segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

26. O certo é "risco de morte", não "de vida"

Embora a atividade linguística seja inventiva e criadora, aqui, no caso, não se trata de propriamente de invenções, mas de inovações devidas ao próprio mecanismo da Língua, que é uma entidade dinâmica sempre em movimento. As inovações internas aparecem pela propriedade que têm os itens léxicos de se associarem em diversas maneiras e, associados, podem transformar uma construção em outra equivalente.

Por exemplo, diz-se "arriscar a vida = pôr em risco a vida", que se nominalizando passa a "risco de vida". Foi essa a  construção que os jornais se incumbiram de espalhar. A partir de um certo momento houve quem achasse que a expressão não era adequada. E propôs "risco de morte". Mas esta expressão é a transformada de "arriscar-se a morrer > correr o risco de morrer > risco de morte". Por aí se vê que as duas são legítimas; só que esta última tem frequência bem menor no mesmo jornal.


Texto de Francisco S. Borba; professor do Curso de pós-graduação em Linguística da UNESP - Campus de Araraquara e pesquisador 1A do CNPq.

Mitos Ideológicos, 100 Mitos retirado da revista Língua Portuguesa, Ano 9, número 100, Fevereiro de 2014, Editora Segmento, São Paulo.

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