sábado, 15 de abril de 2023

Ninguém Escapa

- Por que sofrem os bons, enquanto os maus prosperam? - indagam inúmeras pessoas, amarguradas.

- Por que os bons propósitos não encontram resposta, considerando-se que os planos infelizes são coroados de êxito? - interrogam os indivíduos com desencanto.

- Por que todos se voltam contra os idealistas da verdade e aplaudem os mentirosos, embora pareça o contrário? - perguntam aqueles que reflexionam sob desesperos injustificáveis.

- Por que a colheita do bem são os espinhos e as ingratidões? - inquirem os corações ensombrados pela revolta.

- Por que a solidão dos bons e a popularidade dos criminosos, dos astutos e malversadores? - surpreendem-se quantos experimentam incompreensões.

Nenhuma injustiça, porém, nos quadros apresentados.

O enfoque das questões encontra-se malfeito.

A observação em tela é imperfeita.

Senão, vejamos: aquele que se apresenta como bom cidadão hoje e defronta dificuldade, é apenas aprendiz da vida, que vem da ignorância para o conhecimento, do erro para o acerto.

" - Bom somente é o Pai " - respondeu Jesus ao moço rico, na lição evangélica.

O homem mau, ignorante e inseguro, que frui enganoso triunfo, não se encontra em paz com a consciência. E mesmo tendo-a anestesiada, despertará.

A vida não tem pressa.

Ao dia sucede a noite, e a esta, um novo dia.

O Sol brilha sobre bons e maus com a mesma intensidade; assim, o amor de Nosso Pai.

Se o sucesso não te coroa os tentames do bem-fazer, persevera e atua melhor.

Se a dificuldade te surpreende os passos, insiste e contorna o obstáculo.

Se o problema te desafia, estuda-o e permanece equacionando-o.

Nada há impossível para quem ama, crê e espera, estudando e servindo sem cansaço.

Se recebes gratificação de qualquer natureza pelo que realizas, não és obreiro do Senhor, porém negociante de emoções e interesses.

Se te queixas, enquanto atuas, encontras-te desinformado da ação do bem.

Porque o bem é proposta nova e inabitual no mundo, ainda provoca surpresa, desconfiança, desencorajamento.

Sê aquele que o torne natural e comum, demonstrando aos outros, àqueles que não creem na tua ação, a excelência dos resultados que ele já propicia em ti.

Alarga os espaços da bondade, e chegará o momento em que o joio da maldade será arrancado e a gleba humana se enriquecerá com o trigo generoso propiciador do pão de vida.

Não te preocupes com os equivocados, os insensatos, os maus... Eles viverão e retornarão aos caminhos ora percorridos por ti.

Ninguém escapa.

Ama-os, ao invés de desejar-lhes sofrimentos, assim tornando a tua bondade sábia e compreensiva, em lugar de ser adorno para reconhecimento público.

Recorda-te, em qualquer situação, de Jesus, que até agora permanece confiante e sem queixas, esperando por nós.


Retirado do livro Momentos de Alegria; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 4ª Edição, 2014.

sábado, 8 de abril de 2023

Permanece Confiante

Onde te encontres, com o que tens, através do que sabes, dispões dos valores essenciais para o teu crescimento espiritual.

A Divina Sabedoria coloca o aprendiz no lugar mais rico de experiências para a sua realização.

Quando estás em condições, podes ler os mais belos textos de sabedoria no livro aberto da Vida.

Se não logras adaptar-se na situação em que estagias, mui dificilmente galgarás o próximo degrau de discernimento espiritual.

Não fujas das injunções evolutivas que se apresentam com roupagens de dificuldade, limite ou dor.

Para onde te transfiras, seguirás o teu destino, aquele que programaste através das reencarnações passadas.

O que aqui não consigas, adiante, passado o entusiasmo da novidade, não possuirás.

Deus te ama em todo e qualquer lugar e sabe o que é de melhor para ti.

Nem aceitação estática daquilo que denominas infortúnio, nem exaltação do que chamas conquista.

A vida possui uma dinâmica natural, um ritmo que deves aplicar nas tuas aspirações, acontecimentos e programas.

Age, pois, sempre, de forma que te brinde maior quota de paz e de experiências possíveis.

Pedra que rola não cria limo, afirma o brocardo popular. Da mesma forma , a instabilidade íntima, que te leva a constantes mudanças, não te permitirás fixação em coisa alguma, tampouco realização profunda.

Concede-te o tempo de semear, germinar, crescer, enflorescer e dar frutos.

Não tenhas pressa injustificável.

O trabalho de burilamento é íntimo.

A aquisição de conhecimento é tranquila.

A plenitude do amor é lenta.

As alternativas do mundo são todas transitórias.

As concessões do Cristo são permanentes.

Transitando, sofregamente, poderás reunir o que deixarás com a morte do corpo.

Harmonizando-te e perseverando, porém, conseguirás ser o que nada te poderá usurpar.


Retirado do livro Momentos de Meditação; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 3ª Edição, 2014.

sábado, 1 de abril de 2023

Lesão da Cruz

Ainda hoje, o cristão decidido encontra dificuldades de vária ordem, a fim de manter pulcro o ideal esposado.

Incompreendido, repentinamente se vê qual ilha solitária no tumulto das multidões aturdidas.

A sua conduta é vista sob suspeição e suas palavras padecem interpretação incorreta, que se deriva de má vontade geral.

São falseados os seus propósitos, e uma conspiração quase generalizada busca  bloquear-lhe os passos.

Mesmo entre os coidealistas, experimenta desafios na área do relacionamento fraternal.

Se é coerente com a mensagem de que se faz beneficiário, é tido por intransigente.

Se acata as opiniões diferentes, embora sem concordar com elas, é considerado pusilânime.

Se fala com sinceridade, expressando o que pensa, é chancelado de rude.

Se silencia e observa, é posto na conta de covarde ou de conivente.

Não há, por enquanto, lugar na Terra para o discípulo fiel do Evangelho.

As suas provas, decorrentes do passado, constituem-lhe espinho cravado no cerne da alma.

Ao seu lado, os acúleos-tentação afligem-no, ameaçando, a cada passo, a sua marcha ascensional.

A dor é-lhe companheira constante, mutilando-lhe as asas da ilusão, o que lhe resulta em benefícios excepcionais. Todavia, a sua é uma busca profunda, na qual são dispensáveis os atavios e engodos das fantasias.

Tido, às vezes, como masoquista, não foge do sofrimento, mas, igualmente, não o busca.

Encara-o com naturalidade, na condição de instrumento de libertação do ego, das emoções e paixões perturbadoras, que lhe constituem retentiva no processo de iluminação pessoal.

Afirmou Jesus, sem margem a interpretação dúbia: - Quem quiser vir comigo, tome a sua cruz e siga-me.

O convite descarta as habituais evasivas da comodidade e as justificativas do desculpismo tradicional.

A cruz, posta sobre os ombros e conduzida, dilacera as carnes em que se apoia.

Se for retirada antes do tempo e da chegada ao Calvário, a ulceração ficará exposta.

Geradora da ferida, é, também, a sua cicatrizadora, encarregada de recompor os tecidos dilacerados.

A lesão provocada pela cruz, mais tarde torna-se estrela a fulgir, apontando o rumo.

Nunca recues ante a dificuldade.

Não esmoreças, defrontando a dor.

Conduze, confiante, a tua cruz até o monte libertador.

Quem a deixa no caminho, buscando poupar-se ao sofrimento retornará a buscá-la, pois que, sem ela, ficará interrompido o acesso ao reino da consciência tranquila.

Diante de alguém sobrecarregado, sê-lhe cireneu, emulando-o à condução ditosa.

Não o iludas com a necessidade de liberar-se antes do tempo. Encoraja-o a seguir adiante.

Jesus, que não tinha qualquer dívida a ressarcir, sob o peso da cruz, aceitou a ajuda do estranho, no entanto levou-a, Ele próprio, ao topo da subida, onde a plantou, deixando-se nela imolar para ensinar-nos coragem e libertação.


Retirado do livro Momentos de Iluminação; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 4ª Edição, 2015.

sábado, 25 de março de 2023

Pessoas Inamistosas

Estão em toda parte.

Multiplicam-se com facilidade, quais cogumelos em clima próprio.

Surgem de forma inesperada nos mais diversos lugares.

Enxameiam no lar, no trabalho, no grupo social, nas ruas do mundo.

Criam embaraços, quando poderiam facilitar as ocorrências. Separam os indivíduos, ao invés de os unir.

Promovem guerras surdas e declaradas.

São pertinazes e parecem invencíveis.

Mudam de postura e de situação, permanecendo com os mesmos vis objetivos.

Instalam a insegurança emocional entre aqueles que os cercam.

Referimo-nos às pessoas inamistosas, que preferem tornar-se adversárias, gratuitas ou não. Aliás, nunca há motivo para que alguém se torne inimigo de outrem.

Vige esta situação, em face da psicosfera reinante entre os homens, ainda imperfeitos.

Embora o convite da vida à saúde e ao bem, um grande número dessas pessoas prefere a odiosidade, porque estão indispostas contra si mesmas.

Enfermaram intimamente e não o perceberam.

Extravasam o mal-estar que as atormenta, agredindo, gerando antipatia, projetando sombra, perturbando os demais e perturbando-se.

Não lhes ofereças o combustível do teu sofrimento, deixando-as atingir-te.

Desliga-te, mentalmente, da vibração negativa com que te envolvem, e, mediante uma ação serena de amor, revida às suas ondas mentais com os teus pensamentos cordiais e de compaixão.

Elas sofrem e desejam que todos participem da sua aflição.

Ignoram as admiráveis possibilidades que têm à disposição para a própria saúde e a felicidade pessoal.

Enlouqueceram, vitimados pela ignorância, pelo egoísmo, pela inveja, pelo ciúme...

Não te cabe sintonizar com elas.

Ninguém lhes escapa à sanha, que termina por envolvê-las umas contra as outras.

Sê, tu, a pessoa amistosa para com todos.

A tua simpatia gera afeição e, a ti, faz muito bem.

Diante dos reacionários, dos que desejam tornar-se teus inimigos - pessoas inamistosas - silencia e passa.

Jesus, que é um Ser perfeito, pregando e vivendo o amor, não lhes ficou indene à perseguição e ao desafeto; entretanto, mesmo assim, não as amou menos, ensinando-nos como agir diante delas e das circunstâncias difíceis que criam.


Texto retirado do livro Momentos de Harmonia; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 3ª Edição, 2014.

sábado, 18 de março de 2023

Teoria e Prática

O conhecimento liberta da ignorância. Todavia, somente a sua aplicação liberta do sofrimento.

Há uma expressiva diferença entre a teoria e a prática, em todos os segmentos da Humanidade.

A teoria ensina. Porém, a prática afere-lhe o valor.

Não basta saber. É imprescindível utilizar o que se conhece.

O conhecimento, em verdade, amplia os horizontes do entendimento. Não obstante, a sua aplicação alarga as paisagens da vida.

A mente conhecedora deve movimentar as mãos no uso desses valiosos recursos.

O conhecimento de importância é aquele que pode mover essas conquistas em favor do bem do seu possuidor, assim como do meio social onde este se encontra.

Nula é a informação que não produz bênçãos, nem multiplica as disposições da pessoas para a ação útil.

Conhecendo, saberás que a tua renúncia auxilia a comunidade, sem que esperes a abnegação dos outros a teu benefício.

O conhecimento superior estimula à imediata atividade.

Acumular informações sem finalidade prática, transforma-a em erudição egoísta, que trabalha em benefício da presunção.

Tens a obrigação de conhecer para viver. Simultaneamente, deves viver praticando os salutares esclarecimentos que armazenas, contribuindo para uma existência  realizadora, humana e feliz.

Quando leias, exercita a praticidade do contributo cultural que assimilas.

O tempo urge, e as oportunidades de aplicação constituem tuas chances de progresso como de paz.

Conta-se que célebre monge budista, estudando algumas suras, descobriu que se não devia utilizar da pele de animais para conforto pessoal.

De imediato, levantou-se do catre e dali retirou o couro de um urso que lhe servia de apoio macio sobre as ripas da enxerga áspera.

Prosseguindo a leitura, porém, encontrou assinalado que, no entanto, se poderia usar a pele dos animais, quando se estivesse enfermo, esquálido ou envelhecido, a fim de ter diminuídas as penas e dores.

Ato contínuo, tomou da mesma com respeito, colocou-a no lugar de onde a retirara, sentou-se sobre ela e continuou a ler...

Conhecimento que se não transforma em utilidade, pode ser qual "sepulcro caiado por fora", ocultando vérmina e morte por dentro, responsáveis pelo bafio do orgulho e da ostentação.


Retirado do livro Momentos de Felicidade; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 5ª Edição, 2014.

sábado, 11 de março de 2023

Cristão em sofrimento

O testemunho da fé é a láurea de quem serve com honradez a qualquer ideal.

A demonstração de inteireza moral, ante a provação que testa as resistências do homem que abraça aspirações superiores, confere-lhe a coroa da vitória sobre a própria fragilidade.

O esforço estoico no desempenho da tarefa responde pela grandeza íntima de quem se entrega ao ministério, no qual se movimenta.

Mede-se, portanto, a identidade do idealista em relação ao seu ideal, mediante o esforço que desenvolve por mantê-lo e graças à firmeza na dor, preservando a sua legitimidade.

Em todos os campos de ação o homem é convidado à aferição dos valores íntimos, de modo a confirmar aquilo em que acredita.

Por mais expressivo e engrandecedor seja o ideal, este sempre provoca reações  correspondentes à sua extensão e força.

Quantos abracem estes comportamentos, são compelidos a confirmar nos atos a excelência deles.

Assim, multiplicam-se os mártires e heróis em todos os ramos do conhecimento e da beleza, além daqueles que passam anônimos, igualmente espezinhados e perseguidos.

A alavanca do progresso derruba também as construções viciadas e decadentes, dando campo às reações violentas da corrupção, do vício e do primitivismo.

Os cristãos do passado, fiéis à Doutrina pura, experimentaram o opróbrio, a calúnia, a persistente angústia, o cárcere, o martírio...

A história do vero Cristianismo é a saga de toda uma comunidade sacrificada através dos tempos.

Lentamente, porém, as conquistas humanas, culturais e sociais vêm banindo os métodos bárbaros de impedimentos dos ideais da Humanidade.

Apesar de ainda existirem presídios e ultrajes, processos vis para extorquir informações e atemorizar; os direitos humanos se vão incorporando e as liberdades de culto, de crença, de ação, de palavra e movimentos acenam dias felizes para o futuro.

Os cristãos gozam de cidadania e suas minorias fazem-se respeitadas e até mesmo amadas.

Como será possível a cada indivíduo, porém, demonstrar o vigor da fidelidade aos postulados de fé vivenciados?

As antigas arenas foram derrubadas e as feras estão esquecidas.

Apesar disso, outros fenômenos têm lugar, convidando os decididos lidadores ao heroísmo, à evolução.

A dor íntima, os conflitos gerados na ação abnegada, as incompreensões propositadas, o cerco da maledicência e da acusação indébita os ferem e os angustiam, ensejando recuperação, crescimento para Deus, ao mesmo tempo constituindo-se testemunho à fé.

Sob os açoites da enfermidade ou excruciado pelas dores de qualquer natureza, recorda-te da fé cristã, e alegra-te.

Este é o teu instrumento de flagício libertador, de que a Vida se utiliza para a tua felicidade futura.

Sob as chuvas de sarcasmo dos amigos de ontem, agora perseguidores cruéis, ou padecendo injúrias e acusações venenosas, vitaliza-te com a fé cristã e demonstra-a na resignação e na coragem com que suportarás todas as injunções, sofrendo as feras multiplicadas na arena ampliada do teu relacionamento social.

O testemunho à fé chega-te agora de maneira diversa daquela que assinalou os apóstolos e mártires primitivos, não menos dolorosa, porém.

Não malbarates, pois, a concessão divina do sofrimento, nem percas essa bênção que te permite ascender.

Cristão, sofrendo, é Espírito em depuração rumando na direção do Cristo, que nos aguarda, confiante.


Retirado do livro Momentos de Esperança; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 3ª edição, 2014.

domingo, 5 de março de 2023

Sobreviverás

Multimilenária questão perturbadora, ela permanece na ceifa dos corpos, espalhando angústias, mutilando aspirações, levando ao desvario.

Muitas vezes, paradoxal, adentra-se no lar e rouba o ser saudável, deixando o enfermo; recolhe o jovem, olvidando o ancião, sem qualquer respeito pelas afeições e anelos humanos.

Sorrateira, decepa alegrias, ou violenta, interrompe os planos de vida, assinalando sua passagem com o luto e a dor.

Para entendê-la, surgiram correntes filosóficas que se multiplicaram, debatendo sua realidade, sem conclusão definitiva.

A morte continua, apesar das admiráveis conquistas do pensamento e da inteligência, ameaçando os seres e assinalando-os com os ferretes da frustração, quando se acerca e toma nas mãos alguém que aspirava a continuar na vida física.

Em mecanismos escapistas, a sociedade vestiu-a de aparatos e adornou-a de rituais, em vãs tentativas de modificar-lhe o impacto ou diminuir-lhe o choque.

Solenidades e cerimoniais, longos quão inúteis, são apresentados para anular-lhe o efeito, ou servirem de recurso consolador em memória daqueles que foram arrebatados.

A morte, no entanto, dispensa todas as conceituações pessimistas dos que a consideram como o fim da vida, bem assim as roupagens com que procuram disfarçá-la, brindando com regalias os que seguem na sua barca.

Morrer é somente interromper o ciclo biológico, permanecendo na vida.

O Espírito, que vitaliza a matéria, preexiste e sobrevive a ela, sendo-lhe a causa, a força que a aciona e lhe dá espontaneidade.

A sobrevivência do ser à disjunção molecular pela morte é incontestável.

Em toda parte, e em tudo, ocorrem transformações sem aniquilamento. Da mesma forma, o ser humano, enquanto sua indumentária carnal se modifica sob a ação da adaga da morte, prossegue no rumo do Grande Lar de onde veio.

Pensa com frequência no fenômeno da morte, a fim de te habituares com a ideia e não seres surpreendido, quando a depares em alguém amado ou a enfrentes.

Fatalidade biológica, ela virá, hoje ou mais tarde, e terás que te submeteres ao seu imperativo.

Vive de tal forma, que a qualquer momento te encontres em condições de aceitar-lhe a presença.

A morte liberta aquele que está encarcerado no corpo, cuja existência digna credencia-o à felicidade.

Da mesma forma, conserva aprisionado quem se deixou intoxicar pelos vapores da delinquência, derrapando no crime e na insensatez.

Cada qual sobrevive ao corpo conforme nele se conduziu.

Desse modo, a plenitude futura deve ser exercitada desde a viagem carnal, mediante a conduta mental, moral e vivencial a que se entrega o indivíduo.

Não temas a morte, nem lamentes os que partiram.

Evita a rebeldia e a mágoa diante dela, considerando que somente há vida, embora em níveis vibratórios diferentes e faixas diferenciadas de evolução.

Recorda que o momento culminante da vida de Jesus Cristo foi o da Sua ressurreição, somente possível porque, antes, houve a morte.

Assim, vive, cada instante, libertando-te das paixões primitivas, até ocorrer a tua morte, certo, porém, de que sobreviverás


Retirado do livro Momentos Enriquecedores; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 2ª Edição, 2015.

sábado, 25 de fevereiro de 2023

Sexo e Força

Ante o sexo, defrontas a vida.

Fonte geradora de energias, é aparelho pelo qual se expressam os estalos de primitivismo e de elevação característicos de cada Espírito.

A conduta com que o utilizes, tornar-se-á motivo de encarceramento ou de libertação para ti mesmo.

Fator de estímulos e de forças, pode converter-se em central de desgaste orgânico quanto de alucinação. Controlado, é dínamo fomentador de vitalidade e saúde. Em desequilíbrio, infelicita e compromete por largo período.

Governado pela mente, que o deve conduzir com respeito e dignificação, às vezes se expressa violento com o potencial do instinto de que se reveste.

Impulso que surge inesperado, sob disciplina mantém-se em calma, proporcionando bem-estar e alegria.

O mau uso de que tem sido objeto é responsável por verdadeiras calamidades para o indivíduo, tanto quanto para o organismo social.

Responderás, ante a própria consciência, pelas induções e seduções sexuais que estimules.

O parceiro, a quem atrais e encorajas, estabelecerá contigo uma ligação psíquica e emocional que não romperás com facilidade, não obstante quando, saturado dele, interrompas a comunhão física... O que lhe suceda, a partir daí, terás a ver, na área da responsabilidade espiritual.

Cada criatura é, psicologicamente, o que remanesce do seu passado espiritual.

No que tange ao sexo, a pessoa reflete, no presente, o comportamento que se permitiu no passado. Por essa razão, as necessidades se exteriorizam de forma variada, esperando educação e vigilância

Desse modo, tem cuidado antes de te comprometeres, evitando enovelares-te nas teias complicadas das paixões brutalizadoras.

Da mesma forma, não imponhas as tuas necessidades a outrem, no que diz respeito às funções sexuais, liberando-te de futuros remorsos que te consumirão interiormente.

O ardor arrebatado sempre cede lugar ao cansaço, à indiferença, ao extenuamento...

Dirige as tuas forças genésicas como quem produz um veículo com freios inseguros: sempre vigilante, canalizando-as para a sustentação dos ideais de enobrecimento e das lutas de elevação moral.

De forma alguma iludidas a quem desejes, promovendo armadilhas e situações que se transformarão em problemas para ti mesmo.

Enriquece o teu sexo com o estímulo do amor, a fim de que este o controle com sabedoria e nobreza.

Respeita os companheiros que se te apresentem atormentados ou que se situam em posições diferentes da tua.

Não os censures, nem os explores.

Todos estão realizando experiências: uns se edificam; outros retificam; diversos se complicam...

Cada qual sabe quanto lhe custa a situação em que se encontra.

Sê bondoso para com todos, sem te manteres conivente com ninguém.

Se alguém te acusa de desvio de conduta ou de qualquer outra razão, recorda-te de que o fazendo com autoridade, a si mesmo se complica, pois que em tal experiência ambos os cômpares se encontram na mesma faixa vibratória e posição moral.

Segue adiante, enfrentando a tua luta libertadora, e não odeies ou te deixes desesperar ante as imposições do sexo.

Exercita equilíbrio, corrige a onda mental e vence o tempo.

Confiando em deus e fazendo o melhor ao teu alcance, lograrás utilizar-te corretamente desta abençoada usina de forças, que é o sexo a serviço da vida.


Retirado do livro Momentos de Coragem; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 8ª Edição, 2014.

sábado, 18 de fevereiro de 2023

Enfermidades

Consideremos as enfermidades sob três aspectos: do corpo, da mente e do Espírito.

As do corpo são resultado de infecções, traumatismos físicos, acidentes, degeneração celular.

As da mente englobam os fenômenos psicológicos, expressando-se em forma de conflitos, insatisfação, desajustes, alienações.

As do Espírito, com maior profundidade, relacionam-se com o próprio comportamento na atual ou em existências passadas, das quais procede no seu programa evolutivo.

As pessoas preocupam-se em demasia por solucionar os males que as afligem, sem uma preocupação mais consciente a respeito das causas que os desencadeiam, realizando uma terapia preventiva, pela morigeração dos hábitos e desregramentos dos abusos de toda natureza, tendo-se em vista que os fenômenos pungentes e dolorosos remontam às matrizes morais enraizadas no Espírito.

Instalada a enfermidade, faz-se inevitável o tratamento específico, recorrendo-se às terapias próprias, compatíveis com as circunstâncias.

Não obstante, para a saúde espiritual, e, portanto, para as doenças que do Espírito derivam, tornam-se imprescindível uma reprogramação dos valores da vida, alterando-se o comportamento em profundidade.

Entre as doenças mais graves da área do Espírito, destaquemos a indiferença, a soberba, o ódio, o ciúme, a falta de finalidade aplicada à existência, o esquecimento e desrespeito às divinas e às humanas leis.

Em todo processo de enfermidades, e mesmo nas que decorrem do fatores morais e circunstanciais - acidentes, choques - há uma forte causalidade no ser espiritual.

A reparação das peças orgânicas e equipamentos psicológicos, sem uma correspondente alteração de conduta íntima, resulta inócua e de efêmero resultado.

Não removido o elemento causador do distúrbio, este muda de forma ou lugar, permanecendo inalterado.

Reforma o quadro das tuas aspirações humanas, considerando a tua realidade eterna, eliminando do teu mapa de comportamento o egoísmo, a ansiedade, a ira, o medo, o ódio, a luxúria.

Esses raios destrutivos, que deles emanam, produzem a degenerescência das células, em face do bombardeio mental que padecem.

A cegueira sistemática a respeito da finalidade transcendental da vida é também responsável por males incontáveis no corpo, na mente, na alma.

Indispensável combater essa virose insidiosa que destrói as defesas da existência, possuindo o poder de mutações constantes, que a apresentam com variadas e insuspeitáveis características.

O conhecimento e consequente respeito aos mecanismos de funcionamento da vida alterarão por completo a tua maneira de ser, brindando-te saúde real, partindo da emoção para o corpo com excelente harmonia interior.

Sobrepondo o Espírito ao corpo, Jesus jamais enfermou, demonstrando a grandeza da saúde verdadeira e conclamando-nos à vitória sobre os atavismos negativos e paixões inferiores.


Retirado do livro Momentos de Alegria; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 4ª Edição, 2014.

domingo, 12 de fevereiro de 2023

Necessidades Reais

Onde situes os teus interesses, em torno deles circularão as tuas necessidades.

Onde tenhas o pensamento, ali porás a emoção.

Indispensável repensar as aspirações de maneira a fixar apenas aquelas que trabalham para a tua realização profunda.

A ambição conduz ao tresvario.

A avareza leva à mesquinharia.

A sensualidade brutaliza.

A indolência entorpece os sentimentos.

A gula desajusta a máquina orgânica.

O egoísmo encarcera o ser.

O orgulho envenena o homem.

O vício destrambelha os equipamentos do corpo e da alma.

O ódio enlouquece a criatura.

O ciúme deforma a visão da realidade.

O que mais anelas e pensas, corporifica-se e passa a dominar-te interiormente.

Tens um compromisso com a vida, assim como esta dispõe de uma tarefa para ti.

Ausculta as tuas necessidades reais e olha em derredor.

Possuis mais do que precisas, enquanto muitos carecem mais do que dispõem.

Não apenas em recursos materiais, mas, também, em conhecimentos, educação, discernimento, capacidade de serviço, razão...

Há no mundo mais escassez de paz do que de pão.

Há mais solidão do que companheirismo.

Faltam mais os valores morais do que os bens materiais.

Estes últimos são os defeitos infelizes dos primeiros.

[...] E porque são escassas a equanimidade e a justiça, abundam a miséria e a ignorância.

Não postergues indefinidamente o teu momento de entrega, de pôr-te em relação com o melhor tesouro, pois onde o depositares, aí estará o teu coração, conforme acentuou Jesus, facultando-te ou não felicidade.


Retirado do livro Momentos de Meditação; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 3ª Edição, 2014.