quarta-feira, 17 de julho de 2013

Pablo Neruda (Noite)

  
Há que voar neste tempo, aonde?
Sem asas, sem avião, voar sem dúvida:
já os passos passaram sem remédio,
não alçaram os pés do passageiro.

Há que voar a cada instante como
as águias, as moscas e os dias, 
há que vencer os olhos de Saturno
e estabelecer ali novos sinos.

Já não bastam sapatos nem caminhos,
já não servem a terra aos errantes,
já cruzaram a noite as raízes,

e tu aparecerás em outra estrela
determinadamente transitória
por fim em papoula convertida.

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