O mito de uma Idade de Ouro da linguagem acompanha cada geração. A ideia geral é a de que os jovens já não possuem mais tanto apego aos livros quanto em outras épocas. Educadores praguejam contra a relutância juvenil em encarar obras literárias mais densas.
Embora não haja uma pesquisa comparativa entre índices de leitura em épocas diferentes, ferramentas da internet e sucessos editoriais como Harry Potter - com volumes de até 700 páginas - desmentem o mito geracional. A forma de comunicação usada na era digital se baseia na palavra escrita mais do que na falada, e, apesar de a imagem e o vídeo serem grande parte dessas novas mídias, a sua força se encontra na escrita.
Estudiosos duvidam que haja indício de "perda" de interesse geracional por obras literárias de fôlego. E se as gerações anteriores tinham maior capacidade de realizar uma leitura em profundidade, as novas gerações "compensam" o processo com uma capacidade maior de absorção de dados de leitura simultâneos e em menor tempo.
Texto de Evanildo Bechara. Gramático e imortal da ABL.
Mitos Ideológicos, 100 Mitos retirado da revista Língua Portuguesa, Ano 9, número 100, Fevereiro de 2014, Editora Segmento, São Paulo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário