sábado, 29 de maio de 2021

Amigo Ingrato

Causa-te surpresa o fato de ser o teu acusador de agora, o amigo aturdido de ontem, que um dia pediu-te abrigo ao coração gentil e ora não te concede ensejo, sequer, para esclarecimentos.

Despertas, espantado, ante a relação de impiedosas queixas que guardava de ti, ele que recebeu, dos teus lábios e da tua paciência, as excelentes lições de bondade e de sabedoria, com as quais cresceu emocional e culturalmente.

Percebes, acabrunhado, que as tuas palavras foram, pelo teu amigo, transformadas em relhos com os quais, neste momento, te rasga as carnes da alma, ele, que sempre se refugiou no teu conforto moral.

Reprocha-te a conduta, o companheiro que recebeste com carinho, sustentando-lhe a fragilidade e contornando as suas reações de temperamento agressivo.

Tornou-se, de um para outro momento, dono da verdade e chama-te mentiroso.

Ofereceste-lhe licor estimulante e recebestes vinagre de volta.

Doaste-lhe coragem para a luta, e retribui-te com o desânimo para que fracasses.

Ele pretende as estrelas e empurra-te para o pântano.

Repleta-se de amor e descarrega bílis na tua memória, ameaçando-te sem palavras.

O mundo é impermanente.

O afeto de hoje torna-se o adversário de amanhã.

As mãos que perfumas e beijas, serão, talvez, as que te esbofetearão, carregadas de urze.

Há mais crucificadores do que solidários na via de redenção.

Esquecem-se, os homens, do bem recebido, transformando-se em colaboradores cruéis, sem possuírem qualquer crédito.

Talvez o teu amigo te inveje a paz, a irrestrita confiança em Deus, e, por isso, quer perturbar-te.

Persevera, tranquilo!

Ele e isto, esta provação, passarão logo, menos o que és, o que faças.

Se erraste, e ele te azorraga, alegra-te, e resgata o teu equívoco.

Se estás inocente, credita-lhe as tuas dores atuais, que te aprimoram e te aproximam de Deus.

Não te guardes rancor.

Recorda que foi um amigo, quem  traiu e acusou Jesus; outro amigo negou-O, três vezes consecutivas; e os demais amigos fugiram d'Ele.

Quase todos O abandonaram e O censuraram, tributando-Lhe a responsabilidade pelo medo e pelas dores que passaram a experimentar. Todavia, Ele não os censurou, não os abandonou e voltou a buscá-los, inspirá-los e conduzi-los ao Reino de Deus, por amá-los em demasia.

Assim, não te permitas afligir, nem perturbar pelas acusações do teu amigo que está enfermo e não sabe, porque a ingratidão, a impiedade e a indiferença são psicopatologias muito graves no organismo social e humano da Terra dos nossos dias.


Texto retirado do livro Momentos de Felicidade, de Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 5ª Edição, 2014.

sábado, 22 de maio de 2021

Ser e Parecer

 A essência, o ser em si mesmo, constitui a individualidade, que avança mediante o processo reencarnatório, adquirindo experiências e desenvolvendo as aptidões que lhe jazem inatas, heranças que são da sua origem divina.

A expressão temporária, adquirida em cada existência corporal, com as suas imposições e necessidades, torna-se a personalidade de que se reveste o Espírito, a fim de atingir a destinação que o aguarda.

A primeira tem o sabor de eternidade, enquanto a outra é transitória.

No âmago do ser encontra-se a vida pulsante, imorredoura, embora, na superfície, a aparência, o revestimento quase sempre difere da estrutura que envolve.

A individualidade resulta da soma das conquistas, através do êxito como do insucesso, logrados ao longo das lutas que lhe são impostas.

A personalidade varia conforme a ocasião e as circunstâncias, os interesses e as ambições.

Esta passa, enquanto aquela permanece.

Máscara, forma de aparecer, a personalidade se adquire sem transformação substancial, profunda, ocultando, na maioria das vezes, o que se é, o que se pensa, ao que se aspira.

Legítima, a individualidade se aprimora, qual diamante que fulge ao atrito abençoado do cinzel.

A personalidade extravasa, formaliza, apresenta.

A individualidade aprimora, realiza, afirma.

À medida que o ser evolui, mergulha no mundo íntimo, introspectivamente, desenvolvendo os valores que dormem em embrião e se agigantam.

O exterior desgasta-se e desaparece.

O interior esplende e agiganta-se.

A semente que morre semente não viveu, não realizou a missão que lhe estava reservada: multiplicar e produzir vida.

A gema, sem lapidação, jamais fulgura.

Faze a tua indagação à vida, em torno da tua destinação.

Quem és hoje e o que pretendes alcançar?

Cansado da aparência, realiza-te intimamente e desata as aptidões superiores que aguardam oportunidade e cresce para as finalidades elevadas da vida.

Tenta ser, por fora, conforme evoluis por dentro, sendo a pessoa gentil, mas nobre, fulgurante e abnegada, afável, todavia leal.

Tua aparência seja, também, tua realidade, esforçando-te, cada vez mais, para conseguir a harmonia entre a individualidade e a personalidade, refletindo os ideais de beleza e amor que te vitalizam.


Texto retirado do livro Momentos de Coragem; Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, 2014, 8ª Edição.

sábado, 15 de maio de 2021

Triunfo

 Quando o homem obedece aos Códigos Soberanos e às leis humanas logra a paz, sendo-lhe factíveis o triunfo espiritual e a felicidade terrena.

Certamente, o êxito no mundo é de efêmera duração. Não obstante, necessário, muitas vezes, para fomentar o progresso social e a conquista pessoal de metas nobilitantes.

A vitória espiritual sobre as vicissitudes e limitações impostas pelo veículo carnal constitui o objetivo real da reencarnação.

A conquista dos valores terrenos deve significar o preenchimento das necessidades da vida, sem o tormento por armazenar coisas e cargos que pesam na economia geral, favorecendo a escassez em referência a outras pessoas.

A aquisição dos tesouros do Espírito representa libertação interior e ascensão aos planos ditosos da vida.

Em ambos os casos, deve prevalecer o desejo saudável de auxiliar o próximo, igualmente promovendo-o na escala das realizações edificantes.

O acúmulo de riquezas materiais em poucas mãos responde pela miséria econômica e social de inumeráveis indivíduos e comunidades desprovidas de tudo quanto favorece a ordem, o bem-estar, o desenvolvimento.

Ninguém está destinado ao insucesso, à desgraça.

Quando isso ocorre, tal se deve ao próprio indivíduo, que se encontra convidado a uma revisão de conceitos morais e a experiências redentoras. Ele pode, no entanto, modificar o quadro da sua atual provação, aplicando os esforços mentais e físicos de que dispõe.

Mediante a utilização das energias psíquicas de forma correta, altera o campo íntimo, infundindo-se coragem e vitalidade.

Através da ação constante, edificadora, remove os obstáculos e corrige as deficiências, transferindo-se para a área da plena realização.

Não desistas de buscar o triunfo, seja qual for a circunstância em que te encontres.

Há leis que jazem desconhecidas e são responsáveis pelas ocorrências da vida. Dormem no inconsciente humano, aguardando ativação.

Diariamente, ao despertar, faze afirmações mentais a respeito do que desejas conseguir.

Repete-as com frequência até banir do teu inconsciente as fixações de fracasso, de medo, de incapacidade.

Exercita com fé no triunfo o teu pensamento positivo e descobrirás energias novas fluindo em teu corpo e enriquecendo o teu psiquismo com ideias otimistas.

Não cesses de o fazer, se os resultados não se derem imediatamente.

Qualquer tipo de mudança impõe adaptação.

Terás que te acostumar com as novas experiências, a fim de colimares os resultados almejados.

Programa um roteiro mental e passa a vivê-lo, afirmando-o, mentalmente, até que te modele no mundo das formas.

A mente plasma tudo. Bem conduzida, de maneira inteligente, alcança o triunfo.

Este esforço resultará da oração e da certeza de que sendo filho de Deus, não estarás desamparado.

Com estes equipamentos mentais, as afirmações do triunfo facultarão as oportunidades para agires e edificares tudo quanto hajas planejado, pois que inspirarão o uso correto das tuas faculdades naturais,

Pouco te importem todos os insucessos anteriores.

Renasce deles, afirma o bem e segue adiante.


Texto retirado do livro Momentos de Alegria; Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Ângelis. Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 2014, 4ª Edição

sábado, 8 de maio de 2021

Conquistas

 O homem comum satisfaz-se com os fenômenos fisiológicos e os prazeres que exaurem os sentidos, sem qualquer benefício para a emoção.

Todos os seus planos e aspirações giram em torno de lucros que lhe propiciem as metas imediatas do gozo, da sensualidade.

Gozo alimentar e posse sensual; gozo no sono e sensualidade na ambição; gozo na comodidade e sensualismo na mente.

O seu intelecto se volta para o utilitarismo e o seu sentimento para a sensação.

O crescimento que anela é horizontal, de superfície, encontrando dificuldade para a verticalização da vida, a ascese.

O homem que desperta para as experiências libertárias, emerge dos sentidos opressores e ala-se.

O conhecimento torna-se-lhe uma bússola e um roteiro, enquanto o sentimento o propele à conquista das distâncias.

O prazer instala-se-lhe nas áreas profundas do ser mediante as sucessivas aquisições da renúncia, da abnegação, da identificação dos valores reais, em detrimento das inquietações provenientes dos desejos insatisfeitos.

Verticaliza a conduta e comanda o pensamento, sem vazios, físicos ou mentais, para os conflitos que envilecem, atormentando o coração.

Os seus, são os triunfos sobre os próprios limites.

O homem comum vê, ouve e vive conforme se apraz.

Os acontecimentos são enfocados de acordo com as lentes do seus interesses pessoais.

Tudo faz para fruir sempre, desfrutando do maior quinhão.

O seu humor é instável, porque governado pela força da paixão egoísta.

A sua fé é acomodada, por supor que ganhará a Vida utilizando os métodos escusos em que tem posto a existência.

O homem lúcido entende a finalidade para a qual foi criado por Deus e vê, ouve e vive obedecendo aos padrões exarados pela Leis que regem a Vida.

Proporciona os meios para que os fenômenos aconteçam - efeitos naturais das suas ações postas a serviço dos programas divinos.

É estável, porque sabe que somente lhe acontece o que o torna melhor, daí retirando a boa parte, aquela que o ajuda em qualquer ocorrência.

Crê e ama sem receio, porque a sua é uma vida fecunda.

O homem comum vive embriagado ou aturdido, ansioso ou desiludido.

O homem consciente movimenta-se em paz.

Pilatos, na horizontal do poder, lavou as mãos quanto ao destino do Justo.

Jesus, na vertical da verdade, sem nenhuma queixa, submeteu-se. Erguendo-se na cruz, permanece como exemplo fecundo de união com Deus, na conquista total da Vida.


Texto retirado do livro Momentos de Meditação, Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 3ª Edição, 2014.

sábado, 1 de maio de 2021

Idade Não Cronológica

 A tua é a idade espiritual que te assinala a evolução, refletindo-se no teu comportamento emocional e intelecto-moral.

As novas experiências te ensejarão retificação de conduta, se equivocada, burilamento interior e ampliação das possibilidades inesgotáveis que jazem adormecidas.

A idade cronológica vale pelas conquistas logradas, pelos relacionamentos adquiridos, pela responsabilidade, liberdade e plenitude que consigas interiormente.

O homem do mundo, gozador, sem maiores aspirações, estabelece períodos em que a vida parece-lhe adquirir significado, programando-se para essa fase que, ultrapassada, se lhe apresentará depois como tendo sido de breve duração.

Os anos dourados, demitizado o período juvenil, são os de todas as idades, cada uma delas assinalada pelas suas próprias características. O encanto da infância prolonga-se pelo verdor da adolescência e suas aspirações chegam à idade da razão enriquecidas de conhecimentos e valores éticos, programadores da velhice iluminada pela harmonia e bem-estar.

As atividades que tiveram curso durante a existência culminam na terceira idade, plena de sabedoria e realizações, atuando em favor dos cometimentos eternos, transcendendo ao período em que se esteja vivendo na Terra.

Assim, não são importantes a época e o momento que se vivem, senão pela forma como se os estão utilizando, de que maneira, se produtiva ou geradora de conflitos.

Cada dia oferece nova oportunidade de autorrealização, de avaliação de atitudes, com os seus correspondentes comportamentos, saneadores do mal e estimulantes par o bem.

O indivíduo deve adquirir a percepção de si mesmo, a fim de bem situar-se em qualquer época e lugar, sem desperdício de tempo ou perda da ocasião de integridade real no espírito da vida. Não se alienando, participa das lutas e atividades do momento como da coletividade, sem desorganizar os seus programas íntimos, podendo manter as suas opções como forma de respeito a si mesmo, ao seu grupo social e à vida.

Há quem estabeleça em qual idade irá ser feliz, perdendo todas as ensanchas de sê-lo a cada momento. Mais tarde, passará a sofrer de neurose depressiva, em razão de não haver fruído suficientemente, deixando-se consumir pelo conflito de que já não pode desfrutar o que perdeu ou não dispor mais de forças para repetir a façanha...

Acumula, então, recordações tristes e nega-se a novas alegrias, anulando os valores que possui, enquanto desenvolve conflitos cada vez mais destrutivos.

Cada fase da vida tem os seus percalços e as suas bênçãos. Vivê-los com empatia e entusiasmo é a atitude de quem já amadureceu emocionalmente.

A vida não se detém e o tempo não se interrompe, queira-se ou não. Isso é inexorável.

Pode-se ser pleno na infância e imaturo na idade da razão.

O desenvolvimento dos valores éticos e emocionais não deve cessar nunca, interrompendo-se o home na marcha que o leva a alcançar mais altos e expressivos índices de conhecimento, de vivência, de atividade.

Assim, o objetivo é viver com consciência criativa, sinceridade e bondade no coração, tornando a existência um hino de louvor que não deve cessar nem mesmo com a morte corporal.

Não consideres instáveis estes tempos, ante o programa que estabelece para atua autorrealização.

Se não dispões de amor e coragem para sobrepô-los às circunstâncias de tempo e lugar, não estás edificando para o porvir.

Seja qual for a tua idade cronológica, concede-te viver o encanto e a beleza próprios, que lhe são inerentes, aplicando os teus recursos nas metas psicológicas e espirituais que deves atingir.

A tua idade ideal é aquela que te propicia mais amplas possibilidades de autodescobrimento, de autoiluminação e de serviços em favor do bem geral.

Esta idade são todas as idades do teu ser eterno.


Texto retirado do livro Momentos de Iluminação, Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 4ª edição, 2015.

sábado, 24 de abril de 2021

Idealismo e Caridade

 A vivência de qualquer ideal, especialmente aquele que se reveste de enobrecimento, promovendo o homem e a sociedade, produz desgaste de energia.

A elevação dos propósitos e a sua íntima constituição pelo imenso prazer que carreia, enseja renovação de forças, empatia demorada, permanente entusiasmo, que são as naturais compensações decorrentes do próprio idealismo.

Nesse contexto, a caridade é portadora de extraordinária força de recuperação das energias aplicadas na sua execução.

Enquanto o idealista, embora cansado, experimenta o prazer da ação beneficente, o seu é um trabalho relevante e dignificador.

Não raro, entretanto, ocorre que, inadvertidamente, o trabalhador do bem se entusiasma e dilata a área de ação, aumentando o número de beneficiários que passam a tomar-lhe as horas, impedindo-o de renovar-se, de meditar, de encontrar-se consigo mesmo, para avaliação e tomada de consciência... Surgem, então, os primeiros sinais de alarme no comportamento do idealista: irritação, mau humor, descortesia, ressentimento dos amigos e cooperadores, exigências aos outros, insatisfação, etc.

O trabalho do bem faz bem, não devendo gerar desagrado, nem aborrecimento.

Se te candidatas à execução de um ideal, não exijas que os outros te sigam ou executem as tarefas a que te propões.

Aceita a cooperação de cada um, conforme sua possibilidade.

Não esperes além do que o outro pode oferecer, comparando-o com o que doas.

Cada um é a soma das próprias possibilidades.

Assim considerando, não assumas compromissos muito expressivos, contando com outras pessoas, a fim de não sofreres frustrações.

Se a obra cresce, não o impeças, porém não imponhas trabalho, nem faças exigências a ninguém.

Preserva o bom humor e a cordialidade, tornando-te líder natural, amado, e não a pessoa desagradável, azeda, reclamadora, difícil de ser estimada.

Para tanto, reparte tarefas e confia naqueles que assumiram a responsabilidade.

Se eles não correspondem à expectativa, não te agastes, antes, estimula-os, ajuda-os e dá-lhes renovado ensejo.

A caridade é luz que fulgura espontânea e,  ao irradiar-se, beneficia, sem perturbar. Recolhe a benção dessa luz em favor de ti mesmo, não te afadigando desnecessariamente e tendo em mente que, ao desencarnares, o trabalho deve prosseguir, quando então será recordado como exemplo de bondade, envolto em carinho e saudade.

Jesus, o amado Governador da Terra, possuidor de recursos incomparáveis, ajudou a quantos O buscaram, sem tentar resolver os problemas que a eles mesmos competia equacionar.

E até hoje, inspirando-nos a ajudando-nos, acena-nos com a bênção do tempo, que é o grande solucionador de tudo.

Assim, vive feliz com o teu ideal e faze o melhor que possas, sem pressa, nem cansaço, fruindo a felicidade em forma de paz, que irradiarás, a todos impregnando de harmonia.


Texto de Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Ângelis retirado do livro Momentos de Harmonia, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 3ª Edição, 2014.

domingo, 18 de abril de 2021

Dias Gloriosos

 Os ininterruptos avanços da ciência e da tecnologia a cada dia abrem perspectivas fascinantes para o ser humano e a vida.

Cada vez mais amplos, os horizontes do pensamento alcançam dimensões dantes jamais concebidas.

A arte e a cultura facultam visões arrebatadoras em torno das possibilidades do desenvolvimento moderno ao alcance de quase todos.

Imaginações férteis apresentam incomparáveis recursos para o crescimento do indivíduo e o seu progresso nos diferentes campos do saber e do experienciar.

Diminuídas as distâncias na Terra, conquistam-se lentamente os astros mais próximos, qual antes ocorreu com a Lua e agora vem sucedendo com Marte.

A Informática proporciona o acessar fácil e confortável de informações de toda natureza com rapidez quase semelhante à do pensamento.

Da intimidade do lar viaja-se por praticamente todo o mundo, mantendo-se comunicação imediata e conseguindo-se de igual modo tudo quanto se deseja mediante os valiosos recursos da comunicação on-line.

Microcirurgias computadorizadas diminuem os riscos de vida, e outros processos cirúrgicos e terapêuticos proporcionam àqueles que possuem recursos econômicos o prolongamento da existência física, enquanto novos procedimentos surgem alterando as metodologias médicas e farmacológicas anteriores. Mas não somente nessa área ocorre o surto de conquistas, senão em todas as outras conhecidas, que se aprimoram para acompanhar a incidência de realizações contemporâneas.

Não obstante esses valores inapreciáveis que enriquecem o mundo, o monstro da guerra ainda não se afastou das fronteiras terrestres, prosseguindo ameaçador e cruel, ceifando vidas incontáveis; a fome continua sitiando centenas de milhares de homens, mulheres e crianças indefesos, que deperecem longe da compaixão e da misericórdia geral, quase que totalmente olvidados dos chamados povos civilizados; o crime perverso aumenta a sua fauce hiante e devora as mais belas florações da esperança, a todos ameaçando, mesmo que residentes em fortalezas dotadas de seguranças especiais; os vícios campeiam em desordem, e as  dependências químicas, alcoólicas, tabagistas e sexuais alucinam crianças, adolescentes, adultos, anciãos, numa voragem assustadora; enfermidades degenerativas surpreendem os organismos mais vigorosos e os vencem inexoravelmente, enquanto a loucura pelo prazer e pelo poder domina incontáveis consciências, que anelam por consegui-los a qualquer preço...

Sem dúvida, existem milhões de criaturas de bem preocupadas com os desafios do momento, que estrugem com violência, ameaçando a ética e o amor, como se pretendessem levar ao caos tudo e todos de uma só vez.

Uma imensa vaga de agonia se avoluma em crescendo inestancável, e se abate afogando as praias da sociedade e destruindo as mais belas construções nelas erigidas.

Tendo-se em conta de semideus, o homem moderno sonha em tornar-se a nova Divindade, trabalhando a intimidade do DNA para modificar as estruturas do ser humano, alterando-lhe completamente a constituição a seu bel-prazer, produzindo monstros ou santos, imbecis ou sábios; clonando outros indivíduos conforme as necessidades científicas e sociais de cada época, acreditando-se capacitado para mudar-lhes a história da evolução psico-antropológica a partir de então; pensa em ressuscitar cadáveres por meio de recursos que poderiam driblar a morte e oferecer a quase perenidade ao corpo, como se esse conseguisse resistir aos fatores do tempo e do próprio desgaste constitucional, apenas para citarmos alguns dos empenhos nos quais se encontram envolvidos muitos pesquisadores e ambiciosos sonhadores...

O materialismo continua campeando nas academias e nos laboratórios de pesquisa, procurando negar o Espírito e a sua Causalidade, reduzindo o ser humano ao capricho das moléculas e o pensamento aos fatalismos neuronais, que a anóxia cerebral reduz ao nada...

A vida, no entanto, surpreende-nos a todos pelos seus potenciais inesgotáveis, que a mente ainda não pôde penetrar em toda a sua realidade, convidando-nos a reflexões muito profundas em torno dos limites em que nos movimentamos e ante a imponderabilidade das ocorrências que a todos surpreendem a cada dia.

Afinal, a ciência não tem sido propriamente criadora de nada, porquanto tudo aquilo que apresenta de alguma forma é cópia imperfeita do que observam os cientistas nos painéis grandiosos da Criação.

Lentamente, mas com segurança, os fatos que antes eram presunçosamente ignorados começaram a chamar a atenção de tal forma, que outra alternativa não tem havido senão a de examiná-los, estudá-los e concluir pela realidade do fenômeno imortalista, pela preexistência e sobrevivência do Espírito à morte, pela ordem universal criada por Deus e pelo sentido ético-moral de fundamental importância para a existência feliz.

Estudiosos e investigadores igualmente nobres e sinceros vêm mergulhando a sonda da observação e do experimento no organismo dos fatos, concluindo pelo ser na sua condição de energia pensante, constituído de psicologia e de fisiologia específicas fora da matéria, tornando-se, sem que se deem conta, sacerdotes do espírito.

São eles os missionários da fé vibrante dos tempos passados, que retornam com o escalpelo da ciência para confirmar a predestinação do ser à glória imortal.


Texto de Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Ângelis retirado do livro Dias Gloriosos, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 4ª Edição, 2010.

sábado, 17 de abril de 2021

A Arte de Bem Viver

 A difícil arte de bem viver é desafio para todos que se empenham pela aquisição da felicidade.

Para lográ-la, com o êxito que se pretende, são indispensáveis os exercícios da renúncia e da  humildade, que se encarregam de desenvolver o campo onde mais amplamente se pode expressar.

Todas as artes são conseguidas mediante empenho, qual ocorre com outros valores nas demais áreas do comportamento humano.

A arte de bem viver constitui uma ciência de conduta sábia.

Para viver-se bem, com conforto e acomodado, são poucas as exigências que não ultrapassam a órbita dos valores materiais.

Dinheiro, saúde, posição social constituem requisitos para uma vida boa, de prazeres que se desdobram no jogo dos interesses mais imediatos.

Bem viver é exigência mais ampla da vida. Não obstante necessite de alguns valores objetivos, o seu é o programa transcendente de conquistas imateriais.

Quem vive bem, nem sempre está bem na vida, porquanto a insatisfação e o desgaste no gozo são presenças constantes no orçamento emocional da criatura. Todavia, quem está a bem viver, inspirado pelo belo, o útil, o nobre e o sadio, vive bem, porque marcha na direção da plenitude.

O espírito, na Terra, transita em três fases, durante o seu estágio de evolução. Embora na forma bípede, assume postura animal, humana e espiritual.

Quando há predominância dos instintos, que o atavismo da evolução mantém, o gozo, na sensação, ainda o jugula ao período animal.

Quando as emoções o elevam na busca das realidades da vida, apresenta-se em experiências do ciclo humano, preparando-o para o passo seguinte.

Por fim, quando se doa e eleva-se, ampliando os esforços em favor do próximo, transfere-se para o degrau que o alçará ao estágio espiritual libertador.

No primeiro passo goza, sente, aturde-se.

No segundo, percebe, conquista, ilumina-se.

No terceiro, eleva-se, vive, santifica-se.

Não te detenhas na faixa vibratória da evolução, na qual estagias.

Se vives bem, procura fazê-lo com dignificação, a fim de que possas bem viver, sobrepondo-te aos limites da conjuntura material, que é o passo primeiro para a tua plena realização como Espírito imortal.


Texto de Divaldo Franco, pelo espírito Joanna de Ângelis, retirado do livro Momentos de Esperança, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 3ª Edição, 2014.

sábado, 10 de abril de 2021

Mais Paciência

 O exercício da paciência se afigura como de vital importância para o sucesso nas experiências da evolução humana.

O cansaço, a desmotivação, a rotina e outros fatores estressantes, na área do comportamento, geram a irritação, a má vontade, o ressentimento, que respondem por estados emocionais perturbadores, exteriorizando-se como agressividade, violência e pessimismo.

Os dias atuais se caracterizam por essas condições desgastantes, que levam a desequilíbrios lamentáveis.

Grassam o desamor - fruto espúrio do egoísmo -, a ganância - espectro sórdido da insegurança emocional -, a insatisfação - efeito mórbido das frustrações nos relacionamentos e nas aspirações desvairadas.

As pessoas atropelam-se umas às outras, na busca de ilusões que esperam materializar, e que se transformam em pesadelos tormentosos.

O sentido ético da existência faz-se substituído pela sensação do prazer incessante, e, na sua busca, todos os expedientes são considerados valiosos, sem qualquer respeito ou consideração pelos anelos e ideais alheios.

Diante da grave conjuntura, não há outra alternativa para a conduta digna, senão através da paciência.

A paciência é virtude que rareia entre as criaturas. A pressa, a ansiedade, a compreensão psicossocial estão provocando distúrbios expressivos na forma de vida, conspirando contra a paciência.

Cultivada com serenidade sobre as bases da confiança irrestrita no amor de Deus, ela se instala e irradia-se poderosa.

A paciência logra vencer o tempo, as circunstâncias, as ocorrências ameaçadoras ou nefastas.

Sabe aguardar, porque compreende que existe um processo responsável por todos os acontecimentos. Qualquer precipitação, mesmo quando coroada de êxito, redunda em qualidade inferior de resultados.

As ações morais decorrem dos recursos amealhados no sentimento e na razão, a se manifestarem através das oportunidades próprias.

A paciência, para fixar-se, toma como paradigma o esforço pela modificação pessoal, alteração da óptica mediante a qual considera a vida e o interesse em plenificar-se.

Este companheiro, em quem confias, é desleal para contigo. Age com paciência, em relação a ele.

Esse afeto não corresponde lealmente aos teus sentimentos. Não te perturbes, mantendo-te paciente.

O filho rebelde e ingrato. Ama-o com paciência, porquanto, na sua imaturidade não tem parâmetros para medir os teus valores e grandeza.

O patrão, o auxiliar, o colega, a esposa, o marido, o irmão, seja quem for no teu caminho, não corresponde ao que esperavas, à tua dedicação, aos teus esforços. Não te desalentes, resguarda-te na paciência e segue adiante.

A vida é mestra para todos. Eles aprenderão mais tarde, sob as circunstâncias que gerarem para si.

Jesus sabia que Pedro iria negá-lO. Advertiu-o, porém, não o impediu, deixando que o amigo, então invigilante, aprendesse por experiência pessoal.

O Mestre conhecia a debilidade moral de Judas e admoestou-o. Poderia tê-lo expulsado do Colégio Apostólico, mas não o fez. Facultou que o discípulo enganado amadurecesse, mediante a vivência própria.

São os débeis morais - os ingratos, frágeis, ignorantes, rebeldes, presunçosos - que precisam de ajuda. Abandoná-los, à própria sorte, é decretar-lhes a falência, a desdita.

Tem, pois, paciência com eles, com todos aqueles que se tornam problema para ti, que criam dificuldades e te perturbam.

Vale a pena investir nesses corações necessitados, que ignoram a carência e a infelicidade pessoal.

Reveste-te de paciência, e segue em confiança no rumo da tua perfeição.


Texto de Divaldo Franco, pelo espírito Joanna de Ângelis, retirado do livro Momentos Enriquecedores, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 2ª Edição, 2015.

sábado, 3 de abril de 2021

Pensamento e Vida

O homem pode ser considerado o pensamento que exterioriza, fomenta e nutre.

Conforme a sua paisagem mental, a existência física será plasmada, face ao vigor da energia direcionada.

O pensamento é a manifestação do anseio espiritual do ser, não uma elaboração cerebral do corpo.

Sendo o espírito o agente da vida, nos intrincados painéis da sua mente se originam as ideias, que se manifestam através dos impulsos cerebrais, cujos sensores captam a onda pensante e a transformam, dando-lhe a expressão e a forma que revestem o conteúdo de que se faz portadora.

O homem de bem, pensando corretamente como consequência da sua realidade interior, progride, adicionando forças à própria estrutura.

A criatura de constituição moral frágil, por efeito das suas construções mentais infelizes, envolve-se nas teias dos pensamentos perturbadores e passa a estados tumultuados, doentios.

Como resultado, conclui-se que o espírito e não o corpo, é fraco ou forte, conforme o conteúdo dos pensamentos que elabora e a que se entrega.

O pensamento é força.

Por isso, atua de acordo com a direção, a intensidade e o significado próprios.

A duração dele decorre da motivação que o constitui, estabelecendo a constância, a permanência e o direcionamento do que possui como emanação da aspiração íntima.

Os pensamentos são os fenômenos cognitivos que procedem do ser real.

Pensa no amor, e te sentirás afável.

Cultiva a ideia do progresso, e terás estímulo para porfiar, logrando êxito nos empreendimentos.

Sustenta a ideia do bem, e descobrirás quão ditoso és como fruto do anelo vitalizado.

Se pensas no medo, ele assoma e te domina.

Se dás atenção ao pessimismo, tornas-te incapaz de realizações ditosas.

Se te preocupas com o mal, permanecerás cercado de temores e problemas.

Se agasalhas as ideias enfermiças, perderás a dádiva da saúde.

Tudo pode ser alterado sob a ação do pensamento.

Vibração que sintoniza com ondas equivalentes, o teu pensamento é o gerador das tuas ações, e estas, as modeladoras da tua vida.

Pensamento e vida, pois, são termos da equação existencial do ser humano

Pensando na necessidade de ascensão, os heróis, os cientistas, os mártires, os educadores e os santos edificaram o mundo melhor, que ainda não alcançou o seu ápice porque tu e outros ainda não vos convencestes de pensar bem, agindo melhor, para conquistardes a vitória sobre as paixões, a dor e a infelicidade.

Texto de Divaldo Franco, pelo espírito Joanna de Ângelis retirado do livro Momentos de Felicidade, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 5ª Edição, 2014.