sábado, 28 de junho de 2025

Conclusão (6)

Podemos dizer, de modo geral e simples, que o isolamento é a falta de companhia dos outros e que na solidão o indivíduo adota a si mesmo como companhia (independentemente de já possuir ou não outra companhia).

Quando uma pessoa diz que ficou sozinha (no isolamento), está indicando uma vivência que pode ter sido prazerosa ou não. Mas, quando afirma: senti solidão, está sempre dizendo que passou por uma experiência que, sob algum aspecto pelo menos, lhe foi desagradável.

Como já foi dito, o que desagrada, na solidão, é este procedimento costumeiro, que tem a pessoa humana, de ficar escarafunchando a sua própria vida para se criticar. E, como isso é expressão de sua finitude, jamais terá um ponto final.

Consequentemente, é ilusório supor que em algum momento de sua vida o homem se encontrará num estado de alma paradisíaco em que não encontrará pelo menos alguns instantes de solidão. Neste caso, a solução do problema consiste em prevenir ou atenuar seu aguçamento e saber como conviver com ela nos momentos de crise.

Para alcançar este objetivo, o indivíduo pode se utilizar dos expedientes mais variados: fugir do ensimesmamento, dedicar-se a atividades úteis, procurar o diálogo com outras pessoas e com Deus etc. Entretanto, a solução que parece mais eficaz consiste no indivíduo realizar em si mesmo um trabalho de aperfeiçoamento pessoal, tornando-se mais coerente consigo. Crescendo, assim, em autenticidade, elevar-se-á inevitavelmente a sua autoestima. E gostando de si, tornará a sua companhia agradável e compensadora para si mesmo.


Texto de Franz Victor Rúdio retirado do livro Compreensão Humana e Ajuda ao Outro, Editora Vozes, Petrópolis, 1991.

Conferência de abertura do II Encontro de Psicologia do Vale do Paraíba, realizado na Faculdade Salesiana de Filosofia, Ciências e Letras de Lorena, São Paulo. 

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