sábado, 20 de março de 2021

A Consciência

 O cérebro não produz a consciência, que procede do Espírito, permanecendo independente das células.

Através dele exterioriza-se, e, quando os seus equipamentos se apresentam defeituosos impedem-lhe a manifestação na área física.

O homem é, portanto, o ser espiritual, momentaneamente encarcerado no corpo de carne e osso que deve conduzir com elevação, buscando alcançar a finalidade para a qual se encontra em regime transitório, pois que está fadado à imortalidade, à glória.

O instrumento somático passa,  terminada a programação que lhe foi estabelecida pelo Espírito que o vitaliza, na condição de meio para a reparação dos deslizes morais do passado e aquisição de conhecimentos e amor para o futuro.

Viver para a realização exclusiva da matéria constitui grave equívoco de consequências lamentáveis, em face da decepção que proporciona, em razão da sua constituição transitória.

Desprezá-lo, a pretexto de superação mental, igualmente se torna crime de efeitos danosos, considerando-se o valor de que se reveste.

O homem tem por obrigação viver conforme as circunstâncias, colocando a consciência em Deus e liberando-a dos limites estreitos do corpo.

Rompe, desse modo, a ligação entre a tua consciência e as paixões que se manifestam pelo teu corpo, remanescentes das tuas marchas ancestrais nas formas primárias.

Separa os laços da forma carnal em que predominam a dor, a ansiedade, a fome, a insatisfação frustradora, as enfermidades minadoras das resistências morais.

Aquieta-te e respira livremente, esquecendo as limitações orgânicas, e voa com a tua consciência pelos rumos infinitos.

Banha-te com a luz da esperança e da paz irradiando-a em favor de outras vidas.

Sê a claridade que se espraia, rasgando as sombras do corpo, as barreiras do cérebro, as mágoas do coração.

A consciência é irradiação do pensamento eterno, expressando-se na dimensão da própria conquista.

Lúcida, reflete as conquistas logradas.

Confusa, demonstra a situação penosa em que ainda se encontra.

Sempre, porém, dispõe de recursos para crescer e romper barreiras.

A sua condição de lucidez propicia calma, confiança e fé irrestrita no próprio destino.

Quando aturdida, gera balbúrdia, desarticulando os implementos nervosos pelos quais se externa.

Consulta com a razão os painéis da tua consciência e trabalha com afinco o campo do amor e do conhecimento no qual ela se expande na busca da Causalidade Cósmica.


Texto retirado do livro Momentos de Alegria. Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Ângelis. Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 4ª Edição, 2014.


sábado, 13 de março de 2021

Ego e Eu

 A batalha mais difícil de ser travada ocorre no teu mundo íntimo.

Ninguém a vê, a aplaude ou censura.

É tua. Vitória ou derrota pertencerá a ti em silêncio.

Nenhuma ajuda exterior poderá contribuir para o teu sucesso, ou conjuntura alguma te levará ao fracasso.

Os inimigos e os amigos residem na tua casa interior e tu os conheces.

Acompanham-te; desde há muito estás familiarizado com eles, mesmo quando te obstinas por ignorá-los.

Eles te induzem a glórias e a quedas, a atos heroicos e a fugas espetaculares, erguendo-te às estrelas ou atrelando-te ao carro das ilusões.

São conduzidos, respectivamente, pelo teu ego e pelo teu Eu.

O primeiro comanda as paixões dissolventes, gerando o reinado do egoísmo cego e pretensioso que alucina e envilece.

É herança do primarismo animal, a ser direcionado, pois que é o maior adversário do Eu.

Este é a tua individualidade cósmica, legatária do Amor de Deus que te impele para as emoções do amor e da libertação.

Sol interno é chama na fumaça do ego, aguardando o momento de dissipá-la, a fim de brilhar em plenitude.

O ego combate e tenta asfixiar o Eu.

O Eu é o excelente libertador do ego.

Sob disfarces, que são as suas estratégias de beligerância criminosa, o ego mente, calunia, estimula a sensualidade, fomenta a ganância, gera o ódio, a inveja, trabalha pela insensatez.

Desnudado, o Eu ama, desculpa, renuncia, humilha-se e serve sem cessar.

Jamais barganha ou dissimula os seus propósitos superiores.

O ego ameaça a paz e se atulha com as coisas vãs, na busca instável da dominação injusta.

O Eu fomenta a harmonia e despoja-se dos haveres por saber que é senhor de si mesmo e não possuidor dos adornos destituídos de valor real.

César cultivava o ego e marchou para a sepultura sob as honrarias que ficaram à sua borda, prosseguindo a sós conforme vivia.

Jesus desdobrou o Eu divino com que impregnou a Humanidade e, ao ser posto na cruz, despojado de tudo, prosseguiu, de braços abertos, afagando todos que ainda O buscam.

O ego humano deve ceder o seu lugar ao Eu cósmico, fonte inesgotável de amor e de paz.

Não cesses de lutar, nem temas a refrega.


Texto de Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Ângelis retirado do livro Momentos de Meditação, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 3ª edição, 2014.

sábado, 6 de março de 2021

Comunicação

 O instinto gregário induz os animais e os homens à aproximação, em favor da própria sobrevivência, e a comunicação, por mais rudimentar que se apresente, é o veículo de que utilizam para a convivência. Assim, a comunicação é de alta importância no relacionamento do seres.

Quanto mais educados, de melhores possibilidades dispõem os indivíduos para se comunicarem.

A aquisição da palavra ofereceu ao homem inesgotáveis recursos para a exteriorização da criatividade, da beleza, da imaginação, da inteligência e do sentimento.

O bom direcionamento do verbo é responsável pela união das criaturas, pela fraternidade, pela preservação dos valores morais e espirituais da humanidade.

Quando a palavra se entibia, perdendo o significado e sendo substituída por verbetes que expressam apenas vulgaridade e desapreço, a sociedade cambaleia e o homem estertora.

Neste sentido, a cultura hodierna conseguiu logros dantes jamais sonhados, e a ciência e a arte da comunicação, graças à informática, oferecem extraordinários recursos para o inter-relacionamento das pessoas. As mensagens visuais e auditivas multiplicam-se em toda parte, convidando ao intercâmbio de toda classe. Como efeito, em razão do excesso, defrontamos a poluição pelas imagens e ruídos que impedem a assimilação dos conteúdos, tal o volume assustador mediante o qual se apresentam.

Aturdido, o indivíduo silencia e busca fugir desse tumulto perturbador, a prejuízo das compensações que se derivam da comunicação agradável e ilustrativa.

Há necessidade permanente de estímulos para viver-se com dignidade: de intercâmbio de ideias em favor do crescimento íntimo; de renovação de conceitos e clichês pessoais em benefício do autoamadurecimento  psicológico, e esses valores defluem de uma boa comunicação.

O enriquecimento vocabular para bem vestir as ideias é de relevante importância e resulta das conversações esclarecedoras, das leituras nobres, dos estudos cuidadosos.

A gíria, os conceitos de duplo sentido, as expressões chãs conduzem ao deterioramento das relações, à agressividade, ao primitivismo. Mesmo aqueles que os usam em momentos de alegria, facilmente se desajustam e se agridem, dando campo a cenas lamentáveis, em face da comunicação infeliz.

Por outro lado, a vulgaridade cria um idioma dentro do idioma, a fim de expressar o grotesco e pernicioso da personalidade enferma, assim comprazendo o ego que se sente realizado no pequeno grupo onde reina.

Não fales apenas por falar.

A boa comunicação resulta da qualidade do tema e da forma como se apresenta; da sinceridade com que se o expões, assim como da motivação de que se reveste.

Não é necessário que a voz tonitruante ou melosa o traduza, mas sim a naturalidade sempre oportuna em qualquer circunstância.

Fala e escreve com real desejo de fazer-te entendido, tornando tua palavra uma mensagem permanente quão agradável.

O verbo, a serviço da vida, é operário do progresso, da felicidade, do bem geral.

Aprende, também, a ouvir, de modo a não atropelares o teu interlocutor como se a palavra a ti somente pertencesse. Enquanto ouças, raciocina, coordena ideias para que a comunicação se torne simpática e proveitosa.

Por timidez ou mau humor, evita a atitude de silêncio constrangedor. Há momentos em que ele se impõe. No entanto, discreto, produzindo compreensão.

Muitos silenciam e falam, enquanto que outros com muitas palavras nada dizem.

A comunicação verbal de Jesus, porque exarada mediante conceitos de forma simples e conteúdo profundo, permanece atual, sensibilizando quantos lhe tomem conhecimento.

O otimismo, a esperança, a advertência benéfica defluem das Suas palavras, que objetivam ajudar, iluminar, libertar os ouvintes.

A comunicação escrita de Paulo, seu apóstolo, é um reservatório de austeridades, diretrizes e comentários que perpetuam no coração dos leitores a herança evangélica aplicada no cotidiano.

Sem subterfúgios, sem florilégios excessivos, Jesus e Paulo permanecem como símbolos da boa comunicação para todos os homens.

Trava relações de amizade com ambos e comunica-te com o teu próximo, irradiando alegria e paz como eles o faziam.


Texto de Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Ângelis retirado do livro Momentos de Iluminação, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 4ª Edição, 2015.

sábado, 27 de fevereiro de 2021

Modelo de Perfeição

 Não há notícia alguma sobre uma pessoas que Lhe haja sido igual.

Sábio incomum, manteve-se por quase trinta anos em silêncio, apenas uma vez interrompido, quando contava  somente doze anos, demonstrando sua ímpar capacidade intelecto-moral.

Com um pequeno grupo de doze homens simples, quase sem cultura, fundou um Colégio em contato com a Natureza, ali ministrando em breve tempo a mais ampla gama de conhecimentos gerais de que se tem informação, que se fundamentavam na lição viva do amor.

Transitou entre os vários fogos da inveja e da impiedade, enfrentando a astúcia e a perversidade, sem nunca deixar-se chamuscar.

Compôs com ternura o mais perfeito Código de Justiça Espiritual, que é a canção incomparável das Bem-aventuranças.

Conviveu com a miséria social, moral e econômica do mundo, sem fazer-se mesquinho ou revoltado.

Conheceu os poderosos em trânsito no mundo, os ricos e dominadores, sem os invejar ou combater.

Ecologista nato, tomou como modelo as expressões vivas da Terra: as aves, as serpentes, os lobos, os peixes, os lírios do campo, o mar, a mostarda, para compor insuperáveis parábolas em respeito ao equilíbrio vigente em tudo.

Estabeleceu na fraternidade a mais salutar experiência social para a convivência humana mediante trocas, sem destaque de indivíduo ou de posse, concitando a uma experiência em comum, que resultou em êxito incomum.

Não desperdiçou palavras nem agiu com insensatez, sendo sempre comedido.

Amou a infância, os pecadores e mesmo os inimigos.

Mestre, não retirou a oportunidade da aprendizagem saudável de cada um, ensinando como ser feliz e concedendo espaço para que os discípulos aprendessem a lográ-la.

Terapeuta eficiente, curou enfermidades e explicou como erradicá-las, advertindo os pacientes sobre as recidivas e novas complicações.

Jamais ostentou os poderes de que era portador, ou os ocultou.

Disciplinado, submeteu-se à vontade de Deus, sem queixas ou receios injustificáveis até o extremo da renúncia pessoal.

E por amar em demasia entregou-se à crucificação e à morte, para ressurgir, logo depois, a fim de confirmar todos os Seus ensinamentos e voltar à convivência afetuosa com as criaturas, aquelas mesmas que duvidaram, fugiram e negaram-nO.

Por isso, e muito mais, Jesus "é o ser mais perfeito que Deus ofereceu ao homem para servir-lhe de modelo e guia", conforme afirmaram os Espíritos a Allan Kardec.


Texto retirado do livro Momentos de Harmonia, Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 3ª Edição, 2014.

sábado, 20 de fevereiro de 2021

Silêncio Interior

 Há muito ruído, muita perturbação no mundo.

Na confusão estabelecida, as criaturas se agitam, se agridem, se desgastam.

Degeneram os ideais superiores, por falta de suportes morais; desencantam-se os lidadores entusiastas, por lhes faltarem cooperação; desistem ativistas das boas obras, por fenecerem as forças desgovernadas pelos choques enfrentados.

Como efeito, o desequilíbrio arma os corações de suspeita e medo, produzindo uma legião de infelizes.

A onda cresce e a bulha aumenta.

As harmonias cedem lugar aos sons de altos decibéis e as mentes em descompassos adotam ritmos alucinados.

Muita falta faz o silêncio no mundo.

Silêncio em derredor; silêncio interior.

Silêncio que propicie calma; silêncio que faculte reflexão.

O silêncio é fundamental para o equilíbrio fisiopsíquico do homem.

Atua como terapia refazente; é estímulo à renovação.

Fala-se muito, demasiadamente, sem necessidade. E os temas são frívolos, queixosos, lamentáveis.

Mediante o falatório desenfreado, eliminam-se toxinas que são reabsorvidas e produzem envenenamento geral.

Os comentários pessimistas, dissolventes, aleivosos, apenas deslustram, enfermam.

Necessário fazer silêncio para pensar, para agir.

Sem reflexão anterior, a ação torna-se precipitada, resultado de impulso incontrolado, normalmente malsucedida.

O silêncio contribui para a harmonia geral.

É também uma forma de respeito ao direito do outro.

Silêncio não significa falta de conversação, na acepção que desejamos dar. É ausência de gritaria, não de diálogo fraterno e iluminativo.

Nasce na paz interna e externa-se como cooperação em favor das demais pessoas.

Para ser eficiente no exterior, é preciso que seja habitual no mundo íntimo do homem.

Acostuma-se a fazer silêncio mental, harmonizando-te interiormente, cultivando ideias saudáveis que resultem em construções felizes.

Concentra-te em pensamentos bons e edificantes, de modo a fixares as ideias melhores. Habituado a tal conduta, evoluirás da concentração è meditação e desta à paz real.

Quietação nem sempre é silêncio.

Há a quietude pantanosa, que guarda miasmas e morte para os incautos que se iludem com a sua aparência.

Mantém a serenidade como resultado do hábito de silenciar a futilidade e as reações negativas, e como reflexo da conquista do teu  autoconhecimento.

Jesus, em silêncios homéricos, ensinou, falando o suficiente para a felicidade do homem, demonstrando, sem palavras, a própria grandeza; enquanto outros, atribulados, por muito se permitirem os excessos da palavra, vieram a perder-se.


Texto retirado do livro Momentos de Esperança, Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 3ª Edição, 2014.

sábado, 13 de fevereiro de 2021

Necessário Despertar

Inúmeros candidatos ao conhecimento das informações espíritas - portadoras dos relevantes mecanismos para a reforma íntima - detêm-se, inconsequentes, na expectativa de milagres, que os não há, para a solução de problemas que eles próprios criaram e continuam gerando, ou esperam que a simples adesão formal a uma sociedade, onde se divulga o Espiritismo, é suficiente para plenificá-los.

Fixados ao atavismo do maravilhoso e do sobrenatural, perseveram na crença leviana de que os Espíritos desencarnados tudo sabem, tudo podem, com a missão expressa de resolver as dificuldades humanas, desse modo, candidatando as criaturas à ignorância e ao atraso.

Acostumados às notícias extravagantes do misticismo que envolve a mediunidade e dos tabus em torno das comunicações espirituais, negam-se ao estudo sério, ou intentam-no, logo o abandonando, apoiados às bengalas psicológicas do comodismo de que lhes parece difícil a absorção do conhecimento espiritual, seja pela impossibilidade de manter a atenção, ou por deficiência de memória, ou ainda por perturbações de vária ordem, que os afligem, adormecem, incomodam.

A argumentação simplista não procede, porquanto, em outras áreas do comportamento, seja no trabalho, no relacionamento interpessoal, nas pesquisas e cursos, se não houver um sincero interesse e legítima dedicação, ocorrem os mesmos fenômenos perturbadores, desestimulantes.

Toda experiência nova é desafio, caracterizado por dificuldades superáveis, que mais desperta os valores morais de quem o deseja vivenciar. No que diz respeito àquelas experiências de complexidade profunda, quais as de transformação do homem velho em um novo ser, os patamares a conquistar são múltiplos, revestidos de compreensíveis impedimentos.

Não se alteram hábitos doentios, perniciosos, de um momento para outro, com apenas a disposição, sem o correspondente esforço para consegui-lo.

A transformação interior para melhor, que o conhecimento espírita propicia, é precedida de um necessário despertar para a aceitação de novos e preciosos valores morais, que satisfazem e harmonizam a criatura.

Desse modo, ao desejo de crescimento, devem aliar-se o esforço contínuo e o devotamento às ideias renovadoras, trabalhando-se por entender as diretrizes que se lhe apresentam, experimentando e insistindo na sua implantação no mundo íntimo.

A vitória de qualquer tentame chega após a permanência na sua execução.

Substitui, mediante as informações libertadoras do Espiritismo, os velhos hábitos, um a um, adotando novo comportamento mental, e, depois, vivencial, a fim de que a renovação se te faça contínua, incessante.

Fixa-te no propósito de vencer os velhos condicionamentos e adota as propostas de ação positiva, que te auxiliarão no crescimento íntimo.

Liberta-te dos instrumentos frágeis de justificação, evitando as fugas psicológicas à realidade, à responsabilidade.

Insiste na lapidação das arestas grosseiras da personalidade e adapta-se ao novo modo de entender e ser, incorporando à conduta as diretrizes espirituais.

Dar-te-ás conta dos benefícios imediatos que advirão, das soluções aos problemas que surgirão, enfim, de que o empenho se coroa de êxito na razão direta do esforço encetado.

Não foi fácil a Simão Pedro transferir-se do mar da Galileia, onde pescava com simplicidade, para a experiência difícil no oceano tumultuado da humanidade...

Foi grandemente dolorosa a transferência psíquica, emocional e humana de Saulo de Tarso, da exaltação judaica e da opulência do Sinédrio, bem como de uma família abastada, para a atividade áspera de artesão e apóstolo de Jesus...

Macerada foi a conduta da equivocada de Magdala, ao adotar as lições do Mestre como regra de iluminação íntima, que conseguiu a duras penas...

A História está repleta de heróis da transformação para melhor, que todos respeitam, porém, são incontáveis os conquistadores anônimos do continente da alma, que estavam perdidos e se encontraram.

O Espiritismo, hoje, revivendo Jesus ontem, oferece os valiosos esclarecimentos para a felicidade, a autodescoberta, a iluminação íntima libertadora.

Para consegui-lo é, primeiro, necessário despertar.


Texto retirado do livro Momentos Enriquecedores, Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 2ª Edição, 2015.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

De volta Ao Começo

E o menino com o brilho do sol
Na menina dos olhos sorri e estende a mão
Entregando o seu coração
E eu entrego o meu coração

E eu entro na roda
E canto as antigas cantigas de amigo irmão
As canções de amanhecer
Lumiar a escuridão

E é como se eu despertasse de um sonho
Que não me deixou viver
E a vida explodisse em meu peito
Com as cores que eu não sonhei

E é como se eu descobrisse
Que a força esteve o tempo todo em mim
E é como se então de repente
Eu chegasse ao fundo do fim
De volta ao começo

De volta ao começo
De volta ao começo
Ao fundo do fim
De volta ao começo
Ao fundo do fim

Música que deu título ao então LP de Gonzaguinha lançado em 1980 pela Odeon, mais tarde, fundida com outra gravadora passou a ser EMI-Odeon. Gal Costa, em 1984, regravou a canção em seu LP "Profana", lançado pela RCA, mais tarde BMG-Ariola.

Solidão de Amigos

Lenha na fogueira
Lua na lagoa
Vento da poeira
Vai rolando à toa
A cantiga espera
Quem lhe dê ouvidos
A viola entoa
Solidão de amigos

A saudade lembra
De lembranças tantas
Que por si navegam
Nessas águas mansas

Quando a cachoeira
Desce nos barrancos
Faz a várzea inteira
Se encolher de espanto
Lenha na fogueira
Luz de pirilampos
Cinzas de saudades
Voam pelos campos

Regravação feita por Amelinha em seu então LP Caminho do Sol, lançado pela CBS em 1985. Gravação original feita pelo Jessé.

sábado, 6 de fevereiro de 2021

Benfeitora

Floresce, espontânea, em toda parte, independendo dos fatores que lhe propiciam o desabrochar.

Inesperadamente aparece nos solos áridos, nos quais os sentimentos não medram.

Nas terras encharcadas da emotividade abundante, também surge sem qualquer programação...

Sua presença é percebida, logo de início, convidando à atenção que nela se fixa, a partir desse momento.

Em todas as épocas, ei-la presente estabelecendo diretrizes e caracterizando pessoas, grupos e nações.

Detestada, não teme as reações, tornando o seu apelo mais forte.

Aceita, diminui a agudeza dos seus efeitos, suavizando-os.

Estudada por teóricos e práticos, todos se lhe referem de maneira variada, sem chegarem a uma conclusão unânime.

A verdade, porém, é que se faz conhecida sempre, e ninguém pode impedir-lhe a presença.

Depois que encerra um ciclo, prepara, para um novo cometimento, a sua oportuna aparição.

Nenhum recurso a impede, porque, por enquanto, ela é a única maneira de conduzir o homem na conquista dos Altos Cimos da Vida, desde que o amor não logre fazê-lo.

Esta flor abençoada, que surge nos terrenos de todas as vidas, é a dor.

Este homem padece de injunções socioeconômicas e tem a alma em desalinho.

Aquele experimenta a abundância de valores amoedados e sofre a solidão afetiva que o dinheiro não pode comprar.

Esse, arde nas brasas do desejo, insatisfeito, e, lasso, entrega-se ao frenesi da promiscuidade.

Este outro, esgrime o ódio e sofre-lhe a rebeldia dilacerante nos tecidos íntimos do ser.

Aqueloutro caminha chancelado pelas etiquetas das patologias cruéis.

Uns definham nas garras afiadas de enfermidades irreversíveis.

Outros derrapam em alucinações inimagináveis...

Todos, porém, sofrendo a constrição das dores de variada expressão, amargurando, lapidando, despertando para novos valores da vida, que permanecem desprezados.

A dor é benfeitora anônima, que a todos visita.

Cessados os seus efeitos perturbadores, quantas conquistas morais e espirituais!

Os prepotentes, que a desconsideram, não chegam ao termo da jornada, sem experimentar-lhe a companhia.

Os ingratos, que se supõem felizes, não lhe fogem à presença.

Os orgulhosos, que a desprezam, considerando-se inatingíveis, encontram-na adiante...

Ela verga toda cerviz e submete, sem exceção, todas as criaturas.

O seu cerco é invencível e ela sai-se sempre vencedora.

É instrumento da Lei, que o próprio homem vitaliza e necessita.

Tu, que conheces Jesus, recebe sem rebeldia essa benfeitora.

Não se trata de um masoquismo, mas, sim, da inevitabilidade de sofrer, transformando esse estado em formosa aquisição de bênçãos.

Há os testemunhos à fé e os resgates que procedem do passado.

Seja qual for o motivo, transforma-o em oportunidade iluminativa, porque estás na Terra para crescer e evoluir, adquirindo experiências de profundidade.

A dor, que a muitos amesquinha, envilece e atordoa, deve constituir-te em estímulo para a grande vitória sobre ti mesmo.

Não te preocupes com mais nada, e,  sob o seu jugo, confiante, avança com a dor até conseguires o teu momento de plena libertação.


Texto de Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Ângelis retirado do livro Momentos de Felicidade, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 5ª Edição, 2014.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Livro

Tropeçavas nos astros desastrada
Quase não tínhamos livros em casa
E a cidade não tinha livraria
Mas os livros que em nossa vida entraram
São como a radiação de um corpo negro
Apontando pra expansão do Universo
Porque a frase, o conceito, o enredo, o verso
(E, sem dúvida, sobretudo o verso)
É o que pode lançar mundos no mundo.

Tropeçavas nos astros desastrada
Sem saber que a ventura e a desventura
Dessa estrada que vai do nada ao nada
São livros e o luar contra a cultura.

Os livros são objetos transcendentes
Mas podemos amá-los do amor táctil
Que votamos aos maços de cigarro
Domá-los, cultivá-los em aquários,
Em estantes, gaiolas, em fogueiras
Ou lançá-los pra fora das janelas
(Talvez isso nos livre de lançarmo-nos)
Ou - o que é muito pior - por odiarmo-los
Podemos simplesmente escrever um:

Encher de vãs palavras muitas páginas
E de mais confusão as prateleiras.
Tropeçavas nos astros desastrada
Mas pra mim foste a estrela entre as estrelas.

Música de Caetano Veloso que dá título ao seu CD lançado em 1997, pela PolyGram Discos.