sexta-feira, 22 de julho de 2022

Do cacau do Brasil ao chocolate do mundo

A região amazônica foi o berço do cacau por causa das altas temperaturas e das chuvas abundantes, ideais para seu crescimento. Em meados do século XVIII, sementes foram levadas do Pará para o sul da Bahia, onde se desenvolveram muito bem devido a diversos fatores. Em primeiro lugar, o clima bastante similar ao do seu habitat natural facilitou o processo de adaptação do cacaueiro, que precisa da sombra oferecida por árvores de maior estatura. Como os engenhos de açúcar não vingaram ali, a selva nativa ficou praticamente intocada, à espera dos pés de cacau, que  cresceram pela Mata Atlântica. Essa adaptação perfeita escreveu um novo capítulo da história da região.

No século XIX, uma seca nos sertões da Bahia e de Sergipe levou muitos migrantes para a costa do Cacau, como hoje é conhecido o litoral baiano que se estende de Itacaré a Canavieiras. Eram pessoas humildes e semianalfabetas, que estabeleceram uma agricultura de base familiar. A partir de 1860, com as primeiras fábricas de chocolate da Europa e dos Estados Unidos, o fruto passou a ser muito procurado. Praticamente toda a safra era exportada. As primeiras manufaturas nacionais só apareceriam na virada do século XX, momento em que a cacauicultura vive seu ápice, o país se torna o maior produtor mundial - e a cidade de Ilhéus, o principal porto de escoamento da produção.

O Brasil chegou a ser responsável por 40 por cento da produção mundial de cacau, mas hoje produz apenas 4 por cento do total, enquanto o oeste da África responde por 65 por cento. Em termos de consumo, os países da Comunidade Europeia e os Estados Unidos encabeçam a lista, responsáveis por mais de 60 por cento das importações mundiais.


Retirado da Revista de História da Biblioteca Nacional, Ano 1, nº 6, Dezembro de 2005.

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