Vital Didonet
Você precisa me conhecer, precisa saber a minha vida,
meu modo de viver e sobreviver,
conhecer a fundo as coisas nas quais eu creio
e às quais me agarro nos momentos de solidão,
desespero e sofrimento.
Você precisa saber e entender as verdades,
pessoas e fatos aos quais eu atribuo forças superiores às minhas
e às quais me entrego quando preciso ir além de mim mesmo.
Para você me educar, precisa me encontrar lá onde eu existo:
no coração das coisas, nos mitos e nas lendas,
nas cores e movimentos, nas formas originais e fantásticas,
na terra, nas estrelas, nas forças dos astros, do sol e da chuva.
Para me educar, você precisa estar comigo onde estou,
mesmo que você venha de longe e que esteja muito adiante.
Só há um adiante para mim: aquele que eu construo e conquisto.
Só há uma forma de construí-lo:
a partir de mim mesmo e do meio em que vivo.
Para você me educar,
precisa compreender a cultura do contexto
em que se dá meu crescimento.
Suas linhas de força são as minhas energias.
Suas crenças e expectativas são as que passam a construir
o meu credo e as minhas esperanças.
Mas eu também estou aberto para as outras culturas.
" Identidade cultural " não significa prisão que ocupo
mas abertura ao que é autenticamente nosso e ao que, vindo de fora,
nos pode fazer mais nós mesmos.
A cultura universal é produto de todos os homens.
Mas não posso contribuir com essa fraternidade
se não tenho minha expressão cultural própria?
A educação que eu necessito é aquela que me faz mais eu, que
desperta, do mistério do meu ser, as potencialidades adormecidas.
É uma educação que promove minha identidade pessoal.
Eu me educo fazendo cultura,
e nesse ato de geração cultural, eu construo minha educação,
conquisto o meu ser, na relação de diálogo do homem e da
natureza.
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