sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Esses discos voadores me preocupam demais

        Oliveira das Panelas

Essa gente pequenina
De viagem intergalática
Vem saber nossa gramática
Ou mudar nossa doutrina
Beber nossa gasolina
Que já é pouca demais
Desmantelar nossos cais
Engrenar nossos motores
Esses discos voadores
Me preocupam demais
Seres de outras camadas
Voam num veloz transporte
Rússia e América do Norte
Já estão preocupadas
Será que esses camaradas
Lá das bandas siderais
Vem torcer por generais
oi apoiar senadores?
Esses discos voadores
Me preocupam demais
Seres de outro local
Vem dizer se o aborto
É um crime ou um conforto
Ou homicídio legal
Mudar o código penal
Nas alçadas criminais
Ou então dizer que a paz
É feita por desertores?
Esses discos voadores
Me preocupam demais
Da esfera marciana
Descem discos toda hora
Fazem pequena demora
No meio da raça humana
Talvez queiram ver a grana
Das multinacionais
Que tão botando pra trás
Os nossos trabalhadores
Esses discos voadores
Me preocupam demais
Dentro da ufologia
Segundo o que eu entendo
Estes discos estão querendo
Falar de democracia
Cortar a demagogia
De quem fala e nada faz
Dos sabidões atuais
Enganando os eleitores
Esses discos voadores
Me preocupam demais

faixa do então LP de Teca Calazans lançado em 1982

Vaqueijada

          João Alexandre/Zenilton

Quando é no mês de novembro
Dando a primeira chuvada
Reune-se a vaqueirama
Em frente à casa caiada
Vão olhar no campo pasto
Se a rama já está fechada

O vaqueiro da fazenda
É quem monta primeiro
No seu cavalo amarelo
Cansado e muito ligeiro
E vão ao campo pensando
Na filha do fazendeiro

Corre dentro da caatinga
Rolando em cima da sela
Se desviando dos espinhos
Unha de gato e favela
Agora em verso falando
Na beleza da donzela
Me veio em seu aboio
O vaca mansa bonita
Tem no lugar do chocalho
Um lindo laço de fita
Seu nome é Rosa do Prado
Um mimo de Carmelita
Quando se juntam os vaqueiros
Em frente à casa caiada
Um cabra de voz bonita
Vai cantando uma toada
Que a filha do fazendeiro
Fica logo apaixonada
Carmelita quando vê
O seu amor verdadeiro
Todo vestido de couro
Começa no desespero
Mamãe deixa eu ir embora
Na garupa do vaqueiro

O vaqueiro adoecendo
Joga seus couros na cama
Pelo campo o gado urra
Como quem por ele chama
Na porteira do curral
Berra toda a bezerrama
Diz ele quando eu morrer
Coloque no meu caixão
Meu uniforme de couro
Perneira, chapéu gibão
Pra mim brincar com São Pedro
Nas festas de apartação

Não esqueçam de botar
As esporas e o chapéu
O retrato do cavalo
Que eu sempre chamei Xexéu
Pra mim brincar com São Pedro
Nas vaqueijadas no céu
Quando ele estava morrendo
Pediu para não haver choro
Se despediu da fazenda
E do cavalo Pé de Ouro
Se abraçou com Carmelita
Beijando o gibão de couro
Diz ele quando eu morrer
Não quero choro nem nada
Quero meu chapéu de couro
Numa camisa encarnada
Com as letras bem bonita
Foi o rei da vaqueijada eh
Termino me despedindo
Das serras do taboleiro
Dos grutilhões da chapada
De todos os bons vaqueiros
Dos currais e das bebidas
E de todos os fazendeiros

música do então LP de Amelinha lançado em 1987 pela gravadora Continental;

Guardanapos de Papel

  Lee Masliah - adaptação em português: Carlos Sandroni


Na minha cidade tem poetas, poetas
que chegam sem tambores nem trombetas, trombetas
e sempre aparecem quando menos aguardados,
guardados, guardados
entre livros e sapatos, em baús empoeirados

Saem de recônditos lugares, nos ares, nos ares
Onde vivem com seus pares, seus pares, seus pares
e convivem com fantasmas multicores de cores, de cores
Que te pintam as olheiras e te pedem que não chores

Suas ilusões são repartidas, partidas, 
partidas entre mortos e feridas,
feridas, feridas mas resistem com palavras, confundidas,
fundidas, fundida

Ao seu triste passo lento pelas ruas e avenidas
Não desejam glórias nem medalhas,
medalhas, medalhas,
se contentam com migalhas, migalhas,
migalhas de canções e brincadeiras com seus versos dispersos
dispersos, obcecados pela busca de tesouros submersos

Fazem quatrocentos mil projetos
projetos, projetos, que jamais são alcançados, cansados,
cansados nada disso importa enquanto eles escrevem,
escrevem, escrevem o que sabem que não sabem,
e o que dizem que não devem

Andam pelas ruas os poetas,
poetas, poetas, como se fossem cometas, cometas, cometas
num estranho céu de estrelas idiotas
e outras e outras
cujo brilho sem barulho, veste suas caudas tortas

Na minha cidade tem canetas, canetas, canetas
Esvaindo-se em milhares, milhares, milhares
de palavras retorcendo-se confusas, confusas, confusas
em delgados guardanapos, feito moscas inconclusas

Andam pelas ruas escrevendo e vendo,
e vendo o que eles veem nos vão dizendo, dizendo,
e sendo eles poetas de verdade,
enquanto espiam e piram,
não se cansam de falar do que eles juram que não viram

Olham para o céu esses poetas, poetas, poetas,
como se fossem lunetas, lunetas, lunáticas,
lançadas ao espaço e o mundo inteiro,
inteiro, inteiro, fossem vendo pra depois,
voltar pro Rio de Janeiro

música do CD de Clara Sandroni lançado em 1989 e relançado em 2003 pela gravadora Biscoito Fino;

Moça Bonita

             Geraldo Azevedo/Capinan


Moça bonita
Seu corpo cheira
Ao botão de laranjeira
Eu também não sei se é
Imagino e desatino
É um cheiro de café
Ou é só cheiro feminino
Ou é só cheiro de mulher

Moça bonita
Seu olho brilha
Qual estrela matutina
Eu também não sei se é
Imagina a minha sina
É o brilho puro da fé
Ou é só brilho feminino
Ou é só brilho de mulher

Moça bonita
O seu beijo pode
Me matar sem compaixão
Eu também não sei se é
Ou pura imaginação
Pra saber você me dê
Esse beijo assassino
Nos seus braços de mulher

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Dia 10 - Dia da Autoconfiança


O nativo deste dia é audacioso, progressista, independente, prestativo, amigo, atraente fisicamente, cativante e sempre pronto a ajudar àqueles que lhe pedem auxílio. Pelo seu lado atraente e de certa forma arrogante, normalmente desperta inveja e antipatias. É também de certa forma possessivo com suas coisas, amigos, sócios e cônjuge. Para ter sucesso profissionalmente, deve desenvolver a espiritualidade, pois caso contrário pode ser envolvido por pessoas inescrupulosas que tudo farão para o arruinar, e caso não possua esta característica, dificilmente terá competência para solucionar seus problemas. Sendo líder por natureza, ou trabalha só, ou em cargos de chefia, de preferência no ramo da engenharia, metalurgia, comércio, vendas ou diretamente com o público, pois é muito convincente. Deve evitar todo e qualquer tipo de vício, principalmente o fumo, pois as suas vias respiratórias são frágeis e sofrerão terrivelmente com este vício.

material retirado do estudo da Cabala;

Dia 09 - Dia do Humanismo


O nativo deste dia é normalmente universalista: sente compaixão por todos e quer melhorar o gênero humano. É amante da verdade, normalmente generoso, independente, liberal, audacioso, corajoso, combativo, e não tem medo da derrota eventual, pois sabe que conseguirá o que deseja. Dificilmente tem paz de espírito e tranquilidade, pois tem facilidade em atrair discórdia e desentendimentos, afastando os amigos e as pessoas que o amam. É um ser muito contraditório, pois sendo humanista e bondoso não deveria ser arrogante e revoltoso, mas o é, e dessa maneira, destrói em minutos o que levou anos a  construir. Em virtude da sua autoconfiança, normalmente protela tudo, e às vezes acaba ficando em dificuldades financeiras; mas no final acaba se saindo bem. Não gosta de receber ordens e será mais bem sucedido em assuntos relacionados com a religião, filantropia ou associações beneficentes, nas quais a inspiração, a bondade e a compreensão sejam necessárias. Normalmente não se apega a nada nem a  ninguém, sejam bens materiais, amigos, companheiros de jornada ou mesmo a pessoa amada, tendo ao longo da sua vida muitos desapontamentos amorosos e também algumas perdas de amizades. Adora viajar e conhecer novos lugares, novos países, novas pessoas. Qualquer vício lhe é tremendamente nocivo ao organismo, seja o hábito de beber, fumar ou qualquer outro, pois possui um organismo muito sensível e os vícios lhe prejudicam terrrivelmente o sistema nervoso e o respiratório.

material retirado do estudo da Cabala;

Dia 08- Dia do Êxito Material


O nascido neste dia é normalmente organizado, muito dedicado aos negócios, criativo e com enorme potencial para ganhar dinheiro. É justo, leal, prático, generoso (quando quer) e tem grande capacidade executiva e grande senso de justiça. Quando as coisas não saem como deseja, pode-se tornar direto (às vezes até demais), agressivo, com acessos de mau humor e com grande tendência a dominar a todos, indiscriminadamente, sejam eles parentes, amigos ou empregados. Em vista do seu grande potencial para ganhar dinheiro (ou outros bens materiais), será mais bem sucedido como alto executivo, trabalhando por conta própria ou em alguma atividade em que o dinheiro esteja presente e em grande quantidade. Pertence ao mundo dos negócios e, por isso, deve sempre desenvolver a sua capacidade criativa para levar avante os seus projetos. Manifesta, normalmente, uma aparência austera, fria e calculista; na realidade, é tremendamente carente, sentimental, justo e sempre pronto a ajudar quem necessita dele. Do outro lado, ou seja, do material, como " adora " dinheiro, vive desconfiado, descrente de quase tudo e até certo ponto pessimista, o que o leva a ter repentes de solidão, mau humor e até um tanto ranzinza. Apesar disso, dificilmente é derrotado, superando todos os obstáculos que por ventura lhe apareçam pela frente. Qualquer vício lhe é prejudicial à saúde, principalmente o álcool, que pode lhe provocar graves distúrbios ao fígado e estômago.

material retirado do estudo da Cabala;

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Timidez

       Álvaro/Bruno/Coelho/Miguel/Sheik

Toda vez que te olho
Crio um romance
Te persigo, mudo
Todos instantes
Falo pouco
Pois não sou de dar indiretas
Me arrependo do que digo
Em frases incertas
Se eu tento ser direto
O medo me ataca
Sem poder nada fazer
Sei que tento me vencer
E acabar com a mudez
Quando eu chego perto, tudo esqueço
E não tenho vez
Me consolo, foi errado o momento, talvez
Mas na verdade, nada esconde essa minha timidez
Eu carrego comigo a grande agonia
De pensar em você
Toda hora do dia
Eu carrego comigo a grande agonia
Na verdade, nada esconde essa minha timidez
Na verdade, nada esconde essa minha timidez
Talvez escreva um poema
No qual grite seu nome
Nem sei se vale a pena
Talvez só telefone
Eu me ensaio, mas nada sai
O seu rosto me distrai
E, como um raio,
Eu encubro, eu disfarço
Eu camuflo, eu desfaço
Eu respiro bem fundo
Hoje digo pro mundo
Mudei rosto e imagem
Mas você me sorriu
Lá se foi minha coragem
Você me inibiu

música do repertório do grupo Biquini Cavadão, lançada em 1986;

Vento Ventania

                 Álvaro/Bruno/Sheik/Miguel/Coelho/Beni

Vento, ventania
Me leve para as bordas do céu
Pois vou puxar as barbas de Deus
Vento, ventania
Me leve pra onde nasce a chuva

Pra lá de onde o vento faz a curva
Me deixe cavalgar nos seus desatinos
Nas revoadas
Redemoinhos

Vento, ventania
Me leve sem destino
Quero juntar-me a você
E carregar os balões pro mar
Quero enrolar as pipas nos fios
Mandar meus beijos pelo ar

Vento, ventania
Me leve pra qualquer lugar
Me leve para qualquer canto do mundo
Ásia, Europa, América

Vento, ventania
Me leve para as bordas do céu
Pois vou puxar as barbas de Deus

Vento, ventania
Me leve para os quatro cantos do mundo
Me leve pra qualquer lugar
Hum! Me deixe cavalgar
Nos seus desatinos
Nas revoadas
Redemoinhos

Vento, ventania
Me leve sem destino
Quero mover as pás dos moinhos
E abrandar o calor do sol
Quero emaranhar o cabelo da menina
Mandar meus beijos pelo ar

Vento, ventania
Me leve pra qualquer lugar
Me leve para qualquer canto do mundo
Ásia, Europa, América
Me deixe cavalgar nos seus desatinos
Nas revoadas
Redemoinhos

Vento, ventania
Me leve sem destino
Quero juntar-me a você
E carregar os balões pro mar
Quero enrolar as pipas nos fios
Mandar meus beijos pelo ar

Vento, ventania
Agora que estou solto na vida
Me leve pra qualquer lugar
Me leve mas não me faça voltar...

música do repertório do grupo Biquini Cavadão, lançada em 1991;

Se Eu Quiser Falar Com Deus

          Gilberto Gil

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Das as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar

gravação original feita por Elis Regina em 1980; o autor só a registrou em 1981;