segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Obá

 Obá é um orixá feminino iorubá, cultuado em toda a África como a deusa protetora do poder feminino. Capaz de grandes sacrifícios pessoais, era uma mulher forte, que comandava as demais e desafiava o poder masculino.


Obá, orixá do rio de mesmo nome, foi esposa de Ogum e, mais tarde, a terceira mulher de Xangô. Tudo relacionado a ela é envolto em mistérios. Muito enérgica, era fisicamente mais forte que muitos orixás masculinos. Embora ela tenha se transformado num rio, é considerada uma deusa relacionado ao fogo.

Obá é um orixá que raramente se manifesta, e existem poucos estudos sobre ela. Consciente do seu poder, ela luta e reivindica os seus direitos, e enfrenta qualquer homem, menos aquele que tomar o seu coração.

Entre as esposas de Xangô, ela ocupava o último posto. Sentia-se inferior em relação às outras mulheres por julgar-se incompetente nas tarefas cotidianas, como o preparo de alimentos. Com espírito dócil, geralmente tolerava muitas coisas que a desagradavam.

A deusa é bastante conhecida por ter seguido um "conselho" de Oxum para agradar Xangô. Decepou a própria orelha e a ofereceu em um ensopado a Xangô, acreditando que isso o faria apaixonar-se por ela. O marido, ao receber o prato ficou revoltado e desprezou Obá. Por esse motivo, Oxum e Obá brigaram de forma violenta. Desde então Obá sempre se apresenta  escondendo seu defeito com a mão.

Obá muitas vezes é associada ao ciúme. Entretanto, ela representa o amor, as paixões e todos os possíveis dissabores e tristezas que o sentimento pode provocar. Se ela tem ciúmes é porque ama. Há quem diga que ela canaliza toda a energia das suas paixões frustradas para a guerra, tornando-se uma guerreira que nenhum homem ousa enfrentar. Sua cor é o vermelho e sua dança é de guerreira: ela brande um sabre com uma das mãos e leva um escudo na outra. Suas oferendas consistem em cabras, patos e galinhas d'angola. Ela é associada à Santa Catarina e o dia da semana consagrado a ela é quarta-feira.


Arquétipo


O arquétipo de Obá é o de pessoas que, embora possuam valor, são incompreendidas. Algumas vezes são extremistas em seus conceitos, com atitudes determinadas e agressivas. Entretanto, a sua agressividade é puramente defensiva, pois desconfia muito das pessoas pelas experiências infelizes do passado. Muitas vezes sofrem de complexo de inferioridade e julgam que as pessoas se aproximam apenas para tirar proveito de alguma coisa. Embora sejam bons companheiros e amigos fiéis, são possessivos e ciumentos no amor e, por isso, não conseguem alcançar a felicidade. Quando se apaixonam, nunca são senhores do relacionamento, pois abdicam de todas suas convicções e ideais por amor, pois Obá é a mulher que se anula completamente quando ama. Apesar de seu emocional ser um pouco perturbado, encontra compensação para suas frustrações no sucesso material. Investe sua energia em sua carreira, como uma forma de resgate pessoal.


Texto retirado da revista Sexto Sentido Especial: Orixás; Mythos Editora, São Paulo, 2010.

Nenhum comentário:

Postar um comentário