quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Seguidores de uma Ordem

 Os Templários: quem eram afinal? Homens santos ou apenas guerreiros corrompidos por uma religião?


Levar uma vida inteiramente regida por valores cristãos e, ao mesmo, dispor-se a guerrear até a morte para eliminar os inimigos desses valores pode parecer contraditório. Um conflito como esse já evidencia que, definitivamente, viver como um templário não deveria mesmo ser uma tarefa fácil. Para seguirem a vida monástica associada à missão militar, os integrantes da Ordem submetiam-se a um conjunto de regras bastante rígido. Além do voto de castidade e de pobreza, renunciavam a qualquer material ou objeto que pudesse representar ostentação, bem como abriam mão por completo dos prazeres físicos e materiais. No livro Sociedades Secretas: Templários (Universo dos Livros), o autor Sérgio Pereira Couto revela toda a trajetória da Ordem, desde o início até os dias de hoje, e relata também como era a vida de um templário. A seguir, você confere um trecho dessa obra.


O Dia


O relógio bate 4 horas da manhã. Começam as matinas, o primeiro serviço religioso do dia. Os cavaleiros levantam-se e vão para a capela da igreja, a fim de realizar seu primeiro compromisso: rezar 28 Pai-Nosso, 14 representando as horas do dia e outros 14 para a Virgem Maria. Sempre que possível, repetiam essa rotina, pelo menos mais quatro vezes durante o dia. Depois, às 06 horas da manhã, é hora da Prima, e, às 11h30, da missa.

As refeições do dia variam de duas a três. Quando a primeira refeição do dia fica pronta, cada templário deverá ter rezado 60 Pai-Nosso, 30 para os vivos e 30 para os mortos poderem sair do purgatório. Começa, então, a refeição, em absoluto silêncio, quebrado apenas pelas palavras do prior, responsável por abençoar a refeição, e as do clérigo, que lê a Bíblia em voz alta. Há três grupos distintos em mesas separadas: cavaleiros, empregados e padres. Não há nenhuma forma de comunicação verbal e vários sinais são usados para evitar a conversa. Quem transgredir a Regra tem como punição comer sozinho.

O cardápio apresentava carne (de carneiro, vaca, cabra, vitela ou peixe) três vezes por semana e verduras, leite, queijo e pão nos outros dias da semana.

Após a refeição da tarde, os templários se encontram na capela para dar graças. Na sequência, vem a Nona (14h30) e as Vésperas (18h). A refeição noturna é uma repetição da anterior, em completo silêncio. Vêm, então, as Completas e, depois, um "momento de descontração", no qual o mestre da casa liberava certas doses de água ou vinho diluído para os irmãos. O silêncio, atributo levado ao pé da letra, deveria ser absoluto, principalmente no período entre as Completas e as Matinas.

Por não poderem ficar ociosos, os irmãos ocupavam-se, quando não estavam comendo, rezando ou em batalhas, de trabalhos externos nos campos ou outros tipos de tarefas simples (como cuidar de seus cavalos - cada templário tinha direito a três - ou, em tempos de expedições, preparar seu equipamento de batalha).

A parte dedicada à aparência pessoal era um capítulo à parte. Cada membro deveria seguir a Regra, que estabelecia cabelos curtos e barba crescida. E nada de banho, pois, além de a aparência desleixada dar um ar selvagem que contribuía para assustar o inimigo, um templário não deveria nunca ver seu corpo despido. Numa sociedade masculina, temiam-se práticas homossexuais, por isso os irmãos deveriam dormir sempre com as luzes acesas, a fim de impedir pensamentos libidinosos e afugentar a escuridão.

Também era rígida a conduta para as mulheres. Nenhum deles podia se tornar padrinho de ninguém, nem entrar num recinto onde houvesse uma mulher, pois a Regra considerava perigoso olhar constantemente para mulheres. Beijar também era proibido, fosse mulher viúva, virgem, mãe, irmã, tia ou qualquer outra. As freiras não faziam da Ordem, e ter empregadas só era permitido em casos de extrema necessidade, com nenhuma outra alternativa disponível. Uma observação da Regra foi a causa primordial de uma das acusações de Filipe, o Belo, contra a Ordem: era absolutamente proibido beijar uma mulher na boca, o que geraria as acusações de prática de homossexualidade.

Todos os cavaleiros deveriam, também, fazer jejum antes do Natal e da Páscoa por 40 dias, outra resolução da Regra, com exceção para casos em que o alimento fosse necessário antes da batalha ou se o grão-mestre decidisse que não deveria ser realizada a abstinência.

Os casos de expulsão da Ordem aconteciam se um cavaleiro era pego abusando de seus privilégios, roubando, cometendo heresias, matando um cristão ou revelando detalhes de seu capítulo.


Retirado da revista Templários Especial, Ano 1, nº 1; Editora Selo Qualidade de Vida, São Paulo.

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