sábado, 1 de dezembro de 2012

Gitã

        Raul Seixas/Paulo Coelho

Às vezes você me pergunta
Por que eu sou tão calado
Não falo de amor quase nada
Nem vivo sorrindo ao teu lado
Você pensa em mim toda hora
Me come, me cospe e me deixa
Talvez você não entenda
Mas hoje eu vou lhe mostrar
Eu sou a luz das estrelas
Eu sou a cor do luar
Eu sou as coisas da vida
Eu sou o medo de amar
Eu sou o medo do fraco
A força da imaginação
O blefe do jogador
Eu sou, eu fui, eu vou
Eu sou o seu sacrifício
A placa de contramão
O sangue no olhar do vampiro
E as juras de maldição
Eu sou a vela que acende
Eu sou a luz que se apaga
Eu sou a beira do abismo
Eu sou o tudo, o nada
Por que você me pergunta
Perguntas não vão lhe mostrar
Que eu sou feito da terra
Do fogo, da água e do ar
Você me tem todo dia
Mas não sabe se é bom ou ruim
Mas saiba que estou em você
Mas você não está em mim
Eu sou o marco da língua
A mãe, o pai e o avô
O filho que ainda não veio
O início, o fim e o meio

 

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