quarta-feira, 17 de julho de 2013

Pablo Neruda (Tarde)

 Não te quero senão porque te quero
e de querer-te a não querer-te chego
e de esperar-te quando não te espero
passa meu coração do frio ao fogo.
 
Te quero só porque a ti te quero,
te odeio sem fim, e odiando-te rogo,
e a medida de meu amor viageiro
é não ver-te e amar-te como um cego.
 
Talvez consumirá a luz de janeiro
seu raio cruel, meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego.
 
Nesta história só eu morro
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero, amor a sangue e fogo.

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