sexta-feira, 31 de julho de 2020

À Sombra de um Jatobá

Raios de sol na varanda
Verde cobrindo o jardim
Poder sentir a vida, espreguiçar
Com cheiro de madrugada
Dama da noite e jasmim
Olhar no céu, estrela pra contar

Ter meus amigos comigo
Quem amo, me amando sim
Longe do amor de quem nos finge amar
Ver na manhã de um domingo
Meu filho sorrir pra mim
Depois dormir à sombra de um jatobá
Poucas coisas valem a pena
O importante é ter prazer
Longe de mim a inveja e a maldade
Escondidas na vida
Hoje estamos nós em cena
E não há tempo a perder
Pois tudo acaba mesmo sempre em despedida

Música de Toquinho que dá título ao seu disco (À Sombra de um Jatobá) lançado em 1989.

Jeito Simples de Ser

Pegue um coração
Cheio de alegria
E toda magia de uma tarde em Itapuã
Ponha compreensão
No seu dia-a-dia
E o ruim de hoje deixe pra fazer amanhã
Ganhe pra viver,
Viva com carinho
E de preferência sem ter contas pra pagar
Olhe pra você
Não pro teu vizinho
Que o tempo que passa não vai nunca te esperar
Tá bom, tá bom,
Da morte ninguém pode falar
Pois nunca voltaram pra dizer
E só o que a gente plantar
É o que um dia
A gente mesmo vai colher
Amor e paixão entram nesse jogo
Paixão é fogo muito fácil de apagar
O verdadeiro amor cresce diferente
Cotidianamente a gente tem que cultivar
Nessa confusão a melhor saída
É viver a vida sendo dela um aprendiz
Mas com atenção, tudo vale nada
Se ao fim dessa estrada não se chega a ser feliz
Tá bom, tá bom,
Da morte ninguém pode falar
Pois nunca voltaram pra dizer
E só o que a gente plantar
É o que um dia
A gente mesmo vai colher

música de Toquinho, gravada no CD de Paulah Gauss, intitulado Vou Livre, lançado em 2007, com a participação dele!

quinta-feira, 30 de julho de 2020

O Começo das Coisas 3

O CAOS, GÉIA E EROS

A terceira história do princípio das coisas vem do Hesíodo, lavrador e poeta ao mesmo tempo e que, na mocidade, pastoreava carneiros na montanha divina do Hélicon. Eros e as Musas tinham santuários. Os discípulos do cantor Orfeu prestavam uma reverência especial a essas divindades e talvez tivessem trazido o seu culto de regiões mais setentrionais. A história de Hesíodo soa como se ele tivesse omitido simplesmente o ovo da história da Noite, o Ovo e Eros, e  tivesse procurado, como o faria um lavrador, atribuir a posição de deusa mais velha a Géia, a Terra. Pois o Caos, citado em primeiro lugar, não era para ele uma divindade, mas tão-somente um "bocejo" vazio - o que sobra do ovo vazio depois da retirada da casca.

Como o relata Hesíodo: primeiro surgiu o Caos. Surgiram depois Géia, a dos vastos seios, firme e eterna morada de todas as divindades, tanto as que moram no alto, no monte Olimpo, quanto as que moram dentro dela, na terra; e surgiu, da mesma forma, Eros, o mais belo dos deuses imortais, que liberta os membros e governa o espírito de todos os deuses e homens. Do Caos descendem Érebo, a escuridão sem luz das profundezas; e Nyz, a Noite. Nyz, apaixonada por Étebo, deu à luz Éter, a luz do céu, e Hêmera, o dia. Géia, por seu turno, deu à luz, primeiro de todos e seu igual, o Céu estrelado, Urano, de modo que ele pudesse cobri-la completamente e ser uma firme e eterna morada dos deuses bem-aventurados. Ela deu à luz as grandes Montanhas, cujos vales são residências favoritas de deusas - as Ninfas. E deu à luz o desolado Mar espumante, o Ponto. E deu-nos todos à luz sem Eros, sem casar.

De Urano ela deu à luz, além dos Titãs e das Titânidas (entre as quais Hesíodo inclui Oceano e Tétis), também três Ciclopes: Estéropes, Bronteu e Argeu. Estes têm um olho redondo no meio da testa e nomes que significam raios e trovões. De Urano ela também deu à luz três Hecatônquiros - gigantes, cada um dos quais tinha uma centena de braços e cinquenta cabeças: Coto, "o que bate"; Briareu, "o forte"; e Gias, "o lembrado". Mas toda a história do casamento de Urano e Géia - embora deva ter sido originalmente uma das histórias relativas ao princípio das coisas - já nos leva à dos Titãs. É a primeira desse tipo especial em nossa mitologia. Passarei a relatar as outras na devida ordem.

Trecho 3, Capítulo 1 do livro Os Deuses Gregos, de Karl Kerényi, série Mitologia Grega, Editora Cultrix, tradução de Otávio Mendes Cajado, 1998.

O Começo das Coisas 2

A NOITE, O OVO E EROS

Outra história do começo das coisas foi transmitida nos escritos sagrados preservados pelos discípulos e devotos do cantor Orfeu. Posteriormente, porém, só foi possível encontrá-la nas obras de um autor de comédias e em algumas referências feitas a elas por filósofos. De início, era mais comumente contada entre caçadores e habitantes de florestas do que entre os povos da costa marinha. No princípio era a Noite - assim reza a história - ou, em nossa língua, Nyx. Homero também a considerava uma das grandes deusas, uma deusa que inspirava ao próprio Zeus um temor sagrado e respeitoso. De acordo com a História, ela era um pássaro de asas negras. A antiga Noite concebeu do Vento e botou o seu Ovo de prata no colo gigantesco da Escuridão. Do Ovo saltou impetuoso o filho do Vento, um deus de asas de ouro. Chama-se Eros, o deus do Amor; mas este é apenas um nome, o mais lindo de todos os nomes usados pelo deus.

Os outros nomes do deus, pelo menos os que ainda conhecemos, em que pese ao seu som muito escolástico, referem-se apenas a determinados pormenores da velha história. Seu nome Protógono só quer dizer que ele foi o "primogênito" de todos os deuses. Seu nome Fanes explica exatamente o que fez ao sair do Ovo: revelou e trouxe à luz tudo o que antigamente jazera escondido no Ovo de prata - em outras palavras, o mundo inteiro. Acima dele estava um vazio, o Céu. Abaixo dele, o Repouso. A nossa língua antiga tem uma palavra para o vazio, "Caos", que significa simplesmente que ele "boceja". No início não havia palavra que significasse tumulto ou confusão: "Caos" só adquiriu, mais tarde, o segundo significado após a introdução da doutrina dos Quatro Elementos. Assim sendo, o Repouso, bem abaixo do Ovo, não estava agitado. De acordo com outra forma de história, a terra jazia abaixo do Ovo, e o céu e a terra se casaram. Essa foi a obra do deus Eros, que os trouxe para a luz e depois os obrigou a se misturarem. Eles produziram um irmão e uma irmã, Oceano e Tétis.

A velha história, tal como é contada em nossas terras litorâneas, provavelmente continuava relatando que, a princípio, Oceano estava embaixo no Ovo, e não estava só, senão acompanhado de Tétis, e que esses dois foram os primeiros a agir sob a compulsão de Eros. Como está dito num poema de Orfeu: "Oceano, o que flui lindamente, foi o primeiro a se casar: tomou por esposa Tétis, sua irmã por parte de Mãe." A Mãe dos dois era a mesma que botara o Ovo de prata: a Noite.

Trecho 2, Capítulo 1 do livro Os Deuses Gregos, de Karl Kerényi, série Mitologia Grega, Editora Cultrix, tradução de Otávio Mendes Cajado, 1998.

O Começo das Coisas 1

OCEANO E TÉTIS

Nossa mitologia contém muitas histórias acerca do princípio das coisas. A mais velha talvez fosse aquela a que se refere o nosso poeta mais antigo, Homero, quando chama Oceano de a "origem dos deuses" e a "origem de tudo". Oceano era um deus-rio; um rio ou curso de água e um deus na mesma pessoa, como os demais deuses-rios. Possuía poderes inexauríveis de gerar, exatamente como os nossos rios, em cujas águas as raparigas da Grécia costumavam banhar-se antes do casamento e que se supunha fossem, portanto, os primeiros antepassados de antigas raças. Oceano, porém, não era um deus-rio comum, pois o seu rio não era um rio comum. Desde o momento em que tudo se originou dele, continuou a fluir até a orla mais extrema da terra, fluindo de volta sobre si mesmo num círculo. Os rios, as nascentes e as fontes - na verdade, todo o mar - saem continuamente da sua corrente ampla e poderosa. Quando o mundo veio a ficar sob a autoridade de Zeus, só a ele se permitiu permanecer no lugar anterior - o qual, na verdade, não é um lugar, senão apenas um fluxo, um limite e uma barreiro entre o mundo e o Além.

Entretanto, não é rigorosamente correto dizer que "só a ele se permitiu". Associada a Oceano estava a deusa Tétis, acertadamente invocada como Mãe. Como poderia ter sido Oceano a "origem de tudo", se existia em sua pessoa tão-somente uma corrente masculina original, desacompanhada de uma deusa original da água capaz de conceber? Compreendemos também por que se diz em Homero que o casal original durante muito tempo se absteve de procriar. Comenta-se que eles brigaram; explicação que bem poderíamos esperar encontrar em histórias antigas dessa natureza. O fato é que, se a procriação original não tivesse cessado, o nosso mundo não teria estabilidade, não teria uma fronteira arredondada, não teria um curso circular que voltasse sobre si mesmo. O gerar o e criar teriam continuado até o infinito. Destarte, Oceano ficou apenas com o fluxo circular e a tarefa de abastecer as nascentes, os rios e o mar - subordinado ao poder de Zeus.

A respeito de Tétis pouca coisa nos diz a nossa mitologia, a não ser que era mãe das filhas e filhos de Oceano. Os últimos são os rios, em número de três mil. As filhas, as Oceânidas, são igualmente numerosas. Mais tarde mencionarei as mais velhas. Entre as netas havia uma cujo nome, Tétis (Thetis), soa como Tétis (Tethys), nome da companheira de Oceano. Em nossa língua fazemos uma clara distinção entre os dois nomes; mas pode ser que, para as pessoas que viviam na Grécia antes de nós, eles estivessem muito próximos um do outro no som e no sentido e significassem uma e a mesma Senhora do Mar. Logo mais tornarei a falar de Tétis (Thetis). A prevalência dessa história e a predominância dessas divindades por todo o nosso mar provavelmente remontam a um tempo em que povos de raça grega ainda não habitavam essas regiões

Capítulo 1, trecho 1, do livro Os Deuses Gregos, de Karl Kerényi, série Mitologia Grega, Editora Cultrix, tradução de Otávio Mendes Cajado, 1998.

No Navio Negreiro

Fechou os olhos tentando dormir. Não conseguia. O balanço do navio negreiro a enjoava, o corpo doía, o corte no pé latejava. Adetutu não tinha forças para nada, a não ser chorar. Onde estariam seus pequenos Taió e Caiandê? Talvez nunca mais os visse, nunca mais os abraçasse nem lhes desse o leite que agora escorria dos seios inchados e doloridos.

Adetutu sentiu nos lábios ressequidos o sal de suas lágrimas; soluçava. No escuro do porão apertado e fétido do navio negreiro, que se arrastava pelo oceano na noite sem estrelas, a mulher deitada ao lado fez um esforço para vencer o peso das correntes que as uniam e apertou o braço de Adetutu num gesto de conforto. E de dor compartilhada pelo destino comum dos que haviam sido caçados para ser escravos em terras estrangeiras.

Adormeceu e sonhou com seu mundo e  sua gente, dos quais fora arrancada para sempre. Sonhou com os dias em que, no templo, cuidava de seu deus Xangô, de quem era filha e sacerdotisa devotada. O pensamento aflito de que Xangô talvez a tivesse abandonado se desvaneceu no sonho. Teve a impressão de ouvir, através das paredes do navio, palavras de encorajamento vindas de Xangô no soar de um trovão.

O movimento das ondas, agora suave, embalava seus sentimentos, numa calmaria que lhe renovava as esperanças. Procurava recuperar em suas lembranças as coisas boas que ninguém nunca poderia lhe tirar. Seus deuses, que sua gente chamava de orixás, eram grandes e poderosos. Também haviam sofrido e se desesperado, mas nunca desistiram de ser felizes, realizados, eternos.

Adetutu também não desistiria, prometeu a si mesma. Afinal, não tinham lhe tirado tudo; ela tinha suas memórias, sabia quem era, de onde vinha. Tinha orgulho de sua origem nobre, de seus deuses, de seus ancestrais, que venerava com desvelo sincero. Seu nome, Adetutu, significava A-Coroa-É-Paciente, ou A-Princesa-Sabe-Esperar. Ela resistiria.

No sonho embalado pelo sobe-e-desce das ondas, Adetutu se agarrou aos orixás, que reacendiam suas esperanças. Juntou-se a eles no sonho, que não era mais um simples sonho, e reviveu com fé as aventuras dos deuses na criação do mundo, o mundo de Adetutu e dos outros africanos que, como ela, vinham sendo transportados para o Brasil naquele e em incontáveis outros navios negreiros, o mundo de todos nós.

A caminho do cativeiro, Adetutu sonhou com a criação do mundo.

Texto escrito por Reginaldo Prandi, ilustrado por Joana Lira, retirado do livro A Criação do Mundo (Contos e Lendas Afro-brasileiros). Cia. das Letras, 2009.

quarta-feira, 29 de julho de 2020

Como La Cigarra

Tantas veces me mataron, tantas veces me morí,
Sin embargo estoy aqui resucitando
Gracias doy a la desgracia y a la mano con puñal
Porque me mató tan mal y seguí cantando

Cantando al sol como la cigarra
Después de un año bajo la tierra
Igual que sobreviviente
Que vuelve de la guerra

Cantando al sol como la cigarra
Después de un año bajo la tierra
Igual que sobreviviente
Que vuelve de la guerra

Tantas veces me borraron, tantas desaparecí
A mi propio entierro fui sola y llorando
Hice un nudo en el pañuelo pero me olvidé después
Que no era la única vez y seguí cantando

Cantando al sol como la cigarra
Después de un año bajo la tierra
Igual que sobreviviente
Que vuelve de la guerra

Cantando al sol como la cigarra
Después de un ano bajo la tierra
Igual que sobreviviente
Que vulvve de la guerra

Tantas veces te mataron, tantas resucitarás
Tantas noches pasarás desesperando
A la hora del naufragio y la de la oscuridad
Alguien te rescatará para ir cantando

Cantando al sol como la cigarra
Después de un año bajo la tierra
Igual que sobreviviente
Que vuelve de la guerra

Cantando al sol como la cigarra
Después de un ano bajo la tierra
Igual que sobreviviente
Que vulvve de la guerra

Música de Maria Elena Walsh, gravada por Diana Pequeno em seu CD Alma Moura, de 2014. Zezé Motta gravou a mesma canção, anos antes, em 1995, em seu CD Chave dos Segredos.

Pajarillo Verde II

Pajarillo verde, como no quieres que llore
Pajarillo verde, como no voy a llorar
Ay, ay, ay, ay si una sola vida tengo
Pajarillo verde y me la quieren quitar

Pajarillo verde, como no quieres que llore
Pajarillo verde, como no voy a llora
Ay, ay, ay, ay si los grillos que me quitan
Pajarillo verde me los vuelven a pegar

Pajarillo verde y el indio por mas que sepa
Pajarillo verde, siempre dice la canía
Ay, ay, ay, ay pasa me la cucharia
Pajarillo verde que esta sobre las horquetas

Pajarillo verde y ayer fuiste a cortar leña
Pajarillo verde, pasaste por mi conuco
Ay, ay, ay, ay y todo el mundo lo supo
Pajarillo verde por tu mala compañera

Pajarillo verde, que te puede dar un indio
Pajarillo verde, por mucho que tu lo quieras
Ay, ay, ay, ay una ensarta de cangrejos
Pajarillo verde y eso será cuando llueva

Tradição Oral Venezuelana - Domínio Público. Canção gravada por Renata Finotti em seu CD Tesouros, de 2018.

Pajarillo Verde I

Pajarillo verde, como no quieres que llore,
Pajarillo verde, como no voy a llorar,
Pajarillo verde, como no quieres que llore,
Pajarillo verde, como no voy a llorar,


Ay, ay, ay, ay si una sola vida tengo
Pajarillo verde y me la quieren quitar
Ay, ay, ay, ay si una sola vida tengo
Pajarillo verde y me la quieren quitar


Pajarillo verde, como no quieres que llore
Pajarillo verde, como no voy a llorar
Pajarillo verde, como no quieres que llore
Pajarillo verde, como no voy a llorar


Ay, ay, ay, ay si los grillos que me quitan
Pajarillo verde me los vuelven a pegar
Ay, ay, ay, ay si los grillos que me quitan
Pajarillo verde me los vuelven a pegar


Pajarillo verde y ayer fuiste a cortar leña,
Pajarillo verde, pasaste por mi conuco
Pajarillo verde y ayer fuiste a cortar leña,
Pajarillo verde, pasaste por mi conuco.


Ay, ay, ay, ay y todo el mundo supo,
Pajarillo verde, por tu mala compañera,
Ay, ay, ay, ay y todo el mundo supo,
Pajarillo verde, por tu mala compañera,


Pajarillo verde, qué te puede dar un indio,
Pajarillo verde, por mucho que tu lo quieras
Pajarillo verde, qué te puede dar un indio,
Pajarillo verde, por mucho que tu lo quieras


Ay, ay, ay, ay una ensarta de cangrejos, 
Pajarillo verde y eso será cuando llueva
Ay, ay, ay, ay una ensarta de cangrejos, 
Pajarillo verde y eso será cuando llueva

Canção Tradicional Venezuelana gravada por Diana Pequeno em seu CD Alma Moura de 2014.

El Colibri

Creció una flor a orillas de una fuente,
Mas pura que la flor de la ilusión;
Y el huracán tronchola de repente,
Cayendo al agua la preciosa flor

Un colibri que en su enramaje estaba,
Corrió a salvarla solicito y veloz,
Y cada vez que con el pico la tocaba
Sumergiase en el agua con la flor.

El colibri la perseguio constante
Sin dejar de buscarla en su aflicción
Y cayendo desmayado en la corriente
Corrio la misma surte que la flor

Asi hay en este mundo seres
Que la vida cuesta un tesoro;
Yo soy el colibri si tu me quieres
Mi pasión es el torrente y tu la flor,
Yo soy el colibri si tu me quieres
Mi pasión es el torrente y tu la flor

Canção Tradicional Cubana do Século XIX gravada por Diana Pequeno em seu CD Alma Moura, de 2014.