sábado, 23 de outubro de 2010

Os Indiferentes

                         Antonio Gramsci
            
               Odeio os indiferentes. Como Friederich Hebbel, acredito que " viver significa tomar partido ". Não podem existir apenas homens, estranhos à cidade. Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão e partidário. Indiferença é falta de vontade, parasitismo, covardia, não é vida. Por isso odeio os indiferentes.
                A indiferença é peso morto da história, é a bala de chumbo para o inovador e a matéria inerte em que se afogam frequentemente os entusiasmos mais esplendorosos, o fosso que circunda a velha cidade.
                Odeio os indiferentes também, porque me provocam tédio as suas lamúrias de eternos inocentes. Peço contras a todos eles de maneira como cumpriram a tarefa que a vida lhes impôs cotidianamente, do que fizeram e sobretudo do que não fizeram, e sinto que posso ser inexorável, que não devo desperdiçar a minha compaixão, que não posso repartir com eles as minhas lágrimas. Sou militante, estou vivo, sinto nas consciências viris dos que estão comigo, pulsar a atividade da cidade futura, que estamos a construir.

                

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