quinta-feira, 7 de abril de 2022

As Pérolas

    Demoradamente ele a examinava pelo espelho. "Está mais magra, pensou. Mas está mais bonita." Quando a visse, Roberto também pensaria o mesmo: "Está mais  bonita assim".

    Que iria acontecer? Tadeu desviou o olhar para o chão. Pressentia a cena e com que nitidez: com naturalidade Roberto a levaria para a varanda e ambos se debruçariam no gradil. De dentro da casa iluminada, os sons do piano. E ali fora, no terraço deserto, os dois muito juntos se deixariam ficar olhando a noite. Conversariam? Claro que sim, mas só nos primeiros momentos. Logo atingiriam aquele estado em que as palavras são demais. Quietos e tensos, mas calados na sombra. Por quanto tempo? Impossível dizer, mas o certo é que ficariam sozinhos uma parte da festa, apoiados no gradil dentro da noite escura. Só os dois, lado a lado, em silêncio. O braço dele roçando no braço dela. O piano.

    - Tadeu, você está se sentindo bem? Que é, Tadeu?

        Ele estremeceu. Agora Lavínia o examinava pelo espelho.

    - Eu? Não se preocupe - disse ele, passando as pontas dos dedos pelo rosto. - Preciso fazer a barba...

    - Tadeu, você não me respondeu - insistiu ela. - Você está bem?

    - Claro que estou bem.

    A ociosidade, a miserável ociosidade daqueles interrogatórios. "Você está bem?" O sorriso postiço. "Estou bem." A insistência era necessária. "Bem mesmo?" Oh Deus. "Bem mesmo." A pergunta exasperante: " Você quer alguma coisa?" A resposta invariável: "Não quero nada".

    "Não quero nada, isto é, quero viver. Apenas viver, minha querida, viver..." Com um movimento brando, ele ajeitou a cabeça no espaldar da poltrona. Parecia simples, não? Apenas viver. Esfregou a face na almofada de cretone. Relaxou os músculos. Uma ligeira vertigem turvou-lhe a visão. Fechou os olhos quando as tábuas do teto se comprimiram num balanço de onda. Esboçou um gesto impreciso em direção à mulher.

    - Sinto-me tão bem.

    - Pensei que você estivesse com alguma dor.

    - Dor? Não. Eu estava mas era pensando.

    Lavínia penteava os cabelos. Inclinara-se mais sobre a mesinha, de modo a poder ver melhor o marido que continuava estirado na sua poltrona, colocada um pouco atrás e à direita da banqueta na qual ela estava sentada.

    - Pensando em coisas tristes?

    - Não, até que não... - respondeu ele. Seria triste pensar, por exemplo, que enquanto ele ia apodrecer na terra ela caminharia ao sol de mãos dadas com outro? Hem?...

    Era verdadeiramente espantosa a nitidez com que imaginava a cena: o piano inesgotável, o ar morno da noite de outubro, tinha ainda que ser outubro com aquele perfume indefinível da primavera. A folhagem parada. E os dois, ombro a ombro, palpitantes e controlados, olhos fixos na escuridão. "Lavínia e Roberto já foram embora?" - perguntaria alguém num sussurro. A resposta sussurrante, pesada de reticências: "Estão lá fora na varanda".

    Cruzando os braços com um gesto brusco, ele esfregou o pijama nas axilas molhadas. Disfarçou o gesto e ali ficou alisando as axilas, como se sentisse uma vaga coceira. Cerrou os dentes. Por que nenhum convidado entrava naquele terraço? Por que não se rompiam, com estrépito, as cordas do piano? Ao menos - ao menos! - por que não desabava uma tempestade?

    - A noite está firme?

    - Firmíssima. Até lua tem.

        Ele riu:

    - Imagine, até isso.

        Lavínia apoiou o queixo nas mãos entrelaçadas. Lançou-lhe um olhar inquieto.

    - Tadeu, que mistério é esse?

    - Não tem mistério nenhum, meu amor. Ao contrário, tudo me parece tão simples! Mas vamos, não se importe comigo, estou brincando com minhas ideias, aquela brincadeira de ideias conexas, você sabe... - Teve uma expressão sonolenta. - Mas você não vai se atrasar? Me parece que a reunião é às nove. Não é às nove?

    - Ai! Essa reunião. Estou com tanta vontade de ir como de me enforcar naquela porta. Vai ser uma chatice, Tadeu, as reuniões lá sempre são chatíssimas, tudo igual, os sanduíches de galinha, o uísque ruim, o ponche doce demais...

    - E Chopin, o Bóris não falha nunca. De Chopin você gosta.

    - Ah, Tadeu, não começa. Queria tanto ficar aqui com você.

    Era verdade, ela preferia ficar, ela ainda o amava. Um amor meio esgarçado, sem alegria. Mas ainda amor. Roberto não passava de uma nebulosa imprecisa e que só seus olhos assinalaram a distância. No entanto, dentro de algumas horas, na aparente candura de uma varanda... Os acontecimentos se precipitando com uma rapidez de loucura, força de pedra que dormiu milênios e de repente estourava na avalancha. E estava em suas mãos impedir. Crispou-as dentro do bolso do roupão.

    - Quero que você se distraia, Lavínia, sempre será mais divertido do que ficar aqui fechada. E depois, é possível que desta vez não seja assim tão igual. Roberto deve estar lá.

    - Roberto?

    - Roberto, sim.

        Ela teve um gesto brusco:

    - Mas Roberto está viajando! Já voltou?

    - Já, já voltou.

    - Como é que você sabe?

    - Ele telefonou outro dia, tinha me esquecido de dizer. Telefonou, queria nos visitar. Ficou de aparecer uma noite dessas.

    - Imagine... - murmurou ela, voltando-se de novo para o espelho. Com um fino pincel, pôs-se a delinear os olhos. Falou devagar, sem mover qualquer músculo da face. - Já faz mais de um ano que ele sumiu.

    - É, faz mais de um ano.

        Paciente Roberto. Pacientíssimo Roberto.

    - E não se casou por lá?

    Ele tentou vê-la através do espelho, mas agora ela baixara a cabeça. Mergulhava a ponta do pincel no vidro. Repetiu a pergunta:

    - Ele não se casou por lá? Hem?... Não se casou, Tadeu?

    - Não, não se casou.

    - Vai acabar solteirão.

    Tadeu teve um sorriso lento. Respirou penosamente, de boca aberta. E voltou o rosto para o outro lado. "Meu Deus". Apertou os olhos que foram se reduzindo, concentrados no vaso de gerânios no peitoril da janela. "Eles sabem que nem chegarei a ver este botão desabrochar". Estendeu a mão ávida em direção à planta, colheu furtivamente alguns botões. Esmigalhou-os entre os dedos. Relaxou o corpo. E cerrou os olhos, a fisionomia em paz.

    - Você vai chegar atrasada.

    - Melhor, ficarei menos tempo.

    - Vai me dizer depois se gostou ou não. Mas tem que dizer mesmo.

    - Digo, sim.

    Depois ela não lhe diria mais nada. Seria o primeiro segredo entre os dois, a primeira névoa baixando densa, mais densa, separando-os como um muro embora caminhassem lado a lado. Viu-a perdida em meio da cerração, o rosto indistinto, a forma irreal. Encolheu-se no fundo da poltrona, uma mão escondida na outra, caramujo gelado rolando na areia, solidão. "Lavínia, não me abandone já, deixe ao menos eu partir primeiro!" A boca salgada de lágrimas. "Ao menos eu partir primeiro..."Retesou o tronco, levantou a cabeça. Era cruel. "Não podem fazer isso comigo, eu ainda estou vivo, ouviram bem? Vivo!"

    - Ratos.

    - Que ratos?

    - Ratos, querida, ratos - disse e sorriu da própria voz aflautada. - Já viu um rato bem de perto? Tinha muito rato numa pensão onde morei. De dia ficavam enrustidos, mas de noite se punham insolentes, entravam nos armários, roíam o assoalho, roque-roque... Eu batia no chão para eles pararem e nas primeiras vezes eles pararam mesmo, mas depois foram se acostumando com minha batidas e no fim eu podia atirar até uma bomba que continuavam roque-roque-roque-roque... Mas aí eu também já estava acostumado. Uma noite um deles andou pela minha cara. As patinhas são frias.

    - Que coisa horrível, Tadeu!

    - Há piores.

    A varanda. Lá dentro, o piano, sons melosos escorrendo num Chopin de bairro, as notas se acavalando no desfibramento de quem pede perdão, "estou tão destreinado, esqueci tudo"! O incentivo ainda mais torpe, "ora, está tão bom, continue"! Mas nem de rastos os sons penetravam realmente no silêncio da varanda, silêncio conivente isolando os dois numa aura espessa, de se cortar com faca. Então Roberto perguntaria naquele tom interessado, tão fraterno: "E o Tadeu?" O descarado. À espera da resposta inevitável, o crápula. À espera da confissão que nem a si mesma ela tivera coragem de fazer: "Está cada vez pior". Ele pousaria de leve a mão no seu ombro, como a lhe dizer: "Eu estou ao seu lado, conte comigo". Mas não lhe diria isso, não lhe diria nada, ah, Roberto era oportuno demais para dizer qualquer coisa, ele apenas pousaria a mão no ombro dela e com esse gesto estaria dizendo tudo, "eu te amo, Lavínia, eu te amo".

    - Vou molhar os cabelos, estão secos como palha. - E voltou-se para o homem: - Tadeu, que tal um copo de leite?

        Leite. Ela lhe oferecia leite. Contraiu os maxilares.

    - Não quero nada.

    Diante do espelho, ela deslizou os dedos pelo corpo, arrepanhando o vestido nos quadris. Parecia desatenta, fatigada.

    - Está largo demais, quem sabe é melhor ir com o verde?

    - Mas você fica melhor de preto - disse ele passando a ponta da língua pelos lábios gretados.

    Roberto gostaria de vê-la assim, magra e de preto, exatamente como naquele jantar. Ela nem se lembrava mais, pelo menos ainda não se lembrava, mas ele revia como se tivesse sido na véspera, aquela noite há quase dez anos.

    Dois dias antes do casamento. Lavínia estava assim mesmo, toda vestida de preto. Como única joia, trazia seu colar de pérolas, precisamente aquele que estava ali na caixa de cristal. Roberto fora o primeiro a chegar. Estava eufórico: "Que elegância, Lavínia! Como lhe vai bem o preto, nunca te vi tão linda. Se eu fosse você, faria o vestido de noiva preto. E estas pérolas? Presente do noivo?" Sim, parecia satisfeitíssimo, mas no fundo do seu sorriso, sob a frivolidade dos galanteios, lá no fundo, só ele, Tadeu, adivinhava qualquer coisa de sombrio. Não, não era ciúme nem propriamente mágoa, mas qualquer coisa assim com o sabor sarcástico de uma advertência: "Fique com ela, fique com ela por enquanto. Depois, veremos". Depois era agora.

    A varanda, floreios de Chopin se diluindo no silêncio, vago perfume de folhagem, vago luar, tudo vago. Nítidos, só os dois, tão nítidos. Tão exatos. A conversa fragmentada, mariposas sem alvo deixando aqui e ali o pólen de prata das asas, "e aquele jantar, hem, Lavínia?" Ah, aquele jantar. "foi há mais de dez anos, não foi?" Ele demoraria para responder. "No final, você lembra? recitei Geraldy. Eu estava meio bêbado, mas disse o poema inteiro, não encontrei nada melhor para te saudar, lembra?" Ela ficaria séria. E um tanto perturbada, levaria a mão ao colar de pérolas, gesto tão seu quando não sabia o que dizer: tomava entre os dedos a conta maior do fio e ficava a rodá-la devagar. Sim, como não? Lembrava-se perfeitamente, só que o verso adquiria agora um novo sentido, não, não era mais o cumprimento galante para arreliar o noivo. Era a confissão profunda, grave: "Se eu te amasse, se tu me amasses, como nós nos amaríamos!"

    - Podia usar o cinto - murmurou ela, voltando a apanhar o vestido nas costas. Dirigiu-se ao banheiro. - Paciência, ninguém vai reparar muito em mim.

    "Só Roberto", ele quis dizer. Esfregou vagarosamente as mãos. Examinou as unhas. "Têm que estar muito limpas", lembrou, entrelaçando os dedos. Levou as mãos ao peito e vagou o olhar pela mesa: a esponja, o perfume, a escova, os grampos, o colar de pérolas... Através do vidro da caixa, ele via o colar. Ali estavam as pérolas que tinham atraído a atenção de Roberto, rosadas e falsas, mas singularmente brilhantes. Voltando ao quarto, ela poria o colar, distraída, inconsciente ainda de tudo quanto a esperava. No entanto, se lhe pedisse, "Lavínia, não vá", se lhe dissesse isto uma única vez, "não vá, fica comigo!"

    Vergou o tronco até tocar o queixo nos joelhos, o suor escorrendo ativo pela testa, pelo pescoço, a boca retorcida, "meu Deus!" O quarto rodopiava e numa das voltas sentiu-se arremessado pelo espaço, uma pedra sumindo aguda até o limite do grito. E a queda desamparada no infinito, "Lavínia, Lavínia!..." Fechou os olhos e tombou no fundo da poltrona, tão gelado e tão exausto que só pôde desejar que Lavínia não entrasse naquele instante, não queria que ela o encontrasse assim, o boca ainda escancarada na convulsão da náusea. Puxou o xale até o pescoço. Agora era o cansaço atroz que o fazia sentir-se uma coisa miserável, sem forças sequer para abrir os olhos. "Meu Deus." Passou a mão na testa, mas a mão também estava úmida. " Meu Deus meu Deus meu Deus" - ficou repetindo meio distraidamente. Esfregou as mãos no tecido esponjoso da poltrona, acelerando o movimento. Ninguém podia ajudá-lo, ninguém. Pensou na mãe, na mulherzinha raquítica e esmolambenta que nada tivera na vida, nada a não ser aqueles olhos poderosos, desvendadores. Dela herdara o dom de pressentir. "Eu já sabia", ela costumava dizer quando vinham lhe dar as notícias. "Eu já sabia", ficava repetindo obstinadamente, apertando os olhos de cigana. "Mas, se você sabia, por que então não fez alguma coisa para impedir?! - gritava o marido, a sacudi-la como um trapo. Ela ficava menorzinha nas mãos do homem, mas cresciam assustadores os olhos de ver na distância. "Fazer o quê? Que é que eu podia fazer senão esperar?"

    "Senão esperar", murmurou ele, voltando o olhar para o fio de pérolas enrodilhadas na caixa. Ficou ouvindo a água escorrendo na torneira.

    - Você vai chegar atrasada!

    O jorro foi interceptado pelo dique do pente.

    - Não tem importância, amor.

    Num movimento ondulante, ele se pôs na beirada da poltrona, o tronco inclinado, o olhar fixo.

    - Está se esmerando, hem?

    - Nada disso, é que não acerto com o penteado.

    - Seus grampos ficaram aqui. Você não quer os grampos? - disse ele. E num salto, aproximou-se da mesa, apanhou o colar de pérolas, meteu-o no bolso e voltou à poltrona. - Não vai precisar de grampos?

    - Não, já acabei, até que ficou melhor do que eu esperava.

    Ele respirou de boca aberta, arquejante. Sorriu quando a viu entrar.

    - Ficou lindo. Gosto tanto quando você prende o cabelo.

    - Não vejo é o meu colar - murmurou ela, abrindo a caixa de cristal. Franziu as sobrancelhas: - Parece ainda agora estava por aqui...

    - O de pérolas? Parece que vi também. Mas não está dentro da caixa?

    - Não, não está. Que coisa mais misteriosa! Eu tinha quase certeza...

        Agora ela revolvia as gavetas. Abriu caixas, apalpou os bolsos das roupas.

    - Não se preocupe com isso, meu bem, você deve ter esquecido em algum lugar. Já é tarde, procuraremos amanhã - disse ele, baixando os olhos. Brincou com o pingente da cortina. - Prometi te dar um colar verdadeiro, lembra, Lavínia? E nunca pude cumprir a promessa.

    Ela remexia as gavetas da cômoda. Tirou a tampa de uma caixinha prateada, despejou-a e ficou olhando para o fundo de veludo da caixa vazia.

    - Eu tinha ideia que... - Voltou até a mesa, abriu pensativa o frasco de perfume, umedeceu as pontas dos dedos. Tapou o frasco e levou a mão ao pescoço. - Mas não é mesmo incrível?

    - Decerto você guardou noutro lugar e esqueceu.

    - Não, não, ele estava por aqui, tenho quase a certeza de que há pouco... - Sorriu voltando-se para o espelho. Interrogou o espelho. - Ou foi mesmo noutro lugar? Ah! Já sei - suspirou, apanhando a carteira. Escovou com cuidado a seda já puída. - Que pena, o colar faz falta quando ponho este vestido, nenhum outro serve, só ele.

    - Faz falta, sim - murmurou Tadeu, segurando com firmeza o colar no fundo do bolso. E riu. - Que loucura.

    - Hum? Que foi que você disse?

    Tudo ia acontecer como ele previra, tudo ia se desenrolar com a naturalidade do inevitável, mas alguma coisa ele conseguira modificar, alguma coisa ele subtraíra da cena e agora estava aí na sua mão: um acessório, um mesquinho acessório mas indispensável para completar o quadro. Tinha a varanda, tinha Chopin, tinha o luar, mas faltavam as pérolas.

    - Como pode ser, Tadeu? Posso jurar que vi por aqui mesmo!

    - Vamos, meu bem, não pense mais nisso. Umas pobres pérolas. Ainda te darei pérolas verdadeiras nem que tenha que ir buscá-las no fundo do mar!

    Ela afagou-lhe os cabelos. Ajeitou o xale para cobrir-lhe os pés e animou-se também.

    - Pérolas da nossa ilha, hem, Tadeu?

    - Da nossa ilha. Um colar compridíssimo, milhares e milhares de voltas.

    Baixando os olhos brilhantes de lágrimas, ela inclinou-se para beijá-lo.

    - Não demoro.

    Quando a viu desaparecer, ele tirou o colar do bolso. Apertou-o fortemente, tentando triturá-lo, mas ao ver que as pérolas resistiam, escapando-lhe por entre os dedos, sacudiu-as com violência na gruta da mão. O entrechocar das contas produzia um som semelhante a uma risada. Sacudiu-as mais e riu: era como se tivesse prendido um duendezinho que agora se divertia em soltar risadinhas rosadas e falsas. Ficou sacudindo as pérolas, levando-as junto do ouvido. "Peguei-o, peguei-o" - murmurou, soprando malicioso pelo vão das mãos em concha. Ergueu-se e ficou sério, os olhos escancarados, voltando para o ruído do portão de ferro se fechando.

    - Lavínia! Lavínia! - ele gritou, correndo até a janela. Abriu-a. - Lavínia, espere!

    Ela parou no meio da calçada e ergueu a cabeça, assustada. Retrocedeu. Ele teve um olhar tranquilo para a mulher banhada de luar.

    - Que foi, Tadeu? Que foi?

    - Achei seu colar de pérolas. Tome - disse, estendendo o braço. Deixou que o fio lhe escorresse por entre os dedos.


Conto de Lygia Fagundes Telles retirado do livro/coletânea Oito Contos de Amor, Editora Ática, 1996.

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