quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O Samurai

Perto de Tóquio vivia um grande samurai, já idoso, que agora se
dedicava a ensinar o zen aos jovens.
Apesar de sua idade, corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar
qualquer adversário.
Certa tarde, um guerreiro conhecido por sua total falta de escrúpulos
apareceu por ali. Era famoso por utilizar a técnica da provocação:
esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de
uma inteligência privilegiada para reparar os erros cometidos, contra-atacava
com velocidade fulminante.
O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta.
Conhecendo a reputação do samurai, estava ali para derrotá-lo e
aumentar sua fama.
Todos os estudantes se manifestaram contra a ideia, mas o velho
aceitou o desafio. Foram todos para a praça da cidade e o jovem
começou a insultar o velho mestre.
Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou
todos os insultos conhecidos, ofendendo inclusive seus ancestrais.
Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho permaneceu
impassível.
No final da tarde, sentindo-se já exausto e humilhado, o impetuoso
guerreiro retirou-se.
Desapontados pelo fato de que o mestre aceitou tantos insultos e
provocações, os alunos perguntaram:
- Como o senhor pôde suportar tanta indgnidade? Por que não usou sua
espada, mesmo sabendo que podia perder a luta, ao invés de
mostrar-se covarde diante de todos nós?
- Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem
pertence o presente? - perguntou o Samurai.
- A quem tentou entregá-lo - respondeu um dos discípulos.
- O mesmo vale para a inveja, a raiva e os insultos - disse o mestre.
- Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carregava
consigo. A sua paz interior, depende exclusivamente de você. As
pessoas não podem lhe tirar a calma. Só se você permitir...

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