A revista Língua Portuguesa apresenta a seguir uma reunião de 100 proposições, máximas e preconcepções que esta edição retoma, à falta de melhor tutela, por "mitos da linguagem" - os fatos pouco ou nada sustentáveis que se propagam como verdades sobre os idiomas, a Língua Portuguesa e a expressão humana.
O avanço da pesquisa tem mostrado que muitas dessas verdades são de ouvir falar. Mas, como os especialistas raramente concordam entre si, mesmo sua desmistificação corre o risco de reproduzir equívocos que combate. Por isso, dissolver mitos é fotografar o estado da arte de certezas sempre relativas.
Com esse espírito, cotejamos os escritores divulgados por Língua Portuguesa em nove anos e as contribuições especialmente criadas para esta edição. Os "mitos ideológicos reúnem constatações caducas que congestionam nosso olhar sobre a Língua. "Mitos culturais lançam o domínio da linguagem sobre o comportamento, enquanto "mitos pedagógicos" reveem as visões que sustentam lições equivocadas nas escolas. "Mitos gramaticais" levantam alguns dos casos de hipercorreção e regras superadas, enquanto "mitos etimológicos" lidam com a fantasia popular sobre a origem das palavras. "Mitos da escrita", leitura e fala" dirimem preconceitos sobre a comunicação e "mitos de atribuição", as falsas autorias de frases famosas.
A linguagem é ela mesma um mito - a crença secular de que interagimos sobre uma base comum de referências. Como todo mito, mesmo ela não pode ser impermeável a contestações. Ou de crença que nos poupa o trabalho de pensar, vira apenas um estorvo que nos impede de avançar.
Retirado da revista Língua Portuguesa, Ano 9, número 100, Fevereiro de 2014, Editora Segmento, São Paulo.
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