sábado, 22 de julho de 2023

Túmulos e Sobrevivência

A primitiva cultura greco-romana estabelecia que a imortalidade da alma era fruída pelo ser, após o sepultamento, no lugar eterno em que deveriam permanecer unidos o Espírito e o corpo, embora a putrefação cadavérica.

As exéquias eram realizadas dentro de estritos rituais, nos quais se confortava a alma do desencarnado, prometendo-se-lhe alimentos, conforto, armaduras e vestuário, culminando-se com os votos de que a terra lhe fosse leve.

Ainda hoje, por atavismo, mantêm-se em lápides tumulares as inscrições que asseveram ali estarem as pessoas, e não os despojos que elas haviam utilizado...

Com os filósofos idealistas, o conceito da imortalidade assumiu o seu verdadeiro sentido, e surgiram as primeiras colocações sobre a continuação da vida nos Campos Elíseos ou no Tártaro, conforme a conduta do indivíduo mantida na Terra, credenciando-o ao merecimento da ventura ou da desgraça post-mortem.

Lentamente, os conceitos orientais sobre a vida além da vida e a reencarnação passaram a fazer parte do comportamento ético e filosófico, tornando-se precioso legado para a posteridade.

Atualmente, graças aos equipamentos da investigação, o que permanecia apenas como herança cultural, religiosa e mística, pôde ser confirmado, propiciando admirável contributo à psicologia transpessoal para o atendimento do homem e sua promoção espiritual.

A sobrevivência à morte parecia um conceito mitológico; a sua crença, que servia de pretexto para fugas emocionais, agora se torna um fundamento poderoso para despertar no homem os valores que lhe dormem latentes e ajudá-lo a encontrar sua identidade de ser eterno, avançando na direção de seu destino feliz.

O homem, que ampliou os horizontes do conhecimento de maneira fascinante, saindo na direção do mundo exterior, agora se volta para o que antes era o insondável de si mesmo, e implode o ego, usando os poderosos meios do autoconhecimento, da meditação, da oração e da ação feliz para redescobrir a vida.

Faz uma releitura do Evangelho de Jesus, e incorpora-o ao cotidiano.

Dedica-se a um reexame dos valores sobre os quais edificou suas crenças, e renova-se.

Aplica-se a um reestudo da existência e descobre-lhe a vera finalidade, que é ensejar-lhe crescimento moral e intelectual, para a plenitude, optando, então, pelos recursos eternos.

A visão cultural e científica da atualidade abrange o homem integral e não apenas o corporal, impulsionando-o para a tua fatalidade histórica, que é a perfeição relativa que o aguarda.

Jesus afirmou: "Quando eles (os discípulos) se calarem (por medo ou conivência com o erro), as pedras (sepulcros) falarão..."

... E os mortos, que permanecem vivos, livres da prisão tumular, convocam os homens à grandeza estelar, para que saiam das sombras onde estertoram e alcancem as cumeadas da luz onde se glorificarão.


Retirado do livro Momentos de Iluminação; Divaldo Franco pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 4ª Edição, 2015.

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