No dia 5 de janeiro de 1808, foi instituída a imprensa e a impressão no Brasil, quando D. João VI, fugindo de Napoleão, que tomava conta da Europa, veio para o Rio de Janeiro e criou a Imprensa Régia. Mas, em junho do mesmo ano, era criada a figura dos censores reais contra a Sociedade Literária. Sob censura, dessa oficina, a 10 de setembro de 1808, saiu o primeiro número da Gazeta do Rio de Janeiro. Já o Correio Braziliense, nosso outro jornal impresso em Londres, começando a primeiro de junho de 1808, fugindo à censura local.
Em primeiro lugar, é preciso frisar o atraso com que foram introduzidas a imprensa e a impressão no nosso país. O México conheceu imprensa em 1539, o Peru em 1583 e as colônias inglesas em 1650. O livro sofria censura e restrições em Portugal. Aqui, os livros eram importados. E perseguidos. As bibliotecas confiscadas e fechadas. Nos fins do Século XVIII, começaram a aparecer bibliotecas particulares. Os autos da inconfidência revelam que ter livros e ler era prova de crime. Na mesma época, começou o comércio de livros. A polícia vigiava severamente livreiros e livrarias.
Em 1706, no Recife, instalou-se pequena tipografia. A Carta Régia liquidou a tentativa.
No Rio, em 1746, o antigo impressor de Lisboa, Antônio Isidoro Fonseca, montou material tipográfico em oficina que foi abolida e queimada pela polícia. O primeiro livro em Português impresso na América, o fora do México, em 1710.
IMPRENSA RÉGIA
A ilustração brasileira começou, claro, na Imprensa Régia, no Arquivo Militar e no Colégio das Fábricas. Em xilogravura, talho doce e litogravura. Ilustrações com base em cartas de jogar e estampagem de chitas. As matrizes importadas logo foram feitas aqui. A primeira ilustração num periódico, provavelmente foi na Gazeta do Rio de Janeiro, em 29 de agosto de 1809, dois mapas xilografados, atribuído ao primeiro ilustrador-gravador Braz Sinibaldi.
É da Imprensa Régia, também, o primeiro livro brasileiro contendo uma ilustração. Tinha um título quilométrico: História Verdadeira da Princeza Magalona, filha Del rey de Nápoles e do nobre e valeroso cavalleiro Pieres Pedro de Proença, de 1815. Já empresários de espetáculos, sabendo da importância da ilustração, traziam inúmeras gravuras para reclames.
No dia 14 de dezembro de 1837, no Jornal do Comércio, foi publicada a "bela invenção da caricatura", sob o título A Campainha e o Cujo, de Manoel de Araújo Porto-Alegre. O mesmo autor lançou a revista Lanterna Mágica (1844/45). Bonecos de crítica saíram em 1831, na litografia de Briggs, na rua do Ouvidor. A Marmota (1849/64), de Paula Brito veio depois, usando a cor. A Gazeta de Domingo, também com ilustrações importadas, em 1839 era dirigida por Guilherme Kopke, sócio de uma gráfica. A cor podia ser gravada, pintada à mão livre ou à estampilha (au pochoir).
A PROLIFERAÇÃO DE REVISTAS
Em 1870, havia 248 impressores litográficos e os desenhos eram traçados diretamente na pedra para impressão. As revistas proliferaram: A Lanterna, O Mosquito, Revista Ilustrada, Semana Ilustrada, Vida Fluminense, entre outras. Tinham dupla impressão, uma litográfica, com os desenhos, e outra tipográfica, com o texto. Eram cadernos de oito páginas, no tamanho 19x23 cm, para 32 páginas.
Aí surgiu Angelo Agostini, com sua Revista Ilustrada, em 1876. Agostini trabalhou em O Malho e na revista infantil O Tico Tico, para o qual desenhou o título. Em 1867, na revista O Cabriao, realiza As Cobranças, uma das primeiras histórias ilustradas do mundo, ao mesmo tempo em que Wilhelm Busch, na Alemanha, e logo depois de Rudolph Topffer, na Suíça, em 1824.
A ZINCOGRAFIA
Vivaldi edita uma revista de luxo, com material do exterior, no mesmo ano de 1876. E, 1881, depois de uma tentativa fracassada, surge a zincografia, na oficina Litographia e Zincographia Artistica e Comercial, de Paulo Rubin & Cia.
A importância da zincografia naquela época estava no seu preço, na rapidez, no abandono da pedra e sem necessidade de dupla impressão. O triunfo da zincografia veio com a revista A Bruxa, de Olavo Bilac e Julião Machado. Essa revista assinalou um momento histórico ao sair em maio de 1900, com reportagens fotográficas preparadas por Álvaro de Teffé, com a colaboração de Raul e do fotógrafo Bastos Dias.
A partir daí, todos os processos para ilustrar e imprimir jornais, revistas e livros estavam disponíveis e ao alcance dos editores e impressores brasileiros. Mas o atraso cultural, nas Américas, jamais foi recuperado...
Texto de Álvaro de Moya retirado da revista Conhecimento Prático Literatura, Edição 51, 2013, Editora Escala, São Paulo.