Existem pessoas que, a pretexto de buscarem a paz espiritual, odeiam o mundo, literalmente, e se entregam a uma vida de desprezo a tudo e a todos, num ascetismo fanático, longe da lógica e da razão.
Algumas, embora nos mereçam respeito pelo esforço e intenção, não passam de personalidades psicopatas, que se entregam a mecanismos de fuga sob pretextos que se lhes tornam fundamentais.
Pretendem a felicidade espiritual por meio da mortificação física e creem que, no recolhimento pessoal e no isolamento, conseguirão a morte do ego.
Propõem-se e entregam-se à inação como meta de vida, na expectativa de uma paz que é inoperância, anulação do ser.
O espírito reencarna para evoluir e jamais para estagnar.
A reencarnação é processo de iluminação pelo trabalho, pela transformação moral.
Renascimento significa oportunidade de crescimento pelo amor e pela sabedoria.
Quem se isola, reserva-se a negação da vida e o desrespeito a Deus, embora sob a justificativa de buscá-lO.
Em toda a Criação vibram em uníssono, as notas ritmadas da ação, que gera o progresso, e do movimento, que responde pela ordem universal.
Inatividade e água estagnada guardam os miasmas da morte.
No célebre diálogo entre Krishna e Arjuna, responde o Bem-aventurado ao jovem príncipe pândava, a respeito da ação, na Bhagavad-Gita:
- É vã quão vergonhosa a vida do homem que, vivendo neste mundo de ação, tenta abster-se da ação; que, gozando o fruto da ação do mundo ativo, não coopera, mas vive em ociosidade. Aquele que, aproveitando a volta da roda, em cada instante de sua vida, não quer pôr a mão à roda para ajudar a movê-la é parasita, e um ladrão que toma sem dar coisa alguma em troca.
E prossegue:
- Sábio é, porém, aquele que cumpre bem os seus deveres e executa as obras que são para fazer-se no mundo, renunciando a seus frutos, concentrado na ciência do Eu Real. (*)
Jesus, o excelente Mestre, viveu trabalhando e exaltando o valor da ação como meio de dignificação e paz.
Dentro do mesmo enfoque, Allan Kardec estabeleceu a tríade do Trabalho, Solidariedade e Tolerância, completando que, só a Caridade salva, por ser esta a ação do amor a serviço do homem e da Humanidade.
(*) Bhagavad-Gita - Tradução de Francisco Valdomiro Lorenz - 4ª Edição, Editora O Pensamento (Nota da autora espiritual)
Texto retirado do livro Momentos de Meditação; Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 3ª edição, 2014.
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