sábado, 6 de março de 2021

Comunicação

 O instinto gregário induz os animais e os homens à aproximação, em favor da própria sobrevivência, e a comunicação, por mais rudimentar que se apresente, é o veículo de que utilizam para a convivência. Assim, a comunicação é de alta importância no relacionamento do seres.

Quanto mais educados, de melhores possibilidades dispõem os indivíduos para se comunicarem.

A aquisição da palavra ofereceu ao homem inesgotáveis recursos para a exteriorização da criatividade, da beleza, da imaginação, da inteligência e do sentimento.

O bom direcionamento do verbo é responsável pela união das criaturas, pela fraternidade, pela preservação dos valores morais e espirituais da humanidade.

Quando a palavra se entibia, perdendo o significado e sendo substituída por verbetes que expressam apenas vulgaridade e desapreço, a sociedade cambaleia e o homem estertora.

Neste sentido, a cultura hodierna conseguiu logros dantes jamais sonhados, e a ciência e a arte da comunicação, graças à informática, oferecem extraordinários recursos para o inter-relacionamento das pessoas. As mensagens visuais e auditivas multiplicam-se em toda parte, convidando ao intercâmbio de toda classe. Como efeito, em razão do excesso, defrontamos a poluição pelas imagens e ruídos que impedem a assimilação dos conteúdos, tal o volume assustador mediante o qual se apresentam.

Aturdido, o indivíduo silencia e busca fugir desse tumulto perturbador, a prejuízo das compensações que se derivam da comunicação agradável e ilustrativa.

Há necessidade permanente de estímulos para viver-se com dignidade: de intercâmbio de ideias em favor do crescimento íntimo; de renovação de conceitos e clichês pessoais em benefício do autoamadurecimento  psicológico, e esses valores defluem de uma boa comunicação.

O enriquecimento vocabular para bem vestir as ideias é de relevante importância e resulta das conversações esclarecedoras, das leituras nobres, dos estudos cuidadosos.

A gíria, os conceitos de duplo sentido, as expressões chãs conduzem ao deterioramento das relações, à agressividade, ao primitivismo. Mesmo aqueles que os usam em momentos de alegria, facilmente se desajustam e se agridem, dando campo a cenas lamentáveis, em face da comunicação infeliz.

Por outro lado, a vulgaridade cria um idioma dentro do idioma, a fim de expressar o grotesco e pernicioso da personalidade enferma, assim comprazendo o ego que se sente realizado no pequeno grupo onde reina.

Não fales apenas por falar.

A boa comunicação resulta da qualidade do tema e da forma como se apresenta; da sinceridade com que se o expões, assim como da motivação de que se reveste.

Não é necessário que a voz tonitruante ou melosa o traduza, mas sim a naturalidade sempre oportuna em qualquer circunstância.

Fala e escreve com real desejo de fazer-te entendido, tornando tua palavra uma mensagem permanente quão agradável.

O verbo, a serviço da vida, é operário do progresso, da felicidade, do bem geral.

Aprende, também, a ouvir, de modo a não atropelares o teu interlocutor como se a palavra a ti somente pertencesse. Enquanto ouças, raciocina, coordena ideias para que a comunicação se torne simpática e proveitosa.

Por timidez ou mau humor, evita a atitude de silêncio constrangedor. Há momentos em que ele se impõe. No entanto, discreto, produzindo compreensão.

Muitos silenciam e falam, enquanto que outros com muitas palavras nada dizem.

A comunicação verbal de Jesus, porque exarada mediante conceitos de forma simples e conteúdo profundo, permanece atual, sensibilizando quantos lhe tomem conhecimento.

O otimismo, a esperança, a advertência benéfica defluem das Suas palavras, que objetivam ajudar, iluminar, libertar os ouvintes.

A comunicação escrita de Paulo, seu apóstolo, é um reservatório de austeridades, diretrizes e comentários que perpetuam no coração dos leitores a herança evangélica aplicada no cotidiano.

Sem subterfúgios, sem florilégios excessivos, Jesus e Paulo permanecem como símbolos da boa comunicação para todos os homens.

Trava relações de amizade com ambos e comunica-te com o teu próximo, irradiando alegria e paz como eles o faziam.


Texto de Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Ângelis retirado do livro Momentos de Iluminação, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 4ª Edição, 2015.

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