quarta-feira, 20 de julho de 2022

Missa do Galo - a celebração do sincretismo

    Todos os anos milhares e fieis católicos celebram a Missa do Galo na primeira hora do dia de Natal. Mas como surgiu essa tradição? Alguns atribuem sua criação a São Francisco de Assis (1181 - 1226). Contudo, a existência dessa celebração é muito anterior à época na qual São Francisco viveu. A partir de meados do século IV d.C., a Igreja de Roma passou a festejar o nascimento de Jesus a 25 de dezembro, dia do solstício de inverno romano. No dia em que o Sol, ao meio-dia, atinge seu ponto mais baixo no céu e tem-se o dia mais curto do ano e a noite mais longa, os pagãos festejavam o Natal do Deus-Sol (Natalis Invictus) e a posse do Deus-Imperador. No esforço de disseminação do cristianismo, o Imperador Constantino substituiu essa festa pagã pela celebração do Natal de Jesus Cristo, Sol da Justiça e Luz do Mundo. Na verdade, uma assimilação sincrética ao antigo culto solar. As Saturnais, festas pagãs celebradas entre 17 e 24 de dezembro que preparavam os fiéis para o culto ao Sol, foram substituídas pelo Tempo do Advento, época de júbilo pelo nascimento de Jesus.

    No século IV, a comunidade cristã de Jerusalém partia em peregrinação a Belém para celebrar a Missa do Natal na primeira vigília da noite dos judeus, na hora do primeiro canto do galo. Daí o nome Missa do Galo. No século seguinte, a cerimônia passou a ser celebrada na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, costume que foi seguido por outras paróquias europeias. Já o galo passou a simbolizar virtudes como a vigilância e a fidelidade aos princípios e valores cristãos. Por isso, no século IX, a ave tornou-se presença frequente no campanário de diversas igrejas.


Retirado da Revista de História da Biblioteca Nacional, Ano 1, nº 6, Dezembro de 2005. Ministério da Cultura.

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