sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Ribeirão

                                                                            Sá & Guarabyra

Você não sabe, nem vai saber
Que sem você pouca coisa sou
Sou pó rasteiro, capim do chão
Água sem ribeirão
Chuva que cai fora da estação
Eu preparei sem poder mandar
Um telegrama de vem me ver,
Vem me ver
Pois ninguém sabe onde te encontrar
Qual lugar,
Mar, sertão, hotel,  navio, vapor, pensão
Teu rastro a chuva lavou do chão
Ou mesmo o vento já desmanchou
Mas tá marcado em meu coração
Cada lugar que você pisou,
Meu amor

música do então LP de Joanna lançado em 1985.

Tolerância Zero


Garçon (para o casal que senta à mesa): É pra dois?
Homem: Não, eu vou comer e ela só vai ficar assistindo.

Mulher (ao marido chegando em casa todo molhado): Está chovendo?
Marido: Não, é que todo mundo na rua resolveu cuspir em mim.

Amigo 1 (encontrando outro na rua): Cortou o cabelo?
Amigo 2: Não, caiu...

Repórter de TV (para senhora subindo escadaria da Igreja de joelhos): A senhora está pagando promessa?
Senhora: Não, é que sou muito alta, então eu ando assim para não chamar a atenção...

Dona da Casa (abrindo a porta para o convidado): Oi, você veio?
Convidado: Não, não sou eu, é outro.

Namorada (recebendo flores): São flores?
Namorado: Não, são cenouras...

Banhista fora d'água: Aí, onde você está dá pé?
Banhista dentro d'água: Só lá no fundo.

Passageiro 1 (a bordo do avião): Está indo pra São Paulo?
Passageiro 2: Não, eu peguei o avião errado.

Namorada (na porta do cinema, encontrando o namorado com capacete na mão): Veio de moto?
Namorado: Não, eu vim com isso na cabeça pra não despentear o cabelo.

Chefe (no escritório): Voltou de férias?
Empregado: Não, tô lá ainda.

Ascensorista (no térreo, para hóspede que chega): Sobre?
Hóspede: Não, quero só ficar dentro do elevador parado.

Apostador (prado): A senhora gosta de corrida de cavalos?
Apostadora: Não, eu venho aqui pra sofrer.

Médico: Dói?
Paciente: Não, eu estou gritando só pra assustar a enfermeira.

Senhora (ao ver um senhor acendendo um charuto): O senhor fuma charuto?
Senhor: Não, senhora, é que estou treinando para pai-de-santo.

autoria desconhecida

 

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Tipologia Masculina


Homem Nescau: energia que dá gosto
Homem Bombril: mil e uma utilidades
Homem Ponto Frio: o bonzão
Homem Casas Bahia: dedicação total a você
Homem Tenaz: só descole se for capaz
Homem Redbull: te dá asas
Homem Brahma: o número 1
Homem Havaianas: todo mundo uso
Homem Celular: agora está vivo
Homem C&A: abuse e use
Homem Avanço: você usa, todos avançam
Homem Maizena: você mexe e ele engrossa
Homem 0800: é grátis
Homem 0300: é caro e não vale a pena
Homem Procon: vive cheio de reclamações
Homem Kaiser: você merece
Homem Ray-O-Vac: te deixa ligado
Homem Ferrari: é muito rápido
Homem Volkswagen: você conhece, você confia
Homem Mastercard: não tem preço
Homem Plano Real: nada sobre
Homem 51: geralmente dá dor de cabeça
Homem Playcenter: para, ao menos, alguns segundinhos de diversão
Homem Miojo: 3 minutos e ele está pronto
Homem Conta Corrente: sem dinheiro, não serve pra nada
Homem Liquidificador: você precisa de um, mas não sabe pra quê
Homem Café: os melhores são bem fortes e quentes e deixam acordado a noite toda
Homem Propaganda: desconfie de tudo que ele fala 
Homem Computador: difícil de entender e sem memória suficiente
Homem Mercosul: demoram muito para funcionar a pleno vapor
Homem Horóscopo: sempre falam o que você deve fazer e geralmente estão errados
Homem Carro Velho: se você não empurra, não anda
Homem Rímel (para os olhos): eles normalmente vão embora no primeiro sinal de emoção
Homem Vaga de Estacionamento: geralmente os bons já estão ocupados

autoria desconhecida

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Traduzir-se

                    Ferreira Gullar

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?

domingo, 16 de setembro de 2012

Sem Mandamentos

                   Oswaldo Montenegro


Hoje eu quero a rua cheia de sorrisos francos
De rostos serenos, de palavras soltas
Eu quero a rua toda parecendo louca
Com gente gritando e se abraçando ao sol
Hoje eu quero ver a bola da criança livre
Quero ver os sonhos todos nas janelas
Quero ver vocês andando por aí
Hoje eu vou pedir desculpas pelo que eu não disse
Eu até desculpo o que você falou
Eu quero ver meu coração no seu sorriso
E no olho da tarde a primeira luz
Hoje eu quero que os boêmios gritem bem mais alto
Eu quero um carnaval no engarrafamento
E que dez mil estrelas vão riscando o céu
Buscando a sua casa no amanhecer
Hoje eu vou fazer barulho pela madrugada
Rasgar a noite escura como um lampião
Eu vou fazer seresta na sua calçada
Eu vou fazer misérias no seu coração
Hoje eu quero que os poetas dancem pela rua
Pra escrever a música sem pretensão
Eu quero que as buzinas toquem flauta doce
E que triunfe a força da imaginação

música do CD " Entre uma balada e um blues " lançado em 2001.

Desejo A Vocês

                  Carlos Drummond de Andrade

 Desejo a vocês...

Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme de Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música do Tom com letra do Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua Cheia
Rever uma velha amizade
 Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho
Sarar do resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender uma nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Desejos



Desejo primeiro que você ame, e que amando, também seja amado.
E que se não o for, seja breve em esquecer, e que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim... Mas se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que tenha amigos, que mesmo maus e inconsequentes,
Sejam corajosos e fiéis, e que pelo menos em um deles você possa confiar sem duvidar.

E porque a vida é assim, desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos, mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito de suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.

Desejo depois que você seja útil, mas não insubstituível.
E que nos maus momentos, quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.

Desejo, ainda, que você seja tolerante, não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente, e que fazendo bom usso dessa tolerância
Você sirva de exemplo aos outros.

Desejo que você, sendo jovem, não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer, e que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e é preciso deixar que eles escorram por entre nós.

Desejo, por sinal, que você seja triste, não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra que o riso diário é bom.
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.

Desejo que você descubra com o máximo de urgência,
Acima  e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.

Desejo, ainda, que você afague um gato, alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal, porque, assim, você se sentirá bem por nada.

Desejo, também, que você plante uma semente, por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento, para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro, porque é preciso ser prático.
E que, pelo menos uma vez por ano, coloque um pouco dele
Na sua frente e diga " Isso é meu " só para que fique claro quem é o dono de quem.

Desejo, também, que nenhum de seus afetos morra por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar sem se lamentar e sofrer sem se culpar.

Desejo, por fim, que você sendo homem, tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher, tenha um bom homem,
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor pra recomeçar.

E se tudo isso acontecer, não tenho mais nada a te desejar. "

autoria desconhecida

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

O Idiota e a Moeda


Conta-se que numa cidade do interior um grupo de pessoas se divertia com o idiota da aldeia. Um pobre coitado, de pouca inteligência, vivia de pequenos biscates e esmolas.

Diariamente, eles chamavam o idiota ao bar onde se reuniam e ofereciam a ele a escolha entre duas moedas: uma grande de 400 réis e outra menor de 2.000 réis. Ele sempre escolhia a maior e menos valiosa, o que era motivo de risos para todos.

Certo dia, um dos membros do grupo chamou-o e lhe perguntou se ainda não havia percebido que a moeda maior valia menos.

- Eu sei, respondeu o " tolo ". Ela vale cinco vezes menos, mas no dia que eu escolher a outra, a brincadeira acaba e  não vou mais ganhar minha moeda.

Pode-se tirar várias conclusões dessa pequena narrativa.

A primeira: quem parece idiota, nem sempre é;
A segunda: quais eram os verdadeiros idiotas da história?
A terceira: se você for ganancioso, acaba estragando sua fonte de renda.

Mas a conclusão mais interessante é que a percepção de que podemos estar bem, mesmo quando os outros não têm uma boa opinião a nosso respeito.
Portanto, o que importa não é o que pensam de nós, mas sim, quem realmente somos.
O maior prazer de um homem inteligente é bancar o idiota diante de um idiota que banca o inteligente.
Preocupe-se mais com sua consciência do que com sua reputação, porque sua consciência é o que você é; sua reputação é o que os outros pensam de você. E o que os outros pensam... é problema deles! 

sem identificação de autoria

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Vertigem

                    Caio Sílvio/Graco

Eu sou o que me pede o coração
Na hora que a saudade me desperta
E me deixa sem razão
Desenho o teu rosto na paisagem
Na face escura da cidade
Te contemplo com a mesma paixão
Como se o último beijo
Fosse o primeiro
Como um romance, um cinema
Assisto ao drama impossível
Sem querer me entregar
A vertigem de perder-te

Te foste como as cores
De uma velha aquarela
Deixaste tantas sombras
Samambaias na janela
Que na lembrança ainda me refazem
Me devolvem teu perfume
Se o passado é tão presente
Em cada instante, em cada cena
Não é passado
É somente minha vida que estancou
E como louca (o) ouço valsas
Noites, beijos na varanda
Tua voz dizer-me coisas
És um soneto antigo

faixa de abertura do então LP de Joanna intitulado " Vidamor ", lançado em 1982.

domingo, 2 de setembro de 2012

Forjando a Armadura

               Rudolf Steiner

Nego submeter-me ao medo,
Que tira a alegria de minha liberdade,
Que não me deixa arriscar nada,
Que me torna pequeno e mesquinho,
Que me amarra,
Que não me deixa ser direto e franco,
Que me persegue,
Que ocupa negativamente a minha imaginação
Que sempre pinta visões sombrias.

No entanto, não quero levantar barricadas por
medo do medo.

Eu quero viver, não quero encerrar-me.
Não quero ser amigável por medo de ser sincero.
 
Quero pisar firme porque estou seguro
E não porque encobri meu medo.

E quando me calo, quero fazê-lo por amor
E não por temer as consequências de minhas palavras.

Não quero acreditar em algo só por medo de acreditar.
Não quero filosofar por medo de que algo
possa atingir-me de perto.

Não quero dobrar-me só porque tenho medo
de não ser amável.

Não quero impor algo aos outros
Pelo medo de que possam impor algo a mim.

Por medo de errar, não quero tornar-me inativo.

Não quero fugir de volta para o velho,
O inaceitável,
Por medo de não me sentir seguro no novo.

Não quero fazer-me de importante porque
 Tenho medo de que senão poderia ser ignorado.

Por convicção e amor, quero fazer
O que faço e deixar de fazer
O que deixo de fazer.

Do medo, quero arrancar o domínio e dá-lo
Ao amor.
E quero crer no reino que existe em mim.