domingo, 29 de novembro de 2020

Negritude

Trago em meu peito
as marcas do açoite
na pele cor de noite que
o bronze esculturou
tenho no meu sangue
o elã da madrugada
de cada encruzilhada
que Angola me deixou

Sou filha do atabaque
do som dos retirantes
do congo, dos amantes
caçados no Sudão

Da música de Gana
das flautas de Uganda
das festas de Luanda
tambores do Gabão

E desses ancestrais
da Argélia ao Senegal
nasceu meu carnaval
e dele sou herdeira
e mostro com orgulho
ao mundo, à terra inteira
meu ritmo, meu viço
de negra brasileira
negra bras
negra brasi
negra brasilei
negra brasileira

Música de Irinéia Maria e Paulo Cezar Feital que dava título ao então LP Negritude de Zezé Motta lançado em 1979.

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