segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Desafio Aos Educadores

                      Neidson Rodrigues

O filósofo alemão Friedrich Nietzche tece uma crítica radical à civilização ocidental, dizendo que ela educa os homens para desenvolverem apenas o  instinto de tartaruga. O que isso quer dizer? A tartaruga é o animal que, diante do perigo, da surpresa, recolhe a cabeça ao seu casco. Anula, assim, todos os seus sentidos e esconde os membros, tentando proteger-se do desconhecido. Este é o instinto da tartaruga: defender-se, fechar-se ao mundo, recolher-se a si mesma, e, em consequência, nada ver, nada sentir, nada ouvir, nada ameaçar.

Formar boas tartarugas parece ter sido o objetivo dos processos educacionais e políticas de educação desenvolvidos no mundo ocidental nos últimos anos. Especificamente, no Brasil tem-se educado os homens para que aprendam a se defender das ameaças externas, sendo apenas reativos. Ensina-se o espírito da covardia e do medo.

Precisamos assumir o desafio de educar o homem para desenvolver o  instinto da águia. A águia é o animal que voa acima das montanhas, que desenvolve seus sentidos e habilidades, que aguça os ouvidos, olhos e competências para ultrapassar os perigos, alçando voo acima deles. É capaz de afiar as suas garras e atacar o inimigo no momento que julgar mais oportuno.

As nossas escolas têm procurado fazer com que nossas crinaças recolham-se a si e percam o instinto próprio do homem de coragem, capaz de vencer o perigo que se lhe apresenta.

Temos criado neste país, uma geração tartaruga, uma geração medrosa, recolhida. Estamos todos impregnados por esse espírito de tartaruga. Não temos coragem para contestar nossos dirigentes, para opor às suas propostas e criar soluções alternativas. Agimos apenas de maneira reativa, negativa, covarde.

Temos ensinado às nossas crianças que os nossos instintos são pecaminosos. A parte mais rica do indivíduo, que é sua capacidade de amar e odiar, sua capacidade de se relacionar de maneira crítica com o mundo, tem sido desprezada. Temos ensinado ao homem a ser obediente, servil, incompetente, e a depositar todas as suas esperanças num poder maior que independe da sua vontade.

Quando ensinamos aos nossos alunos que eles não precisam se esconder diante das ameaças, porque todos têm capacidade de alçar voo às alturas, ultrapassando as nuvens carregadas de tempestades e perigo? Temos ensinado as nossas crianças a se  arrastar, a calar, tornando-se incapazes de reagir se lhes pisam a cabeça.

O que desejamos, afinal, desenvolver em nós mesmos e nas futuras gerações? O instinto da tartaruga ou o espírito das águias?

Nenhum comentário:

Postar um comentário