sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Oxumarê

 Oxumarê é o segundo filho de Nanã, irmãos de Ossain, Ewá e Obaluaiê, orixás associados ao mistério da morte e do renascimento. Ele é a "serpente arco-íris" com múltiplas características e funções.


Embora Oxumarê seja conceituado como um orixá masculino, existe também a ideia de que seja macho e fêmea ao mesmo tempo. Essa dupla natureza seria vivida de forma alternada, de seis em seis meses, e se encontra representada nas cores vermelha e azul.

Segundo os mitos, Oxumarê é um servidor de Xangô. O seu trabalho consiste em recolher a água que cai na terra durante a chuva e levá-la de volta às nuvens, por meio do arco-íris. Além disso, tem como obrigação dirigir as forças que produzem o movimento.

Narra a lenda que Oxumarê vivia num grande estado de penúria, quando foi chamado por uma rainha de um reino vizinho, Olocum, cujo filho sofria de uma doença estranha. Oxumarê curou a criança. A rainha ficou feliz e lhe deu muitos presentes. Olofin, o rei do reino em que Oxumarê habitava, ficou muito espantado com o seu esplendor repentino e lamentou não ter sido o primeiro rei a prestigiar Oxumarê. Para não ser considerado um rei avarento e mesquinho, Olofin também lhe deu muitos presentes. Oxumarê ficou rico e respeitado. Por isso, ele também é um orixá associado à cura.

Oxumarê é o símbolo da continuidade e da permanência, e é representado, muitas vezes, por uma serpente que se enrosca e morde a própria cauda. Segundo os mitos, ele se enrola em volta da Terra para impedir que ela se separe. Alguns sacerdotes relacionam o seu movimento circular com a dinâmica da vida e do Universo - o movimento de rotação da Terra e sua translação em torno do Sol.

Para os iorubás, ele é a divindade que traz a riqueza aos homens. Ele representa as polaridades - o masculino e o feminino, o bem e o mal, o dia e a noite.

O seu culto no Brasil foi muito distorcido e combatido devido à sua relação com a serpente, pois não há animal mais peçonhento e maldito do que a cobra, segundo os conceitos cristãos propagados no Ocidente.

No Brasil, as pessoas dedicadas a Oxumarê usam colares de contas de vidro amarelas e verdes. Elas usam também o brajá, longos colares de búzios enfiados de forma que lembram as escamas da serpente.

O dia da semana consagrado a ele é terça-feira. Na Bahia, é sincretizado com São Bartolomeu. Sua festa acontece no dia 24 de agosto, ocasião em que seus devotos se banham em uma cascata coberta por uma neblina, onde o sol faz brilhar o arco-íris.


Arquétipo


Oxumarê é o arquétipo da renovação, da necessidade de mudança. Demonstram desejo por riquezas e são pacientes e persistentes em seus empreendimentos. Não medem sacrifícios para atingir seus objetivos. Quando atingem o sucesso, tornam-se facilmente orgulhosos e fazem questão de demonstrar sua grandeza. São de certa forma generosos, pois dificilmente negam ajuda àqueles que necessitam. Agitados e observadores, procuram constantemente o equilíbrio e a harmonia. Suas grandes forças são e eloquência e a inteligência, armas que usam com muita habilidade em situação de ataque ou defesa. Quando estão calmas, são pessoas fáceis de se lidar. Entretanto, quando estão aborrecidas ou com raiva, agem de forma impulsiva e até mesmo violenta.


Texto retirado da revista Sexto Sentido Especial - Orixás; Mythos Editora, São Paulo, 2010.

Nenhum comentário:

Postar um comentário