sábado, 17 de outubro de 2020

Jubilosamente

 Tens o cérebro ardendo sob a ação das preocupações que o dominam em círculo de fogo.

Trazes o sentimento macerado por angústias que não relatas.

Estás com a alma açoitada por vendavais de agonia que se sucedem, ininterruptamente.

Sais de um testemunho, e, em vez de liberação, já te vês enfrentando novos e dolorosos desafios.

Pedem-te, porém, que sorrias e superes estes teus momentos de provações, impondo-te insensibilidade, indiferença emocional.

Renasceste crucificado nas provações redentoras e não tens ainda o direito à plenitude, à marcha serena daqueles que se venceram a si próprios.

A existência terrestre, no entanto, é assim mesmo.

Todos avançam a contributo da aflição, que lhes constitui o recurso valioso graças ao qual a falência moral se torna mais difícil.

Certamente, há aqueles que, sob a injunção do sofrimento, rebelam-se, parecendo piorar a própria situação.

Não obstante, já travaste contato consciente com a vida, e sabes que apenas te sucede aquilo que é de melhor para o teu progresso espiritual.

Desse modo, jubilosamente carrega tua cruz invisível, guardando a certeza de que as tuas traves penosas, se conduzidas com amor, converter-se-ão em asas de luz que te erguerão deste mundo áspero para as regiões da felicidade.

Ausculta os reais vitoriosos da Terra, e perceberás que o holocausto deles é o estímulo para o teu prosseguimento afervorado.

Joana d'Arc, quando começava a arder na fogueira, ergueu-se acima dos seus inquisidores e experimentou a libertação plena.

Jan Huss, enquanto era queimado pelo Concílio de Constança, inaugurou a era do livre exame das Escrituras, tornando-se mártir para todo o sempre.

Jerônimo de Praga, seu discípulo, seguindo-lhe depois no drama das labaredas, depois de uma prolongada existência rica de sabedoria, abriu espaços coma sua morte para que a vida dos homens fosse iluminada pela fé racional.

São inúmeros os heróis da renúncia e dos ideais de engrandecimento humano.

A evolução dos homens torna-se possível através das vertentes do amor que santifica, que estimula ao progresso, ou do sofrimento que desperta para as responsabilidades mal consideradas.

A dor não representa maldição divina, antes significa recurso educativo, inevitável.

Não te entristeças, pois, porque te encontres lanhado pelos látegos do sofrimento, enquanto o festival de sorrisos, em torno de ti, constitui uma constante que não fruis.

Afinal, o teu não é o mestre dos triunfos terrenos, porém, o Herói Silencioso da Cruz, o Excelente Triunfador da sepultura vazia.

Jubilosamente prossegue, e não te perturbes com nada, enquanto transcorra a tua vilegiatura carnal.


Texto retirado do livro Momentos de Harmonia, Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 2014, 3ª Edição.

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