sábado, 15 de janeiro de 2022

Em Soledade

 A tua não é uma soledade única.

A Terra se encontra repleta de pessoas que, por uma ou outra razão, foram conduzidas à solidão.

Este fugiu do mundo, receando agressão, marcado por dores íntimas que o acompanham desde a infância.

Esse afastou-se do convívio social por haver sofrido o que considera uma injustiça.

Aquele deixou-se cair na depressão e buscou o seu mundo íntimo, onde se refugia, cerrando a porta à solidariedade.

Este outro, temendo não ter forças para resistir ao contato com as pessoas, transferiu-se para as montanhas e praias da meditação, afastando-se de todos.

Mais alguém, cansado da batalha diária, renunciou ao movimento geral e aquietou-se, quase se alienando.

A tua soledade, porém, é feita de amargura, porque, no meio dos indivíduos felizes e atraentes, ninguém tem tempo para ti, nem despertas a amizade ou o interesse de outrem.

Esta situação afligente é causa de martírio. No entanto, reconsidera a situação e acerca-te do teu próximo.

Ele talvez se encontre em estado equivalente ao teu.

Não é feliz, apenas parece.

Faz ruído para dissimular o que se passa no íntimo.

Chama a atenção por necessidade e, preocupado com os próprios problemas, não dispõe de capacidade mental e emocional para identificar os teus.

Acerca-te dele, com discrição e bondade, constatando que doar afeto resulta em recebê-lo.

Toda oferta espontânea se transforma em intercâmbio, no qual cada um reparte um pouco daquilo de se dispõe.

Mesmo que o vazio interior permaneça, preenche-o de ação positiva pelo teu próximo, dando-te conta que, o bem que lhe propicias e que gostarias de receber, já se encontra em ti.

A estrada de todos aqueles que buscam a Verdade é caracterizada pelo silêncio, pela soledade.

Gandhi, que a milhões de vidas beneficiou, na soledade interior construiu as resistências morais para doar com alegria a existência à Causa abraçada.

Teresa de Ávila, fascinada pela fé e malvista no Monastério, seguiu sozinha até o pleno encontro com Jesus.

Pasteur, ridicularizado pela presunção dos falsamente doutos, insistiu nas suas pesquisas até oferecer à Humanidade a demonstração das suas descobertas.

Os ocupados com a busca do bem não dispõem de tempo para repartir com os ociosos, os saciados, os gozadores.

Liberta-te das ataduras da autocompaixão, renova-te e avança no rumo dos objetivos elevados, em soledade talvez, porém, ao encontro de Jesus Cristo que, da solidão da montanha onde se refugiava, após haurir forças com o Pai, descia à turbamulta para ajudá-la a que ascendesse, superando os obstáculos que criava, fruindo da liberdade que Ele oferecia.

Em soledade, porém com Ele, alçarás voo ao país da alegria, onde comungarás com todos aqueles que te precederam na conquista da Luz.


Retirado do livro Momentos de Alegria; Divaldo Franco pelo espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 4ª Edição, 2014.

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