Um grupo de etólogos japoneses fez uma série de estudos sobre o comportamento animal num arquipélago formado de minúsculas ilhas e pôde observar que os macacos da região comiam batatas sem lavar, ou seja, sujas de terra.
Certo dia, um macaco pequeno resolveu lavar sua batata antes de comê-la e gostou do paladar do tubérculo sem terra. Correu para mostrar a descoberta à sua mãe, que lhe deu uns petelecos.
Porém, o macaquinho não desistiu, e seguiu mostrando sua descoberta para outros filhotes. De vez em quando um deles resolvia experimentar e gostava da comida sem terra.
O grupo de macacos jovens que lavava suas batatas ia aumentando. Finalmente conseguiram convencer alguns de seus pais, que também experimentaram. Mas a tarefa era trabalhosa, pois poucos aderiram.
Um belo dia, os pesquisadores observaram que, de um momento para outro, todos os macacos daquela ilha começaram a lavar a batata antes de comê-la, e, para surpresa de todos, constataram que não somente os macacos daquela ilha, mas também de todo o arquipélago, aderiram à novidade.
Os observadores chegaram à conclusão de que o trabalho de conscientização inicialmente é demorado, poucos aderem, a maioria desqualifica. Mas quando um determinado número de elementos de um grupo social atinge a consciência - que no experimento eles denominam " o centésimo macaco " -, a energia que parte deles contagia toda a comunidade.
Assim como o primeiro macaquinho que fez sua descoberta, é importante que cada ser humano persista em sua revolução interior. O nosso planeta ainda vive atolado no egoísmo e no medo, apesar de todos os discursos e textos a respeito da necessidade de uma maior consciência e cooperação.
A nossa capacidade de transformação social vai aumentar quando mudarmos não só nosso discurso, mas principalmente nossos sentimentos, nossa postura e nossa compreensão da vida.
Conscientes do nosso mundo interior, o trabalho deve ser feito de dentro para fora. Só então poderemos participar verdadeiramente na criação do Novo Homem para o Novo Mundo.
Tomemos cuidado para não criar filhos competitivos sob o pretexto de que terão que enfrentar os desafios do mundo. Não iríamos colocá-los em um quarto cheio de fumaça a fim de prepará-los para viver na poluição ambiental, nem os deixaríamos numa redoma, para protegê-los. Isso os levaria à alienação.
Nem gladiadores insensíveis, nem eremitas solitários, mas pessoas concentradas, em interação com seus semelhantes.
A espécie humana percorreu um longo caminho desde que o primeiro primata resolveu apoiar-se somente sobre seus dois pés posteriores e ver o mundo de frente. O próximo passo é o indivíduo centrado em seu ser com consciência de cooperação global.
A tarefa é ampla, mas é a única saída para esse caos atual. A meta será atingida á medida que cada pessoa aprender a lavar suas batatas, seus sentimentos e suas crenças e, com seu exemplo ajudar outros a atingirem a sua consciência até chegarmos ao " centésimo macaco ".
Se acreditarmos, acontecerá.
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