
Revelar.

Sim, princesa,
Sou quem vai chegar.
Da chuva da montanha
Vem se molhar.
Sempre, pra sempre
Sou do seu querer.
Estrela cintilante,
Vem me valer.

Vale dizer que sim,
Vale chorar.
De tanto o som expandir,
Descobrir, conhecer,
Revelar.

Sim, princesa,
Sou quem vem pedir.
Me faz arder em brasa,
Vem, me acende.
Chama, me chama,
Sou por teu querer.
Estrela cintilante,
Vem me valer.

Sempre, pra sempre
Sou do seu querer.
Estrela cintilante,
Vem me valer.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Cantiga de Amigo

      Elomar

Lá na casa dos carneiros
onde os violeiros vão cantar louvando você
Em cantigas de amigo
cantando comigo
somente porque você é
minha amiga, mulher
lua nova no céu que já não me quer

Dezessete é minha conta
vem amiga e conta uma coisa linda pra mim
conta os fios dos meus cabelos
sonhos e anelos
conta-me que o amor que não tem fim
madre, amiga é ruim
Me mentiu jurando amor que não tem fim

Lá na casa dos carneiros
sete candeeiros iluminam a sala de amor
sete violas em clamores
sete cantadores
são sete tiranas de amor
madre amiga, em flor
que partiu e até hoje não voltou

Dezessete é minha conta
vem amiga e conta
uma coisa linda pra mim

pois na casa dos carneiros
violas e violeiros
só vivem clamando assim
madre,
amiga é ruim
me mentiu jurando
amor que não tem fim

Belíssima regravação feita por "Diana Pequeno" em seu então LP de 1979 intitulado Eterno Como Areia. 

A Dança

           Pablo Neruda

Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascender da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,

Se não assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

domingo, 19 de maio de 2013

Sermão da Sexagenária

               Padre Vieira

Fazer pouco fruto a palavra de Deus no Mundo pode proceder de um de três princípios: ou da parte do pregador, ou da parte do ouvinte, ou da parte de Deus. Para uma alma se converter por meio de um sermão, há de haver três concursos: há de concorrer o pregador com a  doutrina, persuadindo; há de concorrer o ouvinte com o entendimento, percebendo; há de concorrer Deus com a graça, alumiando. Para um homem se ver a si mesmo, são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelho e olhos e é de noite, não se pode ver por falta de luz. Logo, há mister luz, há mister espelho e há mister olhos. Que coisa é a conversão de uma alma, senão entrar um homem dentro em si e ver-se a si mesmo? Para esta vista são necessários olhos, é necessária luz é necessário espelho. O pregador concorre com o espelho, que é a doutrina; Deus concorre com a luz, que é a graça; o homem concorre com os olhos, que é o conhecimento. Ora, suposto que a conversão das almas por meio da pregação depende destes três concursos: de Deus, do pregador e do ouvinte, por qual deles devemos entender a falta? Por parte do ouvinte, ou por parte do pregador, ou por parte de Deus?

Primeiramente, por parte de Deus, não falta nem pode faltar (...) deixar de frutificar a semente da palavra de Deus, nunca é por falta do céu, sempre é por culpa nossa. Deixará de frutificar a semente, ou pelo embaraço dos espinhos, ou pela dureza das pedras, ou pelos descaminhos dos caminhos; mas por falta das influências do Céu, isso nunca é nem pode ser. Sempre Deus está pronto da sua parte, com o sol para aquentar e com a chuva para regar; com o sol para alumiar, e com a chuva para amolecer, se os nossos corações quiserem(...)

Sendo, pois, certo que a palavra divina não deixa de frutificar por parte de Deus, segue-se que ou é por falta do pregador ou por falta dos ouvintes. Por qual será? Os pregadores deitam culpa aos ouvintes, mas não é assim. Se fora por parte dos ouvintes, não fizera a palavra de Deus muito grande fruto, mas não fazer nenhum fruto e nenhum efeito, não é por parte dos ouvintes. Provo.

Os ouvintes, ou são maus ou são bons; se são bons, faz neles grande fruto a palavra de Deus; se são maus, ainda que não faça neles fruto, faz efeito. (...) Os piores ouvintes que há na Igreja de Deus são as pedras e os espinhos. E por quê? - Os espinhos por agudos, as pedras por duras. (...) Oh! Deus nos livre de vontades endurecidas, que ainda são piores que as pedras! (...) E com os ouvintes de entendimentos agudos e os ouvintes de vontades endurecidas serem os mais rebeldes, é tanta a força da divina palavra, que, apesar da agudeza, nasce nos espinhos, e apesar da dureza, nasce nas pedras.

A Lenda daYara

         Maria Thereza Cunha
 
O pôr-do-sol é a hora da Yara. Ela mora nu fundo das águas, mas à tardinha vem à tona. Vem colher flores aquáticas para se enfeitar, vem brincar com os peixinhos alegres das margens do rio. Ou vem buscar noivo!
 
As índias dizem aos filhos:
 
- Não cheguem perto das águas na hora do pôr-do-sol! A Yara quer moços para afogar!
 
Os filhos escutam e ficam assustados; sabem que a Yara é linda e canta - e encanta!!
 
Certo dia, um tapuia valente remava sossegado. O sol ia alto no céu, mas o índio distraiu-se pensando e as horas se passavam...
 
Os primeiros pássaros voltavam aos ninhos.
 
Os primeiros sapos coaxavam longe. Anoitecia. O sol, lentamente, parecia afundar-se nas águas do rio.
 
Subitamente, de dentro d'água, uma flor brotou! Mas cantava! E sacudia, rindo, os negros cabelos, tão negros quanto seus olhos luminosos. Não era flor, era a Yara!
 
O moço índio virou a canoa e fugiu para a taba.
 
Mas a Yara já o havia enfeitiçado. Sua voz doce não lhe saía dos ouvidos. Sua lembrança o perseguia sempre.
 
E, ao pôr-do-sol, o índio tapuia olhava a canoa, louco para sair pelo rio.
 
- Não vá - pedia-lhe a mãe, chorosa! Ela sabia. Tinha a certeza de que o filho encontrara a linda Yara...
 
Lá longe, brincando com peixinhos e colhendo flores, a Yara cantava, esperando. Ela também sabia que o tapuia teria que voltar.
 
E foi o que aconteceu certa tardinha.
 
Os jasmins exalavam seu perfume.
 
Os pássaros voltavam para os ninhos.
 
E o índio, esquecendo sua taba e sua gente, pulou na canoa e remou...
 
Remou... até encontrar a bela Yara. E a Yara, sempre cantando, levou o índio valente para o fundo das águas...

sábado, 13 de abril de 2013

O dia em que Ícaro voou

                     Maria Danielle


Meu filho se comportava de maneira estranha desde o primeiro ano de vida: era muito agitado, se balançava com excitação sem motivo aparente, não me olhava nos olhos, não sentia minha falta e se apoiava em meus braços e mãos como se fossem objetos, entre outras atitudes que me sinalizavam que algo estava errado. Quando Ícaro começou a frequentar a escola, aos 3 anos, foi descrito como " problemático " por uma professora. Procurei ajuda profissional na rede pública - as psicólogas que nos atenderam não identificaram nada de anormal e a pediatra disse que o problema era que eu estava muito ansiosa com a situação e minhas inquietações influíam no comportamento no comportamento dele. Queria dizer então que a culpa era minha? Parecia.

Meu marido começou a pesquisar na internet sobre distúrbios, dificuldades de aprendizado, neuroses, esquisitices... passava horas por dia em frente ao computador. Sou atriz e, decidida a encontrar uma maneira de me comunicar com meu filho, resolvi estudar o mundo dele. A essa altura, com 3 anos e meio, Ícaro ainda não falava, expressava-se apenas com grunhidos e gritos.

Um dia reparei que uma das coisas que ele mais gostava era ficar muito tempo em frente ao espelho. Tive então a ideia de usar a superfície como nosso meio de comunicação: por meio da imagem refletida meu filho começou a me olhar nos olhos e eu falava com ele... Montei uma " casa de doidos ": distribuí espelhos de vários tipos e tamanhos pelas paredes dos quartos e em cima dos móveis. Ícaro começou a  dizer algumas palavras soltas,  geralmente quando queria algo.

Em um feriado prolongado meu marido e eu resolvemos criar uma pequena cena para chamar a atenção do Ícaro. Na sala, deixamos apenas um sofá, uma cadeira e uma bandeja com um copo. O roteiro era o seguinte: eu pegava o copo e dizia: " Que suco gostoso! ". O pai dele falava: " Isso é suco? Eu quero suco ". E eu: " Então tome! " e lhe entregava o copo, ao que ele respondia com um " Obrigado ". Encenamos a sequência por 3 dias seguidos, praticamente sem parar.

Ícaro nos ignorou nas primeiras vezes. No entanto, na medida em que o roteiro se repetia, ele começou a mostrar mais interesse. Ficava muito animado com as cenas exatamente iguais. Quando, cansado de encenar por tantas vezes, meu marido atrasou uma de suas falas, Ícaro entrou bruscamente na brincadeira, muito empolgado: " Ei, eu quero suco! ", disse. Correu em minha direção, pegou o copo da minha mão e o levou à boca. O recipiente obviamente estava vazio, pois era apenas um teatro. Em seu rosto surgiu uma expressão de surpresa por não encontrar nenhum líquido dentro do copo. Meu marido e eu choramos e rimos ao mesmo tempo. foi a peça mais linda de que já participei.

Desde então comecei a entender meu filho: é um menino que gosta de pessoas, tem preferências e interesses - ele apenas processa as informações de maneira diferente. Ícaro é maravilhoso, me inspira em minha profissão. Crianças com transtorno do espectro autista (TEA) não são desobedientes, mimadas ou mal-educadas. Cada um tem um modo muito individual de ser e sentir e não há uma receita que sirva para lidar com todas elas - como também não há uma para amar.

Maria Danielle, atriz e mãe de Ícaro, autista de 8 anos. Depoimento publicado no site " Estou Autista ".

Matéria publicada na edição especial 6 " Doenças do Cérebro - Autismo " da revista Mente Cérebro da Duetto Editorial. 

domingo, 7 de abril de 2013

Uma história a ser contada

            Refeito da delicada neurocirurgia para resseção
            do hemisfério cerebral esquerdo, paciente com
            tipo raro de epilepsia relata sua experiência com
            a doença e o tratamento.


Eu era uma criança de boa saúde até os 4 anos, quando começaram as crises. Às vezes chegavam a 280 em um único dia. Você pode imaginar o que sejam quase 300 ataques que fazem tremer e sacudir o corpo descontroladamente, sem que eu pudesse ter nenhum domínio sobre meus músculos? Apesar dos 17 anticonvulsivos que tomava todos os dias, por anos a fio, a situação não melhorava. Comecei então a perder as funções motoras do lado direito do corpo e a  capacidade de falar. Por esse motivo necessitava que alguém me acompanhasse a todo lugar aonde precisasse ir. Essa situação era insuportável e a insegurança, constante. Até para ações cotidianas aparentemente simples, como ir ao banheiro, eu precisava de supervisão, pois corria o risco de cair e me ferir - o que aconteceu muitas vezes. Além da exposição ao perigo físico, havia as limitações sociais. Por exemplo, nenhuma escola me aceitava, em razão dos riscos aos quais estava exposto durante as crises.

Eu sofria de síndrome de Rasmussem, um tipo raro de epilepsia. A doença que acomete crianças causa reação inflamatória de natureza ainda desconhecida nos tecidos cerebrais. Os primeiros sintomas foram tontura e desmaios. Em seguida começaram as convulsões. Meus pais ficaram sem saber o que fazer diante daquele quadro. Durante nove anos andamos de médico em médico, de hospital em hospital e fui submetido aos mais diversos exames - mas nada nos levou a um tratamento que oferecesse resultado. Mesmo novos medicamentos que eram propostos se mostravam ineficazes. Enquanto isso, os ataques aconteciam com frequência cada vez maior e rapidamente comecei a perder as funções motoras e a  capacidade verbal.

Em 1995, em meio a tantas dificuldades apareceu uma esperança: a possibilidade de ser submetido a uma delicada cirurgia no cérebro. Embora fosse uma operação de alto risco eu não dispunha de opções. Era preciso apostar, naquele momento, na única saída que parecia viável. Na época eu tinha 13 anos e uma certeza me iluminava: precisava sair da prisão em que a doença tinha me colocado. Os médicos nos alertaram para o fato de que eu corria perigo de morte e afirmavam que, se sobrevivesse, poderia ter sequelas, mas eu e meus pais não perdemos a fé de que tudo ficaria bem. A cirurgia foi realizada no Hospital São Caetano, em São Paulo, pela equipe de neurocirurgia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

A internação durou 45 dias e fiquei 21 dias sem fala. Até que minha mãe, durante o período de recuperação, teve a ideia de ligar para a minha professora, para que eu pudesse pelo menos ouvir sua voz. Repentinamente, tive o impulso de pegar o telefone da mão da minha mãe e comecei a conversar com ela. Foram necessários, ao todo, nove meses para minha recuperação, fortemente alicerçada em sessões de fisioterapia para reverter os prejuízos da paralisia no lado direito do corpo devido ao grande número de crises epiléticas que sofri. Depois disso, voltei à escola.

Hoje, passados 17 anos desde a realização do procedimento, estou refeito da delicada neurocirurgia para resseção do hemisfério cerebral esquerdo e sinto-me à vontade para falar (ou escrever) sobre minha experiência com a doença e o tratamento. Às vezes alguém me pergunta se o resultado valeu o sofrimento, a persistência e o esforço. Sem dúvida, valeu muito. Posso afirmar que houve uma reviravolta em minha vida. Hoje não tenho mais crises convulsivas. Com certeza, a principal mudança foi a liberdade que adquiri de poder sair sozinho, sem o fantasma dos ataques epiléticos a rondar - algo corriqueiro para a maioria das pessoas, mas uma grande conquista em minha vida. Hoje, aos 30 anos, estudo, trabalho no departamento de recursos humanos de uma grande empresa, tenho muitos amigos, gosto de viajar e de jogar videogame. Uma coisa é certa: não quero parar de aprender e de me desenvolver.

Por Luis Fernando Ribeiro de Lima, que registrou sua experiência com a doença e a cirurgia em " Vivendo um Milagre " (Spmac, 2009)

Matéria publicada na edição especial 5 " Doenças do Cérebro - Epilepsia e TDAH " da revista Mente Cérebro da Duetto Editorial.