domingo, 13 de novembro de 2022

O Pião

 A mão firme e ligeira

puxou com força a fieira:

e o pião

fez uma elipse tonta

no ar e fincou a ponta

no chão.


É o pião com sete listas

de cores imprevistas.

Porém,

nas suas voltas doidas,

não mostra as cores todas

que tem:


- fica todo cinzento,

no ardente movimento...

E até

parece estar parado,

teso, paralisado,

de pé.


Mas gira. Até que, aos poucos,

em torvelins tão loucos

assim,

já tonto, bamboleia,

e bambo, cambaleia...

Enfim,

tomba. E, como uma cobra,

corre mole e desdobra

então, 

em hipérboles lentas,

sete cores violentas,

no chão.


Poema de Guilherme de Almeida retirado do livro Caminho da Poesia, série Literatura em minha casa, Global Editora, São Paulo, 2003.

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