sábado, 27 de maio de 2023

Renúncia Plena

 A questão da renúncia aos bens materiais é de muita relevância no comportamento da criatura humana.

Sem ela a vida se torna insuportável, gerando apegos que se transformam em elos de escravidão, jungindo o ser a coisas de valor transitório incapazes de proporcionar plenitude, estado de paz interior.

Por sua vez, o apego às posses, sob o disfarce da necessidade de segurança, é dos mais temíveis adversários do indivíduo, porque responde pelo medo da perda, pela sistemática desconfiança em relação aos amigos e conhecidos, por fim, pela insatisfação que sempre se instala em quem possui, atormentado pelo desejo infrene de ampliar os recursos.

A renúncia impõe-se como medida saudável de equilíbrio, responsável pela preparação do Espírito para o momento da libertação do corpo.

O hábito de renunciar às coisas materiais leva o candidato à necessidade do autoburilamento, da renovação moral, liberando-se das paixões e emoções perturbadoras, a fim de conseguir a própria iluminação, sem a qual os objetivos superiores da vida ficam defraudados.

De certo modo, o treinamento para a renúncia das posses terrenas predispõe a mudanças de atitude moral entre as pessoas e a vida.

Há quem facilmente se desprende de determinados objetos, adotando a generosidade no intercâmbio fraternal, mas tem terrível dificuldade de ceder, quando se trata de valores apaixonantes, caprichos, pontos de vista, orgulho...

Pessoas bondosas sob um aspecto, às vezes, surpreendem pelo rigor do temperamento que não desculpa, não esquece ofensas, mantém ressentimentos, cultiva o ódio, anela por desforço...

O hábito de quebrar cadeias materiais proporciona a saudável oportunidade de renunciar aos propósitos malsãos, inferiores, que denotam dureza de coração, primarismo evolutivo.

Fascinado por Jesus, um jovem rico propôs a segui-lO.

O Mestre, que o conhecia, impôs-lhe ser necessário que ele vendesse tudo quanto possuía, distribuísse o resultado com os pobres, após o que poderia acompanhá-lO.

Reflexionando, o moço deu-se conta de que tal esforço não lhe era demasiado. No entanto,  recordou-se da sua posição social, dos compromissos assumidos, das injunções em que se encontrava e afastou-se desanimado...

Treina a renúncia total, iniciando-a com as coisas de pequena monta.

Libera-te de alguma posse; transfere  recursos que te sobram; doa excessos e te habilitarás a ofertar também o necessário, preparando-te para a renúncia a ti mesmo, responsável pela tua libertação de tudo e de todos.

A renúncia plena começa no gesto pequeno da oferta e do desprendimento aos bens do mundo, a fim de alcançar a doação total.


Retirado do livro Momentos de Iluminação; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 4ª edição, 2015.

domingo, 21 de maio de 2023

Sem Ídolos Nem Cultos

Na busca estúrdia de prazeres e afirmação da personalidade, o homem contemporâneo informa que se libertou da fé religiosa e do culto que dedicavam os seus antepassados aos valores espirituais. 

A mente saudável, segundo este raciocínio, é aquela que se apresenta destituída de submissão a toda e qualquer maneira de direcionamento ético, tendo em vista o futuro do ser, no que diz respeito à sua imortalidade.

O descompromisso com Deus e a vida incita-o à busca incessante do gozo, em desesperada fuga da sua realidade transcendental.

Não obstante esse comportamento, manifesta-se-lhe a existência de forma paradoxal.

Negando-se cultuar o Espírito, adora e idolatra os campeões da futilidade e do engodo, que passam à condição de verdadeiros deuses da antiga mitologia, ora renascidos nos esportes, no teatro, no cinema, na televisão, nas finanças, nas indústrias, na política e até na área sórdida da criminalidade... Os seus gestos e atitudes são imitados, tornando-se modelos que atiram na área do consumismo as suas figuras e modas, verbetes e extravagâncias, que passam a constituir a razão de vida dos seus admiradores e apaniguados.

Uns, logo sucumbem, devorados pela mídia ou derrotados pelo cansaço; outros, são substituídos ou desprezados por novos ambiciosos que lutam por tomar-lhes os espaços, sucedendo-os de imediato, enquanto os modismos mudam de nomes e pessoas, permanecendo as mesmas paixões e cultos exacerbados, caracterizando a decadência da vera cultura e dos nobres ideais humanos.

Em face de tal conduta, o homem, surpreendido pela dor que renteia ao lado de todos os seres, deixando-se acometer pelo desespero e, alucinado, atira-se à consumpção pelos alcoólicos, pelas drogas ou através do suicídio em suas várias formas.

Lentamente, porém, a força do Amor de Deus vence as resistências da obstinação negativa e desvenda-lhe os amplos horizontes da imortalidade, que fascinam e confortam, induzindo-o a uma reavaliação do comportamento e ao compromisso com a ventura, que lhe nasce na harmonia interior e se espraia envolvendo o grupo social e a vida.

Nem ídolos, certamente, nem cultos; porém, despertamento para a realidade e as metas existenciais, que se não podem reduzir aos prazeres vazios e ligeiros da vida corporal, antes à consciência de si mesmo e da sua destinação eterna, na qual já se encontra e cumpre aprimorar com o pensamento posto no seu futuro libertador e feliz.


Retirado do livro Momentos de Harmonia; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador,  3ª Edição, 2014.

sábado, 13 de maio de 2023

Emoções Perturbadoras

O homem que se candidata a uma existência feliz, tem a obrigação de vigiar as suas emoções perturbadoras, a fim de evitar-se desarmonias perfeitamente dispensáveis, na economia do seu processo de evolução.

As emoções perturbadoras decorrem do excesso de autoestima, do apego aos bens materiais e às pessoas, e do orgulho, entre outros fatores negativos.

O excesso de consideração que o indivíduo se concede, leva-o à irritação, ao ciúme, à agressividade, toda vez que os acontecimentos se dão diferentes do que ele espera e supõe merecer.

O apego responde-lhe pela instabilidade emocional, trabalhando-lhe a ganância, a soberba e a ilusão da posse, que concede a falsa impressão de situar-se acima do seu próximo.

O orgulho intoxica-o, levando-o à pressuposição de credenciado pela vida a ocupar uma situação privilegiada e ser alguém  especial, merecedor de homenagens e honrarias, em detrimento dos demais.

Qualquer ocorrência que se apresente contraditória a esses engodos gerados pelo ego insano, e as emoções perturbadoras se lhe instalam, proporcionando desequilíbrios de largo porte, exceto se ele se resolve por digerir a situação e mudar de paisagem mental.

Superar tais emoções que têm raízes no seu passado espiritual, eis o grande desafio.

Assim, cumpre que ele envide todos os esforços para o autodescobrimento e a aplicação das energias em combater a inferioridade que predomina em a sua natureza.

"Não há nada a que o homem não se acostume com o tempo", afirma um velho brocado popular.

A liberação das emoções perturbadoras é resultado dos hábitos insalubres de entregar-se-lhe sem resistência.

Tão comum se faz ao indivíduo a liberação dos instintos perniciosos geradores deles, que este se não dá conta do desequilíbrio em que vive.

Adaptando-se ao autocontrole, eliminará, a pouco e pouco, a explosão dessas emoções perturbadoras.

Mediante pequeno código de conduta, torna-se fácil a assimilação de outros hábitos que são saudáveis e felicitam:

considera a própria fragilidade que te não faz diferença das demais pessoas;

observa o esforço do teu próximo e valoriza-o;

treina a paciência ante as ocorrências desagradáveis;

reflexiona quanto à transitoriedade da posse;

medita sobre a necessidade de ser solidário;

propõe-te a adaptação ao dever, por mais desagradável se te apresente;

aprende a repartir, mesmo quando a escassez caracterizar as tuas horas...

Um treinamento íntimo criará novos condicionamentos, que te ajudarão na formação de uma conduta ditosa e tranquila.

Foram as emoções perturbadoras que levaram Pedro, temeroso, a negar o Amigo, e Judas, o ambicioso, a vendê-lO aos inimigos da Verdade.

O controle delas, sob a luz da humildade e da fé, proporcionou à Humanidade o estoicismo de Estêvão, a dedicação até o sacrifício de Paulo - que as venceram - e toda a saga de amor e grandeza do homem abnegado de todos os tempos.


Retirado do livro Momentos de Felicidade; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 5ª Ediçã, 2014.

sábado, 6 de maio de 2023

A César e a Deus

Conforme a narrativa de Mateus, Jesus encerrou o diálogo, no qual os adversários tentavam envolvê-lO, em torno da legalidade ou não do pagamento do tributo ao Imperador de Roma, elucidando: - " Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus."

Rico de conteúdo, o pensamento-resposta do Mestre, leva-nos a acuradas e oportunas reflexões.

César e Deus podem significar, num sentido mais amplo, o humano e o divino, ou o material e o espiritual, ou ainda, o imediato e o mediato.

Pelo impositivo das circunstâncias terrestres, o homem sempre se afadiga pela feição orgânica e social da vida, deixando de lado o seu dever de zelar pela face moral, transcendente...

Graças a isto, aplica todas as horas, ou quase todas, aos compromissos e impositivos materiais, e, mesmo quando é obrigado ao repouso, a fim de libertar-se da fadiga, tem em mira a restauração das forças com o objetivo de continuar a faina ou o prazer, momentaneamente interrompidos.

Programa a existência como se esta não viesse a extinguir-se pela circunstância inevitável da desencarnação.

Cuida do amanhã próximo, preparando os equipamentos fisiológicos para fruir maior quinhão das conquistas fúteis, com que se ilude, intoxicando-se dos vapores das sensações desgastantes, numa volúpia ensandecedora.

Quando se vê compelido a deixar a carcaça física, ainda aí, pela falta do hábito de elevação, continua na fixação perturbadora do cadáver, que para nada mais lhe serve.

A oportunidade passa e a dor permanece.

Essa é a resposta de César, àqueles que se lhe submetem em caráter de dedicação exclusiva.

O homem, vivendo em sociedade, tem deveres para com ela, cumprindo-lhe contribuir para o seu progresso, participando ativamente do programa estabelecido.

Alienar-se, a pretexto de servir a Deus, portanto, à vida espiritual, jamais se justifica, não encontrando apoio no exemplo que o próprio Mestre ofereceu, Ele que jamais se escusava.

Participou de uma boda, santificando-a; das festas habituais do povo, não se imiscuindo nas venalidades um cobrador de impostos, que O convidara, dignificando-lhe o lar; hospedou-se com a família de Betânia, inúmeras vezes, alargando o círculo da fraternidade; albergou no coração a mulher equivocada, lecionando solidariedade; esteve no Templo e na Sinagoga reiteradas vezes, sem preconceito nem desprezo, e todos os Seus atos se fizeram caracterizar pela naturalidade, discrição e honorabilidade.

Nasceu num período festivo - a ocasião do recenseamento - e morreu durante as alegrias evocativas da Páscoa, demonstrando que a vida é um poema de júbilos em nome do Amor.

Nunca, tampouco, se apartou de Deus e do dever.

Dá a tua contribuição a Deus.

Não, através de coisas ou palavras.

Sejam:

a tua hora de  misericórdia - o momento de Deus;

o teu instante de reflexão elevada - o de união com Deus;

o teu silêncio ante a ofensa - o de cooperação com Deus;

a tua ação caridosa - a de contributo a Deus;

a tua dedicação ao próximo - a dádiva que encaminhas a Deus;

o teu sofrimento resignado - a demonstração de confiança em Deus...

Todos os teus recursos morais canalizados para a verdade e a elevação, constituam o teu concurso - oferenda a Deus.

Viver no mundo, amando a vida e servindo ao mundo sem escravidão e a Deus com emoção, eis o ideal para que o homem alcance a finalidade excelente para a qual se encontra reencarnado.


Retirado do livro Momentos de Esperança; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 3ª Edição, 2014.

sábado, 29 de abril de 2023

Mediunidade e Vida

Diante da mediunidade que te desvela o mundo espiritual e te fala de responsabilidades graves, penetra a mente no seu estudo e absorve as instruções necessárias ao trânsito feliz, na execução do programa a que te vinculas.

Elegeste o compromisso que te exorna a vida antes da reencarnação.

Rogaste a oportunidade do serviço mediúnico, na condição de terapia abençoada para a própria existência.

Empenhaste os teus valores e esforços a fim de que os recursos mediúnicos te descerrassem as portas da imortalidade, e pudesses adentrar pela Erraticidade tomando consciência da necessidade de brindá-la aos que estão anestesiados no corpo.

Recebeste a concessão como forma de libertação de complexos atavismos que te jugulavam a reminiscências dolorosas, responsáveis por sofrimentos atuais que te remanesciam como recurso depurativo.

Agora, que sentes a presença dos Espíritos cooperando contigo ou gerando alguma aflição, aprimora-te para servir-lhes de ponte no intercâmbio iluminativo, que a ti a eles beneficiará.

Não relutes ante o serviço atraente, nem te consideres privilegiado, em caráter de exceção.

Mediunidade é porta de serviço que se abre, abençoada, em favor das criaturas de ambos os planos da vida.

Não é responsável, pelos fenômenos psicopatológicos que aturdem as criaturas humanas.

O Espírito é herdeiro de seus próprios atos.

A mediunidade, nos servidores negligentes e endividados, somente faculta que a sintonia com os desencarnados em débitos favoreça-os na execução dos programas de compromissos que ficaram interrompidos...

Obsessão, histeria, alucinação epilepsia e outros distúrbios emocionais e mentais encontram-se ínsitos no ser endividado, que a terapia competente, na área médica como na mediúnica, soluciona, graças, sobretudo, à transformação moral do paciente para melhor.

Todo distúrbio tem suas raízes no ontem de quem o sofre.

A mediunidade é dádiva da vida para a existência humana, em forma de construção do bem permanente.

Vive-a em todos os instantes da tua existência, e experimentarás a ventura de servir e te iluminares.

Paulo de Tarso tanto se empenhou na vivência do ministério, que, médium de Jesus, incorporou-) ao seu cotidiano.

Teresa de Ávila, igualmente, absorveu o conteúdo dos contatos com o Senhor de tal forma que Lhe ofereceu a vida.

E Allan Kardec, tomando Jesus como modelo e guia para todos os seres, conclama-os à vivência do deveres, estabelecendo a necessidade de serviço no bem, que transforma o exercício mediúnico em mediunato, vivendo a experiência transcendente que se lhe incorporará à vida.

Mediunidade com Jesus e Vida são termos da equação existencial para lograr-se a plenitude.


Retirado do livro Momentos Enriquecedores; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 2ª Edição, 2015.

sábado, 22 de abril de 2023

Cristificação Pelo Amor

É certo que gostarias de ser amado, recebendo a afetividade de outrem em demonstrações de carinho conforme as necessidades que acreditas te afligirem.

Talvez fosse melhor que te chegassem ao sentimento as expressões retributivas do amor que esparzes, diminuindo-te as carências íntimas, acalmando-te as ansiedades, alegrando-te.

O problema, porém, é geral.

Não há indivíduo algum que se encontre referto na Terra, nessa área.

Quem recebe amor de determinadas pessoas, aspira ao afeto de outras, que não aquelas que se lhe acercam.

Tens o pensamento dirigido para alguém que, possivelmente, não te corresponde, assim como outrem te anela, sem que sintas algo especial por ele.

Se as pessoas se correspondessem na mesma faixa de ternura; se os corações se manifestassem na mesma onda de sentimento; se os afetos exteriorizassem na mesma vibração de trocas, a Terra já seria o paraíso desejado.

Há, no entanto, infinidade de graus, nos quais se manifestam as emoções.

Ninguém, todavia, que viaje a sós.

Possivelmente, não te associas com a pessoa de quem, ou não recebes a companhia do ser amado. Todavia, se espraiares o olhar de bondade compreensiva, identificarás companhias outras agradáveis, que se encontravam solitárias, porque anelavam por ti e não logravam aproximar-se.

São os aparentemente inexplicáveis paradoxos da existência corporal, cujas causas se encontram na conduta passada, quando de outras reencarnações.

Ama, desse modo, sem te impores, sem exigires retribuição.

Experimenta querer bem, pelo prazer pessoal de fazê-lo, e descobrirás um filão de ouro atraente que propiciará uma grande fortuna, em forma de paz e de satisfação pessoal.

O melhor do amor é amar, e não somente ser amado.

A preparação de uma viagem, não raro, é sempre mais agradável do que esta em si mesma, ou a sua chegada que, às vezes, causa frustração e desencanto.

As chamadas "pessoas maravilhosas", por quem te apaixonas, assim o são, porque as desconheces.

Todos os homens têm problemas, limitações, defeitos, necessidades.

O insucesso das uniões conjugais, na maioria dos casos, resulta de precipitação na escolha, da imaturidade na busca, do apego às ilusões e da afetividade por ídolos de pés de barro que se despedaçam facilmente.

Enobrece-te com o amor, irradiando-o em forma de simpatia, de gentileza, de serviço pelo próximo, de abnegação.

Não há quem resista à força do amor sem interesse imediato, sem aprisionamento.

Ama, portanto, libertando.

Cristifica-te através do amor. Talvez, para consegui-lo, seja-te necessário crucificar-te nas traves da renúncia e da sublimação. Todavia, somente por meio da crucificação é que alguém se pode cristificar. E o amor, sem dúvida, ainda é o mais suave, perfeito e eficaz instrumento para consegui-lo.


Retirado do livro Momentos de Coragem; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 8ª Edição, 2014.


Conheci esse texto no início dos anos 90 quando migrava do Catolicismo para o Espiritismo! Eu participava (e ainda participo) de um grupo de voluntários e resolvemos criar um jornalzinho, um informativo para eles. Não me lembro como esse material chegou em minhas mãos, mas ele foi parar na 1ª Edição desse jornal. Eu fiquei fascinado por essa mulher e passei a procurar qualquer coisa que viesse dela! Naquela época, não havia internet, whatsapp ou qualquer recurso tecnológico mais avançado... Os computadores começavam a aparecer juntamente com as impressoras chamadas de matriciais! Então, restava ir aos famosos "sebos" pra tentar encontrar alguma coisa. Obviamente, não achei nada! Mas fiquei com Joanna de Ângelis na cabeça e, muitos anos depois, talvez quase 30 anos, comecei a encontrar seus livros nos Centros por onde passava. Comprei vários deles e a leitura só fez reforçar minha admiração por ela... Depois, descobri uma pequena coleção (pequena mesmo, pois são os conhecidos livros de bolso) com mensagens dela e, para minha surpresa, reencontrei o texto! Quando resolvi começar esse Blog, lá pelos idos de 2010, lembrei-me dele e o publiquei sem saber que o encontraria tempos depois e descobriria a sua origem. Nessa minha proposta de publicar sempre algo dela todos os sábados, deparei-me hoje com ele e optei por repetir a publicação, mesmo porque hoje, ele me parece diferente e mais forte em sua essência! Obrigado, Joanna de Ângelis... Grande beijo pra você!

sábado, 15 de abril de 2023

Ninguém Escapa

- Por que sofrem os bons, enquanto os maus prosperam? - indagam inúmeras pessoas, amarguradas.

- Por que os bons propósitos não encontram resposta, considerando-se que os planos infelizes são coroados de êxito? - interrogam os indivíduos com desencanto.

- Por que todos se voltam contra os idealistas da verdade e aplaudem os mentirosos, embora pareça o contrário? - perguntam aqueles que reflexionam sob desesperos injustificáveis.

- Por que a colheita do bem são os espinhos e as ingratidões? - inquirem os corações ensombrados pela revolta.

- Por que a solidão dos bons e a popularidade dos criminosos, dos astutos e malversadores? - surpreendem-se quantos experimentam incompreensões.

Nenhuma injustiça, porém, nos quadros apresentados.

O enfoque das questões encontra-se malfeito.

A observação em tela é imperfeita.

Senão, vejamos: aquele que se apresenta como bom cidadão hoje e defronta dificuldade, é apenas aprendiz da vida, que vem da ignorância para o conhecimento, do erro para o acerto.

" - Bom somente é o Pai " - respondeu Jesus ao moço rico, na lição evangélica.

O homem mau, ignorante e inseguro, que frui enganoso triunfo, não se encontra em paz com a consciência. E mesmo tendo-a anestesiada, despertará.

A vida não tem pressa.

Ao dia sucede a noite, e a esta, um novo dia.

O Sol brilha sobre bons e maus com a mesma intensidade; assim, o amor de Nosso Pai.

Se o sucesso não te coroa os tentames do bem-fazer, persevera e atua melhor.

Se a dificuldade te surpreende os passos, insiste e contorna o obstáculo.

Se o problema te desafia, estuda-o e permanece equacionando-o.

Nada há impossível para quem ama, crê e espera, estudando e servindo sem cansaço.

Se recebes gratificação de qualquer natureza pelo que realizas, não és obreiro do Senhor, porém negociante de emoções e interesses.

Se te queixas, enquanto atuas, encontras-te desinformado da ação do bem.

Porque o bem é proposta nova e inabitual no mundo, ainda provoca surpresa, desconfiança, desencorajamento.

Sê aquele que o torne natural e comum, demonstrando aos outros, àqueles que não creem na tua ação, a excelência dos resultados que ele já propicia em ti.

Alarga os espaços da bondade, e chegará o momento em que o joio da maldade será arrancado e a gleba humana se enriquecerá com o trigo generoso propiciador do pão de vida.

Não te preocupes com os equivocados, os insensatos, os maus... Eles viverão e retornarão aos caminhos ora percorridos por ti.

Ninguém escapa.

Ama-os, ao invés de desejar-lhes sofrimentos, assim tornando a tua bondade sábia e compreensiva, em lugar de ser adorno para reconhecimento público.

Recorda-te, em qualquer situação, de Jesus, que até agora permanece confiante e sem queixas, esperando por nós.


Retirado do livro Momentos de Alegria; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 4ª Edição, 2014.

sábado, 8 de abril de 2023

Permanece Confiante

Onde te encontres, com o que tens, através do que sabes, dispões dos valores essenciais para o teu crescimento espiritual.

A Divina Sabedoria coloca o aprendiz no lugar mais rico de experiências para a sua realização.

Quando estás em condições, podes ler os mais belos textos de sabedoria no livro aberto da Vida.

Se não logras adaptar-se na situação em que estagias, mui dificilmente galgarás o próximo degrau de discernimento espiritual.

Não fujas das injunções evolutivas que se apresentam com roupagens de dificuldade, limite ou dor.

Para onde te transfiras, seguirás o teu destino, aquele que programaste através das reencarnações passadas.

O que aqui não consigas, adiante, passado o entusiasmo da novidade, não possuirás.

Deus te ama em todo e qualquer lugar e sabe o que é de melhor para ti.

Nem aceitação estática daquilo que denominas infortúnio, nem exaltação do que chamas conquista.

A vida possui uma dinâmica natural, um ritmo que deves aplicar nas tuas aspirações, acontecimentos e programas.

Age, pois, sempre, de forma que te brinde maior quota de paz e de experiências possíveis.

Pedra que rola não cria limo, afirma o brocardo popular. Da mesma forma , a instabilidade íntima, que te leva a constantes mudanças, não te permitirás fixação em coisa alguma, tampouco realização profunda.

Concede-te o tempo de semear, germinar, crescer, enflorescer e dar frutos.

Não tenhas pressa injustificável.

O trabalho de burilamento é íntimo.

A aquisição de conhecimento é tranquila.

A plenitude do amor é lenta.

As alternativas do mundo são todas transitórias.

As concessões do Cristo são permanentes.

Transitando, sofregamente, poderás reunir o que deixarás com a morte do corpo.

Harmonizando-te e perseverando, porém, conseguirás ser o que nada te poderá usurpar.


Retirado do livro Momentos de Meditação; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 3ª Edição, 2014.

sábado, 1 de abril de 2023

Lesão da Cruz

Ainda hoje, o cristão decidido encontra dificuldades de vária ordem, a fim de manter pulcro o ideal esposado.

Incompreendido, repentinamente se vê qual ilha solitária no tumulto das multidões aturdidas.

A sua conduta é vista sob suspeição e suas palavras padecem interpretação incorreta, que se deriva de má vontade geral.

São falseados os seus propósitos, e uma conspiração quase generalizada busca  bloquear-lhe os passos.

Mesmo entre os coidealistas, experimenta desafios na área do relacionamento fraternal.

Se é coerente com a mensagem de que se faz beneficiário, é tido por intransigente.

Se acata as opiniões diferentes, embora sem concordar com elas, é considerado pusilânime.

Se fala com sinceridade, expressando o que pensa, é chancelado de rude.

Se silencia e observa, é posto na conta de covarde ou de conivente.

Não há, por enquanto, lugar na Terra para o discípulo fiel do Evangelho.

As suas provas, decorrentes do passado, constituem-lhe espinho cravado no cerne da alma.

Ao seu lado, os acúleos-tentação afligem-no, ameaçando, a cada passo, a sua marcha ascensional.

A dor é-lhe companheira constante, mutilando-lhe as asas da ilusão, o que lhe resulta em benefícios excepcionais. Todavia, a sua é uma busca profunda, na qual são dispensáveis os atavios e engodos das fantasias.

Tido, às vezes, como masoquista, não foge do sofrimento, mas, igualmente, não o busca.

Encara-o com naturalidade, na condição de instrumento de libertação do ego, das emoções e paixões perturbadoras, que lhe constituem retentiva no processo de iluminação pessoal.

Afirmou Jesus, sem margem a interpretação dúbia: - Quem quiser vir comigo, tome a sua cruz e siga-me.

O convite descarta as habituais evasivas da comodidade e as justificativas do desculpismo tradicional.

A cruz, posta sobre os ombros e conduzida, dilacera as carnes em que se apoia.

Se for retirada antes do tempo e da chegada ao Calvário, a ulceração ficará exposta.

Geradora da ferida, é, também, a sua cicatrizadora, encarregada de recompor os tecidos dilacerados.

A lesão provocada pela cruz, mais tarde torna-se estrela a fulgir, apontando o rumo.

Nunca recues ante a dificuldade.

Não esmoreças, defrontando a dor.

Conduze, confiante, a tua cruz até o monte libertador.

Quem a deixa no caminho, buscando poupar-se ao sofrimento retornará a buscá-la, pois que, sem ela, ficará interrompido o acesso ao reino da consciência tranquila.

Diante de alguém sobrecarregado, sê-lhe cireneu, emulando-o à condução ditosa.

Não o iludas com a necessidade de liberar-se antes do tempo. Encoraja-o a seguir adiante.

Jesus, que não tinha qualquer dívida a ressarcir, sob o peso da cruz, aceitou a ajuda do estranho, no entanto levou-a, Ele próprio, ao topo da subida, onde a plantou, deixando-se nela imolar para ensinar-nos coragem e libertação.


Retirado do livro Momentos de Iluminação; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 4ª Edição, 2015.

sábado, 25 de março de 2023

Pessoas Inamistosas

Estão em toda parte.

Multiplicam-se com facilidade, quais cogumelos em clima próprio.

Surgem de forma inesperada nos mais diversos lugares.

Enxameiam no lar, no trabalho, no grupo social, nas ruas do mundo.

Criam embaraços, quando poderiam facilitar as ocorrências. Separam os indivíduos, ao invés de os unir.

Promovem guerras surdas e declaradas.

São pertinazes e parecem invencíveis.

Mudam de postura e de situação, permanecendo com os mesmos vis objetivos.

Instalam a insegurança emocional entre aqueles que os cercam.

Referimo-nos às pessoas inamistosas, que preferem tornar-se adversárias, gratuitas ou não. Aliás, nunca há motivo para que alguém se torne inimigo de outrem.

Vige esta situação, em face da psicosfera reinante entre os homens, ainda imperfeitos.

Embora o convite da vida à saúde e ao bem, um grande número dessas pessoas prefere a odiosidade, porque estão indispostas contra si mesmas.

Enfermaram intimamente e não o perceberam.

Extravasam o mal-estar que as atormenta, agredindo, gerando antipatia, projetando sombra, perturbando os demais e perturbando-se.

Não lhes ofereças o combustível do teu sofrimento, deixando-as atingir-te.

Desliga-te, mentalmente, da vibração negativa com que te envolvem, e, mediante uma ação serena de amor, revida às suas ondas mentais com os teus pensamentos cordiais e de compaixão.

Elas sofrem e desejam que todos participem da sua aflição.

Ignoram as admiráveis possibilidades que têm à disposição para a própria saúde e a felicidade pessoal.

Enlouqueceram, vitimados pela ignorância, pelo egoísmo, pela inveja, pelo ciúme...

Não te cabe sintonizar com elas.

Ninguém lhes escapa à sanha, que termina por envolvê-las umas contra as outras.

Sê, tu, a pessoa amistosa para com todos.

A tua simpatia gera afeição e, a ti, faz muito bem.

Diante dos reacionários, dos que desejam tornar-se teus inimigos - pessoas inamistosas - silencia e passa.

Jesus, que é um Ser perfeito, pregando e vivendo o amor, não lhes ficou indene à perseguição e ao desafeto; entretanto, mesmo assim, não as amou menos, ensinando-nos como agir diante delas e das circunstâncias difíceis que criam.


Texto retirado do livro Momentos de Harmonia; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 3ª Edição, 2014.